Há Cem Anos a Guerra Russo Japonesa. Consequências Diplomáticas. Equilíbrio Internacional e Europeu.
O artigo aborda a problemática do reequilíbrio do poder no Extremo Oriente e na Europa e consequentes repercussões nas alianças entre as potências mundiais no pós-Guerra Russo-Japonesa, tentando perceber até que ponto as consequências diplomáticas desta Guerra foram determinantes no eclodir da 1ª Guerra Mundial. Nesta matéria o autor defende que, mais do que qualquer outra crise que envolveu as potências europeias, a Guerra Russo-Japonesa teve o papel iniciador e decisivo para a criação do sistema de alianças bipolar que, entre outras razões, foi causa profunda desse grande conflito.
Para defesa deste argumento o autor faz uma breve caracterização do mundo antes de 1904 e das origens no eclodir da Guerra Russo-Japonesa, defendendo ter sido a aliança Anglo-Japonesa determinante para a iniciativa do Japão atacar a Rússia e fazê-lo de acordo com o seu calendário de interesses. Depois faz uma abordagem da guerra propriamente dita, relevando a influência das batalhas de Mukden e Tsushima no desenvolvimento da vontade dos beligerantes para encetarem conversações de paz. Sobre estas, defende que o tratado alcançado favoreceu os dois beligerantes mas, principalmente, e ao contrário do sentimento da época, foi o Japão que tirou os maiores dividendos. Identifica três grandes consequências diplomáticas:
- A aproximação da Grã-Bretanha à França, que a guerra veio acelerar e consolidar;
- A convenção anglo-russa, para a qual a França foi o interlocutor por excelência;
- A tripla entente, como corolário da aproximação sucessiva, primeiro da França e Grã-Bretanha, depois entre a Grã-Bretanha e a Rússia e finalmente a junção das três nações.
Relativo ao Equilíbrio Internacional e Europeu estabelecido defende que a Guerra Russo-Japonesa foi o acontecimento que iniciou e estabeleceu a bipolarização das alianças que mais nenhuma outra crise, entre as potências europeias, viria a ser capaz de alterar e que seria uma causa profunda para a Primeira Guerra Mundial. Na defesa deste argumento percorre, sucintamente, as crises na Europa e no Pacífico até 1914, precisamente as duas áreas geográficas cujos equilíbrios regionais, consequência deste conflito, foram determinantes no equilíbrio mundial.