Nº 2437/2438 - Fevereiro/Março de 2005
2437/2438 - Fevereiro/Março de 2005
EDITORIAL - Ameaças, Desafios e Mudanças
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
As Nações Unidas e os seus Secretários Gerais, nos anos mais recentes, têm desenvolvido um trabalho notável de adaptação da Organização às modifi­cações da sociedade mundial, tentando manter o espírito da finalidade com que foi fundada em 1945: poupar as gerações vindouras ao flagelo da guerra. (...)
 
Um Novo Modelo de Segurança e Defesa para o Século XXI
General
José Alberto Loureiro dos Santos
O modelo económico-social de obtenção e partilha dos recursos nacionais que adoptámos depois do 25 de Abril parece estar em causa ou mesmo em vias de esgotamento, necessitando de se ajustar urgentemente às novas realidades.
 
Precisa também o sistema de Segurança Nacional de ser reavaliado, à luz do modelo económico-social, e é necessário romper com o modelo tradicional de Forças Armadas para combate de elevada intensidade, em vigor desde aquela data?
 
Tendo em atenção que as ameaças, relativamente às quais existe razoável probabilidade de serem desencadeadas sobre os espaços de soberania nacio­nais (imediato e próximo), são apenas as novas ameaças, já que é praticamente nula a probabilidade de sermos confrontados, nos espaços geopolíticos que para nós são vitais (Atlântico e Europeu) com ameaças provenientes de outros Estados, e ainda a tendência de rigor do modelo económico-social que aí virá (de que ressalta a necessidade de ajustar a distribuição de recursos à possibilidade da sua criação), tudo indica ser indispensável a adopção de um novo modelo de segurança e defesa no nosso país.
 
Reforçar permanentemente a identidade e coesão nacionais, melhorar o nosso potencial económico, assentar a estratégia política externa na ONU, NATO, UE e CPLP, aperfeiçoar os sistemas de informações da República, e adoptar uma estratégia policial e militar em função das actuais realidades estratégicas e não em realidades estratégicas do passado, todos estes elementos deverão ser os principais fundamentos do novo modelo de segurança e defesa de Portugal, sem esquecer a promoção dos instrumentos legislativos que lhe são indispensáveis.
 
Nestas condições, deve enveredar-se por um modelo de segurança e defesa ágil e ligeiro, orientado prioritariamente para as novas ameaças, que está ao alcance do modelo económico-social que emergirá das transformações em curso, devendo ser afastado o modelo tradicional, com meios pesados e centrado na capacidade de executar operações convencionais em conflitos de elevada intensidade, que era adequado à guerra fria.
 
Portugal: os conflitos militares dos últimos trinta anos
Tenente-coronel PilAv
João José Brandão Ferreira
O artigo tenta fazer um levantamento tanto quanto possível exaustivo, da participação de forças militares portuguesas em Operações de Paz e Humanitárias, nos últimos 30 anos.
 
Do mesmo modo se faz referencia à Cooperação Técnico-Militar com os Países de expressão portuguesa.
 
Cumulativamente com alguns dados estatísticos, são feitas apreciações de carácter politico-estratégico; técnico-táctico; doutrinário e logístico, relativo ao emprego e comportamento dos militares e unidades envolvidas em todas as acções já levadas a cabo, e que têm constituído uma parte substancial das missões das Forças Armadas e da Politica Externa do Estado Português.
 
Gestão de Risco na Marinha Portuguesa… Um Caso de Sucesso
Capitão-de-mar-e-guerra EN-AEL
Sérgio da Silva Pinto
As sucessivas reduções orçamentais na componente da Defesa Nacional e o envelhecimento dos meios militares operacionais tornam cada vez mais imperativo gerir de forma eficiente e eficaz as funções logísticas, em geral, e as do abastecimento e manutenção, em particular. Um dos maiores desafios que a Marinha de Guerra Portuguesa (MGP) tem enfrentado nestas duas vertentes da logística aplicada operacional consiste na gestão das revisões às fragatas da classe “Vasco da Gama”.
 
O presente artigo pretende realçar a importância da adequada aplicação dos conceitos modernos de Gestão de Projecto como forma de reduzir o enorme risco de incumprimento do prazo estabelecido para estes projectos logísticos. A metodologia adoptada assenta numa análise crítica à 4ª Pequena Revisão (PR) efectuada ao NRP Corte Real, em que, pela primeira vez na MGP, se conseguiu finalizar um projecto de tal comple­xidade 2 semanas antes da data planeada, quando a tendência era de 1 a 2 meses de atraso.
Soldados e Guerreiros: Uma Questão Civilizacional ou uma das Linhas de Fragmentação da Globalização?
Tenente-coronel
Manuel Alexandre Garrinhas Carriço
A globalização parece estar a acentuar uma dicotomia entre os conceitos de soldado e guerreiro, entre a guerra instrumental e a guerra existencial, entre a sociedade ocidental e as sociedades não-ocidentais, podendo encarar-se como uma variante da polémica conceptualização de Samuel Huntington do conflito de civilizações. Este artigo prefigura uma pequena incursão nesta nova dinâmica.
À Procura de uma Política Externa e de Segurança Comum para a Europa
Tenente-coronel
João Ricardo de Sousa Barbosa e Dias Costa
Este artigo foi feito com base num trabalho apresentado durante o ano lectivo de 2003/2004 no âmbito da pós-graduação de “Estudos Europeus - Variante de Direito” da Faculdade e Direito da Universidade de Coimbra, orientado pelo Professor Doutor Barbosa de Melo.
 
Ainda hoje são visíveis as mazelas políticas deixadas pelas divergências entre os Estados-Membros da União Europeia aquando da intervenção americana no Iraque. Na altura a Europa viu-se dividida entre os apoiantes da decisão liderados pela Inglaterra (em que Portugal se incluiu), e os seus oponentes dos quais a França e a Alemanha se destacaram. Esta situação gerou logo diversas questões e dúvidas quanto ao desenvolvimento de uma efectiva Política Externa e de Segurança Comum (PESC) na Europa.
 
Com este artigo procura-se abordar esta problemática de uma forma diferente. Confrontou-se a Política Externa Portuguesa (Atlântica) com a sua congénere Espanhola (Continental), nomeadamente nos principais cruza­mentos históricos dos séculos XIX e XX, tentando encontrar uma justificação quer para as semelhanças quer para as diferenças. Com os resultados obtidos fez-se uma analogia com os restantes países europeus tentando descobrir uma base de sustentação para o desenvolvimento da PESC.
A Revista Militar e a Memória da Nação: Argumentação Histórica em Torno da Questão Ibérica
Sargento-ajudante
José Luís Assis
O artigo mostra que na historiografia contemporânea a memória colectiva resultou de uma problemática recente e faz parte do trabalho do historiador independentemente da metodologia adoptada. A memória colectiva resulta numa memória individual, dependendo cada indivíduo do lugar que ocupa na sociedade. Na memória individual, na qual cada indivíduo está sujeito a transformações, cruzam-se diversas memórias colectivas.
 
A memória da nação representa a nação como um todo que se manifesta através de uma grande multiplicidade de objectos ou lugares: crónicas, obras de historiografia, arquivos, bibliotecas, museus, monumentos públicos, medalhas, selos, moedas e livros escolares.
 
A memória colectiva é o resultado da experiência vivida que alimenta a consciência do grupo e nela permanece viva. Cada grupo, num terminado tempo e espaço, tem a sua memória colectiva. A pluralidade de memórias colectivas leva a uma memória histórica pelo efeito de uma visão global dos acontecimentos. Esta memória não interfere na estruturação das memórias colectivas, mas limita os acontecimentos no tempo.
 
A Memória Nacional, na Revista Militar, releva-se depois da Guerra Civil de 1832-34 e queda definitiva do absolutismo de D. Miguel em simultâneo com o esquecimento colectivo. A Revista, através da sua elite intelectual, deu-lhe particular importância em momentos tão problemáticos para a Nação, como a então vivida na luta contra o Iberismo.
 
Através da Questão Ibérica, o trabalho dá a conhecer a posição da comunidade científica integrada na Revista Militar num percurso pelo seu rico património cultural.
Notícias do Mundo Militar
Coronel
Carlos Gomes Bessa
  • Comentários sobre a indispensabilidade de definir as identidades nacionais dos povos integrados na Comunidade Europeia agrupados em torno de valores partilhados pelos europeus, que lhes permitam enfrentar o choque das culturas que Huntington e muitos mais prevêem vir a ocorrer.
  •  Apreensões quanto à existência de votos negativos sobre o Tratado da União Europeia nos dez referendos previstos para o futuro desta, agravadas pelo facto de não haver planos ou ideias alternativas enunciadas.
  • Entrevista concedida pelo Comissário Europeu para o desenvolvimento e a ajuda humanitária à revista L’Express sobre alguns efeitos mobilizadores do tsunami e a disponibilidade de meios materiais e técnicos para se eliminar a pobreza, dando prioridade à África nessa tarefa, mas não o exclusivo nem o esquecimento da América Central e do Sul, entre outros aspectos que nela menciona.
CRÓNICAS II - Crónicas Militares Nacionais
Tenente-coronel
Miguel Silva Machado
  • Batalhão português partiu para o Kosovo.
  • GNR termina missão no Iraque.
  • Força Aérea entrou no sétimo mês de missão no Afeganistão.
  • Programa do Partido Socialista para a área da Defesa Nacional.
  • Militares do Exército partem para o Iraque.
  • Helicópteros EH 101 em serviço na Força Aérea.
CRÓNICAS III - Outros Assuntos de Actualidade
Vários
Vários conferencistas
  • Prémio Almirante Sarmento Rodrigues - 2005.
  • Prémio Almirante Teixeira da Mota - 2004.
  • IX Simpósio de História Marítima.
CRÓNICAS IV - Crónicas Bibliográficas
  • Fortificações Portuguesas no Brasil.
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
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