O modelo económico-social de obtenção e partilha dos recursos nacionais que adoptámos depois do 25 de Abril parece estar em causa ou mesmo em vias de esgotamento, necessitando de se ajustar urgentemente às novas realidades.
Precisa também o sistema de Segurança Nacional de ser reavaliado, à luz do modelo económico-social, e é necessário romper com o modelo tradicional de Forças Armadas para combate de elevada intensidade, em vigor desde aquela data?
Tendo em atenção que as ameaças, relativamente às quais existe razoável probabilidade de serem desencadeadas sobre os espaços de soberania nacionais (imediato e próximo), são apenas as novas ameaças, já que é praticamente nula a probabilidade de sermos confrontados, nos espaços geopolíticos que para nós são vitais (Atlântico e Europeu) com ameaças provenientes de outros Estados, e ainda a tendência de rigor do modelo económico-social que aí virá (de que ressalta a necessidade de ajustar a distribuição de recursos à possibilidade da sua criação), tudo indica ser indispensável a adopção de um novo modelo de segurança e defesa no nosso país.
Reforçar permanentemente a identidade e coesão nacionais, melhorar o nosso potencial económico, assentar a estratégia política externa na ONU, NATO, UE e CPLP, aperfeiçoar os sistemas de informações da República, e adoptar uma estratégia policial e militar em função das actuais realidades estratégicas e não em realidades estratégicas do passado, todos estes elementos deverão ser os principais fundamentos do novo modelo de segurança e defesa de Portugal, sem esquecer a promoção dos instrumentos legislativos que lhe são indispensáveis.
Nestas condições, deve enveredar-se por um modelo de segurança e defesa ágil e ligeiro, orientado prioritariamente para as novas ameaças, que está ao alcance do modelo económico-social que emergirá das transformações em curso, devendo ser afastado o modelo tradicional, com meios pesados e centrado na capacidade de executar operações convencionais em conflitos de elevada intensidade, que era adequado à guerra fria.