Nº 2439 - Abril de 2005
2439 - Abril de 2005
EDITORIAL - A Defesa Nacional no Programa do XVII Governo Constitucional
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
Na Revista Militar é sempre com alguma expectativa que se lê um Programa do Governo no que se refere à Defesa Nacional. E a leitura do Programa do XVII Governo Constitucional merece-nos alguns comentários.
 
As mudanças no paradigma que constitui a base da segurança e da defesa têm sido frequentes, profundas e de difíceis respostas. A um ritmo que não se compara com os do passado, essas mudanças conduzem, quase sempre, a um desfasamento entre as respostas implementadas e a realidade dos factos. E mais: na preparação das respostas há uma tendência atávica em seguir padrões de pensamento já experimentados, levando por vezes à conclusão de que «os generais tendem sempre a travar o próximo conflito com as experiências recolhidas no último que combateram».  (...)
Para uma Etologia do Terrorismo
Doutor
André Sopas de Mello Bandeira
A recente criação de uma Etologia Humana abre-nos uma perspectiva nova para o estudo de fenómenos que, pela sua brutalidade e mistério, ficaram pouco claros nas abordagens moral, jurídica, psicossocial ou antropológica. Existirá uma estratégia terrorista no leque de opções comportamentais que o Homo sapiens adquiriu ao longo da sua evolução? Ou, será apenas a urgência do assunto que nos leva a escavar a toda a volta? O artigo, passando em revista, primeiro, o panorama mental hodierno, da discussão e, seguidamente, o conceito etológico de Agressão face aos diversos perfis do Terrorismo, conclui que este último permanece uma estratégia biologicamente racional de sobrevivência, formulando a hipótese dum ulterior aprofundamento do seu estudo, em fenómenos arcaicos como a antropofagia. Erege ainda a impie­dade como definitivo sinal distintivo do Terrorismo.
A Colonização Portuguesa no Século XIX à Luz da Estratégia
Tenente-coronel PilAv
João José Brandão Ferreira
O texto é um resumo histórico com leitura estratégica de todo o século XIX português, que se prolonga até à I República.
 
O enfoque é posto na acção colonizadora após a perda do Brasil e na consolidação dos territórios que nos restavam, face às vicissitudes da época.
 
São ainda feitas considerações sobre a especificidade dessa colonização que é portuguesa e única, e também sobre as diferentes designações que os vários territórios foram tendo enquanto neles tremulou a bandeira das Quinas.
 
Por último, é feita uma análise sumária sobre a evolução do Direito Internacional, o modo como os diferentes governos portugueses reagiram a essa evolução e as consequências que tiveram para o nosso país.
Junta-se em anexo, uma cronologia relativa ao âmbito tratado.
Internet como Veículo de Subversão e Agitação
Eng.
João Manuel Cebolas Amado
O Artigo tem como objectivo a apresentação de alguns casos que demonstram o uso da Internet como arma de fácil utilização pelas partes com menos poderes que lutam em Guerras Assimétricas, ou em Guerras de Subversão, que se encontram no que normalmente se denomina Netwar ou Aktivismo.
 
No trabalho identificamos situações distintas em que a Internet foi utilizada como veículo privilegiado para fazer chegar à opinião pública uma visão diferente da que era apresentada pelos órgãos de comunicação social, dominados, controlados ou influenciados pela parte mais poderosa (pelo menos na opinião da mais fraca) e no limite casos em que a Internet é usada como veículo para ataques ligeiros, mais com o intuito de perturbar do que afectar alguma infra-estrutura.
 
As situações identificadas foram:
• Exército Zapatista de Libertação Nacional - México
• IMC - Independent Media Center, e outras organizações de Hacktivists
• Guerra do Iraque
 
A visão de qualquer dos três casos é sempre a do lado mais fraco do conflito, uma vez que é o que nos parece ser também o mais desconhecido, o mais inovador e desse modo o mais interessante de investigar.
 
Os meios utilizados para a investigação, como aliás não nos parecia possível que de outro modo pudesse ser, foi exclusivamente a Internet.
 
Nos tipos de conflitos apresentados a Internet assume um papel heterogéneo indo desde o simples papel de media até ao papel de campo de batalha.
Os Exércitos não se improvisam –Um estudo sobre o Exército Português e o Novo Exército Anglo-Português em 1808
Major-general
Nuno Correia Barrento de Lemos Pires
No final da Guerra Peninsular, 1814, tínhamos a combater em França um eficaz Exército Luso-Britânico (ou Anglo-Luso ou Anglo-Português) tanto em efectivos como na moral, debaixo do comando unificado de Wellington, Infelizmente, o papel dos portugueses, que totalizava cerca de metade desta força, naquele que foi o mais famoso Exército das campanhas peninsulares ficou um pouco esquecido.
 
Portugal, com uma população de 2 800 000 habitantes levantou vários Exércitos totalizando mais de 150 000 soldados: além do Exército de primeira linha dispúnhamos das significativas forças de Milícias e Ordenanças, da Legião Portuguesa (que combateu ao lado de Napoleão Bonaparte) e das forças destacadas nos territórios ultramarinos, como no Brasil e em Moçambique, com efectivos significativos e que não incluímos neste total.
 
De facto, em 1808, este não era o Exército Português de que falamos no final da campanha. Nesse ano, praticamente nada existia ou o pouco que tínhamos tinha sido mandado para França (Legião Portuguesa) ou para o Brasil e o que sobrava era de facto muito pouco e de pouca qualidade.
 
Como se pode explicar a transformação, em poucos anos, de este Exército para um eficaz e respeitado Exército? Foi um milagre?... Não o creio.
 
Quem lida com a coisa militar sabe que não é possível improvisar Exércitos de um momento para o outro, “que não se fazem omeletes sem ovos” e que não pode ter sido um milagre o criar num período de apenas cinco anos vários magníficos corpos combatentes.
 
Tanto no Brasil como em Portugal, em Espanha como em França ou junto a Napoleão Bonaparte, os Exércitos portugueses mostraram que sabiam combater, que tinham bons comandantes. A partir de um país destruído, durante duas décadas permanentemente ameaçado e com as suas Forças Armadas completamente destroçadas, Portugal soube, sozinho ou com os seus aliados, levantar corpos militares que provaram o seu valor e em número muito superior ao que parecia ser razoável assumir.
 
No ano de 1808 Portugal estava mais uma vez numa situação de grande dificuldade e, como tantas vezes na sua história, teve de recomeçar praticamente do nada com os aliados de sempre. A história e a participação do Exército Português em campanhas expedicionárias é uma permanente constante desde a nossa fundação no século XII. Como uma constante também, tem sido a falta de meios humanos e materiais com que nos deparamos no início de cada campanha. Constante foi, da mesma forma, esse conceito de “nação em armas”, que nos permitiu sempre rearmar e, com mais ou menos estrangeiros, ressurgir nas alturas decisivas e honrar os nossos compromissos.
Das causas da guerra às razões da paz: A mediação da Comunidade de Santo Egídio no conflito moçambicano
Dra.
Inês Bolinhas
O processo de paz que culminou com as eleições democráticas realizadas em Moçambique em Novembro de 1994, pelas suas características, constituiu um marco na História das Relações Internacionais. O papel da Comunidade de Santo Egídio nesse processo suscita uma reflexão aprofundada, ao nível da História, da Sociologia, da Ciência Política, mas também ao nível filosófico na dimensão ético-política, em relação com a espiritualidade cristã. O presente artigo procura ser um breve contributo para o levantamento e estudo desta última problemática.
Notícias do Mundo Militar
Coronel
Carlos Gomes Bessa
  • Análise das tensões no Líbano consequentes da existência naquele País de uma crescente oposição à tutela e ocupação militar da Síria e do recente assassinato do líder dessa oposição e Primeiro-Ministro libanês Rafic Hariri, à qual é atribuída a responsabilidade, dado o receio por ela sentido de forma agravada, devido ao apoio com Hariri contava por parte de Washington e Paris.
  • Avaliação das perspectivas abertas na questão do Líbano após o assassinato de Rafic Hariri, com a emergência de Walid Jumblatt, chefe druso das montanhas libaneses, como ferro de lança da “oposição plural” libanesa contra a tutela Síria, a figurar como um dos homens chave do futuro do País, dotado de um arabismo moderno, cuja forma de falar desassombrada se tem mostrado atractiva para os jovens da oposição que pretendem livrar-se da tutela síria.
Crónicas Militares Nacionais
Tenente-coronel
Miguel Silva Machado
  • Tomada de posse do novo Ministro da Defesa Nacional.
  • Programa do XVII Governo Constitucional para a área da Defesa Nacional.
  • Que confiança têm os portugueses nas suas Forças Armadas?
  • Seminário de “liderança” na Academia Militar.
  • Exercício “Cohesion 05”.
  • Seminário “Defesa Europeia”.
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