O artigo constitui uma análise da situação no Sudão, seguindo as linhas gerais do modelo do conflito persistente descrito em artigo anterior, ainda que na aproximação informal.
O Sudão situa-se numa região onde se continuam a verificar as maiores convulsões da actualidade, não só pelo nível de violência, que é acentuado, mas também pelos problemas humanitários e pelas deslocações de populações.
A comunidade internacional tem tentado envolver-se na resolução destes problemas, que reconhecidamente afectam a instabilidade regional, sem grande sucesso, até ao presente.
São considerados nesta análise o conflito entre as províncias do Sul e o regime, actualmente numa fase de adormecimento, e onde estão cerca de 17 000 efectivos das Nações Unidas, e o conflito do Darfur, àcerca do qual foi muito recentemente acordado um cessar fogo, e onde estão destacados cerca de três mil inspectores do cumprimento do acordo de paz anterior (2004), que ainda não teve expressão concreta no terreno, e uma força africana com 7 000 efectivos.
Faz-se uma muito breve resenha histórica, apenas para o enquadramento mínimo do problema, e descrevem-se as acções da comunidade internacional. Caracterizam-se os actores em presença e as suas motivações, procurando traçar-se um desenho das principais linhas de clivagem existentes.
Apesar do acordo de paz recente relativo ao Darfur, e da reacção do Conselho de Segurança ao pretender criar uma força internacional mais bem equipada e em maior número, para substituir a força da Unidade Africana, já em Setembro, não existe ainda acordo com as autoridades do regime para aceitação dessa força das Nações Unidas, notando-se mesmo uma rejeição dessa proposta. Entretanto as acções violentas continuam e a ajuda humanitária continua a ter dificuldades no terreno.
Chama-se ainda a atenção para a precaridade da situação no Sul, apesar da pacificação actual, alinhando alguns argumentos que fundamentam essa preocupação.