Que Política de Cooperação para a Segurança e Defesa deve Portugal adoptar em África?
A temática africana vem actualmente despertando múltiplos e inovadores interesses nas dinâmicas mundiais, preenchendo grande parte das agendas internacionais, quer no seio das organizações, quer complementarmente, ao nível dos Estados, envolvendo “naturalmente” aqueles que sempre tiveram uma vertente africana, quer seja na sua história, cultura, língua, economia e defesa. Nesse sentido, Portugal pelo vasto e histórico conhecimento do continente africano, da sua geografia e das suas gentes pode, e deve, assumir-se como um agente activo no âmbito da cooperação estratégica para o desenvolvimento, apoiando a “good governance” e principalmente, constituindo-se como produtor líquido de segurança, contribuindo para a Reforma do Sector da Segurança e da Defesa dos Estados Africanos.
Nessa vertente, para Portugal, a política de cooperação no âmbito da Segurança e Defesa, deve não só integrar os PALOP, mas estender-se complementarmente a todo o continente africano, abarcando os países “não lusófonos” e tendo como ponto de aplicação multilateral, as Organizações Regionais Africanas, que actualmente se constituem nas principais forças motrizes do desenvolvimento sustentado e da segurança em África. Neste contexto, pensamos que Portugal atravessa actualmente uma conjuntura favorável, que lhe permitirá vocacionar as suas estratégias “bi-multilaterais”, para esta inovadora realidade emergente, pois a actual configuração do Sistema Político Internacional aponta para uma crescente importância das Organizações Africanas e de África nas dinâmicas da globalização.
A CPLP, como organização representativa do mundo lusófono, não se deve limitar a ser mera executora de programas de cooperação línguístico-cultural, fórum de concertação diplomática e de solidariedade histórico-política, devendo apostar numa cooperação estratégica inter-estados e bi-multilateral, pois engrandecendo os seus Estados-membros, fortalece-se como Comunidade. Neste aspecto, Portugal deve apostar na consolidação da recente componente de Defesa, reforçando as capacidades das Forças Armadas dos PALOP, actuando como facilitador da inserção destes na actual Arquitectura de Segurança e Defesa Africana, apoiando a integração nas Organizações Sub-Regionais Africanas e contribuindo assim para a consolidação do “African Ownership”.