As agruras inerentes às funções de Comando Superior das forças Armadas na Guerra do ultramar, 1961-1974, arrastaram, em acréscimo, árduas complexidades de âmbito inédito, factores exógenos ao tradicional “espartilho” do “modus vivendi” castrense. Em presença de tal anomalia, as reacções a um ajustamento inesperado, mas que se impunha por si próprio, fragilizaram o desempenho da actividade operacional em mais que um Teatro de Operações ultramarino. O caso paradigmático da GUINÉ PORTUGUESA, que se aborda no presente artigo, foi vivido com particular acuidade pelo autor que o subscreve.
As duras adversidades da II Guerra Mundial, confrontando os mais insignes chefes militares, inspiraram as palavras que nos ocorrem e por elas nos presidimos no nosso trânsito efémero. O grande e inquestionável vencedor da “Batalha de Inglaterra”, Air-Chief Marshal “Sir Hugh Dowding”, Comandante do “Fighter Command”, assediado pelos apavorados e nervosos políticos para que confirmasse os boatos de avantajadas perdas da Força Aérea Alemã, conseguindo elevar o abalado moral do público inglês, responde-lhes: “Eu nada tenho a ver com políticos, nem com os seus objectivos. Caso isso seja verdade a guerra acabará mais cedo; se não for, continuaremos a bater-nos e a perder mais vidas dos nossos pilotos.”
Não obstante o Air-Chief Marshal Dowding é exonerado do seu Comando pelo Secretário de Estado do Ar e substituído pelo seu antagonista Leigh Mallory. A política afastou-o em Nov1940, por ordens de W. Churchill. Em Dez1940 a “Batalha de Inglaterra”, com a vitória da RAF, salvou a Inglaterra da invasão pelos Exércitos de Hitler.
Ao constatar o discreto e subtil assédio de emissários de vários quadrantes, ousando abordar insinuações de alcance político, a resposta pronta, nos Gabinetes dos múltiplos Comandos a que fui chamado entre 1961 e 1971 (Metrópole e Ultramar) foi, invariavelmente: “Saibam que, à política, está vedada a passagem na “Porta das Armas” deste Quartel”. Resignados, dissuadidos e elucidados, “seguiam aos seus destinos”.