200 Anos da Batalha do Vimeiro.
Desde 1793 que Portugal lutava contra franceses. Na II Guerra Global Portuguesa tivemos portugueses a combater nas cinco partes do Mundo, do Brasil até Macau, da Ilha de Malta até à Rússia, foram 25 anos em Guerra que só terminaram em 1817. No ano da Batalha do Vimeiro, em 1808, a Guerra iniciaria a sua fase mais cruel e decisiva: invadidos, humilhados, pilhados, violentados. Mas foi a Nação, forte e coesa, que se levantou em armas para defender o sagrado chão de Portugal.
Em Dezembro de 1807 a população de Lisboa revoltou-se contra o hastear da bandeira francesa no Castelo de S. Jorge. No princípio de 1808 continuaram os indícios da revolta nas Caldas da Rainha, em Mafra, em Évora, etc., e Napoleão dá ordens a Junot para que este desarme rapidamente o País e mande sair do território nacional o Exército de Portugal. A partir do Rio de Janeiro, em 01 de Maio de 1808, confirmadas que estavam as verdadeiras intenções dos aliados franco-espanhóis, o futuro D. João VI declara Guerra à França e felizmente, a Espanha muda de posição em 02 de Maio e, ao revoltar-se, abandonou o nosso território. Estavam criadas as condições para retomar o nosso País.
Bragança, Vila Real, Chaves, Miranda, Torre de Moncorvo, Ruivães, Porto, Braga, Trancoso, Viana do Castelo, todo o norte se levantou contra o invasor. Em Junho, na primeira grande vitória na Península Ibérica contra os Franceses, os portugueses “armados com o que podiam” às ordens do Coronel Silveira (futuro conde de Amarante) derrotam “o maneta” Loison nas alturas de Teixeira e Régua - a Batalha de Teixeira (ou dos Padrões de Teixeira e Régua).
Depois do Norte foi o Algarve e a revolta espalhou-se por todo o território nacional: Coimbra, Leiria, Nazaré, Mafra, Sines, Setúbal, etc. Junot sabia que não podia lutar contra todo o país e mandou concentrar as suas forças ao redor de Lisboa. Morreram milhares de portugueses na defesa do impossível mas a verdade é que no início de Agosto, os franceses apenas controlavam Lisboa, parte do centro do país e o eixo Lisboa-Alentejo. Os britânicos podiam então desembarcar, tranquilamente e com toda segurança, o seu Exército bem armado, equipado, treinado e devidamente comandado.
“Já antes de Wellington (ainda Wellesley) pôr o pé em terra a revolta
libertara nove décimos do país”.1
Aos milhares de portugueses que tinham morrido pela libertação de Portugal juntavam-se agora na Roliça e Vimeiro, centenas de ingleses. No Vimeiro a Grã-Bretanha provara o valor do seu Exército, a organização da sua logística, a capacidade de fazer operações conjuntas com a sua Marinha e mostrava ao mundo um grande General, o futuro Duque de Wellington.
A mais antiga Aliança do Mundo tinha de novo triunfado. Mas Portugal livre, era um Portugal devastado, pobre, sem forças armadas, em que faltava quase tudo. Não faltava nem a vontade nem o valor nem a humildade de reconhecer que precisávamos da ajuda britânica para nos batermos como iguais nas futuras campanhas. No Vimeiro começava a dura vitória dos aliados que teriam ainda de lutar por muitos mais e penosos anos.