Nº 2484 - Janeiro de 2009
2484 - Janeiro de 2009
Editorial - Os Efectivos nas Forças Armadas
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
 
Neste início de um novo ano, com sinais continuados de alerta para os problemas de segurança e novos desenvolvimentos na área da defesa, parece-nos oportuno voltar à questão dos efectivos para as Forças Armadas. Aquilo que constitui a sua base estruturante e organizacional e que nos últimos anos, devido a indefinições políticas e a resistências militares, tem andado sujeita a flutuações e consequentes comentários e opiniões.  (...)
200 Anos da Batalha do Vimeiro.
Major-general
Nuno Correia Barrento de Lemos Pires
 
Desde 1793 que Portugal lutava contra franceses. Na II Guerra Global Portuguesa tivemos portugueses a combater nas cinco partes do Mundo, do Brasil até Macau, da Ilha de Malta até à Rússia, foram 25 anos em Guerra que só terminaram em 1817. No ano da Batalha do Vimeiro, em 1808, a Guerra iniciaria a sua fase mais cruel e decisiva: invadidos, humilhados, pilhados, violentados. Mas foi a Nação, forte e coesa, que se levantou em armas para defender o sagrado chão de Portugal.
 
Em Dezembro de 1807 a população de Lisboa revoltou-se contra o hastear da bandeira francesa no Castelo de S. Jorge. No princípio de 1808 continuaram os indícios da revolta nas Caldas da Rainha, em Mafra, em Évora, etc., e Napoleão dá ordens a Junot para que este desarme rapidamente o País e mande sair do território nacional o Exército de Portugal. A partir do Rio de Janeiro, em 01 de Maio de 1808, confirmadas que estavam as verdadeiras intenções dos aliados franco-espanhóis, o futuro D. João VI declara Guerra à França e felizmente, a Espanha muda de posição em 02 de Maio e, ao revoltar-se, abandonou o nosso território. Estavam criadas as condições para retomar o nosso País.
 
Bragança, Vila Real, Chaves, Miranda, Torre de Moncorvo, Ruivães, Porto, Braga, Trancoso, Viana do Castelo, todo o norte se levantou contra o invasor. Em Junho, na primeira grande vitória na Península Ibérica contra os Franceses, os portugueses “armados com o que podiam” às ordens do Coronel Silveira (futuro conde de Amarante) derrotam “o maneta” Loison nas alturas de Teixeira e Régua - a Batalha de Teixeira (ou dos Padrões de Teixeira e Régua).
 
Depois do Norte foi o Algarve e a revolta espalhou-se por todo o território nacional: Coimbra, Leiria, Nazaré, Mafra, Sines, Setúbal, etc. Junot sabia que não podia lutar contra todo o país e mandou concentrar as suas forças ao redor de Lisboa. Morreram milhares de portugueses na defesa do impossível mas a verdade é que no início de Agosto, os franceses apenas controlavam Lisboa, parte do centro do país e o eixo Lisboa-Alentejo. Os britânicos podiam então desembarcar, tranquilamente e com toda segurança, o seu Exército bem armado, equipado, treinado e devidamente comandado.
 
Já antes de Wellington (ainda Wellesley) pôr o pé em terra a revolta
libertara nove décimos do país”.1
 
Aos milhares de portugueses que tinham morrido pela libertação de Portugal juntavam-se agora na Roliça e Vimeiro, centenas de ingleses. No Vimeiro a Grã-Bretanha provara o valor do seu Exército, a organização da sua logística, a capacidade de fazer operações conjuntas com a sua Marinha e mostrava ao mundo um grande General, o futuro Duque de Wellington.
 
A mais antiga Aliança do Mundo tinha de novo triunfado. Mas Portugal livre, era um Portugal devastado, pobre, sem forças armadas, em que faltava quase tudo. Não faltava nem a vontade nem o valor nem a humildade de reconhecer que precisávamos da ajuda britânica para nos batermos como iguais nas futuras campanhas. No Vimeiro começava a dura vitória dos aliados que teriam ainda de lutar por muitos mais e penosos anos.
Da Guerra: Lições de Conflitos Armados.
Brigadeiro-general
Luís Fernando Machado Barroso
 
O objectivo do texto é apresentar o que poderá ser o futuro combate terrestre e como é que pode desafiar os comandantes das forças terrestres. No segmento da alta intensidade do espectro do conflito, o combate é a actividade mais desafiante para o militar, em especial se o ambiente na área de operações for caracterizada pela baixa intensidade. Baseado nos recentes con­flitos da Guerra do Golfo (1991), Somália (1993), Afeganistão (2001-2002) e Líbano (2006), apresenta-se o modo como poderá ser o combate terrestre. Devido à supremacia militar ocidental, os possíveis adversários terão como opção mais provável o combate em terreno que mitigue a sua esmagadora vantagem, tirando partido de acções em terreno complexo, dos meios de comunicação social e, muito importante, das dinâmicas da globalização que tendencialmente têm alterado o carácter da guerra. Em última instância, o sucesso da preparação de forças para combate dependerá essencialmente do treino e adaptação das actuais doutrinas e da versatilidade da força em lidar simultaneamente com várias intensidades.
As Movimentações Militares do Exército Napoleónico no Alentejo em 1807-1808. Análise dos Relatos do Tenente-General Thiébault.
Sargento-ajudante
José Luís Assis
 
No Alentejo, até às ordens de Junot para retirar, as forças francesas colocadas naquela província eram consideráveis, contavam com cerca de 8 000 homens em Elvas e Estremoz às ordens dos generais Kellerman e Avril para fazerem frente às forças Espanholas colocadas em Badajoz, sufocar qualquer rebelião que pudesse surgir naquela Província e proteger as forças francesas em caso de retirada forçada de Lisboa em direcção à fronteira espanhola passando por Elvas. Assim, face ao enorme efectivo militar, seria arriscada e votada ao insucesso qualquer tentativa de revolta, como aliás viria a acontecer primeiro em Vila Viçosa e depois em Beja, quando os levantamentos nelas ocorridos foram massacrados pelas tropas francesas. Apesar de mal armados, mal organizados e sem uma linha de comando - exceptuando em Évora com o general Francisco de Paula Leite que em quatro dias teve de organizar uma força para enfrentar Loison - é admirável a ousadia que os habitantes daquelas localidades tiveram, pois apesar dos desastres que sofreram, não esfriou o seu patriotismo e a perseverança na insurreição contra as forças francesas.
 
A praça de Juromenha foi tomada com o auxílio dos espanhóis e tornou-se o ponto de apoio a toda a revolta no Alentejo. Seguiram-se as praças de Marvão (26Junho), Campo Maior (2Julho), Ouguela (4Julho), Arronches (6Julho), Castelo de Vide e Portalegre (6Julho) e mais tarde Estremoz (12Julho) depois de Junot forçado a concentrar todas as suas forças em Lisboa, ter ordenado a retirada do Alentejo e Alcácer do Sal (26Julho).
 
Para que a província se considerasse totalmente livre do exército francês faltava libertar Elvas, (principal praça de Portugal naquele tempo), Évora a rica e populosa cidade da Província e a zona litoral do rio Sado.
 
Elvas, mantendo uma forte guarnição francesa, só seria recuperada depois da Convenção de Sintra quando aí chegaram as forças inglesas. Em Évora, a 20 de Julho, estabeleceu-se o governo central de toda a Província sob a presidência do Arcebispo daquela cidade D. Frei Manuel do Cenáculo que no dia 29 de Julho viria a cair nas mãos das tropas francesas comandadas pelo temível general Loison.
 
Na reorganização dos meios de revolta e defesa na província do Alentejo e Algarve bem como em todo o País, os governadores legítimos do Reino, impossibilitados do exercício das suas funções, não dispunham dos recursos materiais e humanos necessários à organização do exército.
Não obstante as dificuldades, alguma descoordenação entre as juntas do Norte e do Sul do Reino, e mesmo entre algumas destas últimas, todos os seus líderes tiveram uma acção de enorme empenho e procuraram reunir os meios para a causa que pretendiam fazer triunfar - aliados, dinheiro, armas, munições, soldados, cavalos, comandantes, exército.
 
A hostilidade dos portugueses contra o exército francês pode considerar-se admirável, proveitosa e notável. Nada pode ser mais glorioso que um povo inteiro de Norte a Sul de Portugal a pelejar pelo direito à sua independência. Os portugueses que lutaram em 1640 e 1808 construíram dois momentos gloriosos dos feitos nacionais que perdurarão para a eternidade na mais elevada galeria da História de Portugal.
Caracterização clínica e demográfica dos militares contratados inter­nados no Serviço de Psiquiatria do Hospital Militar Principal em 2007
Dra.
Joana Alexandre
Dra.
Teresa Babo
Dra.
Sofia Moreira
 
A presente investigação visa caracterizar clínica e demograficamente os militares em regime de contrato internados no serviço de Psiquiatria do HMP em 2007. Concluímos que os militares contratados internados no Serviço de Psiquiatria - são maioritariamente praças, do sexo masculino, jovens, solteiros, sem filhos, provenientes da região Sul, com 10 anos de escolaridade em média. São mais frequentes nos contratados os diagnósticos de perturbações afectivas e de perturbações de ansiedade, são menos frequentes os diagnósticos de dependência de substâncias e de perturbações da personalidade.
 
PALAVRAS-CHAVE: regime de contrato; dados demográficos; diagnósticos psiquiátricos.
Guerra Helenística como História Social: A formação da tradição militar a partir das composições étnicas dos exércitos
Prof. Doutor
Henrique Modanez de Sant´Anna
 
Este artigo está dividido em duas partes. A primeira delas trata da construção da guerra helenística como história social, a partir das contribuições historiográficas de M. Rostovtzeff e de sua ligação com Droysen, o primeiro a empregar o termo “helenismo” no sentido moderno. A segunda parte, tendo já estabelecido de que maneira os historiadores que sucederam Rostovzteff elegeram a guerra como um dos temas principais para o estudo do período helenístico (deve-se notar que o período propriamente inicia pela guerra sucessória), é dedicada às transformações decisivas ocorridas no interior da guerra grega, enfatizando a integração tática que teve lugar antes da reforma de Filipe II da Macedônia e os desenvolvimentos posteriores a morte de Alexandre, em 323 a.C.
CRÓNICAS I - Crónicas Militares Nacionais
Tenente-coronel
Miguel Silva Machado
  • Novo Comandante do Corpo de Fuzileiros;
  • Primeiro-Ministro na abertura do Ano Académico do IESM;
  • Mergulhadores em exercício internacional;
  • Nova unidade do Exército partiu para o Líbano;
  • Organização da Defesa Nacional e das Forças Armadas;
  • Afeganistão: Portugal reduz efectivos e modifica tipologia da participação;
  • Câmara Municipal de Santarém compra o Quartel de S. Francisco;
  • Afeganistão: Secretário de Estado anuncia reforço de efectivos;
  • Continua a regulamentação da nova lei Orgânica da GNR;
  • Ordem da Liberdade para a Associação dos Deficientes das Forças Armadas;
  • Força Aérea termina missão no Afeganistão;
  • “Directiva para o Exército 2007-09”: Ponto da situação no final de 2008;
  • Mensagens de Natal e de Ano Novo do Presidente da República e Primeiro-Ministro;
  • Almirante português comanda SNMG 1 em 2009/2010.
CRÓNICAS II - Crónicas Bibliográficas
 
 
 

Reedição da “Arte da Guerra do Mar”.

Comodoro
Armando José Dias Correia
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