Tem sido crescentemente claro para nós que o que é, é religioso. Religioso nas suas origens, na sua identidade, na sua existência, nas suas relações, na sua dimensão, na sua dinâmica, no seu alcance. “Religioso” - enfatize-se - etimologicamente falando.
Num mundo exponenciadamente laico - a fortiori o do País que é o nosso, mergulhado na “vil tristeza” (Camões, claro, que, ademais o conhecia eventualmente como ninguém, Camões sempre como referência) por gente ignara, presunçosa e indigna - dizê-lo postula convicção, determinação e, bem entendido, potência para arrostar com as dificuldades inerentes à estreiteza de horizontes de muitos.
Sendo um pouco mais preciso é instante declarar que os poderes fácticos que mais têm que ver com este estado de coisas, a Igreja e a Universidade (esta, claro, na área das ciências humanas), não estão à altura do que deveriam estar. Quando da implantação do regime republicano, a Faculdade de Teologia da universidade coimbrã (a única universidade então existente) foi extinta - mas tal Faculdade continua, hodiernamente, a existir nas universidades germânicas e, a esse respeito, basta lembrar Tubinga. Quanto à Igreja Católica não é espantoso mencionar uma certa postura e/ou tibieza difíceis de compreender.
Todavia, a religiosidade e o misticismo afirmam-se cada vez mais num país que é uma superpotência. Referimo-nos aos EEUU, claro - mas até na laica e limitada França. Aqui, que mais que não fosse, bastaria a montra de certas livrarias para no-lo interiorizar.