II - A Luta pelo Espaço Cuanhama
Naquele tempo reinava nas terras do país Cuanhama Weyulu ya Hedembi que, na esteira dos ensinamentos do seu antecessor Nahamadi continuaria a vigiar atentamente as incursões dos portugueses; muito desconfiado, mandava-os espiar permanentemente impedindo a instalação de um forte militar, que até lhe poderia convir para o auxiliar nas “guerras” com os seus adversários mais poderosos. Nesta política destacavam-se Hamalwa e Nande, este irmão de Weyulu.
Os portugueses, por seu lado, preparavam-se para a odisseia das terras Ovambo-Cuanhama. D. Sebastião Neto, ex-bispo de Angola e Congo era Patriarca de Lisboa e apoiava o padre Duparquet na limitação das missões portuguesas apenas até ao rio Cunene, embora integradas na Cimbebásia, cujos territórios se estendiam muito além desse limite e onde se deviam instalar as missões francesas, além dos espiritanos já alojados dentro de território angolano! Em breve se instalou (1884) a primeira missão espiritana de Cassinga e da Missão Católica da Ambuela pelo padre Duparquet em Caquele, próximo de Cassinga, região do minério de ferro e da exploração da cera, borracha, marfim e ouro… Coincidências!
Paralelamente para dar continuidade à Ocupação Efectiva do Cuanhama o general Pereira d’Eça estudava com muito pormenor a situação da província de Angola, em especial as situações que se viviam então nas regiões do Norte, Lunda e Cuanhama onde houve o maior cuidado nas acções bélicas desenvolvidas e a desenvolver. Ouviu certamente, como aliás lhe competia, os oficiais mais chegados ao estado-maior nas lutas da fronteira Sul de Angola. Já em Luanda, pôde ouvir os relatos do Secretário-Geral de Angola e dos governadores das zonas críticas. Viria a confirmar o que os oficiais do Estado-Maior do Exercito em campanha que lhe comunicaram: “o gentio era muito aguerrido e numeroso no Kuanhama, tinham o moral muito levantado pela retirada das nossas forças após os acontecimentos de Naullila, tinham também sido, em grande parte, instruídos pelos alemães, dando-se ainda o facto de à frente da coligação das diversas tribos se encontrarem os Kuanhama, cujo estado de civilização era já, segundo todas as fontes de informação, muito apreciável.”