Nº 2503/2504 - Agosto/Setembro de 2010
2503/2504 - Agosto/Setembro de 2010
EDITORIAL - Inovação, Forças Armadas e Instituições Militares
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
Na procura de soluções que permitam romper com as paralisias no funcionamento dos sistemas, fala-se frequentemente em inovação. Inovação entendida como algo inesperado introduzido na complexidade do sistema, esperando-se que a linearidade da relação causa e efeito, produza o resultado esperado. Se foi assim, e em muitas situações ainda o sistema reage desta maneira, a relação causa e efeito está a ceder perante novas situações de ambiente que influenciam os sistemas, sujeitas ao imprevisto e ao que, cada vez mais, se pretende teorizar como a ciência do caos. As tradicionais teorias económicas, sociais e do comportamento da matéria têm mostrado, recentemente, como o futuro é cada vez mais difícil de prever. Mas, à falta de melhor e mais seguro, teorizadores e responsáveis pelos sistemas continuam a falar da inovação como solução. Inovação na maioria das vezes entendida como um salto ou mudança na tecnologia e, raramente, entendida como mudança no comportamento dos agentes do sistema. [...]
Transferir a Capital e a Corte para o Brasil: ou como manter a Soberania sem dar um Tiro
Major-general
João Jorge Botelho Vieira Borges
Desafiado a falar sobre a partida da família real para o Brasil, o autor do artigo comandava então o Regimento de Artilharia Antiaérea Nº 1, situado no Palacete da Arcada em Queluz, parte integrante da Jóia Arquitectónica do Palácio Nacional de Queluz, onde vivia a Família Real antes da partida para essa viagem emblemática em 1807. Ao estudar a efectiva transferência da capital e da corte para o Brasil, o autor sentiu aquelas paredes, os momentos de angústia vividos por D. João VI, a solidão da decisão, a opressão da despedida, mas também a noção da importância para Portugal e para os Portugueses de tal decisão de futuro e para o futuro. Passados mais de 200 anos, foi seguramente mais fácil para o autor falar sobre o tema e mais tarde escrever sobre o mesmo, já fora das paredes do Palacete. Começou assim, por caracterizar o ambiente geral, a estratégia nacional e o ambiente técnico-militar, no sentido de dar uma resposta às questões que lhe foram colocadas pela Liga dos Amigos do Museu Militar do Porto: o porquê da “inusitada unanimidade na apreciação da decisão respeitante à retirada da família real para o Brasil” e as razões da “inexistência de resistência inicial contra o invasor”.
The new geopolitical coordinates of cyberspace - As novas coordenadas geopolíticas do ciberespaço
Professor
Armando Marques Guedes
The present article seeks to raise a few political questions on the current state of cyberwarfare in international relations and its impact in military doctrine - as well as point out some of their geopolitical implications. It focuses mostly on the political dimensions of cyberspace and on its agonistic topographies. Russia, China, North Korea, the US, Germany, the UK, Japan, Brazil, and non-State entities like al-Qaeda, are patterning that space. But so are anonymous hacker geeks wikiing their way upwards on open source software development, the famous “hacktivists”: the germs of a ‘virtual international civil society’ often bent - and with the most varied motivations - on ‘direct political action’. Given the nature of new digital communication technologies, their ‘networkiness’, and the empowerment they thus re-distribute, the discussion branches out to social networks, collaboration and surveillance, and some of the trends of contemporary politics which resonate with them. No sustained attempt is made to produce a ‘theory’: the paper’s main thrust is on ‘revealing’ - in the sense of bringing out a photographic image - emergent and germane political entities and their forms of operation. The aim is to begin drawing what are deemed to be some relevant geopolitical coordinates of a cyberspace which is rapidly rising on the scene of modern national and international conflicts.
Os Portugueses no Mundo Cuanhama (kwanyama)
Professor
José Carlos de Oliveira
II - A Luta pelo Espaço Cuanhama
 
Naquele tempo reinava nas terras do país Cuanhama Weyulu ya Hedembi que, na esteira dos ensinamentos do seu antecessor Nahamadi continuaria a vigiar atentamente as incursões dos portugueses; muito desconfiado, mandava-os espiar permanentemente impedindo a instalação de um forte militar, que até lhe poderia convir para o auxiliar nas “guerras” com os seus adversários mais poderosos. Nesta política destacavam-se Hamalwa e Nande, este irmão de Weyulu.
 
Os portugueses, por seu lado, preparavam-se para a odisseia das terras Ovambo-Cuanhama. D. Sebastião Neto, ex-bispo de Angola e Congo era Patriarca de Lisboa e apoiava o padre Duparquet na limitação das missões portuguesas apenas até ao rio Cunene, embora integradas na Cimbebásia, cujos territórios se estendiam muito além desse limite e onde se deviam instalar as missões francesas, além dos espiritanos já alojados dentro de território angolano! Em breve se instalou (1884) a primeira missão espiritana de Cassinga e da Missão Católica da Ambuela pelo padre Duparquet em Caquele, próximo de Cassinga, região do minério de ferro e da exploração da cera, borracha, marfim e ouro… Coincidências!
 
Paralelamente para dar continuidade à Ocupação Efectiva do Cuanhama o general Pereira d’Eça estudava com muito pormenor a situação da província de Angola, em especial as situações que se viviam então nas regiões do Norte, Lunda e Cuanhama onde houve o maior cuidado nas acções bélicas desenvolvidas e a desenvolver. Ouviu certamente, como aliás lhe competia, os oficiais mais chegados ao estado-maior nas lutas da fronteira Sul de Angola. Já em Luanda, pôde ouvir os relatos do Secretário-Geral de Angola e dos governadores das zonas críticas. Viria a confirmar o que os oficiais do Estado-Maior do Exercito em campanha que lhe comunicaram: “o gentio era muito aguerrido e numeroso no Kuanhama, tinham o moral muito levantado pela retirada das nossas forças após os acontecimentos de Naullila, tinham também sido, em grande parte, instruídos pelos alemães, dando-se ainda o facto de à frente da coligação das diversas tribos se encontrarem os Kuanhama, cujo estado de civilização era já, segundo todas as fontes de informação, muito apreciável.”
A Evolução da CPLP na Segurança e Desenvolvimento do Continente Africano - Relevância do Instrumento Militar e o Papel de Portugal
Brigadeiro-general
Luís Fernando Machado Barroso
Este texto tem três objectivos: apresentar como se visualiza a evolução do papel interventivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em África no quadro de uma conflitualidade típica; demonstrar a relevância do instrumento militar na resolução desses conflitos; e perspectivar como Portugal pode desempenhar um papel de relevo. O texto desenvolvido terá como pontos de referência: o problema da segurança no continente africano; a emergência da CPLP como actor relevante no continente africano; a constatação da necessidade de dispor de meios militares capazes de intervir em situações típicas de reconstrução de Estados. Da análise efectuada salienta-se que a experiência de Portugal em missões de paz desde o início dos anos 1990 deve ser capitalizada de forma a poder assumir um papel central na afirmação da CPLP junto da comunidade internacional.
O Dever de Exaltar um dos Maiores Heróis da História de Portugal: D. João de Castro
Tenente-coronel
David Miguel Pascoal Rosado
Militar, cientista, diplomata e político, D. João de Castro é um vulto incontornável na história de Portugal. Tendo representado a condição humana em toda a sua complexidade, transcendeu essa mesma condição, num exemplo de serviço à Pátria que não nos deixa indiferentes.
 
Várias são as instituições que ostentam o seu nome e o caso não é para menos: D. João de Castro é, sem sombra de qualquer dúvida, um dos maiores portugueses de sempre. Sepultado na magnífica Capela de Corpus Christi, situada no complexo conventual que está inserido nas instalações do Instituto dos Pupilos do Exército (IPE), D. João de Castro foi escolhido por este Estabelecimento Militar de Ensino (EMEns) como seu ilustre Patrono. Quando se aproxima o centenário do IPE, aquela Casa não esquece a vida e obra de tão grande Português.
 
Este artigo exalta a memória histórica do ilustre 13.º Governador e 4.º Vice-Rei da Índia, numa homenagem que é necessariamente curta perante um legado tão vasto.
Crónicas Militares Nacionais
Tenente-coronel
Miguel Silva Machado
  • Missão no Uganda;
  • Dia da Força Aérea Portuguesa, na Madeira;
  • Redução da participação nacional na ISAF/Afeganistão;
  • Major-general do Exército Português nomeado comandante da EUROFOR;
  • NRP “Tridente” chegou a Portugal;
  • Apoio militar no combate aos incêndios;
  • Força Aérea termina missão no Índico;
  • Conselho de Ministros aprova matérias relacionadas com a Segurança Interna;
  • Brigadeiro-general do Exército Português é o 2º Comandante da KFOR.
Crónicas Bibliográficas
  • António de Oliveira Salazar - o outro retrato;

 

  • Olhares sobre O Mercurio Portuguez.
Major-general
Adelino de Matos Coelho
Coronel
José Custódio Madaleno Geraldo
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