Nº 2505 - Outubro de 2010
2505 - Outubro de 2010
EDITORIAL - Defesa, Forças Armadas e Meios
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
Num novo milénio que se anunciou com mudanças substanciais no estilo de sociedade e suas enquadrantes, como concebidas no nosso mundo do ocidente, também há diferentes visões sob o enquadramento estratégico global e as relações de uns e os outros. Estado, soberania, paz e guerra, relações internacionais e os seus órgãos e mecanismos reguladores de defesa são também parte dos temas em discussão e daqueles que cabem na área de interesse da Revista Militar e que regulam o seu estatuto redactorial há mais de um século. Por respeito dos que nos antecederam e por princípio de coerência não nos podemos alhear dessa discussão. (...)
O Novo Conceito Estratégico da OTAN e os Interesses de Portugal
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
Quando estamos próximo da data em que será apresentado um Novo Conceito Estratégico para a Organização do Atlântico Norte (OTAN), previsto para a próxima cimeira de Lisboa, em Novembro, o presente artigo procura abordar o tema em três perspectivas.
 
A primeira é uma perspectiva histórica, focando os interesses de Portugal na pertença à Aliança, aquando do seu nascimento, em 1949, e sua evolução acompanhando as transformações da OTAN. A segunda é uma análise das razões que fundamentam a manutenção da Aliança e as diferentes visões e perspectivas que existem entre os 28 membros da Aliança. A terceira é uma opinião pessoal de como a Aliança se deveria adaptar ao novo ambiente estratégico global: politicamente, assumindo-se como uma organização de segurança cooperativa regional em conjunto com a OSCE, voltando aos princípios da Declaração de Roma, de 1991; militarmente adoptando uma estrutura militar integrada que abandone comandos regionais por áreas, retirando à Aliança o pendor de defesa territorial e de forças, para retomar o conceito de comandos funcionais orientados pela função e ameaças que têm de enfrentar.
Guerra Peninsular (1807-1814) - A Batalha de Arapilles ou de Salamanca (22 de Julho de 1812).
Tenente-general
José Lopes Alves
Última Operação Contra as Tropas Anglo-Lusas do Último Exército Francês de Portugal
 
Não tendo Junot, Soult e Massena cumprido a missão de derrotar as tropas anglo-lusas e obrigado os ingleses a abandonar Portugal, Napoleão Bonaparte nomeou, em Abril de 1811, o Marechal Marmont comandante-chefe do Exército Francês de Portugal em substituição de Massena, que recolheria a França, bem como todos os oficiais generais do seu comando, com excepção do Marechal Ney, mesmo assim destinado ao comando territorial de Salamanca.
 
Tendo tomado posse, em 12 de Maio, do seu comando, Marmont empenhara-se-ia em manter na sua posse as praças-depósito de Ciudad Rodrigo e Badajoz, no itinerário de reabastecimento com o território francês e portas de entrada, portanto, para o interior da Península. Não cumpriria, no entanto também a sua missão, conseguindo Wellington em Janeiro e Março de 1812 ocupar as duas praças e tornado inócua a invasão do território português por Alfaiates-Sabugal-Castelo Branco durante três dias, afectando cerca de 4.300 quilómetros quadrados (4ª invasão), realizada com a finalidade de atrair os anglo-lusos para o exterior daquela primeira praça e “dar-lhe a batalha vitoriosa requerida pelo Imperador”.
 
É neste situação, tendo Marmont retirado a seguir para as suas bases do vale do Tejo, a sul de Ávila e Salamanca para reorganizar o Exército, com carências de vária ordem e em ambiente continuamente hostil, onde se instala em “expectativa estratégica”, que tem lugar a Batalha de Arapiles ou de Salamanca, num planalto a 7,5 quilómetros a sul desta cidade de que Arapiles é uma pequena aldeia.
 
Efectivamente, de posse das duas praças-depósitos, Wellington inicia, em Julho de 1812, a execução da ideia estratégica anglo-lusa, a de penetrar na Península, até Valência, sobre o Mediterrâneo e conseguir dividir o território em duas grandes regiões para seu mais fácil controlo e absorção.
 
A batalha, que se descreve a seguir após consideração de alguns factores que a influenciaram, não seria, no entanto, favorável aos franceses, terminando ingloriamente o comando-chefe de Marmont e o último Exército Francês de Portugal, que seria logo a seguir dissolvido. Tiveram também influência na derrota de Marmont e na vitória de Wellington, o facto de o marechal ter sido ferido e evacuado logo no início do confronto, ter sido também ferido o general que deveria suceder-lhe no comando e, fundamentalmente, a indisciplina manifestada na condução das acções por dois generais comandantes de divisão que não cumpriram as determinações do marechal.
Portugal no contexto dos interesses dos EUA e da Europa, em relação a África
Coronel
Luís Eduardo Marquês Saraiva
Portugal, após os últimos territórios do seu império em África se terem tornado jovens nações independentes, foi confrontado com novos desafios e paradigmas: o País reencontrou-se com a NATO e voltou-se de novo para a Europa, de que tinha estado arredado. No entanto, não pôde voltar costas definitivamente a África, após tantos Séculos de presença. Também África, através dos países africanos de expressão portuguesa, permanece ligada a Portugal, pela língua, pela História, pela cultura e mesmo pelo sangue. Estes laços poderão ser uma vantagem de Portugal, junto da União Europeia e da NATO.
 
Será uma vantagem para Portugal, pois este pode constituir-se como um país “facilitador” da penetração em África da Europa e da NATO, e portanto dos países seus constituintes, incluindo os Estados Unidos, principalmente pelas ligações que permaneceram, fortes, após o fim do Império Português. Será também vantagem para a União Europeia (UE), pois a forma de estar de Portugal em África, especialmente nos países lusófonos, é exemplo útil de uma prática a considerar por todos os Estados-membros da UE com interesses em África, devendo essa maneira portuguesa de estar em África ser estudada e adoptada pelos Estados-membros da UE com interesses em África. Finalmente, será vantagem para a NATO, mais uma vez em demanda de uma nova entidade, gesta revelada desde a Cimeira de Washington em Abril de 1999, onde pela primeira vez se alterou verdadeiramente a natureza da Aliança, e que poderá encontrar no Continente Africano e no Oceano Atlântico que o bordeja as razões para a continuação da sua existência e mesmo da extensão das suas capacidades.
NATO e União Europeia - A evolução conceptual
Coronel
Luís Villa de Brito
A NATO e a União Europeia, sofreram uma evolução extraordinária ao longo das últimas seis décadas, procurando responder aos dois maiores anseios das sociedades ocidentais, a segurança e o bem-estar. Para atingir estes almejados objectivos, considerando as actuais ameaças e riscos, cada vez mais globais e voláteis, parece evidente que serão imprescindíveis acções globais e concertadas, de ambos os lados do Atlântico.
 
Este trabalho, debruçando-se fundamentalmente sobre a área da segurança e defesa, irá revisitar as origens e caracterizar cada uma das organizações, verificando de seguida como evoluíram os seus conceitos e os seus documentos base, procurando finalmente perceber, se têm ao seu dispor os actores e os instrumentos adequados às suas missões e se estão em condições de os utilizar.
Os Portugueses no Mundo Cuanhama (kwanyama)
Professor
José Carlos de Oliveira
Mesmo antes do advento dos Portugueses, surgiram tanto na África Ocidental como na Oriental, sub-grupos étnicos de índole guerreira que, directa ou indirectamente, provocaram a formação de unidades políticas mais complexas e duradouras, do que as tribos tradicionais. Os primeiros navegadores portugueses não hesitaram em os classificar como "Reinos", dada a maior capacidade unificadora dos seus chefes que assumiu aspectos multifacetados. O território nacional aumentou consideravelmente em extensão, principalmente pelo recurso às frequentes “correrias” de especialistas na captura de gado e reféns para posterior negociação, como pela conquista ou submissão de etnias vizinhas ou ainda pela lenta mas segura expansão demográfica interna.
 
Durante os primeiros 15 anos do século XX tanto as expedições militares sob o comando do então major Alves Roçadas, como especialmente as campanhas sob o comando do general Pereira D’Eça, envidaram tremendos esforços bélicos para neutralizar por completo os guerreiros Kuamato e Cuanhama. Em meados de Agosto de 1915 Pereira D’Eça jogou todo o seu prestígio frente ao rei Mandume. Este jovem destinado a ser rei foi cuidadosamente treinado para o mando militar pelos poderosos comandos alemães (religiosos e militares) sedeados na Damaralândia, o então Sudoeste Alemão de 1884 a 1915. A partir desta data a Republica da África do Sul integrou o território até 1990, altura em que emergiu o estado republicano da Namíbia.
 
Perante a emergência duma república de tipo europeu a União Sul Africana, o fim do Império Cuanhama adivinhava-se, a história de um povo orgulhoso do seu espaço territorial, das suas vitórias guerreiras que tinham como finalidade especialmente o saque de gado e mulheres, conforme os ditames ancestrais chegava ao fim. O povo cuanhama iniciava a partir daí a cooperação com os brancos vencedores. Afinal Quem ganhasse a posse da água ganhava a guerra.
Tecnologia da Informação na Gestão de Processos de Junta de Saúde da Aeronáutica
SubOficial
Almir José da Cruz
A partir da premissa da necessidade atual de integração de processos e disponibilidade de informações cada vez mais rápidas e seguras, esse artigo apresenta uma visão teórica sobre o uso do aplicativo SAL9000, um software freeware (distribuição gratuita) resultado de um projeto acadêmico do autor, disponibilizado sem nenhum custo e utilizado nas Juntas de Saúde do V Comando Aéreo Regional no Sul do Brasil, como instrumento de melhoria e controle de todos os militares e civis, na avaliação periódica, reengajamento e desligamento do serviço militar, viagens e acompanhamento do estado de saúde para a concessão de licenças. A metodologia aplicada foi através da análise dos dados recolhidos dos militares que trabalhavam direto com o atendimento e utilização dos serviços administrativos das juntas de saúde, associado à pesquisa participante, pois coube ao autor, na qualidade de Encarregado da Junta Regular de Saúde da Base Aérea de Canoas do Rio Grande do Sul, a coordenação dos trabalhos de implantação do novo sistema, a fim de encontrar o melhor caminho racional para que a informação pudesse ser processada. O sistema tem como principal função reduzir o tempo entre a ocorrência do evento e seu registro, sem custos adicionais, favorecendo as juntas de saúde no controle do seu efetivo em todo o Brasil.
Crónicas Militares Nacionais
Tenente-coronel
Miguel Silva Machado
  • Centro de Tropas de Operações Especiais condecorado pelo Presidente da República;
  • Efectivos dos Quadros Permanentes das Forças Armadas para 2010;
  • Submarino recebido oficialmente no Alfeite;
  • Portugal junta-se ao projecto do avião militar KC-390;
  • Dia da Defesa Nacional 2010/2011, primeiro obrigatório para mulheres;
  • Presidente da República nas Comemorações dos 200 anos da Batalha do Buçaco;
  • Dia da Brigada de Reacção Rápida;
  • Exercício “DEEP DIVEX 2010”;
  • Rotação de forças nos teatros de operações exteriores;
  • Apresentada publicamente a aeronave P-3C CUP.
Crónicas Bibliográficas
  • O Combate do Côa - 24 de Julho de 1810
A Divisão de Infantaria Ligeira no Início da Invasão de Massena
Major-general Adelino de Matos Coelho
  • GUARITAS - Arte e Engenho

Major-general Adelino de Matos Coelho

Major-general
Adelino de Matos Coelho
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