Guerra Peninsular (1807-1814) - A Batalha de Arapilles ou de Salamanca (22 de Julho de 1812).
Última Operação Contra as Tropas Anglo-Lusas do Último Exército Francês de Portugal
Não tendo Junot, Soult e Massena cumprido a missão de derrotar as tropas anglo-lusas e obrigado os ingleses a abandonar Portugal, Napoleão Bonaparte nomeou, em Abril de 1811, o Marechal Marmont comandante-chefe do Exército Francês de Portugal em substituição de Massena, que recolheria a França, bem como todos os oficiais generais do seu comando, com excepção do Marechal Ney, mesmo assim destinado ao comando territorial de Salamanca.
Tendo tomado posse, em 12 de Maio, do seu comando, Marmont empenhara-se-ia em manter na sua posse as praças-depósito de Ciudad Rodrigo e Badajoz, no itinerário de reabastecimento com o território francês e portas de entrada, portanto, para o interior da Península. Não cumpriria, no entanto também a sua missão, conseguindo Wellington em Janeiro e Março de 1812 ocupar as duas praças e tornado inócua a invasão do território português por Alfaiates-Sabugal-Castelo Branco durante três dias, afectando cerca de 4.300 quilómetros quadrados (4ª invasão), realizada com a finalidade de atrair os anglo-lusos para o exterior daquela primeira praça e “dar-lhe a batalha vitoriosa requerida pelo Imperador”.
É neste situação, tendo Marmont retirado a seguir para as suas bases do vale do Tejo, a sul de Ávila e Salamanca para reorganizar o Exército, com carências de vária ordem e em ambiente continuamente hostil, onde se instala em “expectativa estratégica”, que tem lugar a Batalha de Arapiles ou de Salamanca, num planalto a 7,5 quilómetros a sul desta cidade de que Arapiles é uma pequena aldeia.
Efectivamente, de posse das duas praças-depósitos, Wellington inicia, em Julho de 1812, a execução da ideia estratégica anglo-lusa, a de penetrar na Península, até Valência, sobre o Mediterrâneo e conseguir dividir o território em duas grandes regiões para seu mais fácil controlo e absorção.
A batalha, que se descreve a seguir após consideração de alguns factores que a influenciaram, não seria, no entanto, favorável aos franceses, terminando ingloriamente o comando-chefe de Marmont e o último Exército Francês de Portugal, que seria logo a seguir dissolvido. Tiveram também influência na derrota de Marmont e na vitória de Wellington, o facto de o marechal ter sido ferido e evacuado logo no início do confronto, ter sido também ferido o general que deveria suceder-lhe no comando e, fundamentalmente, a indisciplina manifestada na condução das acções por dois generais comandantes de divisão que não cumpriram as determinações do marechal.