Nº 2535 - Abril de 2013
2535 - Abril de 2013
EDITORIAL
General
José Luiz Pinto Ramalho

Foi recentemente publicado em Diário da República, de 5 de abril de 2013, o Conceito Estratégico de Defesa Nacional, aprovado pelo Governo, substituindo o anterior datado de 2003. Do documento produzido pelo Grupo de Trabalho nomeado pelo MDN, poucas foram as orientações consideradas para as estratégias gerais, política, económica e militar, assim como as reflexões que foram produzidas no Seminário, realizado por iniciativa da Comissão de Defesa da Assembleia da República, apontando lacunas e incoerências ao documento, na altura tornado público para apreciação nos termos da LDN. Parece mesmo que o documento apresentado à Assembleia da República dispensava quaisquer contribuições. [...]

A reputação na organização militar
Major-general
Ana Rita Duarte Gomes Simões Baltazar

A reputação é um constructo amplamente estudado no mundo civil, sendo considerado um recurso intangível e, em alguns casos, fonte de vantagem competitiva. Esta relevância para o negócio conduz à necessidade de conhecer o processo que lhe é inerente e a sua influência no sucesso.

No meio militar português este assunto não tem sido tratado, pelo que é pertinente perceber “De que forma é que as Forças Armadas entendem a reputação?”, ou seja, porque é importante, para quem e para quê.

Nesse sentido estudou-se a aplicabilidade às Forças Armadas da metodologia “Quociente de Reputação” desenvolvida, em 2000, por Fombrun e Gardberg. A partir daquela metodologia é possível estudar as seis dimensões da reputação: apelo emocional (emotional appeal), visão e liderança (vision and leadership), desempenho financeiro (financial performance), ambiente de trabalho (workplace environment), responsabilidade social (social responsibility) e produtos e serviços (products and services). O saber nesta área pode contribuir, por exemplo, para aumentar o número de candidatos às Forças Armadas ou, porque não, para aumentar o reconhecimento no seio da comunidade civil.

Concluiu-se que alguns dos aspetos já eram avaliados, internamente ou externamente, através de questionários, ainda que com finalidades diferentes daquelas associadas à metodologia.

A Logística do Exército em África (1961/74): Princípios, funções e organização
Mestre
João Moreira Tavares

O início da luta armada pela independência de Angola, em 1961, constituiu o ponto de partida para uma mobilização de tropas que se viria a tornar numa complexa operação logística com o posterior alargar da subversão à Guiné (1963) e a Moçambique (1964), a intensificação dos combates e consequente prolongar da guerra sem que se vislumbrasse o seu fim, durante cerca de treze anos. Apesar de não se tratar de uma operação pioneira na História militar nacional contemporânea – recorde-se as expedições de ocupação e pacificação do fim do século XIX e início do XX, seguidas pelo envio de tropas para Angola e Moçambique e, na Europa, para a Flandres, durante a guerra de 1914/18 e, posteriormente, durante a Segunda Guerra Mundial, para os Açores, Cabo Verde e Timor e numa época mais recente para a Índia –, esta projecção de forças alcançou contornos nunca antes atingidos, transformando-se num fenómeno sem precedentes, não só pelas razões já enunciadas, mas também pela natureza agreste dos três Teatros de Operações, possuidores de um terreno e clima adversos, quase desprovidos de vias de comunicação que permitissem percorrer a sua grande dimensão, várias vezes superior à da metrópole e que dela distavam milhares de quilómetros, o que muito dificultou a movimentação de meios e a condução das operações militares.

Por outro lado, a um nível mais elevado da organização logística: o governamental, de âmbito mais civil do que militar e marcadamente político, o reduzido potencial económico, financeiro e bélico nacional agravado pelas dificuldades em conseguir obter os necessários apoios externos favoráveis à política colonial portuguesa muito condicionaram igualmente o esforço de guerra português.

O propósito deste artigo é analisar, do ponto de vista concepcional à luz da doutrina então vigente, como o Exército adaptou, desenvolveu e aplicou em África, numa campanha de natureza contra-subversiva, os princípios teóricos logísticos, bem como as suas funções e organização pensados, de início, para uma guerra convencional, com base nas experiências recolhidas durante a Segunda Guerra Mundial e antevendo um conflito de larga escala no quadro da Guerra Fria.

O Carácter Trinitário da Guerra no Ciberespaço
Tenente-coronel
Rui Manuel Piteira Natário

A teorização e caracterização da guerra feitas por Clausewitz, no início do séc. XIX, foram baseadas na realidade sociopolítica da época e no impacto provocado na Europa pelas campanhas napoleónicas. O mundo actual vive imerso em tecnologias da informação que ligam todas as áreas da vida do quotidiano, transformando gradualmente o paradigma da vida mundana. A moderna conflitualidade adapta-se a esta realidade, decorrendo num novo contexto tecnológico, expandindo as fronteiras do ciberespaço enquanto nova dimensão, e explorando todas as suas potencialidades. No entanto, a tecnologia não invalida as teses de Clausewitz e, portanto, a conflitualidade no ciberespaço retém as características intrínsecas da guerra por si postuladas há quase duzentos anos. Nomeadamente, a natureza trinitária da guerra mantém a sua actualidade apesar da assimetria e carácter altamente sofisticado das ciberameaças contemporâneas.

China and the Sea: the Changing Nature of Chinese Naval Behaviour
Mestre
Paulo Duarte

Este artigo examina um outro aspeto, por vezes esquecido mas que, direta ou indiretamente, se relaciona com a emergência da China enquanto poder mundial: a estratégia marítima chinesa.

Procurar-se-á abordar as principais caraterísticas da postura chinesa no que respeita ao mar, sublinhando os seus elementos de evolução. Destacar-se-á a importância estratégica, para Pequim, do controlo/acesso a um conjunto de ilhas, arquipélagos e passagens marítimas nos oceanos Índico e Pacífico; explicar-se-á como é que os pressupostos de Alfred Mahan se refletem no olhar chinês sobre o mar, e até que ponto a marinha chinesa tem sido alvo de tentativas de modernização. Além disso, visto que o mar é um bom indicador do relacionamento entre os vários atores, este artigo sublinhará, em especial, o caso de Taiwan e da Índia. Por que é Taiwan estrategicamente tão importante para Pequim? E, por outro lado, como é que as estratégias de poder sino-indianas se manifestam no Oceano Indico? Será o comportamento naval chinês hoje mais pragmático do que no passado? Estas são algumas das questões a abordar. Procurar-se-á demonstrar que os líderes chineses parecem estar conscientes que um poder que não entende a importância dos oceanos é um poder sem futuro.

Os Patriotas Ficalhos e a Defesa do Liberalismo Constitucional
Mestre
Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes

Este artigo pretende fazer o retrato de uma família – Ficalho –, que se evidenciou, na primeira metade do século XIX, quer nas Guerras Peninsulares contra as tropas francesas (1811-1812), quer posteriormente na Guerra Civil (1828-1834), que delicerou o País. Por fim faz-se uma pequena biografia dos vários membros desta família que se evidenciaram, como seja de Francisco José de Mello Breyner Telles da Sylva (1781-1812), 2º Conde de Ficalho, de D. Eugénia Maurícia Tomásia de Almeida Portugal (1784-1859), 1ª Duquesa de Ficalho e seus filhos e de Tomás de Mello Breyner (1786-1854).

Crónicas Militares Nacionais
Coronel
Nuno Miguel Pascoal Dias Pereira da Silva
  • Aprovação do Conceito Estratégico de Defesa Nacional
  • Fragata NRP Alvares Cabral no combate à pirataria
  • Cedência do helicóptero Allouette III ao Museu da Guerra Colonial
  • Linhas Gerais da Reforma Defesa 2020
  • Hospital das Forças Armadas
  • Prémio Almirante Augusto Osório (2011)
Crónicas Bibliográficas
  • Memórias Paroquiais (1758)

 

 

 

 

 

 

Major-general
Manuel António Lourenço de Campos Almeida
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