IN MEMORIAM
General “Comando” António da Silva Osório Soares Carneiro
(1928-2014)
A recente situação na Ucrânia, para além de demonstrar a atual postura política da Rússia, na cena internacional, situação previsível, para a qual a Revista Militar alertava na última Edição, confirma também a fragilidade da estabilidade internacional, assim como a determinação política e atitude estratégica de outros grandes atores mundiais, como sejam a União Europeia, os EUA e a China.
Continuamos a viver, em termos de conjuntura internacional, um tempo particular de precariedade estratégica desconcertante, que gera inquietação perante um ambiente de incerteza, que tem permanecido após o fim da guerra fria. Estamos perante uma ordem internacional em que as características constantes são a incerteza, a ambiguidade e uma desregulação que tem vindo a gerar crises, um clima de instabilidade, que mina a confiança na garantia da construção do futuro, fruto também de uma fragilidade política, mesmo em regimes autoritários, que é desafiada nas ruas, nas redes sociais e perturbada ou mesmo paralisada, por influências ou acções extra-nacionais. [...]
Em 17 de dezembro de 2013, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa, foi outorgado o grau de Doutor ao Coronel Nuno Correia Barrento de Lemos Pires, após prestar provas públicas na defesa da sua Tese de Doutoramento em História, Defesa e Relações Internacionais (Curso organizado numa parceria com a Academia Militar) sob o título “O Comando Holístico da Guerra: Wellington, Spínola e Petraeus”. [...]
Até ao início do séc. XX, o controlo do globo era regulado, essencialmente, por potências como a Grã-Bretanha e a França.
Uma nova realidade emergiu, com a Alemanha a disputar a superioridade nos mares (à Grã-Bretanha), os territórios coloniais da França e das contendas nos Balcãs.
As declarações de hostilidade sucessivas entre os Aliados (França, Rússia e Grã-Bretanha) e os Poderes do Centro (Alemanha e Áustria-Hungria), conduziram à mobilização das respetivas forças e aos acontecimentos que conhecemos, hoje, como I Grande Guerra e que a história de encarregou de retratar, com a incapacidade da diplomacia para dissuadir os opositores, nos combate violentos e na afirmação de dotes militares de grandes comandantes alemães, russos, franceses, ingleses e americanos, a par das estratégias e dos desenvolvimentos tecnológicos e das mudanças geopolíticas que dela resultaram.
A entrada de Portugal na I Grande Guerra dá-se por força da defesa dos seus territórios ultramarinos (Angola e Moçambique), os quais se encontravam sob ameaça da Alemanha, a partir das suas possessões na África do Sudoeste e da África Oriental, tendo sido organizadas expedições militares para aquelas colónias.
Em nome da aliança que mantinha com a Inglaterra, a participação de Portugal na frente europeia, através do Corpo Expedicionário Português (CEP) e do Corpo de Artilharia Pesada Independente (CAPI), ficou marcada pelo sentimento de tragédia e nas consequências no seio da instituição militar e na sociedade.
Em 2011, eram passados cinquenta anos após os acontecimentos ocorridos no Norte de Angola, que marcam o início de uma longa guerra de treze anos, e que culminou com a independência desta, então, Província Ultramarina Portuguesa. Na nossa opinião, a efeméride não foi devidamente relembrada de forma institucional, repetindo-se o esquecimento de 2004, quando ocorreu o centenário da morte de Mouzinho de Albuquerque. Como então, o que se passou em Angola foi sendo recordado sobretudo por iniciativas individuais.
Para marcar o evento preparei, então, três artigos: o primeiro, “Recordando o Início da Guerra do Ultramar 50 anos depois”, foi publicado pela Revista Militar, no nº. 2512, de Maio de 2011, e o segundo, “A Sublevação da Baixa do Cassange”, está inserido na Revista Militar nº. 2517, de Outubro de 2011.
Critérios editoriais justificáveis estavam a espaçar os três textos que preparara, e que deveriam constituir um todo.
Perdendo-se a oportunidade de publicar, de seguida, o terceiro dos artigos, entrou-se no ano de 2012 com o assunto a cair no esquecimento e a perder interesse.
Surge agora a possibilidade de completar a trilogia, porquanto a Revista Militar aceitou publicar esse texto “Os Assaltos de 4 de Fevereiro em Luanda e o Massacre de 15 de Março no Norte de Angola”, resultante de uma conferência que proferi no dia 15 de Março de 2011 – exactamente no dia em que se perfaziam os cinquenta anos do “Massacre no Norte de Angola” –, no Núcleo de Castelo Branco da Liga dos Combatentes, com o qual considero encerrado, pela minha parte, este assunto.
No presente artigo, face ao incidente que vitimou o jovem tenente Valadim, no fim do século XIX, no norte de Moçambique, explana-se a situação, nessa data, em Moçambique e no Continente Português, as soluções escolhidas politicamente para esta colónia, resumidas na instalação de Companhias da Carta e as tentativas de ocupação do Niassa assentes em reconhecimentos “musculados”.
Descreve-se a expedição do Major Machado, enviada pela Companhia do Niassa, em 1899, para liquidar o Mataca, baseada numa publicação com data de 1939, de autoria de Georges Stucky, cidadão suíço, que a intitulou “Diário de Campanha da Expedição contra o Mataca”.
Termina-se com um resumo da evolução, ao longo dos tempos, das tentativas de defesa da Colónia por parte do país colonizador.
Está aberto concurso na Academia de Marinha, até ao dia 1 de Outubro de 2014, para atribuição do Prémio “Almirante Teixeira da Mota”, de cujo Regulamento se transcrevem as condições mais importantes:
O Prémio “Almirante Teixeira da Mota” destina-se a incentivar e dinamizar a pesquisa e a investigação científica nas áreas de Artes, Letras e Ciências ligadas ao Mar e às Marinhas.
O referido Prémio, é constituído por um diploma e por uma quantia pecuniária no valor de e 5000 (cinco mil Euros).
Alpoim Calvão, Honra e Dever
Autores: - Dr. Rui Hortelão
- Comandante Sanches de Baena
- Comandante Abel Melo e Sousa
Recensão: Tenente-coronel PilAv João J. Brandão Ferreira