Este número temático da Revista Militar aborda a participação militar nacional do Exército, da Marinha e da Aviação Militar, no teatro de operações europeu da I Guerra Mundial (I GM), constituindo assim o complemento da edição publicada em maio de 2014, onde se trataram as operações militares conduzidas em Angola e em Moçambique. Este conjunto de edições e a realização dos VI Encontros da Revista Militar (Das contradições da «neutralidade» de Portugal ao «esforço de guerra» português), subordinados ao tema do empenhamento militar nacional nos teatros africanos, inserem-se na ligação com a Comissão Coordenadora das Evocações do Centenário da I GM, constituída para a comemoração daquela efeméride. [...]
Neste terceiro ano de evocações sobre a participação de Portugal na Grande Guerra (1914-1918), acordou a Comissão com a Direção da Revista Militar editar um outro número temático, agora sobre o Teatro de Operações (TO) europeu. Já em 2014, tinha a Revista Militar feito trabalho semelhante mas sobre as campanhas no TO africano. [...]
Em Fevereiro de 1916, o governo português requisitava os navios mercantes alemães fundeados no Tejo. O Imperador da Alemanha deu instruções a Friedrich Von Rosen, embaixador em Lisboa, para apresentar a Declaração de Guerra a Portugal, em 9 de Março de 1916, formalizado o conflito que, desde 1914, portugueses e alemães travavam no sul de Angola e no norte de Moçambique. Assim, a participação de Portugal na I Guerra Mundial, em breve, arrastaria o Corpo Expedicionário Português para as trincheiras da Flandres.
A I Guerra Mundial deflagrou em 28 de julho de 1914, com a declaração de guerra da Áustria-Hungria à Sérvia, e terminou em 11 de novembro de 1918, com a assinatura do armistício pela Alemanha. Foram cerca de quatro anos e quatro meses de uma guerra generalizada que varreu sobretudo o continente o europeu, passou por África e pela Ásia, marcou presença nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico e em mares interiores como o Mediterrâneo e o Arábico. Trata-se de uma guerra que mobilizou contingentes militares dos cinco continentes – Europa, África, Ásia, Américas e Oceânia – e que no final resultou em cerca de 10 milhões de mortos e quase o dobro de feridos e desaparecidos, 80% dos quais militares. [...]
Os artigos publicados na Revista Militar, em Setembro de 1915 e em Janeiro de 1916, da autoria de Luiz A. F. Martins sobre a Mobilização do Exército da República, abordaram a nova regulamentação da mobilização militar que o regime republicano pretendia implementar e que com grandes dificuldades realizou em 1916, quando foi levantado o primeiro núcleo da força militar que foi enviada para França em 1917. [...]
O coronel Luíz Henrique Pacheco Simões, distinto Oficial do Exército Português e Vogal Efetivo da Direção da Revista Militar durante o período da Grande Guerra escreveu, entre junho de 1916 e março de 1920, quinze artigos sob o mesmo título “A Batalha de Verdun”. Mais do que um conjunto de crónicas e descrições, completas e muito elaboradas, sobre um dos acontecimentos mais relevantes na Grande Guerra, o autor, tendo por base o repositório de notícias e documentação privilegiada a que tinha acesso (vindas da frente de batalha), assume-se como um cronista e estudioso dos desenvolvimentos político-estratégico-táticos, que iam sendo vinculados no confronto entre a França (aliada à Inglaterra) e a Alemanha, no complexo cenário bélico de Verdun-Somme.
Quando, em Agosto de 1914, rebentou o conflito que ficaria conhecido como a Grande Guerra, a Grã-Bretanha exerceu uma pressão diplomática sobre o Governo Português para que se mantivesse como não-beligerante; tal possibilitava-lhe a utilização dos portos portugueses para apoio e abastecimento dos seus navios. [...]
Desde 2014, que se comemoram os Centenários da Aviação Militar e da I Guerra Mundial, o grande conflito que alguém crismou da “guerra que ia acabar com as guerras”… Estas comemorações irão terminar em 2018. [...]
Relatorio ácerca da participação de Portugal na guerra europeia, publicado no «Diario do Governo» I serie n.º 9, de 17 de janeiro de 1917
(Para além de salientar as aspectos de natureza ética e moral da contribuição portuguesa para o esforço de guerra na Europa, o artigo procura demonstrar que ela é, proporcionalmente, tanto ou mais importante do que a dos restantes aliados.)
(curiosa abordagem – que nem sequer evita um elogio às qualidades do povo alemão – a respeito do relacionamento entre o Exército e a sociedade, com especial ênfase nas dificuldades e falhas do recrutamento e da instrução e no seu emprego nas tarefas de segurança interna)
Não é ocioso repetir, ser ainda inoportuno o momento para dar notícia precisa e profissionalmente autorizada ácêrca dos factos, que vão ocorrendo nos vários teatros da guerra, porque, para isso, não só não existem os documentos e depoiementos contraditórios, que tanto concorrem para explicar e esclarecer os acontecimentos, mas porque as próprias informações, que partem de qualquer dos exércitos contendores, são de sua natureza excessivamente concisas, e, as mais das vezes, transmitidas por correspondentes alheios à profissão das armas, que por esta causa as erram inconsideradamente. (...)
A intervenção de Portugal na guerra da Europa representou, sem dúvida, um sacrificio extraordinariamente grande em homens e em dinheiro, cujo alcance ainda se não prevê em toda a sua amplitude, por não estarem concluidas as estatisticas que nos habilitem a fazer um juizo, tão aproximado quanto possível, do esforço colossal que vimos de prestar ao lado das grandes potencias, nesta luta tremenda de quatro anos e alguns meses que tantos foram os necessários para completo esmagamento de uma nação que, armada até aos dentes, se propunha dominar o mundo inteiro a golpes de baioneta e a tiros de canhão. (...)
Bibliografia da RM, no âmbito da I GM (Europa)