Tem lugar, hoje, a realização dos VIII Encontros da Revista Militar, prevista no Plano de Atividades para o ano de 2016; este evento constitui uma atividade muito significativa para a Direção da Revista Militar, pela oportunidade que representa para o debate de ideias com outras Instituições, este ano, não só nacionais como também estrangeiras. (...)
Num Mundo dominado pela urgência, a complexa dinâmica da malha formada pelos múltiplos arcos de relacionamento que vão surgindo no interior do sistema de relações internacionais reforça, significativamente, a incerteza. Acresce uma sensível alteração, quer na natureza e número dos actores que nele interagem quer na lógica da sua hierarquização.
Que melhor forma de iniciar uma conversa sobre os laços transatlânticos do que falar sobre George Marshall, o famoso general e Secretário de Estado que deu nome ao plano parcialmente responsável pelo renascimento económico da Europa Ocidental? (...)
A minha especialização é a Literatura Americana e a Literatura Inglesa. Poderei, talvez, falar um pouco sobre os Estados Unidos nesta conjuntura particular. Ensinar, em Portugal, literatura e cultura norte americana é habitualmente difícil, porque os Estados Unidos são um país que toda a gente parece conhecer, e conhecer de um modo exaustivo, mas que, de facto, ninguém conhece.
Bem-vindos a esta segunda sessão dos VIII Encontros da Revista Militar que incidirá sobre “África e o Mundo Árabe”, relação que talvez não fosse muito evidente há 30 ou 40 anos atrás, mas que se torna agora muito mais evidente pela centralidade que os problemas que se organizam em torno do conceito de islamização têm adquirido no contexto africano.
Acerca das relações entre África e a Europa, dos valores que as permeiam e dos riscos que as ameaçam, não só prevalece uma fluidez de referências como se esquece o respectivo lastro histórico, concretamente, o estendal de promessas aos cidadãos. Logo, nos momentos de discussão das possibilidades futuras, a performance ritual tende a substituir o balanço crítico das concretizações dos objectivos de natureza política e cívica, reiterados há anos, mas que, no terreno, frequentemente conhecem recuos. Presentemente, os objectivos políticos, que deveriam implicar os Estados, tendem a ser preteridos a favor de realizações de âmbito social, económico e ambiental como se os avanços nestes domínios devessem colmatar lacunas no crucial campo político, mormente no tocante às liberdades e à sedimentação da latitude da decisão individual. (...)
Os exercícios de previsão são sempre difíceis de realizar.
São-no ainda mais em tempos de profundas alterações operadas em vários âmbitos, e regiões ou variações tecnológicas ou organizativas, que em determinadas circunstâncias poderão até produzir roturas.
Lidar hoje com o futuro é quase lidar com o “desconhecido”, pelo que, uma análise centrada num cálculo de probabilidades revela-se de menor eficácia se realizada em períodos de gestação mais contínuos e lineares. (...)
A China e a Europa situam-se nos dois lados do Continente Eurásia. Alguns académicos chineses dizem que a China e a Europa são ”vizinhos de longa distância”. Não sei se vocês concordam. Eu preferia dizer que somos vizinhos de longa distância e de longa data. No dia 6 de maio de 1975, a China e a União Europeia estabeleceram relações diplomáticas, trazendo as relações sino-europeias para um novo período histórico. Com os esforços em conjunto, a China e a UE já se tornam de “vizinhos de longa distância” para “amigos de coração”.
Nesta questão Europa-China não diria que esta breve reflexão é uma perspetiva europeia, diria que é tão só a perspetiva de um português. Em relação ao título (quase maior do que o tempo para a comunicação) a ideia é a de traçar algumas linhas gerais da articulação entre a Europa e a China na mais longa duração. A partir do momento em que essas relações se tornam diretas, regulares e contínuas, e isso significa o século XVI. Antes, desde a Antiguidade (século III, século II a.C., século I da nossa era) há relações, mas são, regra geral e até ao século XVI, relações pontuais, descontínuas, mais quase sempre indiretas do que diretas, feitas através, por exemplo, da Pérsia pré-Islâmica e através dos Mundos Islâmicos, do século VIII ao século XV. Gostaria de começar por saudar a organização pela junção da temática China/Índia. (...)
Quando se trata de estabelecer relações entre dois países ou grupos de países, a primeira coisa é saber porque um país é relevante para o outro; o que leva uns países a olharem para os outros como merecendo uma aproximação para uma aliança ou acordo?
Encontrei quatro motivos, para além dos que a ocasião e/ou necessidade ditar. São: a posição geoestratégica; o poderio militar; o económico; e o científico. Talvez todos os outros motivos possam estar assumidos por estes quatro. (...)
A União Europeia (UE), desde o início da sua criação (seja na forma de Comunidade Europeia do Carvão e do Aço ou na forma de Comunidades Europeias), sempre tem sido o parceiro prioritário da Rússia. Seria supérfluo falar sobre a nossa proximidade civilizacional, histórica, cultural, geográfica… – melhor prestarmos atenção aos factos e números, sobretudo na economia. (...)
Há várias décadas que as relações entre a Rússia e o Ocidente não pareciam tão instáveis e perigosas. E, no entanto, este imenso país é um vizinho geográfico inserido há séculos na história da Europa e um parceiro indispensável para a prossecução da estabilidade, da paz e do desenvolvimento no continente. (...)
De inegáveis e mútuos benefícios económicos, o Acordo de Associação entre a União Europeia (UE) e o Mercosul que se encontra em negociação não se esgota no comércio entre os dois blocos; bem pelo contrário, a sua dimensão geoestratégica é tão ou mais importante do que a sua dimensão económica. A UE precisa de novos aliados no mundo e a América do Sul, pelos seus laços históricos e culturais com a Europa, é um aliado por direito próprio. (...)
Nos últimos 15 anos, os principais países da América Latina – principalmente o Brasil e os países Andinos/Pacíficos da América do Sul, tiveram uma orientação estratégica mais voltada para as causas internas com foco nos movimentos sociais, onde a o Fórum de São Paulo da Internacional Socialista foi um dos baluartes deste comportamento. A influência desta doutrina culminou em um certo nível de fechamento das economias e, de forma muito seletiva, na construção de parcerias internacionais com cunho ideológico na América Latina. (...)
A Guerra nos Balcãs.
Jihadismo, Geopolítica e Desinformação
Vivências de um Oficial do Exército Português ao Serviço da ONU
Major-general Carlos Manuel Martins Branco