Certamente seria possível apontar razões diversas, umas fundamentadas na conjuntura estratégica internacional atual, outras por avaliações económicas e sociais e outras, ainda, por razões políticas, mas a realidade concreta é a de que o debate sobre o regresso do Serviço Militar Obrigatório (SMO) está a ganhar dimensão e atualidade no continente europeu. A Suécia decidiu reintroduzir o SMO, o atual Presidente da França, Emmanuel Macron, fez do assunto tema de campanha, sendo igualmente na Alemanha objeto de debate e, na realidade, o mesmo manteve-se em países como a Áustria, a Dinamarca, a Estónia, a Finlândia, a Grécia, a Lituânia e a Noruega. [...]
O tema «desenvolvimento de capacidades militares da UE», tem sido desenvolvido pelo autor em vários artigos ao longo dos anos, na Revista Militar, no sentido de dar a conhecer todos os passos que têm sido dados, desde a Cimeira de Colónia até à atualidade.
O presente artigo, que foi apresentado como projeto de tese no doutoramento em Relações Internacionais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, sobre as «capacidades militares da União Europeia», pretende sistematizar tudo o que foi acordado neste domínio na UE, até à Cimeira de dezembro de 2016, bem como o que se perspetiva fazer a médio e longo prazo, assim haja vontade política para o concretizar.
Nos tempos de crise económica e política que a União Europeia está correntemente a passar, há vozes com grande responsabilidade nos cargos cimeiros europeus, de que é exemplo o atual Presidente da Comissão Europeia, que defendem a criação dumas Forças Armadas Europeias como forma de dar um passo importante na Integração Europeia.
Este artigo não é nem pretende transmitir uma opinião pessoal do autor, muito embora por vezes seja difícil analisar este assunto sem um pouco de paixão, por ter vivido e participado em quase todos os grandes momentos, a trabalhar, no Grupo de Trabalho do Comité Militar encarregado de desenvolver este tema.
A propósito de um jogo eletrónico marcial, modificado de um videojogo comum, em que os jogadores estão ligados entre si por elétrodos implantados no crânio, que passam por um sistema de computadores, aqui chamado «jogo dos estratidiotas» (para o distinguir dos jogos estratégicos) discutem-se as questões filosóficas (médico-psicológicas) que nos interpelam nesta era digital, como a relação corpo-espírito, animus belligerandi, papel da aprendizagem, cumprimento de ordens, decisão e vontade e identificam-se erros lógicos comuns nestas discussões.
No início do século XX (1915), o sul de Angola não se encontrava pacificado. Com a missão de submeter à soberania portuguesa os povos nativos, nomeadamente os Cuanhamas, foi então enviada uma nova expedição de tropas metropolitanas, sob o comando do General Pereira d’Eça, nomeado governador da província para, no distriro da Huila, submeter pelas armas, os Ovambos e Humbes, em revolta.
É neste contexto que, em assinalável desproporção, enfrentando milhares de cuanhamas, cuamatos, evales e outras etnias, as forças portuguesas, com bravura, ganham a batalha na chana de Mongua, derrotando os guerreiros do rei Mandume e prosseguem a caminhada até à sua embala em N’djiva que encontram em cinzas.
Trata-se de uma vitória célebre, numa batalha campal leal que, inexplicavelmente, parece ter sido esquecida pela historiografia portuguesa.
No início da década de 1960, a Força Aérea Portuguesa (FAP) destacou para o aeródromo de Bissalanca, na Guiné, oito caças F-86F Sabre para responder a uma eventual ofensiva dos movimentos de guerrilha, que começavam a surgir naquele território africano. Os caças portugueses chegaram à Guiné em agosto de 1961 e permaneceram na pequena colónia africana até 1964, realizando inúmeras missões de guerra durante esse período e usando vários tipos de armamento. Ao longo de três anos, as missões operacionais sucederam-se, permitindo aos pilotos e técnicos ganharem experiência operacional num cenário de guerra africano. No entanto, a operação dos F-86 fora da área geográfica da OTAN continha riscos políticos, que Portugal não conseguiu evitar e que obrigaram à retirada dos aviões da Guiné e ao seu regresso à metrópole.
Major-General Manuel de Campos Almeida
Américo Olavo: o homem, o militar, o político e o revolucionário
Autor: Américo Olavo