Durante vários anos, a Estratégia foi chamando a atenção para as novas ameaças, tipificando-as e identificando os “novos vírus” (de natureza industrial, informática e sanitária), alertando igualmente para as pandemias que estes poderiam causar; mesmo as mais recentes realidades do Ébola e do Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS) não foram suficientes para despertar as consciências dos decisores políticos para a tomada de medidas de precaução que o senso comum exigia ou, no mínimo, aconselhava. E, neste capítulo, até uma leitura atenta da História Mundial e, em particular, de Portugal nunca deveria ter sido descuidada!...
Pelo contrário, no planeamento estratégico, prevaleceram a visão economicista e a indiferença conducentes à degradação de capacidades, ignorando deliberadamente os avisos de vários responsáveis que, ao longo do tempo, alertavam para o facto de que, num um país como Portugal, ao eliminarem-se capacidades ou ao deixá-las degradarem-se, corria-se o risco de não ser possível voltar a regenerá-las e mesmo que se procure refazê-las, tal se consiga em tempo útil, para além da progressiva diminuição dos especialistas necessários para as operar. Essa realidade é hoje visível em diversos serviços públicos, mormente no Serviço Nacional de Saúde e também nas Forças Armadas, designadamente o constante alerta para a carência de recursos (humanos, materiais e financeiros) que lhes limita capacidades, dificulta a inovação e impede a criação de outras. [...]