A saída caótica dos Estados Unidos da América (EUA) do Afeganistão trouxe de novo à nossa memória recente as imagens da retirada do Vietname, do Iraque e, sobretudo, a evidência de que o interesse nacional dos EUA está sempre em primeiro lugar, independente das consequências para terceiros ou para a eventual surpresa por ausência de coordenação e consulta, por parte quer de aliados quer das organizações internacionais que integram. Entre Joe Biden, único responsável pela decisão que levou à saída das tropas americanas do Afeganistão nos moldes a que assistimos e o conceito “America First”, de Donald Trump, não há diferenças, muito embora o estilo possa ser diferente e as razões atuais de política interna apresentadas possam servir de justificação ou de desculpa. [...]
Estranhar-se-á por certo que, pensando em problemas actuais, lembremos neste artigo um caso com mais de vinte anos. As razões porque o fazemos são o de esse caso nunca ter sido bem descrito e ali encontrarmos já alguns indícios e tendências que devem hoje merecer a nossa atenção. (...)
Na noite de 5 para 6 de setembro de 2007, duas formações de aviões F-15 e F-16 da Força Aérea Israelita penetraram no espaço aéreo da Síria, surpreendentemente sem serem detetados pelos radares de defesa aérea. As duas formações voaram inicialmente ao longo do mediterrâneo, sobrevoaram o espaço aéreo turco, posteriormente voltaram para sul e, finalmente, a cerca de 140 quilómetros da fronteira entre a Turquia e a Síria, atacaram um complexo militar sírio, supostamente um reator nuclear na cidade de Deir ez Zor, no nordeste da Síria. [...]
Remonta a 1995 a preparação de forças militares portuguesas para emprego na BiH, em face dos conflitos na ex-Jugoslávia. Desde 1996, foram projetados, como FND, alguns contingentes do Exército para o TO da BiH, os dois primeiros no âmbito da IFOR e os seguintes na SFOR. Passados mais de vinte anos da presença do AgrConjALFA/BLI/SFOR na BiH, revisitamos esta FC deixando um registo público em homenagem aos que contribuíram para o sucesso da missão, lembrando os que já nos deixaram, designadamente, o seu Comandante, Tenente-coronel João Manuel Marques Pinheiro Moura.
Nesta “viagem”, recordamos o enquadramento histórico do conflito e as experiências da Unidade, desde a sua génese ao final da missão: na primeira, abordamos as causas e a evolução do conflito, bem como a sua resolução, a intervenção internacional, a participação nacional, e caraterizamos o AgrConjALFA/BLI/SFOR numa abordagem holística dos seus propósito, formação, aprontamento e projeção para o TO, revisitando as suas missões, a AOR e as atividades operacionais mais importantes. [...]
A intervenção russa na Ucrânia gerou um intenso debate sobre o uso e a eficácia de uma forma de fazer a guerra que foi designado de “guerra híbrida”.
A essência do debate é sobre a exploração de todas as dimensões de guerra, com o emprego de uma mistura de forças convencionais e não convencionais, meios abertos e clandestinos, para combater atores que apresentam uma grande superioridade, quase dissimétrica, no campo convencional. Esta situação cria uma lógica em que os Estados e atores não-estatais, ou uns com o apoio ou recorrendo aos outros, procuram sair do modo tradicional ou convencional de fazer guerra e desafiam os mais fortes através de uma abordagem assimétrica procurando alguma capacidade específica ou uma combinação inesperada de tecnologias e táticas para ganhar uma vantagem. [...]
Geraldo Geraldes, o Sem Pavor, foi protagonista de uma década de ação guerreira intensa, entre 1165 e 1175, tendo estado no epicentro da atividade militar no Ocidente Peninsular e no Norte de África. Caudilho de fronteira, apoderou-se de castelos e fortalezas numa vasta área compreendida entre Évora, Serpa, Trujillo e Montánchez, organizou guarnições nos espaços controlados, transacionou territórios, empenhou vastas hostes muçulmanas e cristãs contra si, e negociou com os monarcas de Portugal, Leão e Marraquexe. Em 1173, ofereceu os seus serviços ao califa Abu Yaqub Yusuf e tomou parte em operações ofensivas almóadas contra a cristandade. Atravessou, depois, o Estreito e foi governador do vale do Sus, no Magrebe. Em 1175, depois de descoberta correspondência secreta que mantinha com o rei Afonso Henriques de Portugal, foi condenado à morte e degolado. [...]
Três anos de “coabitação” com militares profissionais em tempo de guerra permitem-me um juízo crítico sobre os seus hábitos, os costumes e o modo de organização das suas vidas.
A Instituição Militar, herdeira de nobilíssimas tradições e prestígio, foi, ao longo dos séculos, um exemplo de referência das virtudes com as quais a Nação se deveria identificar. As Forças Armadas consubstanciam, de facto, o espírito de missão, de serviço, de sacrifício e dedicação que, infelizmente, não tem paralelo em muitos sectores da sociedade civil. A atitude de prontidão, o dever de lealdade, a disciplina de comportamentos, o sentido do cumprimento de objectivos, a uniformização de critérios, a normalização de condutas, a definição de competências, a subordinação à hierarquia, são apenas alguns dos princípios que robustecem a organização e perpetuam a sua glória no tempo. [...]
Do condado portucalense ao século XXI
Duas formas de resolver insurreições