Na passada segunda-feira, 26 de setembro de 2022, foram detetadas duas explosões, cada uma da ordem de, pelo menos, cem quilos de TNT, pelos sismógrafos da Dinamarca e da Suécia, que classificam as mesmas como uma ação deliberada, não um acidente da natureza e que ocorreram em períodos distintos, 02H03 e 19H03, nas proximidades da ilha dinamarquesa Bornholm, em águas internacionais, no Mar Báltico e a uma profundidade de cerca de 70 metros. Essas explosões deram origem a três roturas, vindo a ser detectada mais tarde uma quarta, nos gasodutos Nord Stream 1 (NS 1) e Nord Stream 2 (NS 2). A Dinamarca e a Suécia apressaram-se a declarar que não consideravam o acontecimento como um ataque dirigido a cada um dos países. (...)
Mantendo a posição que temos vindo a assumir desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, não vou escrever sobre essa guerra (há demasiados escritos, notícias e comentadores que a têm tratado), mas concentrar-me na crise entre a Rússia e o “Ocidente”, que resulta da atitude expansionista e bélica que o Kremlin tem vindo a desenvolver nos últimos anos e que esta guerra torna mais evidente.
Há conflitos que resultam em tensões, mais ou menos graves, e que se prolongam no tempo; mas há outros que, não sendo contidos, originam a guerra. [...]
Pouco depois de ter tomado posse, a 20 de janeiro de 2021, em plena pandemia COVID-19, o presidente Joseph R. Biden Jr. publicaria uma Orientação Estratégica de Segurança Nacional Interina (Interim National Security Strategic Guidance – https://www.whitehouse.gov/wp-content/uploads/2021/03/NSC-1v2.pdf) em março do mesmo ano, com a intenção clara de tranquilizar os cidadãos em geral e os mercados em particular, com uma nova postura dos EUA (em oposição à de Trump) relativamente às questões internas e externas. (...)
Com a nova distribuição do poder nuclear, o mundo apresenta uma nova face, bastante distinta da relação Estados Unidos da América (EUA) vs. União Soviética do período da Guerra Fria, passando a estar dividido em três polos nucleares: o Ocidental (EUA, Reino Unido, França e Israel), o Asiático (Coreia do Norte, China, Índia e Paquistão) e a Rússia. (...)
Com a crescente tensão internacional, em virtude do maior poder militar da Rússia, as preocupações com a expansão russa para Ocidente começam a refletir-se em exercícios militares conjuntos e combinados mais frequentes e de maiores dimensões por parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), como é o caso dos empenhamentos recentes da NATO Response Force (NRF), na Lituânia, em 2014 e 2015, na Polónia, em 2016; e no Báltico, em 2022. Contudo, existe a consciência por parte do comando da NATO que o investimento dos Estados Europeus na defesa é reduzido, em média inferior aos 2 % do Produto Interno Bruto (PIB) exigido pelos Estados Unidos da América (EUA) na cimeira da Aliança Atlântica, celebrada em Bruxelas, em julho de 2018. (...)
Apesar destas limitações a que Rebelo Teixeira faz referência, a UA tem procurado alargar os domínios da Segurança e Defesa regionais e continentais. Daí que, e de acordo com o Tratado Constitutivo da União Africana, esta tenha levado por diante a implementação de uma Política Comum de Defesa e Segurança Africana sob a égide de uma Agenda para a Paz e Segurança da União Africana. (...)