Nº Nº Temático - Maio de 2016
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
A Marinha na Grande Guerra. Teatros de Operações da Europa, Atlântico e Mediterrâneo – 1914-1919
Capitão-de-Mar-e-Guerra
José António Rodrigues Pereira

1. Preâmbulo

Quando, em Agosto de 1914, rebentou o conflito que ficaria conhecido como a Grande Guerra, a Grã-Bretanha exerceu uma pressão diplomática sobre o Governo Português para que se mantivesse como não-beligerante; tal possibilitava-lhe a utilização dos portos portugueses para apoio e abastecimento dos seus navios.

Em Portugal, as opiniões dividiam-se e não havia consenso sobre a participação portuguesa. Defendiam alguns, os chamados não intervencionistas, a manutenção da neutralidade por o país e as Forças Armadas não estavam preparados militar e economicamente para um conflito de tal intensidade.

O grupo dos beligerantes ou intervencionistas, defendia a participação portuguesa no conflito, ao lado da Grã-Bretanha, como forma de cumprir a aliança Luso-Britânica, impor internacionalmente o regime republicano e, no final do conflito, ter assento nas negociações de paz, para garantir a soberania das Colónias, especialmente as que tinham fronteiras com os territórios alemães.

O Exército conseguiu, com o chamado milagre de Tancos, organizar um Corpo de Exército para actuar no teatro de operações da Europa, a Marinha teve muita dificuldade em preparar-se, porque, como já dizia o padre Fernando de Oliveira, no Século XVI, uma Armada não pode improvisar-se.

A Armada Portuguesa contava, em 1914, com um conjunto de unidades navais muitas heterogeneas, totalizando 25000 toneladas de deslocamento, que a rápida evolução dos armamentos navais, verificada nos primeiros anos do Século XX, tornara obsoletos[1].

Algumas das unidades de menor porte, utilizadas nas Estações Navais do Ultramar, tinham sido transferidas para a Marinha Colonial – criada em 1912 – e dependiam do Ministério das Colónias; apesar de guarnecidas por pessoal da Armada, actuavam sob as ordens dos Governadores dos territórios onde se encontravam.

Os navios estavam vocacionados para o combate de superfície, num período em que a ameaça submarina, a mina e o torpedo já representavam um novo e importante dado na guerra naval. A única unidade naval capaz de executar missões de guerra submarina era o Espadarte, um submersível encomendado ainda no tempo da monarquia e que entrou ao serviço em 1912. A sua eficácia operacional levou logo à encomenda de mais três unidades semelhantes, que seriam entregues em finais de 1917.

Os efectivos da Armada rondavam os 4000 homens (cerca de 300 oficiais e 3700 sargentos e praças)[2].

Um episódio estranho deste período foi o caso do contratorpedeiro Liz. Este navio encomendado a Itália pelo governo chinês, antes da guerra, foi posto à venda pelo estaleiro, já depois do início do conflito, por falta de pagamento do comprador.

 

Figura 1 – Contratorpedeiro Liz (1915). Foto do Museu de Marinha.

Portugal adquiriu-o, aumentou-o ao serviço da Armada, em 20 de Dezembro de 1914, e trouxe-o para Portugal. Passados poucos meses, o navio foi levado para Sesimbra onde foi entregue a uma guarnição britânica que o levou, baptizado como Arno. Foi abatido ao efectivo, oficialmente, em 23 de Maio de 1915.

A situação de neutralidade nunca foi assumida oficialmente pelo Governo Português, no início do conflito, afirmando apenas que se mantinha na expectativa.

Em África, e apesar da não-beligerância portuguesa, as forças militares alemãs hostilizavam as guarnições portuguesas nas fronteiras[3].

 

 

2. A Entrada na Guerra

Foram tarefas da Armada, assumidas logo em 1914:

  • Assegurar a escolta aos transportes de tropas;
  • Participar na defesa do Ultramar, com forças navais e batalhões constituídos para actuar em terra com as forças do Exército.

Um dos actos desempenhados pela Armada, neste conturbado período e que viria a ter significativas consequências, ocorreu a 14 de Maio de 1915, quando, sob o comando do capitão-de-fragata Leote do Rego e conjuntamente com forças do Exército, depôs o Governo Ditatorial do general Pimenta de Castro – opositor da entrada de Portugal no conflito – e restabeleceu o Regime Constitucional, subindo ao poder os partidários da intervenção portuguesa.

A 5 de Julho do mesmo ano seria criada a Divisão Naval de Defesa e Instrução, sob o comando de Leote do Rego, embarcado no cruzador Vasco da Gama, e constituída pelos cruzadores Almirante Reis e Adamastor, Contratorpedeiros Guadiana e Douro, Torpedeiros Nº 1 e Nº 2, submersível Espadarte e vapor Lidador.

Com a entrada formal de Portugal na Grande Guerra, a Armada foi chamada a assumir, para além das que já vinham sendo desempenhadas desde 1914, as seguintes tarefas:

  • Assegurar a escolta aos numerosos transportes de tropas para França;
  • Assegurar a escolta dos navios mercantes nacionais para o Ultramar e as Ilhas adjacentes;
  • Patrulhar e defender o litoral metropolitano, a barra do Tejo e as barras do rio Douro, e de Leixões e a baía de Lagos;
  • Estabelecer barreiras anti-submarinas, rocegar minas na entrada dos portos principais e lançar campos de minas defensivos;
  • Patrulhar e defender as águas dos arquipélagos dos Açores, Madeira e Cabo Verde.

 

COMBÓIOS

TONELAGEM

MILHAS

NAVIOS

148

500.000

60000

18

 

Figura 2 – Escoltas efectuadas pela Armada Portuguesa.

 

Sendo esperado, pelo menos desde Maio de 1915, data da subida ao poder dos partidos intervencionistas ou guerristas, que Portugal participasse directamente no conflito, não houve qualquer esforço para reforçar os meios materiais e humanos da Marinha para enfrentar as novas ameaças da guerra naval: o submersível e a mina.

 

Figura 3 – Cruzador Couraçado Vasco da Gama. Aguarela de Fernando Lemos Gomes. Museu de Marinha.

 

Leote do Rego, comandante das Divisão Naval de Defesa e Instrução, após o Golpe Militar de Maio de 1915, apenas se preocupou em manter preparadas e aprontadas as grandes unidades navais de superfície – cruzadores e contratorpedeiros – que, desde 1914, vinham assegurando algumas escoltas aos Transportes de Tropas com destino a África.

Na realidade, quando Portugal entrou na Grande Guerra, a ameaça naval alemã estava limitada à guerra submarina e às minas, pois os corsários de superfície já tinham sido neutralizados e a Grande Esquadra estava retida na sua base do Mar do Norte.

Apesar dos êxitos da guerra submarina e das minas marítimas, desde 1914 – e que justificariam o pedido britânico de apresamento dos navios mercantes alemães –, nada estava feito em Portugal para enfrentar essas ameaças, quando, em 9 de Março de 1916, o Império Alemão declarou guerra à República Portuguesa.

Só em 29 de Fevereiro, o comandante Leote do Rego iniciara os preparativos para a protecção do porto de Lisboa e de outros portos nacionais; anteriormente, apenas o Mindelo (Cabo Verde) tinha sido dotado de uma estrutura de defesa: o Destacamento de Marinha Expedicionário a Cabo Verde e a montagem de várias peças de artilharia, logo em 1914.

A 27 de Março de 1916, foi determinada a subordinação da Direcção-Geral de Marinha e da Administração dos Serviços Fabris à Majoria-Geral da Armada, criando-se uma improvisada organização de tempo de guerra.

Em Abril do mesmo ano, foi criada a Superintendência do Serviço Naval de Defesa Marítima, cuja missão era a realização de estudos de preparação para a guerra e a elaboração dos programas de instrução de pessoal.

Um Decreto de Maio de 2016 determina a mobilização de vinte e sete navios e embarcações de comércio e de pesca para o serviço da Armada, além de um número indeterminado de embarcações de recreio.

Mas a mobilização destes navios era ‘um pau de dois bicos’ num país deficitário de meios marítimos – de comércio e de pesca; assim, a mobilização das embarcações de pesca fazia diminuir as capacidades de captura da frota nacional. E o mesmo se pode dizer da dos navios de comércio; mas, dos vinte e sete navios mobilizados, vinte e um eram arrastões e traineiras.

Para os guarnecer foram necessários meios humanos extraordinários que se foram buscar às actividades civis: marinha de comércio, pesca e membros dos clubes náuticos.

Vai aqui surgir ainda outro problema; com a requisição dos 72 navios alemães e austro-húngaros – duplicando a tonelagem do armamento nacional – não havia tripulantes em número suficiente para, de repente, guarnecer tantos navios, pelo que foi necessário proceder à sua formação acelerada; e a mobilização para a Armada ainda mais aumentou essa insuficiência.

Em 1914, havia 487 oficias da Armada em serviço efectivo, mas com a mobilização das Reservas e de Voluntários, conseguiram obter-se 750 oficiais. Quanto a Sargentos e Praças era oficial e publicamente reconhecida a carência de efectivos destas categorias.

Pelos motivos apontados, as tripulações dos navios ex-alemães entregues aos Transportes Marítimos do Estado, foram maioritariamente constituídas por pessoal sem experiência o que teria consequências quanto ao seu comportamento em situações de perigo, como foi o caso do vapor Barreiro, em que uma parte da tripulação em pânico correu para os salva-vidas logo que soaram os primeiros tiros contra o navio.

Para a integração dos voluntários, cuja incorporação se iniciou apenas em Agosto de 1916, foi criada a Secção de Auxiliares da Defesa Marítima (ADM), utilizados maioritariamente nas guarnições dos navios mobilizados para a Defesa Marítima dos Portos e a escolta de navios mercantes.

Numa tentativa para aumentar imediatamente o número de oficiais disponíveis, a Escola Naval deu por findos os 2º e 3º anos e os seus alunos incorporados imediatamente no quadro de oficiais.

Em Junho de 1916, são estabelecidos os cursos intensivos na Escola Naval e na Escola Auxiliar de Marinha, enquanto aumentava o recrutamento nas Escolas de Alunos Marinheiros.

O Arsenal da Marinha desenvolveu esforços para terminar as construções em curso – os contratorpedeiros Vouga e Tâmega e as canhoneiras Bengo e Mandovi – reparar as unidades existentes – nomeadamente, o contratorpedeiro Tejo – e pôr a navegar os navios apresados aos alemães e que tinham sido sabotados pelas tripulações.

Este esforço viria a ser dificultado pelo incêndio que, a 18 de Abril de 1916, deflagrou no Arsenal da Marinha e que destruiu parte das suas instalações fabris, nomeadamente, a Sala do Risco, e as instalações da Escola Naval e do Museu de Marinha. Além do valioso património do Museu, perderam-se os arquivos e o material escolar da Escola Naval, cujo funcionamento foi seriamente afectado por esta ocorrência que, segundo a imprensa da época, terá tido mão criminosa e, pelo período em que aconteceu, atribuída a sua responsabilidade a agentes alemães.

 

 

3. Os transportes de tropas

3.1. Para França

O Exército Português preparou, em Tancos, um Corpo de Exército, com cerca de 55.000 homens, para participar na luta em França. A deslocação do Corpo Expedicionário Português (CEP), seria feita quase totalmente por via marítima, uma vez que a neutralidade espanhola impedia o uso do transporte ferroviário através daquele país.

Apesar da disponibilidade dos navios mercantes apresados aos alemães, Portugal não contava com navios capazes de assegurar o transporte daquele contingente, tendo os britânicos colocado à disposição do Governo Português sete grandes navios de transporte – Bellerophon, City of Benares, Inventor, Bohemian, Rhesus, Flávia e Laomedon –- que, conjuntamente com os cruzadores auxiliares Pedro Nunes e Gil Eanes, o vapor francês Rome e o navio dos Transportes Marítimos do Estado Gil Vicente, assegurariam os transportes para Brest.

 

Figura 4 – Cruzador auxiliar Pedro Nunes. Aguarela de Fernando Lemos Gomes. Museu de Marinha.

 

O transporte do CEP foi iniciado em 30 de Janeiro de 1917 e terminaria, após 125 viagens, em 11 de Fevereiro de 1920, com o repatriamento dos seus últimos militares.

Os transportes eram habitualmente escoltados pelos contratorpedeiros Douro e Guadiana e por navios britânicos, mas, várias vezes, o Pedro Nunes, pela sua velocidade, efectuou viagens sem escolta; por esse motivo ficaria conhecido em Brest como o navio-fantasma.

Mas este transporte teve alguns problemas, pela falta de meios de transporte – os britânicos mandaram retirar os seus navios, no final de 1917 – e a falta de escoltas, que os britânicos também deixaram de disponibilizar. A situação obrigou a longas e demoradas trocas de notas diplomáticas para se conseguirem meios de transportar a totalidade do CEP para França. Maurício de Oliveira refere-se a este facto afirmando: “Todas estas dificuldades tinham derivado da falta de quatro contratorpedeiros! Os tais contratorpedeiros da série Douro que deveria ter sido continuada e que só o foi muito mais tarde! Por causa da falta de quatro contratorpedeiros, trocámos notas diplomáticas com a Inglaterra, demorámos a completamento do nosso Corpo de Exército e demonstrámos mais uma vez pobreza, a pobreza derivada da manifesta imprevidência! Tudo por causa de quatro contratorpedeiros! É triste!”

 

ANOMÊSDIANAVIOPAÍSPASSAGEIROSDESTINO (DATA)ESCOLTA
1917Jan30BellerophonGB12 420Brest (02Fev1917) 
City of Banares
Inventor
Bohemian
1917Fev08Pedro NunesPT575Brest (21Fev1917)CT 31(GB)
1917Fev16RhesusGB6 610Brest (19, 20 e 21Fev1917)Guadiana
Flavia
Lasmedon
Gil EanesPT
1917Fev23BellerophonGBBrest (25 e 26Fev1917) 
City of Benares
Inventor
Bohemian
1917Mar16Pedro NunesPTBrest (19 e 21Mar1917) 
RhesusGB
Flavia
Lasmedon
1917Mar23BellerophonBrest (26 e 27Mar1917) 
City of Benares
Inventor
Bohemian
1917Abr15Pedro NunesPT8 269Brest (18Abr1917) 
RhesusGB
Flavia
Lasmedon
1917Abr22BellerophonBrest (25Abr1917) 
City of Benares
Inventor
Bohemian
1917Mai16Gil EanesPT8 079Brest (19Mai1917)CT 73(GB)
Pedro Nunes
FlaviaGB
Lasmedon
1917Mai27BellerophonBrest (30Mai1917) 
City of Benares
Inventor
Bohemian
1917Jul14Bellerophon7 196Brest (17Jul1917) 
City of Benares
Inventor
Bohemian
1917Jul25BellerophonBrest (28Jul1917) 
Inventor
1917jul17Gil EanesPT210 + cargaBrest (20Jul1917)Guadiana
1917Ago08BellerophonGB7590Brest (11Ago1917) 
Inventor
1917Ago21BellerophonBrest (24Ago1917) 
Inventor
1917Ago26Pedro NunesPTBrest (30Ago1917) 
1917Set26BellerophonGB2 620Brest (29Set1917) 
Inventor
1917Out10Inventor2 084Brest (13Out1917)Guadiana
Pedro NunesPT
1917Nov17Pedro NunesPT792Brest (20Nov1917) 
1918Jan09Gil Eanes Brest (15Jan1918)Guadiana
1918Jan15RomeFR526Brest (18Jan1918) 
1918Fev14Pedro NunesPT1 836Brest (17Fev1918)Douro
Gil Vicente
1918Abr26Pedro Nunes Brest (29Abr1918)Douro
1918Jun07Pedro Nunes Brest (10Jun1918)Douro
1918Set16Gil Eanes Brest (19Set1918)Augusto de Castilho
1918Set28Pedro Nunes St Nazaire (01Out1918)Douro

Figura 5 – Transportes de Tropas para França (1916-1919)[4].

 

Recordemos que estavam em construção no Arsenal da Marinha, desde 1914, dois contratorpedeiros, estava mais um em reparação, desde 1912, e vendêramos outro à Grã-Bretanha, em 1915.

No total, foram transportados para França, em 1917 e 1918, 59383 militares, 7783 cavalos, 1501 viaturas e 312 camiões.

No regresso, entre 1918 e 1920, foram transportados 49738 militares, 4250 cavalos, 1916 viaturas, utilizando-se os cruzadores auxiliares Pedro Nunes e Gil Eanes, e alguns navios dos Transportes Marítimos do Estado.

Durante o conflito chegou ainda a ponderar-se a ideia de enviar para França um Batalhão de Marinha, mas a falta de efectivos, nomeadamente oficiais, inviabilizou este projecto.

 

3.2. Para os Açores

Em Maio de 1918, foram desembarcados no porto da Horta efectivos militares do Campo Entrincheirado de Lisboa para reforçar a defesa daquela ilha, onde tinha sido instalada uma Estação Meteorológica que enviava, através do cabo submarino, informações sobre o tempo no Atlântico Central.

 

 

4. A guerra submarina

As condições meteorológicas da costa portuguesa, com a sua habitual vaga de vento e as neblinas ou nevoeiros, davam vantagem aos submarinos alemães, que aqui conseguiram afundar alguns navios portugueses e aliados.

 

Figura 6 – Ataque ao lugre Douro. Aguarela de Stuart Carvalhais Revista Ilustração Portuguesa.

 

Mesmo antes da declaração de guerra, foram afundados por submarinos alemães o vapor Cisne, o lugre Douro e o iate Vasco da Gama.

Depois da declaração de guerra foram afundados, ao largo do cabo de São Vicente, ainda em 1916, os vapores Espinho (1 de Junho de 1916), e o lugre Brizela (9 de Dezembro de 1916); em 1917, foi a vez de mais trinta e quatro navios e embarcações serem afundados pelos alemães. Em 1918, realizaram-se mais dezanove ataques a navios portugueses ao largo da costa do continente.

A 17 de março de 1917, um mês depois de decretada pelos alemães a guerra submarina sem restrições, o UC-67 afundava a mais insignificante vítima portuguesa desta guerra; o caíque Primeira Flor de Abril, de 20 TAB foi afundado 15 milhas a Oeste do cabo da Roca; o mesmo submersível destruiu ainda, no mesmo local, os caíques Senhora do Rosário (22 TAB), Restaurador (25 TAB) e Santa Rita (27 TAB).

As dificuldades da Armada em garantir a segurança da navegação ao longo da costa portuguesa levaram à criação de uma base naval francesa, em Leixões, e à instalação de uma base da aviação naval, em Aveiro, para garantir a segurança da navegação entre o cabo Mondego e o Norte do cabo Finisterra. No Sul, as deficiências da Esquadrilha Fiscal do Algarve levaram os franceses e os britânicos a instalarem bases em Lagos e na Baleeira para patrulhar as aproximações ao cabo de São Vicente.

Apesar de todas as dificuldades, a Armada organizou, durante o conflito, um total de 148 comboios, representando cerca de 500.000 toneladas de carga transportada e mais de 60000 milhas percorridas, executados por dezoito navios da Armada, sem uma única perda, apesar de alguns encontros com os submersíveis inimigos; quatro, em 1917, e doze, em 1918.

Da Armada perderam-se, por acção da guerra submarina, o caça-minas Roberto Ivens e o patrulha de alto-mar Augusto de Castilho, como adiante referiremos.

 

ANO

MÊS

DIA

NAVIO

TAB

LOCAL

1916

Jun

1

Vapor Espinho

 

Cabo de São Vicente

Dez

9

Lugre Brizela

 

Cabo de São Vicente

1917

Mar

17

Caíque Primeira Flor de Abril

20

Cabo da Roca

 

 

34 navios atacados e afundados

4400

Continente

1918

 

 

18 navios afundados

5130

1 navio danificado

5556

Aveiro

 

Figura 7 – Navios Atacados na Costa Portuguesa.

 

 

5. A defesa dos portos

A intervenção da Armada foi também relevante na defesa dos portos de Portugal continental, ilhas adjacentes e arquipélago de Cabo Verde[5].

No Continente, devem lembrar-se a defesa das barras dos portos de Lisboa e de Leixões, que incluíram patrulhamento naval e submarino e postos de vigilância em terra.

A Esquadrilha Fiscal da Costa, com sede em Faro, acumulou estas funções com a de fiscalização da pesca e a vigilância marítima, nomeadamente da baía de Lagos, onde estacionavam frequentemente navios de guerra britânicos.

ANO

MÊS

DIA

U

PORTO

RESULTADO

1916

Dez

3

U-83

Baía do Funchal (Madeira)

Afundou o Surprise, o Kangoroo e o Dacia

4

U-47

Baía do Mindelo (Cabo Verde)

Tentativa de ataque ao paquete Moçambique e às canhoneiras Beira e Ibo (sem resultado)

1917

Jul

 

U-155

Ponta Delgada (Açores)

Bombardeamento da cidade de Ponta Delgada

26

UC-54

Barra de Lisboa

Uma das minas deixadas, em 14Jul, atingiu o caça-minas Roberto Ivens (afundamento rápido)

Nov

2

U-151

Baía do Mindelo (Cabo Verde)

Torpedeamento com afundamento dos navios brasileiros Guahyba e Acary

7

Tentativa de acostar ao navio holandês Kennemerland – detectado pela canhoneira Ibo, foi obrigado a deixar o porto em imersão

14

Nova tentativa de entrar no porto – detectado pela canhoneira Ibo, retirou em imersão

Dez

17

U-155

Funchal (Madeira)

Ataque à cidade do Funchal, sendo repelido pelos patrulhas Dekade e Mariano de Carvalho

 

Figura 8 – Ataques aos Portos portugueses.

 

A defesa marítima do porto de Lisboa, desenvolvida, como já referimos, a partir de 1916, passou a ser constituída por duas esquadrilhas de patrulha e uma parelha de caça-minas.

Uma das esquadrilhas vigiava, a Norte, a área entre o cabo Raso e Cascais e a área a Sul, entre o cabo Espichel e o Bugio.

Na barra do porto de Lisboa e nas suas aproximações, os caça-minas Roberto Ivens, Azevedo Gomes e Hermenegildo Capelo procederam à árdua e perigosa missão de rocegar minas, mantendo aberto e seguro o mais importante porto nacional. Por várias vezes foram encontradas minas lançadas por submarinos inimigos.

Foram montadas duas barragens anti-submarinas, uma exterior e outra interior à linha de entre-torres[6], cujo funcionamento de abertura e fecho era garantido por embarcações de apoio.

Foram também instalados postos de vigilância no cabo da Roca, em Cascais (equipado com um projector) e no cabo Espichel; colocou-se um hidrofone ao largo de Cascais e baterias de artilharia, guarnecidas por pessoal de Marinha, entre o cabo Raso e Cascais, junto ao Bom Sucesso e em Porto Brandão.

Na tarde do dia 26 de Julho de 1917, o caça-minas Roberto Ivens embateu contra uma dessas minas e afundou-se, 6 milhas a Sudeste de Cascais; morreram neste incidente, para além do comandante do navio, primeiro-tenente Raul Alexandre Cascais, mais catorze militares, de uma guarnição de vinte e dois homens.

Das cerca de 100 minas largadas ao largo da barra do Tejo, foram rocegadas catorze e uma fez explodir e afundou o caça-minas Roberto Ivens. Outras cinquenta e cinco seriam levantadas no final do conflito com a colaboração da Royal Navy, que dispunha dos registos alemães com os lançamentos de minas em águas portuguesas. As restantes nunca foram encontradas.

A defesa do Porto de Leixões foi reforçada em 1917, quando ali se instalou uma base naval para navios franceses que passaram a patrulhar e a escoltar os navios mercantes até para além do cabo Finisterra, sendo auxiliados pelos hidroaviões da base instalada em São Jacinto.

 

Figura 9 – Caça-minas Roberto Ivens. Foto do Museu de Marinha

 

A Armada manteve a presença dos caça-minas Açor e Margarida Vitória que rocegavam o canal de navegação e apoiavam a segurança do porto, enquanto o Exército instalou baterias em Ródão, Lavadouros e no molhe Sul do porto.

A cidade do Funchal foi atacada, a 3 de Dezembro de 1916, pelo submarino alemão U-83, tendo sido afundados a canhoneira Surprise e o vapor Kangoroo, de nacionalidade francesa, e o vapor britânico Dacia. A reacção das baterias de terra fez afastar o inimigo.

Foram enviados para a Madeira três patrulhas e uma lancha armada, mas, a 17 de Dezembro de 1917, o cruzador-submarino U-155 voltou a bombar-ear a cidade provocando baixas na população civil, apesar da pronta reacção dos dois patrulhas Dekade I e Mariano de Carvalho que, ao largo da ponta do Garajau, abriram fogo, durante mais de duas horas, contra o inimigo; as baterias de terra não chegaram a fazer fogo. A defesa foi mais uma vez reforçada, enviando-se de Lisboa o caça-minas Celestino Soares.

A cidade de Ponta Delgada foi também atacada pelo submarino alemão U-155, em 4 de Julho de 1917, antes de ali ter sido instalada uma base naval americana para apoiar os comboios com transportes de tropas para a frente europeia e que, a caminho de Marselha, navegavam a Sul daquele arquipélago.

 

 

6. A Aeronáutica Naval

Neste conflito mundial, também no ar se desenrolou a acção da Marinha. A arma aérea era vital nas novas técnicas de guerra; a sua elevada velocidade e o seu alcance visual permitia-lhe detectar antecipadamente o inimigo, especialmente os submersíveis, pela facilidade com que os localizava em imersão e a possibilidade de os bombardear, antes deles se abrigarem em maiores profundidades, o que lhes dava elevada eficácia. Também na detecção de minas os meios aéreos se mostraram muito úteis, pelo que a Marinha Portuguesa se preparou e equipou com este tipo de arma.

Em 1916, adquiriram-se os primeiros três hidroaviões FBA (Franco-British-Aviation), mas, só em 28 de Setembro de 1917, foram criados e instalados na Doca do Bom Sucesso, em Lisboa, os serviços de Aeronáutica Naval. Até ao final do conflito foram adquiridos mais vinte e dois aparelhos (dezoito Donnet-Denhaut-8, dois Teller-3 e dois Georges-Levy-40), dos quais dez (oito DD8 e dois GL-40) nunca chegaram a ser utilizados. Chegou também a equacionar-se, em 1916, o envio de um destacamento aéreo para o Norte de Moçambique, mas a falta de material impediu a sua concretização.

Em São Jacinto foi instalado, em 1918, como já foi referido atrás, o Centro de Aviação Marítima de Aveiro, comandado por um oficial da Armada Francesa e com aparelhos daquela nacionalidade, tendo como adjuntos oficiais da Armada Portuguesa.

 

Figura 10 – Hidroavião Franco-British-Aviation. Museu de Marinha

 

Em 11 de Julho de 1918, unidades da Aeronáutica Naval detectaram um campo de minas entre o Cabo Raso e a barra do porto de Lisboa, que os caça-minas se encarregaram de levantar, e por várias vezes aqueles hidroaviões deram notícia de submarinos inimigos nas proximidades da entrada do Tejo.

A 23 de Agosto de 1918, um Tellier tripulado pelo primeiro-tenente Azeredo e Vasconcelos e um Donnet-Denault, com o primeiro-tenente Santos Moreira, largaram para o mar em busca de um submarino avistado do Cabo da Roca. Por avaria, o Donnet-Denault amarou e o tenente Vasconcelos, continuando as buscas sozinho, acabou por desaparecer.

 

 

7. A viagem dos submersíveis

Entretanto, em plena guerra, a Armada organizou a viagem, de La Spezia (Itália) para Lisboa, dos três novos submersíveis portugueses – Foca, Golfinho e Hidra – que tinham sido construídos nos estaleiros daquela cidade.

Escoltados pelo navio de salvação ‘Patrão Lopes’, os três submersíveis largaram de La Spezia, na madrugada de 15 de Dezembro de 1917, e depois de uma tormentosa viagem fundearam em Paço de Arcos, pelas 22h35 do dia 10 de Fevereiro de 1918.

 

ANO

MÊS

DIA

NAVIOS

LOCAL

RESULTADO

NOME

TIPO

1917

Jul

26

Roberto Ivens

Caç min

Barra de Lisboa

Afundado por uma mina deixada pelo UC-54

Set

30

Minho

Reb

Fuseta (Algarve)

Atacou a tiro, com um navio mercante francês armado, um submersível, obrigando-o a mergulhar

Out

13

Bengo

Canh

Cabo Espichel

Atacada a torpedo por um submersível

Nov

24

Douro

Contr

Cabo Finisterra

Atacou um submersível

1918

Jan

 

Gil Eanes

Cruz aux

Cabo Finisterra

Atacados a torpedo por um submersível

Douro

Contr

Mar

15

Patrão Lopes

Nav ap

Gijon

Atacado a tiro por um submersível

23

Augusto de Castilho

Patr

Madeira

Atacados por um submersível a navegar para a Madeira

Luanda

Paq

Ago

23

Augusto de Castilho

Patr

Norte da Madeira

Atacou um submersível em viagem para o Funchal

Set

1

Pedro Nunes

Cruz aux

Norte da Madeira

Foram atacados, sem resultado, duas vezes em viagem da Horta para o Funchal

Tejo

Contr

4

Desertas

Vap

Costa Nova

Atacado a tiro pelo U-22 quando encalhado

5

Bérrio

Reb

Barra de Lisboa

Atacaram o U-22

Baptista de Andrade

Patr

Out

6

Celestino Soares

Caç min

Norte da Madeira

Atacados, sem resultado, em viagem de Ponta Delgada para o Funchal

San Miguel

Paq

14

Augusto de Castilho

Patr

Norte da Madeira

Atacados pelo submersível U-139, a navegar para os Açores; o Patr foi afundado

San Miguel

Paq

 

Figura 10 – Ataques de Submersíveis a Navios da Armada[7].

 

 

Figura 11 – Viagem dos submersíveis portugueses em 1917-18. Desenho de José Cabrita

 

 

8. O Patrulha de Alto-Mar Augusto de Castilho

O Augusto de Castilho era o arrastão de pesca a vapor Elite que fora requisitado pelo Governo Português, para serviço durante a guerra; seria classificado como patrulha de alto-mar e armado com uma peça de 65 mm e outra de 47 mm. Foi um dos navios portugueses que teve mais encontros com submarinos alemães, sendo, no último, afundado.

Chegou ao Funchal, em 11 de Outubro, procedente de Lisboa, escoltando o vapor Beira. A 13 do mesmo mês, o Augusto de Castilho recebeu instruções para escoltar o paquete San Miguel, da Empresa Insulana de Navegação, que transportava 206 passageiros e carga diversa com destino aos Açores.

Pelas 6 horas da manhã do dia 14 de Outubro de 1918, numa posição 180 milhas a Noroeste da ilha da Madeira, o submarino U-139, armado com duas peças de 150 mm, cujo alcance era muito superior às do Augusto Castilho, colocando-se entre o paquete e o submarino, permitiu, com a sua acção, que aquele se afastasse do local do combate.

Durante duas horas, travou-se um combate desigual entre o submarino alemão e pequeno navio português, que tentava evitar a perseguição ao navio mercante, e que conseguiu escapar.

Finalmente, com as munições esgotadas, o navio português pára e inicia-se o seu abandono pela guarnição, sob o fogo do inimigo. Depois de saqueado pelos alemães, o navio seria afundado por cargas explosivas que estes colocaram a bordo. Assim acabou o navio que escoltara vinte e dois navios, e percorrera 7020 milhas, em apenas vinte meses de serviço na Armada.

 

Figura 12 – Combate do Augusto de Castilho com o U-139. Quadro de F. Namura. Museu de Marinha

 

O paquete conseguiu escapar e viria a encontrar-se, a 30 milhas de Ponta Delgada, com a canhoneira Ibo que, alertada por rádio, dali saíra para o local do combate.

Os sobreviventes, alguns deles feridos, embarcaram no salva-vidas e no bote do navio, conseguindo percorrer as cerca de 200 milhas que os separavam da ilha de São Miguel e de Santa Maria.

Morreram neste combate, para além do comandante, 1º tenente Carvalho Araújo, um aspirante e cinco praças, ficando feridos mais vinte, de uma guarnição de trinta e oito homens.

 

 

9. A Marinha de Comércio

O notável serviço desempenhado pela Marinha de Comércio durante a guerra tem de ser aqui referido; os seus navios, para além de conduzirem as forças militares para os teatros de operações, também transportaram passageiros e mercadorias, que representaram muitas horas de navegação e de perigo que nunca poderão ser esquecidos.

Desenvolvida a partir da década de 1880, com a criação da Empresa Nacional de Navegação e da Mala Real Portuguesa, a Marinha de Comércio portuguesa possuía, em Agosto de 1914, uma frota de 473 navios, representando 142.241,57 toneladas de arqueação bruta, dos quais 246 (cerca de metade) eram veleiros. Com mais de 1000 toneladas existiam apenas trinta e dois navios que representavam 81.549,47 toneladas de arqueação bruta (mais de metade do total).

 

ANO

MÊS

DIA

NAVIO

ATACANTE

BAIXAS

NOME

TON

TIPO

U

ACÇÃO

ÁREA

COORDENADAS

 

1915

Abr

3

Douro

 

Vap

 

 

 

 

 

 

Mai

29

Cysne

 

U-41

T

Golfo da Biscaia

 

 

 

?

?

Vasco da Gama

 

Ia

 

 

Costa portuguesa

 

 

 

1916

Abr

3

Douro

249

Lug

U-??

Canh

Costa britânica

 

 

 

Jun

1

Espinho

740

Vap

T

Costa do Algarve

 

 

 

Nov

16

São Nicolau

3697

UC-26

Canh

Canal da Mancha

46º 20’ N

03º 46’ W

19

17

Emília

1159

Ba

UC-20

Canh

Las Palmas

 

 

 

Dez

9

Brizella

282

Lug

U-38

Canh din

65 milhas W de Cascais

 

 

 

14

Leça

1911

Vap

UC-18

Canh

 

46º 54’ N

02º 38’ W

 

17

Cascais

835

Canh

Bordéus

45º 53’ N

01º 32’ W

 

?

?

Constância

 

Pesq

 

 

Biscaia

 

 

 

?

?

Beira Alta

101

Ch

 

 

Açores

 

 

 

1917

Jan

3

Valadares 2º

124

U-79

Canh

12 milhas WNW das Berlengas

 

 

 

20

Alice

41,9

Vap

U-??

Canh din

Golfo da Biscaia

 

 

 

22

Minho

179

Lug

U-57

Canh

260 milhas W do Finisterra

 

 

15

28

Foz do Douro

1677

Vap

U-43

Canh

55 milhas W de La Corunha

 

 

 

Fev

16

Rosa Doroteia

 

Esc

U-21 (?)

 

Costa W de Portugal

 

 

 

17

Lima

108

Pa

U-21

Canh

Junto ao cabo Espichel

 

 

 

17

Emília I

25

Can pesc

Canh

Costa W de Portugal

 

 

 

18

São José

110

Pa

U-21(?)

Canh

 

 

 

Mar

5

Guadiana

326

Lug

UC-44

Canh

 

 

 

7

República

108

Ia

 

B

Costa S de Espanha

 

 

 

10

Angola

4297

Vap

U-61

T

112 milhas W de Beshop Rock (Costa britânica)

 

 

1

17

Senhora do Rosário

22

Ca

UC-67

B

15 milhas W do Cabo da Roca

 

 

 

17

Santa Rita Segunda

27

B

 

 

 

17

Primeira Flor de Abril

20

B

 

 

 

17

Restaurador

25

B

 

 

 

22

Rio Ave

161

Ia

U-??

Canh

Viagem de Ponta Delgada - Lisboa

 

 

 

23

Argo

1663

Galera

U-46

Canh din

 

47º 46’ N

10º 45’ W

 

25

?

 

Emb pesc

U-?

 

Junto ao Cabo de São Vicente

 

 

 

25

?

 

U-?

 

Junto ao Cabo de São Vicente

 

 

 

29

Porto Santo

2800

Vap

U-??

T

 

 

 

 

1917

Abr

7

Caminha

2763

Vap

UC-71

 

Embocadura de Gironda

 

 

1

14

Três Mastros

163

Esc mot

U-52

 

A S do Cabo de Santa Maria

 

 

 

16

Sagres

2986

Vap

UC-37

T

16 milhas ao largo de Bizerta (Cap Blanc).

 

 

136

19

Senhora da Conceição

217

Esc

U-52

 

S N do Cabo Finisterra

 

 

 

Mai

1

Barreiro

1738

Vap

UC-69

Canh torp

Golfo da Biscaia

 

 

2

14

Tejo

201

Lug-pat

U-34

Canh

Costa de Espanha

38º 58’ N

00º 18’ E

 

Jun

9

Anfitrite

179,46

Lug

UC-48

Canh din

40 milhas do Cabo Prior

 

 

 

10

Ligeiro

285

UC-53

 

40 milhas NW de Viana do Castelo

 

 

 

10

Santa Maria 2ª

303

Lug-esc

 

T

6 milhas S das Berlengas

 

 

 

15

Espinho

740

Vap

U-39

 

 

37º 34’ N

09º 06’ W

 

24

Cabo Verde

2261

UC-69

T

Ao largo do Cabo Vilano (Corunha)

 

 

 

Jul

13

Luanda

141

Escuna

UC-54

 

50 milhas W do Cabo da Roca

 

 

 

26

Venturoso

420

Lug

UC-69

T

A W de Vila do Conde

 

 

 

26

Berta

200

Ia

 

T

A W de Vila do Conde

 

 

 

Ago

8

Berlenga

3598

Vap

UC-77

T

A S de Ushant

 

 

 

17

Açor

182,82

Pa

U-??

D

Junto ao Cabo de São Vicente

 

 

 

17

Terra Nova

303,18

Lug

U-??

T

40 milhas W de Aveiro

 

 

25

20

Serra do Marão

74

Ia

UB-48

Canh

Costa ocidental portuguesa

 

 

 

20

Serra do Pilar

65

Vap pesc

 

Canh

Costa ocidental portuguesa

 

 

 

25

Ovar

1650

Vap

U-93

T

 

46º 05’ N

11º 17’ W

15

Set

7

Casablanca

31

Ia

UB-49

 

Ao largo de Larache

 

 

 

13

Correio de Sines

32

UB-50

B

Junto ao cabo de Sines

 

 

 

13

Gomizianes da Graça Odemira

33

D

6 milhas N do Cabo de Sines

 

 

 

14

Sado

233

Lug-pat

 

 

15 milhas SW do Cabo de Sines

 

 

 

28

Alentejo

4312

Vap

 

Expl sab

Porto de Marselha

 

 

 

Out

2

Viajante

377

Ba

U-151

 

 

35º 40’ N

15º 10’W

12

2

Trafaria

1744

Vap

U-89

Canh

 

45º 35’ N

09º 53’ W

4

9

Maria Alice

110,8

Ch

U-??

 

Costa ocidental portuguesa

 

 

 

13

Diu

5556

Vap

U-57

T

4 milhas S de Tuskar Rock (Irlanda)

 

 

 

1917

Nov

13

Machico

6784

Vap

U-??

Canh

 

29º 38’ N

14º 00’ W

 

13

Aida

106

Ch

U-??

 

Ao largo de Vila Nova de Milfontes

 

 

 

23

Trombetas

235

Lug

U-151

 

 

35º 30’ N

20º 40’ W

 

27

Tungué

8066

Vap pas

UB-51

T

120 milhas de Port Said

 

 

6

30

Veloz

138,48

Ia

U-??

 

50 milhas de Vigo

 

 

 

Dez

3

Henriques

237

Lug

U-??

 

 

59º 03’ N

03º 20’ E

6

3

Ondina

647,53

?

M

Viagem México - Lisboa

 

 

7

11

Portuguesa

107

Ch

UB-55

 

Ao largo do porto de Leixões

 

 

 

11

Virgeira

25

Emb pesc

 

Ao largo do porto de Leixões

 

 

 

11

Argus

100

 

Ao largo do porto de Leixões

 

 

 

13

Ligeiro

25

Reb

 

Ao largo do porto de Leixões

 

 

 

16

Makololo

 

Lug

U-??

 

Costa ocidental portuguesa

 

 

 

17

Açoriano

312,22

U-156

 

 

35º 10’ N

18º 20’ W

 

21

Boa Vista

3667

Vap

U-89

T

 

46º 37’ N

02º 33’ W

2

23

Ambaca

2868,07

Vap

U-??

T

A 3 milhas do Cabo Torimana

 

 

 

26

Lídia

302

Lug

U-157

D

Golfo da Biscaia

 

 

 

1918

Jan

26

Serra do Gerês

257

Vap pesc

U-152

Canh din

Ao largo da Figueira da Foz

 

 

 

26

Germano

236

Canh din

30 milhas W da Figueira da Foz

 

 

 

28

Neptuno

321

 

 

A 140 milhas de Lisboa

 

 

 

Fev

17

Estrela de Bissau

129

 

U-157

 

Ao largo de Freetown, África Ocidental

 

 

 

23

Humberto

273,84

Esc

U-35

D

10 milhas SE do Cabo Tortosa.

 

 

 

Mar

6

Elector

134

Pa

U-152

 

Ao largo do Rio do Ouro

 

 

 

25

Rio Ave

179

Ia

U-155

Canh

A 100 milhas de Porto Santo

 

 

 

26

Beira Alta

101

Ch

U-154

B

 

34º 10’ N

14º 35’ W

 

29

Porto Santo

2801,00

Vap

UC-37

 

Junto à ilha de Andimilos (Grécia)

 

 

 

29

Índia

5990

Vap pas

UB-57

T

5 milhas a NE de Owers LV

 

 

 

Abr

1

Lusitano

575,25

Lug

U-155

 

Ao largo dos Açores

 

 

 

10

Aveiro

2209

Vap

UB-53

T

Perto da Ilha de Malta

36º 24’ N

18º 06’ E

 

23

Restaurado

136

Ia

UB-105

 

A 5 milhas da Ericeira

 

 

 

23

Leonor

201

Vap pesc

B

45 milhas S da Costa do Algarve

 

 

 

28

Damão

5668

Vap

U-91

T

12 milhas W da ilha de Bardsey

 

 

 

1918

Jul

8

Horta

3472

Vap

UC-73

T

Estreito da Sicília. Malta

 

 

16

13

Ponta Delgada

3381

UC-54

T

A 50 milhas de Orão, Argélia

 

 

7

14

Maria José

185

 

UB-65

 

A 25 milhas da ilha de Lundy.

 

 

 

27

Porto

1128

Ba

U-140

 

 

39º 18’ N

60º 40’ W

 

Ago

3

Vouga

96

Reb

U-43

 

A NW da costa espanhola

 

 

 

20

Magalhães Lima

203,95

Vap

U-22

 

Costa do Algarve

 

 

 

22

Maria Luísa

148

 

U-22

 

Costa ocidental portuguesa

 

 

 

23

Lisbonense

200

 

U-??

 

A 40 milhas do Cabo Prior (Biscaia)

 

 

 

24

Graciosa

2276

Ga

U-90

Canh

 

59º 06’ N

05º 00’ W

 

27

Glória

120

Ia

U-157

Canh

 

33º 24’ N

16º 28’ W

 

31

Norte

272

Vap pesc

U-22

D

A 30 milhas de Safi (Marrocos)

 

 

 

31

Gamo

343

Lug

U-155

Canh

 

46º 02’ N

32º 32’ W

5

Set

1

Libertador

185

Vap pesc

U-22

B

Costa do Algarve

 

 

 

3

Brava

3184

Vap

UB-125

T

 

50º 34’ N

05º 06’ W

17

4

Desertas

5556

U-152

Canh

Praia da Costa Nova (Ílhavo)

 

 

 

4

Vouga

76

Ia

 

Canh

Barra de Lisboa

 

 

 

4

Prateado

23

 

Canh

Barra de Lisboa

 

 

 

4

?

80

Vel

U-22

Canh

Costa ocidental portuguesa

 

 

 

4

Santa Maria

48

Lug

Canh

Ao largo de Peniche

 

 

 

4

?

300

Ba

Canh

Ao largo de Lisboa

 

 

 

4

Vila Franca

46

Reb

Canh

Ao largo de Lisboa

 

 

 

5

Rio Mondego

734

Lug

U-53

Canh

40 milhas S de Lands End

 

 

 

7

Sofia

162

Pa

U-155

Canh

Grandes Bancos da Terra Nova

 

 

 

9

Santa Maria

2663

Vap

U-??

 

Costa portuguesa

 

 

 

12

Leixões

3245

U-155

T

A 200 milhas da Terra Nova

 

 

10

22

Gaia

278

Lug

U-157

Canh

 

37º 13’ N

23º 19’ W

6

30

Atlântico

336

UB-112

Canh

 

49º 50’ N

06º 35’ W

 

Out

2

Rio Cávado

301

U-139

Canh

290 milhas NW do Cabo Prior (Biscaia)

 

 

 

7

Madeira

4792

Vap

UB-105

T

A 8 milhas de San Pietro (Sardenha)

 

 

21

8

Cazengo

3009

U-91

T

Ao largo do Cabo Breton

 

 

3

19

Aida

93

Ch

U-43

D

Na costa norte de Espanha

 

 

 

1918

Nov

5

Maria Emília

1041,35

Lug

U-??

 

Ao largo das ilhas Bermudas

 

 

 

?

?

Esposende

 

 

B

Biscaia

 

 

 

?

?

Machado III

18

Trn

 

 

Cascais

 

 

 

?

?

?

Maria

 

Lug

 

B

Açores

 

 

 

?

?

Torres Vedras

 

 

 

Canh

Mediterrâneo

 

 

 

 

Fgura 13 – Navios Mercantes Afundados (1914-1918)[8].

 

Existiam ainda, registados nos clubes e associações náuticas, 391 embarcações de recreio e desportivas, das quais apenas sessenta e cinco eram motorizadas.

Estes valores mostravam-se insuficientes para garantir as necessidades de abastecimento do país e as ligações entre os seus territórios insulares e ultramarinos.

 

9.1. Os navios mercantes alemães

O início da guerra surpreendeu no mar numerosos navios da marinha mercante alemã, levando-os a procurar abrigo em portos neutros para evitar que fossem apresados pela Royal Navy. Nos portos portugueses encontravam-se imobilizados, desde o início da guerra, setenta navios de comércio alemães e dois austro-húngaros, totalizando 250.000 toneladas.

A falta de navios mercantes para garantir a manutenção do comércio marítimo, não só pelas perdas provocadas pela acção da guerra submarina como ainda pela necessidade de mobilização de elevado número de navios para fins militares, levou o Governo Português a encarar a utilização daqueles navios para suprir as faltas, de tonelagem disponível para a navegação comercial nacional ou integrá-los na Armada.

A partir de 1915, o Governo Português tentou negociar com os armadores alemães o afretamento daqueles navios para suprirem as necessidades nacionais; não se tendo chegado a qualquer acordo – Portugal não dava garantias de não ceder os navios aos britânicos –, os navios seriam requisitados, no início de 1916, levando à Declaração de Guerra da Alemanha.

Muitos dos navios foram depois cedidos por Portugal à Grã-Bretanha, com bandeira e tripulações portuguesas; alguns foram depois fretados por esta à França e utilizados na perigosa Rota de Salónica, um percurso no Mediterrâneo entre Marselha e aquele porto grego, para abastecimento das forças aliadas que combatiam nos Dardanelos; a Rota de Salónica foi considerada, pelas marinhas aliadas, a rota mais perigosa daquela guerra pela frequência dos ataques dos submersíveis alemães e austríacos.

 

Figura 14 – Navios alemães no porto de Lisboa. Foto do Museu de Marinha

 

Aqui se perderam muitos navios e muitas vidas de portugueses, como foram, entre outros, os casos do Alentejo (4312 TAB), Caminha (7763 TAB), Cascais (835 TAB) e Diu (5585 TAB).

Alguns navios portugueses participaram também no transporte de tropas dos Estados Unidos da América para a Europa, quando aquela nação entrou no conflito.

 

9.2. Os contributos da Marinha Mercante

O contributo da marinha mercante teve, como seria de esperar, custos materiais e humanos muito elevados; perderam-se 129 navios, sendo setenta e cinco navios de mais de 200 toneladas TAB, e cinquenta e quatro embarcações com menos de 200 toneladas TAB; perderam-se ainda, entre tripulantes e passageiros, 336 vidas humanas.

Em 1915, perderam-se três navios, mesmo antes da entrada na guerra, como já se disse. Depois perderam-se nove navios, em 1916, sessenta e cinco navios, em 1917, e cinquenta e dois navios, em 1918.

Dos navios perdidos, vinte e três – representando 79451 toneladas – eram antigos navios alemães apresados, dos quais quinze (52919 toneladas) estavam ao serviço da Grã-Bretanha e da França.

As perdas de guerra totalizaram 135706 toneladas TAB, cerca de 35% da tonelagem disponível (390117 toneladas), mas quase o valor (95%) da tonelagem nacional anterior à integração dos navios requisitados.

Por outras causas perderam-se ainda mais 40 navios e embarcações representando 23621 toneladas TAB.

 

Navios

Número

Tonelagem TAB

Obs

Acções de Guerra

129

135.706

62 a motor

64 veleiros

23 ex-alemães

Até 100 toneladas TAB

25

1310

Entre 101 e 200 tons TAB

28

4339

Mais de 2.500 tons TAB

24

95155

Outras Perdas

40

23621

 

 

Figura 15 – Navios Perdidos (1914-1918).

 

A Marinha de Pesca manteve, apesar dos perigos e da mobilização de alguns dos seus melhores navios e muitos dos seus homens, o abastecimento do país, incluindo a pesca longínqua na Terra Nova, para onde partiram, anualmente, quarenta navios dos portos de Lisboa (14) Figueira da Foz (10), Aveiro (4), Porto (9), Viana do Castelo (2) e Ponta Delgada (1); apenas no ano de 1917 não partiram navios portugueses para aquela região.

A Marinha de Recreio teve muitas das suas embarcações e dos seus recursos humanos mobilizadas para o serviço da Armada.

Da acção da Marinha de Comércio merecem ser citados os casos do Machico, do Sagres, do Alentejo, do Horta e do Moçambique.

O Machico, ex-alemão Belmar, de 6118 TAB navegava a Norte das Canárias quando, pelas 09h00 do dia 13 de Novembro, foi atacado por um submersível.

Utilizando toda a potência possível da máquina, o navio conseguiu colocar-se fora do alcance das peças do submersível e foi abrigar-se entre as ilhas do Arquipélago das Canárias, evitando a sua destruição; chegaria a Lisboa, pelas 11h00 do dia 19 de Novembro.

Por esta acção, o capitão Dionísio, o segundo-piloto Henrique Ciríaco Gouveia e o primeiro-maquinista António Linho e Sousa, foram agraciados com a medalha da Torre e Espada.

O vapor Sagres, ex-alemão Taygetos, de 2966 toneladas e 42 tripulantes, pertencia aos Transportes Marítimos do Estado e foi um dos quarenta e dois navios disponibilizados ao Governo Britânico; este, por sua vez, cedeu-o ao Governo Francês que o artilhou com algumas peças de tiro rápido e classificou como cruzador auxiliar de 1ª classe.

 

Figura 16 – Vapor Machico. Foto da revista Ilustração Portuguesa

 

Depois de várias viagens na Rota de Salónica e ter sofrido alguns ataques nos comboios em que ia integrado, o navio foi torpedeado pelo UC-37 ao largo do Cap Blanc, na Tunísia, quando a caminho de Bizerta, tendo falecido 36 tripulantes e 100 soldados franceses que iam a bordo, em 16 de Abril de 1917. Salvaram-se apenas 6 tripulantes e 9 militares.

O Alentejo, ex-alemão Uckermark, de 4312 toneladas, foi também utilizado na Rota de Salónica. Quando carregava, em Marselha, material de guerra, especialmente granadas de artilharia, com destino àquela cidade, deflagrou um incêndio a bordo que não foi possível debelar. Numa acção corajosa o comandante foi encalhar o navio em local onde não colocava em perigo os restantes navios no porto. Mais tarde concluiu-se que a carga fora sabotada pelos estivadores – prisioneiros de guerra alemães – para provocar o incêndio.

O seu comandante viria a ser agraciado com a Ordem Militar da Torre e Espada pelo seu corajoso comportamento.

O Horta, ex-alemão Schaumburg, de 3472 toneladas, dos Transportes Marítimos do Estado, foi também utilizado no transporte de material entre Marselha e Salónica; sofreu oito ataques de submersíveis alemães e austríacos e teve duas tentativas de sabotagem por parte dos prisioneiros de guerra alemães utilizados na estiva e que lhe provocaram incêndios a bordo. Viria a ser atingido por um torpedo disparado pelo UC-73, a 9 de Agosto de 1918, que provocou o seu afundamento e a morte de seis tripulantes.

O paquete Moçambique, da Empresa Nacional de Navegação, largou de Lourenço Marques, a 25 de Setembro, com cerca de 1085 pessoas a bordo (952 passageiros e 133 tripulantes), tendo ocorrido a bordo um surto de pneumónica que vitimou 191 passageiros e dois tripulantes; o navio viajou, sem escalas, da cidade do Cabo até Lisboa, onde chegou a 20 de Outubro, ficando de quarentena, em São José de Ribamar. Pela sua enorme coragem e profissionalismo, o capitão Alberto Herberts foi agraciado com a medalha da Ordem Militar da Torre e Espada.

 

Figura 17 – Paquete Moçambique. Foto do Museu de Marinha

 

 

10. As indemnizações de guerra

No final da Guerra, a Armada e o Governo da República tinham imensa esperança que se pudessem obter, como compensação de guerra, alguns navios da esquadra alemã, permitindo dotar a Armada com os meios navais há muito desejados.

Pensava-se em Portugal que, tendo as potências vencedoras excedentes em material naval, seria fácil obter os tão desejados navios alemães.

Tal não foi conseguido pelo ambiente que se criou no seio da Conferência de Versalhes, levando mesmo o representante da Armada – comandante Botelho de Sousa – a pedir a demissão da Delegação Portuguesa.

No final, a Armada receberia apenas um caça-minas alemão – que seria a canhoneira Raul Cascais – e seis torpedeiros austríacos – que seriam os navios da classe Ave.

A Armada receberia ainda verbas para o início da construção das instalações do Alfeite – Arsenal do Alfeite, Base Naval de Lisboa, Escola Naval e Corpo de Marinheiros da Armada. Mas o seu pagamento seria suspenso em 1933 e as obras terminadas com verbas nacionais.

 

 

11. Conclusões

Os combates tinham terminado, a 11 de Novembro de 1918, com a assinatura do Armistício e a paz foi concluída, em Versalhes, a 28 de Junho de 1919.

Os serviços do Estado estavam desorganizados e, no caso da Marinha, o material estava desgastado pelo esforço de guerra.

A participação da Marinha Portuguesa na Grande Guerra foi, em absoluto, de pequena monta; no entanto, foi enorme relativamente aos seus poucos recursos e passou muito despercebido devido, entre outras causas, ao ambiente político interno que envolveu a nossa participação no conflito.

No entanto, como em outros períodos da história, a sua acção foi fundamental para a defesa dos interesses nacionais e os marinheiros portugueses podiam orgulhar-se do trabalho realizado.

Sem o caminho do mar não teria sido possível o abastecimento do Corpo Expedicionário Português na Flandres, a acção mais visível da participação portuguesa no conflito, nem a defesa do Ultramar, afinal uma das razões da nossa participação no conflito.

 

 

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[1] Ver Revista Militar II Século – 66º Volume – Nº 5, Maio de 2014, p. 459-471.

[2]  Segundo a Lista da Armada de 31 de Dezembro de 1909, o quadro de pessoal embarcado era de 274 oficiais e 3515 sargentos e praças; na mesma data de 1914, eram 218 oficiais e 2794 sargentos e praças.

[3]  Ver Revista Militar II Século – 66º Volume – Nº 5, Maio de 2014, p.459-471.

[4]  Adaptado de SALGADO, Augusto. A Caminho de França: O Transporte do CEP e Relação dos Comboios Dados Desde 1915 até ao Armistício. AHM Processo 446-4-XII-5-1/3.

[5]  Sobre a defesa de Cabo Verde, ver Revista Militar II Século – 66º Volume – Nº 5, Maio de 2014, p.459-471.

[6]  Designação atribuída à linha que une os faróis de São Julião da Barra e do Bugio, e define a foz do rio Tejo.

[7]  Legenda dos quadros (Figura 10 e Figura 13): Barca (Ba); Caíque (Ca); Canhoneira (Canh); Caça-minas (Caç min); Can pesca (Can pesc); Chalupa (Ch); Contratorpedeiro (Contr); Cruzador auxiliar (Cruz aux); Embarcação de pesca (Emb pesc); Escuna (Esc); Escuna a motor (Esc mot); Galera (Ga); Iate (Ia); Lugre (Lug); Lugre-escuna (Lug-esc); Lugre-patacho (Lug-pat); Navio apoio (Nav ap); Palhabote (Pa); Paquete (Paq); Patrulha (Patr); Pesqueiro (Pesq); Rebocador (Reb); Traineira (Trn); Vapor (Vap); Vapor de passageiros (Vap pas); Vapor de pesca (Vap pesc); Veleiro (Vel).

[8]  Ver legenda no rodapé (Figura 10).

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Capitão-de-Mar-e-Guerra

José António Rodrigues Pereira

Oficial de Marinha, nasceu em Lisboa em 7 de Junho de 1948, entrou para a Escola Naval em 1 de Setembro de 1966, sendo promovido a Capitão-de-mar-e-guerra em 27 de Julho de 1999, e passado à Reserva, por limite de idade, em 7 de Junho de 2005. Reformou-se, a seu pedido, em 30 de Dezembro de 2010.

Prestou serviço em diversas unidades navais, destacando-se os NRP Brava (1970), NRP Porto Santo (1970), NRP Boavista (Açores, 1970-71), NRP Velas (1971), NRP Jacinto Cândido (Moçambique, 1973-75), NRP Afonso Cerqueira (Timor, 1975-76), NRP Hermenegildo Capelo (1977), NE Vega (1984-85), NE Polar (1985-86) e NRP São Miguel (Golfo Pérsico, 1990-91); comandou os NRP Zaire (1979-82), e NE Polar (1986-88).

Para além de diversos curs

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by CMG Armando Dias Correia