Nº 2605/2606 - Fevereiro/Março de 2019 - Número Temático
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
O General Gomes Freire de Andrade na Revista Militar
Coronel
Luís Manuel Brás Bernardino

“…dulce et decorum est pró pátria mori…”

Introdução

Não existe, ao longo dos muitos anos, em que a Revista Militar nos vêm proporcionando um conjunto de leituras e de análises de elevado valor histórico, uma personagem da nossa história militar recente que tenha sido tão entusiasticamente citada nos mais de dois mil números da Revista Militar, editados desde 1849. De facto, numa análise quantitativa proporcionada pelo recente motor de busca associado à Biblioteca do Exército[1], permite-nos constatar que existem on-line mais de uma centena de artigos publicados, directa ou indirectamente, em torno da figura do general Gomes Freire de Andrade.

Este aspeto, simultaneamente inédito e relevante, levou-nos no contexto do presente seminário onde se evoca o bicentenário de três momentos marcantes da História de Portugal, de Espanha, do Brasil e do mundo Ibero-Americano, nomeadamente a referência à «Revolução de 1817», em Pernambuco, no Brasil; a «Conspiração» do general Gomes Freire de Andrade (contra a coroa britânica), em Portugal; e o falhado pronunciamento liberal do general Luís Lacy y Gauthier, na Catalunha, a favor da «Constituição de 1812» em Espanha, a ressaltar estes feitos, constitui, em nossa opinião, um elemento revelador da relevância político-estratégico-militar desta personagem incontornável da nossa História.

Neste contexto, pretende-se desenvolver uma síntese cronológica dos principais artigos que foram publicados na Revista Militar relativos ao general Freire de Andrade, entre 1849 e 2017. É também uma análise comparativa evolutiva e necessariamente sintética das principais temáticas que foram sendo publicados na Revista Militar ao longo dos tempos e onde se procura evidenciar alguns aspetos não tão conhecidos deste distinto oficial general que se destacou ao serviço de Portugal (bem como da França e da Rússia) e que se constitui, até aos dias de hoje, numa referência incontornável para as gerações futuras de oficiais no Exército Português.

O general Gomes Freire de Andrade e Castro (1757-1817) viveu numa das épocas mais conturbadas da História de Portugal, da Europa e do Brasil, num contexto político-militar agitado, em que a Revista Militar ainda não existia, e numa altura em que os escritos também não abundavam. O primeiro artigo relativo ao general Freire de Andrade foi publicado na Revista Militar, em 27 de fevereiro de 1850 (mais de trinta anos depois da sua morte e no segundo ano de existência da Revista Militar), pelo, na altura, capitão de artilharia António Florêncio de Sousa Pinto e tratava-se de uma apresentação biográfica, tendo como objectivo, como referia o autor “…fallaremos do morto sem offender os vivos…”. O último artigo foi recentemente publicado (2015) pelo tenente-coronel Brandão Ferreira, num artigo intitulado “A importância constitucional dada ao vector da Defesa Nacional como pilar fundamental do Estado. A Instituição Militar” que nos remete para uma dimensão mais institucional e militar de Freire de Andrade.

Mas antes de abordarmos de uma forma mais detalhada e analítica as temáticas da vasta colectânea de artigos que foram sendo publicados na Revista Militar sobre o general Gomes Freire de Andrade, importa conhecer um pouco melhor os seus principais traços biográficos e descobrir os principais feitos da sua vida militar.

 

Um breve apontamento biográfico

Filho de Ambrósio Freire de Andrade, embaixador de Portugal em Viena (1752 a 1770), primo direito dos condes de Bobadela e de uma aristocrata alemã, Condessa Schafgoche, filha do conde Wenceslau Schafgoche, da região da Boémia-Morávia, na Alemanha; Gomes Freire de Andrade nasceu, em 27 de janeiro de 1757, em Viena, no centro da Europa. A ascendência paterna ligava-o à nobreza do reino, a uma família em que se haviam distinguido os seus mais próximos parentes por grandes serviços no ultramar português e nas Guerras da Restauração.

Após a morte do seu pai (1770), que deixara a casa muito empenhada, foi obrigado a permanecer mais alguns anos em Viena, aproveitando uma educação esmerada e já voltada para a vida militar, possível só devido à protecção e à influência do duque de Lafões, então residente nessa corte, a quem se deveu a possibilidade de vir para Portugal, onde acolheu a concordância da rainha
D. Maria I. De facto, Freire de Andrade, com 17 anos, viria a regressar a Lisboa por intermédio do embaixador de Portugal em Viena, conde de Oyenhausen e de sua mulher, a marquesa d´Alorna, D. Leonor de Almeida Portugal. Este regresso foi apoiado em terras lusas pelo duque de Lafões, entretanto regressado a Portugal, que tinha privado com o seu pai, quando da sua prolongada estadia na capital austríaca.

Gomes Freire de Andrade Pereira e Castro, cujos apelidos “Pereira e Castro” herdara de seu avô materno e quase não usou, inicia a sua vida militar como cadete, em 1782, e no mesmo ano foi promovido a alferes no Regimento de Infantaria de Peniche. Em 1784, fez parte da expedição hispano-lusa contra Argel, batendo-se de forma muito valorosa, e, em 1788, no distinto posto de sargento-mor, foi enviado à Rússia, onde notavelmente se destacou na guerra contra os Turcos, sendo um dos oficiais a entrar em primeiro lugar na cidade cercada de Oczakof. Por decreto de 1790, foi então promovido por mérito ao posto de coronel e, em 20 de setembro de 1807, a tenente-general, numa carreira militar exemplar donde se destacam alguns aspetos.

Feito comendador da Ordem de Cristo, ainda em Viena, chegou a Portugal em meados de 1781, ingressando no Regimento de Infantaria de Peniche, corpo militar em que conviveu diariamente com vários membros da sua família alargada, tendo sido, após um período de formação de cadete, em que cedo se evidenciou na arte da guerra, promovido ao posto de alferes, em 1782. Por opção própria, viria a alistar-se na Marinha Real, em 8 de março de 1787, assumindo o posto de tenente de mar da armada real e participado, entre 12 e 21 de julho de 1784, na batalha naval de Argel, integrado nas forças portugueses que agiram em reforço da armada real espanhola contra o fluxo de corsários e o não pagamento de taxas por parte dos navios da costa norte africana. Rezam os escritos da época, que por não se ter adaptado à vida do mar, pede para ser novamente colocado no Regimento de Infantaria de Peniche, o que veio a acontecer, em 30 de Abril de 1788, então com o posto de sargento-mor.

Numa altura em que a Europa assiste à guerra entre a Rússia e a Império Otomano da Turquia (1787-1792)[2] o envolvimento indirecto de apoio da França e da Inglaterra à Rússia de Catarina, a Grande, levou ao envolvimento indirecto da Europa no conflito e tendo levado a que muitos oficiais dos exércitos europeus se tenham alistado e combatido ao lado da Rússia contra a invasão Otomana. Foi o caso de Gomes Freire de Andrade que se alistou no exército da Rússia, em 17 de maio de 1788, tendo tido uma ação de relevo na tomada da praça-forte de Oczakof como comandante de batalhão. Entretanto, seria promovido ao posto de tenente-coronel, em Portugal, em 8 setembro de 1790 e a coronel, em 18 de janeiro do ano seguinte.

Assumiu, após o regresso a Portugal, em setembro de 1793, o comando do Regimento “do Marquês das Minas”, na guarnição de Lisboa, passando-se a denominar por Regimento “de Freire”. Entretanto, a Czarina russa, para além de o ter condecorado pela bravura demonstrada nos cinco anos em que defendeu as cores da bandeira imperial russa (1788-1793), atribui-lhe o posto de coronel no Exército Russo.

Freire de Andrade assume o comando do seu regimento em operações, integrado numa divisão reforçada (5400 homens), comandada pelo tenente-general inglês John Forbes, denominada de “Exército Auxiliar à Coroa de Espanha” e parte quase de imediato para a Campanha do Rossilhão (1793-1795), ao lado de Espanha e Inglaterra contra a França. Nesse contexto, destaca-se pela sua bravura e perícia, sendo-lhe atribuída a granada de prata para uso na manga do seu uniforme como distintivo de distinção e ainda graduado em marechal, em 17 de dezembro de 1795. É promovido, em 20 de setembro de 1796, a marechal[3].

Em 1801 assume as funções de Quartel-Mestre-General na Divisão d’Entre Douro e Minho, assumindo posteriormente o seu comando. Nessa altura e fruto da sua experiência, edita uma das suas obras de referência “Ensaio sobre o methodo de organizar em Portugal o Exército” (editado em 1806)[4], onde no epígrafe surge uma frase em latim que constituiu o seu lema de vida “…dulce et decorum est pro patria mori…”[5], e que constitui a divisa de honra da Academia Militar atualmente.

Em finais 1805, esteve envolvido na tentativa de colocar a Princesa Carlota Joaquina no poder, e que sendo também uma conspiração aristocrática pouco conhecida, parece ter a ver não tanto com uma hipotética doença do príncipe regente, mas com as preparações para uma guerra contra a Espanha, no verão desse mesmo ano, possível razão para o futuro D. João VI ter ido residir para Vila Viçosa, onde também se encontrava o governador das armas do Alentejo, o marquês d’Alorna.

Em 1807, já tenente-general, durante a primeira invasão francesa, foi encarregue do comando da Divisão que defendia a margem sul do Tejo e Setúbal, contra um ataque britânico. Recebeu o general Solana, em Setúbal, aceitando o encargo de desmobilizar a parte do Exército Português aquartelado no sul do país e desarmar os regimentos de milícias entretanto criados. A colaboração com os ocupantes espanhóis e franceses fê-lo ser nomeado para segundo comandante do Exército Português, reformado de acordo com os regulamentos franceses, que se dirigiu, em Abril de 1808, para França, onde foi integrado no Exército Francês com o título de “Légion Portugaise”. Assim, durante as invasões francesas, e após a saída da família real para o Brasil, com o general francês Junot é-lhe atribuído o comando de uma das três regiões militares em que o país ficou organizado.

No comando das forças portuguesas da época estava o marquês d’Alorna. Na campanha da Rússia, de Napoleão contra Alexandre, ao lado das tropas legionárias (não francesas), participa na batalha de Wagram como oficial de Estado-Maior às ordens do general francês Oudinot, sendo elogiado por Napoleão Bonapart que referiu “…de certo não há na Europa melhores soldados do que os portugueses”. Foi designado governador da província de Disna, na Lituânia, por Napoleão, onde se manteve até à retirada do Exército Francês. Após o desaire militar francês, regressa a Paris e opta por permanecer na Alemanha, na região da Baviera – terra da sua mãe.

Regressa a Portugal e apresenta-se no Quartel-General na província da Estremadura, em 26 de maio de 1815, sendo objeto de um processo de averiguações, sendo julgado inocente, em 18 de junho de 1815, mas sendo-lhe retirado os soldos respeitantes ao seu posto no Exército Português. Afasta-se da vida política e militar e mantêm-se em Portugal nos anos seguintes.

Em 1817, é convidado para liderar uma conspiração contra a regência que oprimia o povo e se apropriava das riquezas e das melhores posições na corte e na hierarquia militar. Nesse mesmo ano, é denunciado, capturado, e preso na torre de São Julião à guarda de Sir Archibald Campbell, governador da torre. Objeto de inúmeros interrogatórios, é sumariamente acusado e lavrada sentença de acusação, vindo a ser acusado de liderar uma conspiração, é sentenciado à forca, tendo sido executado, pelas cinco horas da manhã, do dia 18 de outubro de 1817, fora da fortaleza de São Julião da Barra por enforcamento (sem uniforme nem condecorações), cortado a sua cabeça, o corpo reduzido a cinzas numa fogueira, e estas lançadas ao mar.

 

O General Gomes Freire de Andrade na Revista Militar

O general Gomes Freire de Andrade constitui, no contexto das personagens e dos assuntos abordados na Revista Militar, um caso, para não dizer inédito, muito pouco vulgar. Tão raras vezes uma personagem militar motivou, para além do seu tempo, uma abordagem tão holística e diversificada de assuntos e sobre tão diferentes perspetivas. De facto, de entre os 102 artigos que conseguimos reunir no acervo da Revista Militar como direta ou indiretamente relacionados com Freire de Andrade, temos artigos no âmbito da história militar, do comando e liderança, da política e estratégia e até no âmbito da organização superior do Exército e no contexto da pedagogia e do ensino militar.

Nos primórdios da Revista Militar, aquando da edição dos cadernos anuais, constatamos que se destacam os escritos do capitão de Infantaria António Florêncio de Sousa Pinto, que, intrigado ou fascinado pela personagem e pelos acontecimentos que conduziram à morte em circunstâncias pouco comuns do General Freire de Andrade, escreveu seis longos artigos dedicados à sua biografia e aos seus feitos militares[6]. O que nos parece interessante salientar destes escritos, entre 1850 e 1888, é o facto de parecer indicar que houve um processo de investigação e aprofundamento dos aspetos relacionados com a vida militar e com as incidências da História Militar de Portugal e da Europa nesse período. Pois que a passagem de Freire de Andrade por três exércitos distintos levou a um conhecimento aprofundado da organização militar para a guerra desse tempo. Aspectos muito específicos e detalhados que o autor dos artigos transforma ao longo dos seus escritos em sólidos contributos e valiosas precisões sobre a vida militar do general.

Outro aspeto a salientar tem a ver com o facto do autor ter tido certamente acesso a dados concretos sobre a vida militar e a relação com os principais líderes militares do seu tempo. De facto, desde Napoleão a Catarina da Rússia, passando pelo generalato português, inglês, espanhol e francês (onde se destaca Junot), entre outros, Freire de Andrade marcou uma época e deixou escritos que se transformaram em compêndios da arte de organizar um Exército. Aliás, no artigo “Gomes Freire de Andrade e o seu método de organizar o Exército em Portugal. Estratégia Militar. Organização Militar” (1853, 258-263; 307-312; 395-398 e 432-434), o autor discorre, tendo por base a obra do general “Ensaio sobre o methodo de organizar em Portugal o Exército”, em quatro capítulos, todo um conjunto de iniciativas e decisões que não só explicitam a visão estratégica do general Freire de Andrade para um Exército, como o colocam na vanguarda visionista do que seria um Exército e qual a relação entre os militares e os políticos na sociedade.

Sousa Pinto apresenta-se assim como um biógrafo, como um oficial do período pós-invasões francesas em que o General Freire de Andrade parece surgir nos seus escritos como um revisionista e um militar que sendo rejeitado pelo poder…essencialmente pela forma como foi publicamente enforcado… é visto pelos militares e pela população como um patriótico e um estratega militar no processo que importava a Portugal, num período complexo da historia nacional. No seu artigo, publicado em 20 de feveiro de 1864, designado de “Golpe de vista sobre o nosso Estado Militar” (1864, 97-105), Sousa Pinto, já major, apresenta-nos uma análise muito completa e metódica da reestruturação do Exército e aponta para algumas das ideias defendidas por Freire de Andrade, incluindo uma avaliação pessoal sobre a sua personalidade.

“…alguém me disse que este General era de um génio inquieto, ou como vulgarmente se diz, revolucionário, e nada dócil aos seus superiores. Mas, ajuizado pelo que tenho presenciado em nossos dias…” […] “…elle conhecia as coisas, via o alcance d’ellas, e podia ser devidamente avaliado, como valendo mais do que aquelles, que ciosos não queria desprender-se do poder absoluto…”[7] (1864, 101)

Sousa Pinto, já na presidência da Direção da Revista Militar, General de Divisão e Sócio efetivo, voltou a publicar, em 1888, um artigo biográfico sobre o General Gomes Freire de Andrade e Castro, ou melhor, uma coletânea de livros designada de “Divagações Históricas[8] dedicando um capítulo específico a Freire de Andrade que constitui uma obra de referência no estudo da pessoa do General.

Outra das áreas onde Freire de Andrade teve um papel relevante foi na sua visão para a reestruturação do exército e da forma como via a relação entre os cidadãos e o reino. Uma relação de compromisso bem ilustrado nos dois artigos que Augusto Ernesto Luís, barão de Wiederhold[9] (um dos membros fundadores da Revista Militar), escreve entre 1857 e 1863, e que ressalta as principais linhas orientadoras em termos de efetivos, capacidades, distribuição geográfica, relação entre os profissionais e os conscritos e o papel dos militares na sociedade da época.

No artigo “Um artigo sobre Organisação Militar, pelo General Gomes Freire de Andrade” (1856, 280-287), o autor não só descreve e aponta a referência ao General Freire de Andrade como apoia e defende essa linha de pensamento para o Portugal pós-guerras liberais. Contraria uma linha mais inglesa defendida pelo Conde de Lippe e aponta o exército na linha mais liberal dos ensinamentos recolhidos na França de Napoleão e na guerra russo-otomana. O editorial da Revista Militar de 1855 dedica-lhe também algumas considerações sobre a organização das necessidades mais prementes para o exército e enquadra o seu pensamento e visão estratégica para a sua obra e ilustra algumas das medidas que foram tomadas na sua época.

“…Um exemplo do que deixo dito, foi o tragico fim do infeliz general Gomes Freire de Andrade. Este offícial tendo adquirido os maiores creditos na campanha do RousiJlon, como bem o demonstra o sr. Claudio de Chaby, na sua recente publicação – Excerptos historicos – publicou em 1806 um livro com o título – Ensaio sobre o metodo de organisar em Portugal o exército. Alguém me disse, que este general era de um genio desinquieto, ou corno vulgarmente se diz, revolucionario, e nada docil aos seus superiores. Mas, ajuizando pejo que tenho presenciado em nossos dias, lendo a excellente obra, que mostra a vastidão de conhecimentos de Gomes Freire, e lançando uma vista retrospectiva áquellas épocas de despetismo com o nome de disciplina, não posso acreditar o que a tradição quer imputar ao infeliz general. ElIe conhecia as coisas, via o alcance d›ellas, e podia ser devidamente avaliado, corno valendo mais do que aquelles, que ciosos não queriam desprender-se do poder absoluto; e só isto é o crime mais horrendo para as compleições menos que o vulgar, que só se desaffrontam com o sangue da victima da sua intelligencia, e se não podem tanto, com o mau uso da auctoridade…[10] (1864,101).

Diversos autores relataram nas suas crónicas históricas, entre os séculos XVIII e XX, as múltiplas facetas do General Gomes Freire de Andrade nas campanhas em que participou e os ensinamentos que daí derivaram para a estratégia, táctica, para a organização militar e para a doutrina. Desde a participação na Legião Portuguesa, bem ilustrada no artigo escrito em 1898, de Sesinando Ribeiro Arthur, intitulado “A legião Portugueza ao serviço da França” e ainda Ferreira Martins (1949), no artigo “A Legião Portuguesa na Campanha da Russia”, entre muitos outros autores, e a participação na Guerra Peninsular, onde pelos diferentes ângulos proporcionados pelos 24 autores que se dedicaram a enquadrar na Revista Militar a participação de Freire de Andrade nesta guerra.

Belisario Pimenta (1942), no seu artigo “Notas para a história da Guerra Peninsular”, sintetiza e congrega um conjunto de observações retiradas de outros autores, num dos artigos que nos pareceu melhor definir o contributo do General Freire de Andrade neste período da nossa história militar. Embora sendo um tema muito estudado, a participação de Portugal na Guerra Peninsular permite um vasto conjunto de visões e ângulos de abordagem. Autores mais recentes, como Adriano Beça (1963), no artigo “A Guerra Peninsular: Portugal e a lição histórica de 1807 – A psycologia do alto comando – Generaes ínglezes e generaes portuguezes. A acção militar dos generaes Bernardim Freire e Francisco da Silveira”, e de Pedro Avillez (2012), no seu artigo “Sobre as condicionantes políticas e Diplomáticas de Portugal durante a Guerra Peninsular”, relatam duas das facetas menos abordadas sobre Freire de Andrade, a dimensão táctico-operacional na vertente da conduta da batalha e a dimensão político-estratégica na sua relação com os poderes da época e a coroa portuguesa. São, na nossa opinião, artigos complementares e abordam a dimensão de complementaridade e as múltiplas facetas em que Freire Andrade se envolveu e o testemunho que nos deixou por herança.

Outra dimensão bem documentada na Revista Militar é o envolvimento de Gomes Freire de Andrade nas invasões francesas e principalmente o seu envolvimento com o General Junot. Em 1912, Ferreira Gil, no artigo “Os Portugueses na guerra Peninsular: A invasão de Junot” (1912, 685-705), elucida os leitores sobre essa relação e o compromisso que, em nome de Portugal, foi adotado. Mais recentemente, alguns autores tem explorado essa dimensão, talvez na descoberta de um paradigma que liga e identifica o General Freire de Andrade com a forma de Portugal se posicionar face à dimensão militar da invasão de Junot. Manuel Jorge Pereira de Carvalho (1991), Gabriel Augusto Espírito Santo (2002), Abílio Pires Lousada (2008) e António Pedro Menezes (2011) abordam também as diferentes facetas do envolvimento de Gomes Freire de Andrade nas invasões francesas.

Muitos outros temas e assuntos foram sendo abordados, ao longo dos mais de cem artigos escritos publicados na Revista Militar, entre 1850 e 2016. Contudo, pelo contexto e relevância para a investigação, foi publicado, em 1917 (no primeiro centenário da sua morte), um artigo por Eduardo de Noronha, intitulado “Centenário trágico: Gomes Freire de Andrade. Biografias[11] (650-669), que mais do que uma homenagem é um relembrar das circunstâncias da vida e especialmente da morte do General Freire de Andrade. O autor, que inicia o artigo com uma imponente fotografia do biografado, recorre a um conjunto de outros autores para evocar a personagem e os momentos mais relevantes da vida do General, começando por salientar que:

“… Na história dos assassínios políticos, o suplício do tenente general Gomes Freire de Andrade e Castro, realizado, faz agora um século, a 18 de outubro de 1817, avoluma como um dos crimes judiciais mais abjectos e infamantes. Todo o processo, que constitue uma atroz monstruosidade do fôro, epilogado por uma sentença, mancha indelevel na consciência da magistratura coeva, só encontra a relegá-la para um segundo plano a crueza com que os governadores do reino e juízes – todos mais ferozes que os próprios verdugos a mandaram executar nos patíbulos do Campo de Sant’Ana e na esplanada da Torre de S. Julião…” (1917, 650).

O autor discorre com grande detalhe os episódios tácticos das batalhas onde participou Freire de Andrade, fazendo uma transição cronológica entre os eventos em Portugal e na Europa com impacto na vida do General. Destaca-se, talvez, a parte final do artigo onde é descrito o complexo contexto político-militar de 1816-17, envolvendo as circunstâncias da morte e as múltiplas relações entre os diversos atores da época.

Outro artigo publicado na Revista Militar merece destaque neste contexto não só pelos autores, mas também pelo contexto em que decorre. O General Pedro Cardoso e o coronel Rui Meira e Cruz, em 1992 (nos 175 da morte de Freire de Andrade), editam um artigo intitulado “Gomes Freire o Homem e o Militar, após 175 anos[12] (1992, 739-787) onde na sua parte introdutória, como objetivo do artigo referem:

“…A complexa personalidade de Gomes Freire de Andrade e parece justificar que façamos, cento e setenta e cinco anos após a sua monte, uma reflexão sobre o militar e a época em que decorreram os trágicos acontecimentos de 1817, não obstante o exaustivo tratamento que, historiadores e críticos, já fizeram sobre este tema. Gomes Freire passou a constituir, sobretudo depois de 1815, um permanente pólo de mobilização do descontentamento nacional que ganhou terreno em vários sectores da vida portuguesa europeia. Os ingleses, que nos tinham ajudado a reconstituir o exército, foram impondo a sua presença, muito para além do que seria necessário…” (1992, 739).

O artigo serve essencialmente para fazer, ao longo de três capítulos, a homenagem ao militar e ao homem que, na sua época, ao serviço dos valores descritos pelos autores como assente num forte carisma e numa boa capacidade de liderança, conseguiu mobilizar vontades e evidenciar-se em Portugal e fora, num contexto complexo, onde a bravura militar dos seus feitos foi fundamental para granjear o respeito e admiração de militares, monarcas e da população em geral.

 

Conclusões

A abordagem proposta neste artigo é uma forma que julgamos inovadora de, valorizando o papel da Revista Militar como repositório da nossa Historia Militar, procurar, ao longo dos mais de cem artigos que foram sendo escritos, direta ou indiretamente, sobre o General Gomes Freire de Andrade, procurar trazer ao conhecimento algumas facetas menos conhecidas da vida e obra do distinto oficial que, pelas circunstâncias da sua morte, se libertou da lei da vida. Pelas circunstâncias da sua vida (e da sua morte) constitui uma referência nacional e internacional como um dos mais distintos pensadores militares, político e estratega do seu tempo.

A simples circunstância da sua intensa vida internacional, ao serviço de outros interesses, conferiu-lhe uma experiência única e muito rica. Tendo vivido internacionalmente a vitória e a derrota militar, foi em Portugal que, fruto da complexidade vivida no reino, se evidenciou pelas suas ideias para um Exército e para um reinado para Portugal… factos que o levaram a ser acusado de insurreição e conduziram à forca em circunstâncias que contribuíram para o tornar numa referência da luta por Portugal.

A diversidade de autores (47) e de assuntos (12), em 102 artigos publicados na Revista Militar, entre 1857 e 2015, pelas quais o General Freire de Andrade foi e vem sendo citado ao longo dos tempos nos escritos que a Revista Militar publica, é sinónimo não só da sua relevância histórica para a sua época e anos subsequentes, como pela atualidade do seu pensamento militar estratégico sobre a organização do Exército e das suas ideias políticas para um Portugal independente.

Destaca-se a proeminência de artigos “meramente” biográficos e descritivos, escritos, entre outros, por Florêncio de Sousa Pinto, Elias da Conceição Sousa, Sesinando Ribeiro Arthur e, mais recentemente, por Eduardo de Noronha, José Lopes Alves e ainda António Lopes Pires Nunes, que, no seu artigo “General Gomes Freire de Andrade precursor do Liberalismo em Portugal: militar e homem do seu tempo” [Biografias. História Militar de Portugal, 1996, 373-406], nos apresenta uma visão política e estadista do General Freire de Andrade. Por outro lado, os artigos de índole organizacional e estrutural, essencialmente sobre a reestruturação do Exército e os princípios da sua organização, e ainda a sua participação em muitas das principais campanhas militares levadas a cabo por Portugal (nomeadamente na Campanha do Rossilhão, na Guerra Peninsular e nas Invasões Francesas) e a sua envolvência no teatro de operações europeu da época são objeto de muitos artigos de índole histórico-militar. Realce, nesta dimensão específica, para os escritos do barão de Wiederhold num texto denominado “Um artigo sobre Organisação Militar, pelo General Gomes Freire de Andrade” (1856, 280-287) e mais recentemente os artigos de Rui de Freitas Lopes, António Martins Barrento, Nuno Lemos Pires e de João José Brandão Ferreira.

Realce especial ainda para a comemoração do primeiro centenário da sua morte (1917) que mereceu um artigo especialmente dedicado, escrito por Eduardo de Noronha, intitulado “Centenário trágico: Gomes Freire de Andrade. Biografias” (1917, 650-669) que relembra as circunstâncias político-militares do enforcamento do General Freire de Andrade. Igual detalhe é colocado no artigo que comemora os 175 anos (1992), escrito por Pedro Cardoso e Rui Meira e Cruz, intitulado “Gomes Freire o Homem e o Militar, após 175 anos” (1992, 739-787), que procura ligar um homem a uma época e que nos dá a ideia de que o General Freire de Andrade era um militar com um pensamento bem à frente da sua época… talvez por isso tenha sofrido as consequências do regime.

Numa altura em que se comemora o segundo centenário da sua trágica morte e das razões que o inscreveram nas paredes da nossa história militar recente, fica a ideia que este artigo, sendo apenas mais um artigo sobre a vida e obra do General Gomes Freire de Andrade, terá, porventura, dado uma maior relevância e um enquadramento mais elevado da sua personagem e da relevância que a Revista Militar e os seus colaboradores lhe tem dedicado, ao longo dos últimos 168 anos.

 

Artigos publicados na Revista Militar, relativos ao General Gomes Freire de Andrade, entre 1850 e 2016

PINTO, António Florêncio de Sousa, “Gomes Freire de Andrade. Biografias”. 1850-02-pp.0184-0191.

PINTO, António Florêncio de Sousa, “História Militar. A campanha de 1801. O Duque de Lafões.” 1851-03-pp.0171-0175 (0173).

NOVAES, F. de, “Monumento a Gomes Freire de Andrade”. 1852-04-pp.0488-0489.

PINTO, António Florêncio de Sousa, “Gomes Freire de Andrade e o seu método de organizar o Exército em Portugal. Estratégia Militar. Organização Militar”. 1853-05-pp.0258-0263; pp.0307-0312; pp.0395-0398 e pp.0432-0434.

REDAÇÃO da Revista Militar, “Organização Militar: Considerações sobre a organisação do Exército e suas urgentíssimas necessidades”. 1855-07-pp.0565-0581 (0573).

PINTO, António Florêncio de Sousa, “O Marquez de Alorna e a Legião”. 1856-08-pp.0069-0076 (0073) e pp.0379-0385 (0385).

BARÃO DE WIEDERHOLD, “Um artigo sobre Organisação Militar, pelo General Gomes Freire de Andrade”. 1856-08-pp.0280-0287.

CARNEIRO, José Paulino de Sá, “Importância da História e dos escriptores militares: golpe de vista sobre o nosso Estado”. 1858-10-pp.0387-0391 (0390).

BARÃO DE WIEDERHOLD, “Crise do Exército Portuguez no anno de 1801 e sua organização em 19 de Maio de 1806”. 1863-15-pp.0341-0353 (0352) (0353).

PINTO, António Florêncio de Sousa, “Golpe de vista sobre o nosso Estado Militar”. 1864-16-pp.0097-0105 (0101).

SARMENTO, José Estevão de Moraes, “A Unidade de Cavallaria”. 1874-26-pp.0251-0258 (0258).

MACHADO, Joaquim Emygdio Xavier, “A Praça d’ Almeida e sua influência sobre o caminho de ferro da Beira Alta”. 1879-31-pp.0333-0341 (0336).

MACHADO, Joaquim Emygdio Xavier, “Breve notícia de Portugal sob o ponto de vista geographico e militar”. 1880-32-pp.0066-0072 (0067); 0370-0376 (0376).

PIRES, Trajano Saturio, “Necessidades dos Exércitos Nacionais. Serviço Obrigatório-Milicias-Reservas-Instrucção”. 1880-32-pp.0567-0574 (0568).

PINTO, António Florêncio de Sousa, “Bibliographia”. 1888-40-pp.0753-0757 (0755).

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[1]    http://bibliotecas.defesa.pt.

[2]    “… ainda nesse ano pediu uma licença, que lhe foí concedida, para servir nos exércitos de Catarina II da Rússia, com quem D. Maria I havia assinado, em 1782, um tratado de aliança, e que se encontrava em guerra com a Turquia. Catarina II pretendia aumentar os seus domínios à custa da Sultão Salim III. Serviu de pretexto o ataque a uma coluna russa que protegia a «khan» tártara Sabin Geras. O Marechal Potemkin, favorita da Tzarina, levou a ferro e fogo as colunas turcas de Osmanlis, através das planícies marginais do Danúbio e da Crimeia…” Pedro Cardoso e Rui Meira e Cruz “Gomes Freire o Homem e o Militar, após 175 anos”, In Revista Militar (1992, 739-787). [http://arquivodigital.defesa.pt/Images/winlibimg.aspx?skey=&doc=340616&img=15035]

[3]    O jovem aristocrata atacará veementemente a direcção do Exército auxiliar, comandados por oficiais nascidos no estrangeiro, mas sobretudo formados nas escolas do conde de Lippe e marquês de Pombal, representados, entre outros, pelo escocês John Forbes, o suíço Mestral, estes dois oficiais vindos para Portugal, em 1762 (portugueses pelo casamento), e o francês Clavière. Ao mesmo tempo, e com o mesmo propósito de criticar todos os que não eram aristocratas como ele, atacará também os comandantes da artilharia (Rosa e Teixeira Rebelo) estes antigos sargentos, vindos do pequeno campesinato do interior do país, que tinham conseguido ascender ao oficialato devido aos seus estudos e à sua competência técnica, defendendo a sua falta de qualidade social, numa época em que, em toda a Europa monárquica, a aristocracia tentava manter o exclusivo no acesso ao oficialato.

[4]    Dirigiu os distúrbios de Campo de Ourique, acontecimento que, tendo-se dado em julho de 1803, tiveram o condão de impossibilitar a aplicação das reformas militares propostas pelo general Forbes, e os seus apoiantes no governo, sobretudo D. Rodrigo de Sousa Coutinho, D. João de Almeida e Castro e Luís Pinto de Sousa, e que estavam para ser postas em prática no fim do verão desse ano, o que era um ataque, como o próprio escreverá «contra a aristocracia».

[5]    É doce e honroso morrer pela Pátria

[6]    http://arquivodigital.defesa.pt/Images/winlibimg.aspx?skey=&doc=276913&img=12369.

[7]    http://arquivodigital.defesa.pt/Images/winlibimg.aspx?skey=&doc=276913&img=12380.

[8]    Este conjunto de quatro volumes publicados pelo General de Divisão Florêncio de Sousa Pinto designado por “Divagações Históricas”, ilustram a sua visão num período específico da história militar de Portugal, teve como objetivo angariar fundos para a Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha, de que era presidente, e constitui uma das melhores obras sobre o General Gomes Freire de Andrade.

[9]    http://www.arqnet.pt/dicionario/wiederhael.html.

[10]    http://arquivodigital.defesa.pt/Images/winlibimg.aspx?skey=&doc=276913&img=12380.

[11]    http://arquivodigital.defesa.pt/Images/winlibimg.aspx?skey=&doc=339296&img=14970.

[12]    http://arquivodigital.defesa.pt/Images/winlibimg.aspx?skey=&doc=340616&img=15035.

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Luís Manuel Brás Bernardino

Diretor-gerente e Sócio efetivo da Revista Militar.

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