O Império debaixo de Fogo
Ofensiva Contra a Ordem Internacional Unipolar
Reflexões sobre Estratégia V
Esta obra do Excelentíssimo General, José Alberto Loureiro dos Santos, Sócio Efectivo da Revista Militar desde 16 de Dezembro de 1982 (Nº228), quinto volume das suas oportunas e prospectivas “Reflexões sobre Estratégia”, constitui-se meritória investigação, face a possível declínio militar e político dos EUA.
“O Império debaixo de Fogo”, articula-se em sete capítulos: O Império debaixo de Fogo; O Terrorismo Catastrófico; O Regresso da Ásia aos Níveis Superiores de Influência Estratégica; Outros Desafios à Actual Ordem Internacional Unipolar; Aspectos Significativos da Estratégia Norte-Americana; A Reconstituição do Espaço Geopolítico Europeu, sendo o último (sétimo), Como Defender Portugal no Século XXI.
A preocupação com a guerra da informação, e com a utilização das novas tecnologias de comunicação como território, atravessa a obra dando-lhe actualidade e alertando para a necessidade de aperfeiçoar o controlo sobre estes meios. “A Internet substituiu o território afegão e transformou-se num santuário suficientemente amplo e seguro para conduzir as operações de instrução e treino, se bem que prática e a experiência terão de ser adquiridas posteriormente nos campos de batalha em que a Al Qaeda está interessada, como na Chechénia e no Iraque.”
Nas considerações sobre a metodologia seguida pelos EUA na reacção ao terrorismo catastrófico, empenhando quase em exclusivo resposta militar, o autor talvez seja demasiado crítico na forma como se refere à preferência pela utilização da política e da economia, dos aspectos sociais e ideológicos, dos domínios judicial e policial e ainda de “uma participação especial das actividades de informações.”
O pormenor como se apresenta o regresso da Ásia aos níveis superiores de influência estratégica, onde se destaca a influência da Rússia e da Índia nas movimentações políticas, económicas e militares da China, é uma das temáticas mais esclarecedoras e actualizadas da livro face ao conhecimento do tabuleiro estratégico mundial.
A problemática do Brasil como potência regional, e de emergência global, reivindicando um lugar de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, também se analisa interligando interesses convergentes com os EUA.
Na sequência de outras investigações e opiniões expressas em livros e artigos o General dedica considerável espaço ao tratamento da melindrosa questão dos militares actuando em democracias se organizarem, em especial nas forças terrestres, com base no serviço militar obrigatório ou forças profissionais, admitindo, em termos conclusivos, que a solução seguida nos EUA, Portugal e outros países, dispondo de voluntários contratados e de quadros permanentes, está a resultar.
A seguir à passagem pela reconstituição do espaço geopolítico europeu onde marca a importância de políticas externa e de segurança e defesa comuns na União Europeia, o General Loureiro dos Santos termina com um capítulo designado, Como defender Portugal no século XXI, onde destaca a ligação aos espaços geopolíticos Atlântico e Europeu, e um terceiro círculo, constituído pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Obra vasta e oportuna honra quem a produziu, merecendo cuidado estudo por parte dos militares e civis interessados no mundo da Estratégia.
A Revista Militar agradece a “Publicações Europa-América” o exemplar enviado para a sua Biblioteca e felicita, agradecendo tão oportuno trabalho no âmbito da Segurança e Defesa Mundial, o Excelentíssimo General Loureiro dos Santos, por mais esta contribuição para a evolução do pensamento, e da acção estratégica, portuguesa e mundial.
António de Oliveira Pena
Coronel, Director-Gerente do Executivo da Direcção da Revista Militar
Lagunae - Lagoas
Minha Aldeia Romana
Romance de uma Época na História Profunda
Com este título sugestivo, e Edição da Europavizinha - narradores, o nosso Sócio Efectivo, e ex-Presidente da Direcção, Tenente-General José Lopes Alves, enriquece as letras portuguesas com mais uma obra de sua autoria a todos os títulos muito interessante e que se lê com enorme agrado.
A acção passa-se no Trás-os-Montes romanos, quando a Sétima Legião em Lugo e Leão tinha a responsabilidade territorial das terras A Norte do Douro. Lagunae, seria uma povoação, com a designação actual de Lagoas, no concelho de Valpaços, onde duas importantes vias romanas se cruzavam.
Com rigor histórico na descrição dos tempos, costumes e caracterização do instrumento militar romano, o Autor faz-nos percorrer um mistério e um sonho, que se torna de leitura fascinante.
A Revista Militar deseja felicitar o nosso General Lopes Alves por mais esta interessante história, que a par de outras suas aventuras no romance histórico mostram como se podem conciliar o pensamento científico, de que já nos deu importantes provas nos domínios da segurança, da estratégia e da geoestratégia, com a arte e escrever.
Gabriel Augusto do Espírito Santo
General, Presidente da Direcção da Revista Militar
José Maria Hermano Baptista
Um Herói na Grande Guerra
1917 - 1919
O conhecimento da vida do Combatente da Grande Guerra, 1º Cabo promovido a 2º Sargento Miliciano em 22 de Março de 1918, José Maria Hermano Baptista, pelo autor do livro, surge em 2002, na Escola Prática de Infantaria durante a Exposição “Imagens da I Guerra Mundial”.
Este trabalho, resultante de cuidada e oportuna pesquisa, foi desenvolvido pelo Coronel de Infantaria, Madaleno Geraldo, na disciplina de História Militar I, integrada no curso de mestrado em História Militar, realizado na Universidade dos Açores em parceria com a Academia Militar, pela forma como está apresentado e pelo tema mereceu publicação pela Editora Prefácio, colecção História Militar.
O Historiador, Professor, José Hermano Saraiva, sobrinho e afilhado do Sargento Hermano Baptista, preparou o Prefácio, memento muito especial que valoriza a obra e lhe dá um toque sentimental de rara oportunidade.
O livro descreve a vida dum Combatente da Grande Guerra (1914/1918), português sensacional que soube viver em três séculos, 1895 a 2002, que ao ser questionado, aos 106 anos, numa homenagem que lhe foi prestada na EPI, sobre os motivos que permitiram atingir tal idade, respondeu: “Em primeiro lugar não ser invejoso; segundo não ser ambicioso, demasiado ambicioso; terceiro, sempre que possível fazer o bem; quarto, evitar fazer o mal, e em quinto e último lugar, seguir alguns dos princípios religiosos.”
Hermano Baptista foi ferido na Batalha de La Lys, depois de algum tempo hospitalizado em Wesel foi prisioneiro de guerra no campo de concentração de Friedrichsfeld, Maio a Dezembro, lembrando esse período por forma muito especial de aceitação, diz-nos: “Afinal os alemães não eram aqueles ‘terríveis’ Boches que nos tinham habituado a tanto temer. Não só não nos fizeram mal como até me olhavam pesarosamente dizendo: Kaput? E lá seguiram o seu caminho avançando com as suas metralhadoras ligeiras sempre protegidos pela artilharia que lhes ia limpando o caminho”, explicando, Os alemães do tempo do Kaiser Guilherme II não eram os mesmos do tempo do famigerado Hitler. Se fossem tinham acabado comigo.
O trabalho de mestrado do Coronel Madaleno Geraldo descreve o regresso a Portugal dos heróis nacionais, que foram defender a liberdade do mundo em França, como acontecimento para esquecer pela forma miserável como se preparou a recepção dos militares que só não morreram por milagre.
A iniciativa do estudo e esforço de publicação das memórias do 2º Sargento Miliciano, José Maria Hermano Baptista, constituem importante trabalho que importa conhecer, estudar e divulgar, no sentido de procurar outros valores militares desenvolvidos na Grande Guerra, que se encontram esquecidos, e por certo enriqueciam a História Militar dessa época.
A Revista Militar agradece ao Coronel de Infantaria, José Custódio Madaleno Geraldo, o exemplar enviado para a sua Biblioteca e felicita a Prefácio - Edição de Livros e Revistas Lda, por mais esta contribuição para divulgar a História Militar Portuguesa.
António de Oliveira Pena
Coronel, Director-Gerente do Executivo da Direcção da Revista Militar
A Arte da Guerra
Sun Tzu
Como em crónica anterior sobre o mesmo título, mas de Maquiavel, se disse, “a sublime ciência a que os gregos chamaram Estratégia continua a desenvolver-se nas Edições Sílabo, colecção ‘Clássicos do Pensamento Estratégico’”. Esta obra, escrita há 2 500 anos, é pela primeira vez apresentada em Portugal na versão de 1910 (Londres e Xangai, Luzac and Co) do sinólogo inglês Lionel Giles. Atendendo às controvérsias que ao longo dos anos “A Arte da Guerra”, atribuída a Sun Tzu, tem provocado, e à sua actualidade nos campos militar e empresarial, considera-se inspiradora de estrategos e de gestores, mais esta versão em português, na sequência das duas anteriores (General Pedro Cardoso, 1974, e Europa América, 1983) realizadas a partir da tradução do General dos EUA (Marines) Samuel Griffith (Nova Yorque, 1963), que foi adoptada oficialmente pelos serviços de tradução da UNESCO.
Para além do rigor e da qualidade literária o trabalho de Lionel Giles salienta-se pela Introdução, elevada quantidade de notas e abundância de comentários de historiadores chineses.
Na vasta Introdução, Lionel Giles, referindo-se aos Comentadores da obra de Sun Tzu, diz: “Sun Tzu pode gabar-se de ter um grande e distinto rol de comentadores, que honrariam qualquer clássico. Ou-yang Hsiu comenta este facto, embora ele tenha escrito antes da lenda estar consumada, e explica-o muito engenhosamente dizendo que os artifícios da guerra, sendo inesgotáveis, devem poder ser tratados de muitos modos diferentes”.
A obra está organizada em treze capítulos, sendo fascinante a sua leitura total, que se faz num fôlego, desde Estabelecimento de Planos (I) a, A Utilização de Espiões (XIII), passando por, Condução da Guerra, Atacar através de Estratagemas, Disposições Tácticas, A Energia, Pontos Fracos e Fortes, Manobras, Variações Tácticas, O Exército em Marcha, O Terreno, As nove Situações e Ataque com Fogo.
Para despertar apetência pela obra e valorizar a interligação com os mundos da gestão e das empresas, transcrevem-se duas pequenas partes. Do número 60 do capítulo, As nove Situações, “Na guerra, o êxito alcança-se quando nos adaptamos cuidadosamente aos propósitos do inimigo”, cujo comentário de Ts’ao Kung salienta, “Fingimos estupidez - aparentando ceder e fazer o que o inimigo deseja... O objectivo é torná-lo negligente e desdenhoso antes de atacarmos. E do último número da obra, 27, do capítulo XIII - A Utilização de Espiões, Assim, apenas o governante iluminado e o general sábio utilizarão as maiores inteligências do exército para fins de espionagem, obtendo desse modo grandes resultados. Os espiões são um elemento muito importante na guerra, pois deles depende a habilidade de movimento do exército.
Nesta A Arte da Guerra, Sun Tzu, expõe conceitos opostos aos de Clausewitz onde se salientam a contenção do uso da força e o recurso a estratégias progressivas e indirectas na abordagem dos conflitos, na caminhada para se conseguir vencer sem combater.
A Revista Militar agradece a “Edições Sílabo” o exemplar enviado para a sua Biblioteca e felicita a Editora por mais esta contribuição para a evolução do pensamento, e da acção estratégica, em Portugal.
António de Oliveira Pena
Coronel, Director-Gerente do Executivo da Direcção da Revista Militar
Cipião, o Africano
Maior que Napoleão
As Edições Sílabo, numa feliz iniciativa e na sua Colecção de rico conteúdo sobre o pensamento estratégico, tem dado a conhecer aos leitores portugueses importantes clássicos que, se não se liam no original, citavam-se por ouvir dizer.
Surge agora uma obra importante de B.H. Liddell Hart, pensador da estratégia indirecta. A obra, com um prefácio muito esclarecedor do Tenente-General Garcia Leandro, leva-nos ao tempo dos aparelho militares romanos, onde uma Grande Estratégia do Império assentou muito no vector militar.
Recomendamos a leitura desta obra a quem se interessar sobre Roma e o seu Império e a sua aventura contra Cartago.
Às Edições Sílabo agradecemos a distinção que lhe tem merecido a Revista Militar com o envio das suas obras editadas.
Gabriel Augusto do Espírito Santo
General, Presidente da Direcção da Revista Militar