“Kissinger e Brzezinski”
pelo Tenente-Coronel Carlos Manuel Mendes Dias
Nos primeiros dias do passado mês de Junho, a Editora Prefácio levou a efeito, na Academia Militar, o lançamento do livro Kissinger e Brzezinski, da autoria do Tenente-Coronel de Artilharia Carlos Manuel Mendes Dias. Conforme a nota do autor, trata-se de uma obra de investigação “com base na sua dissertação de mestrado em Estratégia (no ISCSP da Universidade Técnica de Lisboa): Kissinger e Brzezinski - os caminhos da superpotência; diferença, complementaridade ou confluência?
Tomando como ambiente de referência o conteúdo de uma vasta e rica bibliografia, o TenCor Mendes Dias remete-nos para as posições assumidas pelas duas personalidades, em tempos diferentes, dissecando as respectivas ideias em relação às linhas de acção que os EUA deveriam adoptar nos mais diversificados cenários mundiais, tendo em comum o pensamento da “superpotência” como entidade mundial hegemónica.
Para responder à pergunta que titula a sua tese, o investigador penetrou em aspectos políticos e intelectuais de Kissinger e Brzezinski, concretamente nas suas perspectivas de pensamento e linhas de acção política, determinando as regiões abrangidas pelas convergências, diferenças ou complementaridades de ideias e explorou as respectivas opiniões, relativamente a algumas teorias geopolíticas - Mackinder, Haushofer, Spykman, Cohen, Mahan, Castex, Ratzel e Gray - especialmente, quando aplicadas a determinados espaços geográficos do Sistema Político Internacional.
A organização do livro inclui seis sinopses com a recensão de obras dos autores analisados: de Henri Kissinger - «Anos de Renovação» e «Does América Need a Foreign Policy? Toward a Diplomacy for the 21st Century?»; de Brzezinski - «EUA-URSS; o Grande Desafio», «The Grand Chessboard», «The Geostrategic Triad» e «The Choice».
Em Kissinger e Brzezinski - os caminhos da superpotência; diferença, complementaridade ou confluência? faz-se uma aproximação à Ordem Internacional, no que concerne à relação EUA e a Europa (o Elo Transatlântico, a Integração Europeia, OTAN e União Europeia, a Rússia), com uma curtíssima caracterização da política da Aliança Atlântica, e com uma análise comparativa, salientando pontos de confluência, complementaridades e diferenças, de situações como as de França e Alemanha, Ásia (China, Índia, Coreia do Sul, Japão e as coligações China-Rússia e China-Japão) e do Próximo/Médio Oriente (Irão, Arábia Saudita, Iraque, Turquia e Israel), bem como de outros espaços (África, Balcãs Euro-asiáticos e América Latina).
A Revista Militar felicita o autor por esta publicação, que faz uma leitura e uma interpretação, actuais de vertentes importantes das relações estratégicas e de política externa internacionais, constituindo um bom instrumento de trabalho para quem se debruça sobre estes temas, e agradece a sua oferta.
Adelino de Matos Coelho
Major-General, Sócio Efectivo da Revista Militar
Jorge Borges de Macedo: Saber continuar
- A Experiência Histórica Contemporânea, Comemorações do Legado Bibliográfico
“Jorge Borges de Macedo: saber continuar” é o título de uma obra organizada por seu filho, Professor Doutor Jorge Braga de Macedo, e editado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, na sequência de uma mesa redonda realizada em 22 de Junho de 2005, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde estiveram presentes personalidades que conheceram, acompanharam ou investigam a vida e a obra do historiador e pedagogo, e na sequência da apresentação do Catálogo do seu Legado Bibliográfico à Faculdade de Letras.
O resumo inicial do livro, que a seguir se reproduz, incentiva-nos a sua leitura imediata, remetendo-nos para as temáticas dos capítulos, cada um dos quais se subdivide em subtítulos, correspondentes a partes da obra acompanhadas num DVD onde estão gravadas a base de dados do legado bibliográfico e as sessões de homenagem, bem como a digitalização do próprio livro.
Em A Experiência Histórica Contemporânea, o capítulo 1 trata da cena internacional e o capítulo 2 da experiência portuguesa de 1974 a 1994. Em Comemorações do Legado Bibliográfico, cinco capítulos constituem a mesa redonda “saber continuar”, reproduzindo as quatro comunicações de 22 de Junho e respectivo debate depois das reflexões do moderador que vêm no capítulo 3.
No capítulo 4, esboça-se uma interpretação de História Diplomática Portuguesa: constantes e linhas de força, 1987, que o Instituto da Defesa Nacional vai reeditar em 2006. O capítulo 5 trata das constantes e linhas de força da ideia de Europa na obra de Jorge Borges de Macedo. O capítulo 6 inspira-se no interesse permanente de Jorge Borges de Macedo por bibliotecas e arquivos, particularmente evidente quando dirigiu a Torre do Tombo. O capítulo 7 retira um conceito de liberalismo da obra de Jorge Borges de Macedo.
O capítulo 8 reproduz uma comunicação na sessão de 12 Abril, na qual o organizador da edição e moderador da mesa redonda oferece a sua perspectiva sobre a vida e obra de seu pai.
Assim, destinando-se a «quem queira compreender a situação económica, social e política de Portugal no último quartel do século XX, assentando a explicação na experiência mundial, europeia e nacional», o livro aborda ainda um exemplo a preservação do património secular, no âmbito do Instituto de Investigação Científica Tropical, evocando-se o equilíbrio entre política nacional e amor ao próximo no passado, no presente e no futuro», uma temática muito ao gosto do Professor Borges de Macedo.
O livro inclui importantes intervenções e comentários de notáveis investigadores e especialistas sobre a vida e obra do homenageado, com destaque para o prefácio da autoria do Professor Doutor Armando Marques Guedes, Presidente do Instituto Diplomático, os quais evocam memórias sobre a vida e a obra do Professor Doutor Borges de Macedo, levantam questões sobre o impacto do seu trabalho nas questões da actualidade e sobre as obras em si e partilham experiências sobre como os seus livros serviram de base a muitos trabalhos de investigação, incluindo comentários sobre a ordem internacional actual, em particular sobre a Europa e os países do sul, sobre o liberalismo e outros assuntos, tendo em conta a perspectiva do historiador, «com elogios à sua personalidade e profissionalismo, com vocação, perspicácia, eficácia pedagógica, clareza de exposição, visão profunda na análise da história e dos problemas».
Trata-se, pois, de uma obra que, além de nos dar a conhecer o perfil cultural e científico do Professor Borges de Macedo, nos transporta para campos de aprendizagem e de reflexão nos domínios da cultura portuguesa, da historiografia contemporânea, da sociologia, da política interna e externa, da diplomacia e da estratégia, com destaques muito oportunos para a sua vastíssima obra com cerca de meio milhar de títulos. A utilização das tecnologias de digitalização de vídeos e do texto constitui uma facilidade que poderá despertar do interesse no melhor conhecimento da obra e da vida do homenageado.
A Revista Militar agradece a oferta desta publicação e felicita os organizadores e participantes nas comemorações e homenagens ao insigne historiador.
Adelino Matos Coelho
Major-General, Sócio Efectivo da Revista Militar
O Reencontro
Da Ponte Aérea à Cooperação
Tenente-General Gonçalves Ribeiro
Na sua obra anterior, “A Vertigem da Descolonização”, o autor dera-nos conta dos factos ocorridos após as Independências e que, em particular em Angola e Moçambique, originaram o êxodo das populações (nem todas de origem europeia) e a que a “Ponte Aérea” deu resposta adequada.
Parecia que, como alguns então anunciaram, seria muito difícil recuperar dos traumas da (des)colonização e conseguir relações estáveis com os novos Países.
No entanto, logo a partir de 1975 e até 1979 firmam-se Acordos Gerais de Cooperação entre Portugal e os novos países africanos saídos da Descolonização.
Na mesma época e para espanto de muitos que, por não conhecerem os militares, não o julgaram possível, foram surgindo iniciativas e contactos por parte de todos aqueles países solicitando apoios técnicos e serviços no campo da Cooperação Militar.
Incipiente no princípio, a Cooperação Militar foi ganhando estruturas tendo sido assinados em 1988 e 1989 os primeiros acordos de Cooperação na área militar.
É, no entanto, com a criação da Direcção-Geral de Política de Defesa Nacional em Junho de 19891 e de que o autor foi o primeiro titular, que se difunde num conjunto de normas, critérios e prioridades que passam a enformar a “Cooperação Técnico Militar (CTM)”.
O que foi o seu desenvolvimento entre 1989 e o fim de 2000, onde avulta a capacidade de resposta dos três Ramos das Forças Armadas, consta dos capítulos III e V.
A cronologia e as vicissitudes dos Processos de Paz em Angola e Moçambique (onde a CTM teve acção muito relevante em especial em Angola) consta do capítulo IV.
Se outro mérito esta obra não tivesse, bastar-lhe-ia para ser importante no registo da história recente do nosso País poder funcionar como “memória futura” de tudo o que foi feito, com rigor, isenção e afectividade na área da Cooperação Militar, entre povos que, embora saídos de uma relação difícil e controversa, nunca perderam o sentido da fraternidade e, de facto, se reencontraram.
Um livro a não perder.
Cuidada edição da “Editorial Inquérito”.
Manuel Carlos Teixeira do Rio Carvalho
Coronel Tir, Vogal da Direcção da Revista Militar
Polícia de Segurança Pública
Das Origens à Actualidade
As páginas desta obra histórica sobre a Polícia de Segurança Pública constituem-se primeira publicação a trabalhar o tema por forma abrangente, sistematizado e de linguagem acessível ao comum dos leitores.
Nesta pequena informação com o objectivo de dar a conhecer o livro aos leitores da Revista Militar considera-se de começar por felicitar o seu autor pelo relato sóbrio e esclarecido, fundamentado em documentos e factos históricos, que obrigam os estudiosos da PSP a compreenderem o passado, viverem o presente e influenciarem o futuro. Parabéns ao Prof João Cosme, doutor em História, por esta boa pista para estudar a tradição policial portuguesa.
A obra parte da análise científica, em termos etimológicos, da palavra Polícia, alonga-se por oito capítulos, seguindo-se Considerações Finais, Cronologia - A PSP e a História de Portugal, Quadros, Documentos, Fontes e Bibliografia, terminando com Ilustrações. Os Primórdios da Polícia, Cap I, começam com D. Afonso Henriques (1139) e terminam com a Reforma Administrativa de 1835/1836; seguem-se A Polícia Cívica (1867-1910), Cap II; Da Implantação da República ao 28 de Maio de 1926, Cap III; Do 28 de Maio ao Plebiscito da Constituição (1926-1933), Cap IV; Do Estado Novo ao Fim da Segunda Guerra Mundial - A definição de um modelo policial (1933-1945), Cap V; Do Fim da Segunda Guerra Mundial à Morte de Salazar (1945-1968), Cap VI; Da Tomada de Posse de Marcello Caetano ao 25 de Abril (1968-1974), Cap VII e, por fim, o oitavo capítulo, Do 25 de Abril de 1974 aos Nossos Dias.
O Director Nacional da Polícia de Segurança Pública, Dr Orlando Romano, prefaciou a obra, dizendo que a identidade institucional da PSP não poderá ser totalmente apreendida nem compreendida se nos não reportarmos às suas origens e respectiva evolução, e terminando, talvez podendo provocar polémica, com: Igualmente apreenderemos, de forma inequívoca, ser a Polícia e Segurança Pública a única herdeira da tradição policial portuguesa, emergindo ainda no presente como a verdadeira Polícia nacional Portuguesa.”
O livro do professor João Cosme tem muita particularidade, merece ser lido e estudado por toda a população portuguesa, tendo em vista a interligação correcta entre as Forças de Segurança e a Sociedade Civil. Afinal, a Polícia também somos nós, são as últimas palavras das Considerações Finais.
A Revista Militar agradece a “Edições Sílabo” o exemplar enviado para a sua Biblioteca; felicita a Editora pelo apoio dado a obra de tão vasto fôlego; saúda os autores da composição iconográfica, da capa (excelente enquadramento) e da contracapa; e cumprimenta, felicitando efusivamente, o Autor, por tão oportuno trabalho.
António de Oliveira Pena
Coronel, Director-Gerente do Executivo da Direcção da Revista Militar
1 Era Primeiro-Ministro o Professor Cavaco Silva e Ministro da Defesa Nacional o Dr Eurico de Melo.