Nº 2675 - Dezembro de 2024
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
General Carlos de Barros Soares Branco (1886/1963)
Coronel
António de Oliveira Pena

Introdução

A biografia do general (tenente-general), oriundo da Arma de Engenharia, Carlos de Barros Soares Branco (1886/1963), agora publicada pela Revista Militar, fez-se tendo em consideração que a História Não Dorme, principal conceito para procurar que se alargue o conhecimento da vida profissional deste General.

No artigo repetem-se dados publicados noutros meios de comunicação escritos, salientando-se os livros:

“Os Generais do Exército Português” ; atas sobre o 28.º Colóquio de História Militar, realizado em novembro de 2019 (Palácio da Independência/Lisboa); “As Transmissões na Grande Guerra – Relatório do Capitão Soares Branco”, autor, coronel, mestre em História Contemporânea de Portugal, Aniceto Afonso, Âncora Editora, março de 2020; “Arma de Transmissões – 50 anos ‘POR ENGENHO E CIÊNCIA’ (1970-2020”, Volume II, Edição Gráfica, Centro Audiovisuais do Exército, Edição 4 de maio de 2023, Vultos Relevantes da Arma de Transmissões.

No blogue da Comissão da História das Transmissões Militares (https://historiadastransmissoes.com) estão posts sobre o general Soares Branco, Oficial do Exército que assumiu tarefas diversificadas durante um período da vida portuguesa de elevada complexidade política, militar, social e económica.

A forma como cumpriu com sucesso, ao mesmo tempo (acumulando) funções militares e funções públicas, merece investigação relacionada com Duplo Uso, prática atualmente assumida pelas Forças Armadas Portuguesas. As funções desempenhadas, ambas de reconhecido mérito, desde 1922 (major, com 33 anos) a 1948 (tenente-general com 62 anos quando passou à reserva), embora tivesse continuado como Governador Interino no Banco de Portugal, até 20 de junho de 1956, quando atingiu o limite de idade (70 anos).

O artigo está organizado em quatro ambientes funcionais:

– Carreira militar de 1910 a 1922 (subalterno, capitão e major) – participando na Grande Guerra como capitão Chefe do Serviço Telegráfico do Corpo Expedicionário Português (CEP);

– Continuação da carreira militar (1922/1948) – major a general acumulando com funções públicas;

– Funções públicas como Vice-Governador do Banco de Portugal (1931 a 1956) – tenente-coronel a general. Intervenção nas comemorações do Centenário do Banco de Portugal (1846/1946), “Alocução do Vice-Governador, Carlos de Barros Soares Branco, no Centenário do Banco, em 19 de Novembro de 1946”; salienta-se do texto que se obteve, “Na nossa frente, destacam-se grossos volumes em que foram compilados os documentos essenciais para que a história do Banco de Portugal um dia venha a ser feita”. A partir de 1936, devido à saída do Governador, assumiu o governo do Banco de Portugal como Governador Interino, função que exerceu até 1956 quando aos 70 anos atingiu o limite de idade.

– Resumo de intervenções que justificam a nomeação para Chefe do Serviço Telegráfico do Corpo Expedicionário Português e as acumulações de militar no ativo com funções públicas. O desempenho no posto de capitão, Chefe do Serviço Telegráfico do CEP, onde trocou impressões com oficiais ingleses, por certo contribuiu para exercer, com sucesso, competências diversificadas. A inteligência e outros méritos, permitiram que fosse excelente militar e mostrasse disponibilidade para se envolver em política, assumindo tarefas num tempo português complicado: Primeira República; adaptação à Ditadura e vivência da Guerra do Ultramar que se iniciou em 1954 na Índia Portuguesa e continuou em África a partir de 1961.

 

1. Carreira militar (1910/1922)

Subalterno, capitão e major – Participação na Grande Guerra

O general Carlos de Barros Soares Branco, nasceu no Porto em 20 de junho de 1886 e morreu em Lisboa, no dia 4 de março de 1963. Aluno do Colégio Militar, n.º 192, de 1896, depois do curso assentou praça no Batalhão de Cavalaria n.º 2, Lanceiros D’El-Rei, em julho de 1905, ingressando como 1.º sargento-cadete na Escola do Exército (hoje Academia Militar – AM). Em novembro de 1910, terminou o curso de Engenharia, sendo promovido a alferes. Seguidamente, foi nomeado professor do curso de habilitação para 1.º sargento que se realizava no Destacamento de Engenharia (EPE/Tancos).

Em acumulação de serviços, em fevereiro de 1914, ingressou no Estado-Maior de Engenharia como Adjunto da Inspeção-Geral de Fortificações e Obras Militares, com funções de Vogal da Comissão Técnica de Telegrafia Militar e da Comissão Técnica de Pioneiros. Em dezembro de 1915, foi promovido a capitão, passando a Adjunto da Inspeção do Serviço de Pioneiros.

A partir de junho de 1916, é lente da 6.ª e 7.ª cadeira da Escola de Guerra, hoje AM e nesse ano nomeado Chefe do Serviço Telegráfico da Divisão de Instrução. A sua atuação nas manobras de Tancos foi notável, tendo sido escolhido para Chefe do Serviço Telegráfico do Corpo Expedicionário Português, partindo para a Flandres (França), em 17 de janeiro de 1917.

A ação do capitão Soares Branco na Grande Guerra pormenoriza-se no número 4 (INTERVENÇÕES ESCRITAS PUBLICADAS), salientando-se que dela resultaram louvores e condecorações excecionais, Oficial da Ordem Militar de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito, Cavaleiro da Legião de Honra (França) e Military Cross (Inglaterra).

A escolha para participar na Grande Guerra justificou-se observando as seguintes publicações:

– Números 55/56/58/59/60/64/65 e 66 de 1930 da Revista de Artilharia, autor: tenente-coronel Eng. Soares Branco. Título: A Batalha de “La Lys” e as transmissões. Assunto: Reconstrução da Batalha de “La Lys” (Guerra de 1914/18) através dos registos de relatórios e depoimentos obtidos nos registos do Serviço de Transmissões. Lição Inaugural realizada na sessão de abertura do ano letivo 1929/1930 da Escola Militar.

– Número de 1947 da Revista de Engenharia Militar. Na p. 189, A Grande Guerra 1914-1918 e a formação do engenheiro militar, autor: General Soares Branco, p. 207, As tropas de telegrafistas, autor: Coronel de Eng (reserva) Heitor de Mascarenhas Inglês1.

– Livro: As Transmissões Militares da Guerra Peninsular ao 25 de Abril, edição da Comissão Portuguesa de História Militar, autoria: Comissão da História das Transmissões, Lisboa, 2008.

– Blogue da Comissão da História das Transmissões Militares (referido na Introdução), destacando-se o post do major-general António Luís Pedroso de Lima (22 de janeiro de 2013).

– Livro, As Transmissões na Grande Guerra (referido na Introdução)2.

O capitão Soares Franco regressa de França, em 25 de outubro de 1918, retomando as funções de professor na Escola Militar (AM), em junho de 1919. Em outubro, foi nomeado para a comissão encarregada dos estudos para dotar o Ministério da Guerra de meios para preparar a legislação para aperfeiçoar o Decreto de 25 de maio de 1911. Em 17 de abril de 1920, é promovido a major, em maio, nomeado instrutor da Escola Central de Oficiais, hoje, Instituto Universitário Militar (IUM), em janeiro de 1922, efetivou-se como lente da 18.ª cadeira da AM.

– Volume II, Edição Gráfica, Centro Audiovisuais do Exército, Edição 4 de maio de 2023, Vultos Relevantes da Arma de Transmissões (referido na Introdução).

1.º Sargento-cadete, 1905, 19 anos.

 

Cavaleiro da Legião de Honra (França) – Guerra Mundial 1914/1918.

 

Militar Cross (Inglaterra) – Guerra Mundial 1914/1918.

  

Ordem Militar de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito.

 

2. Continuação da carreira militar (1922/1948)

Major a General (Tenente-general) – Acumulando com FUNÇÕES PÚBLICAS

Ainda no posto de Major, surge o desempenho de funções de âmbito público, em acumulação com os cargos militares, tendo sido, de 1922 a 1923, Inspetor dos Câmbios, na Inspeção dos Câmbios do Ministério das Finanças, onde foi vogal delegado do Conselho do Tesouro, de 1924 a 1926, tendo sido neste período, junho de 1924, nomeado para a comissão encarregada de preparar as bases da reorganização dos Serviços Técnicos da Arma de Engenharia. Entretanto, em 1925, ocorreram duas situações especiais. Em 19 de junho, ingressa no Banco de Portugal como Secretário-Geral, nomeação por Portaria de 11 de julho, autorizada pelo Presidente da República, Manuel Teixeira Gomes. A outra situação ocorreu nas últimas eleições legislativas da I República, realizadas em 8 de novembro, tendo sido eleito Deputado por Cabo Verde, pelo Partido Republicano Português (PRD)3. No Diário da Câmara dos Deputados, sessão n.º 66, de 8 de abril de 1926, a Ordem do Dia menciona, “Parecer sobre o regime da indústria e comércio dos tabacos”, referindo que “usaram da palavra os Srs Pestana Júnior e Soares Branco4. Esta intervenção teve como base ter sido nomeado relator da proposta de lei relativa ao Regime dos Tabacos.

Em 28 de maio de 1927, foi promovido a tenente-coronel para o Quadro de Comissões, passando, em 2 de julho, a professor efetivo da 17.ª cadeira da Escola Militar (AM) e, no ano seguinte, também professor da 2.ª cadeira Auxiliar do curso de Estado-Maior na Escola Central de Oficiais (IUM).

Em 1931, continuando no Banco de Portugal, foi nomeado Vice-Governador, confirmado em 30 de junho de 1936, pelo Ministro das Finanças, António de Oliveira Salazar e, sucessivamente, por outros ministros. Em 1936, por saída do Governador, passou a Governador Interino, cargo que exerceu até 20 de junho de 1956, quando atingiu o limite de idade (70 anos).

Promovido a coronel, em 26 de dezembro de1939, sendo a partir de março do ano seguinte professor interino do 1.º grupo de matérias do curso de Estado-Maior, presidindo, em 1941, ao júri de avaliação das provas especiais de aptidão para a promoção a Major dos capitães do extinto Quadro Auxiliar de Engenharia. Em 31 de julho de 1942, ascendeu ao posto de coronel tirocinado, no ano seguinte foi nomeado Inspetor das Tropas de Comunicação e professor do Curso dos Altos Comandos (CAC), no Instituto de Altos Estudos Militares (IUM). Promovido a brigadeiro (major-general), em 24 de maio de 1943, foi nomeado, em fevereiro de 1945, Inspetor das Tropas de Transmissões. Em 21 de junho1946, é promovido a general (tenente-general). No ano letivo 1947-1948, voltou a ser professor do CAC, que deixou em julho de 1948, por ter passado ao Quadro de Reserva (62 anos), atingindo a Reforma, em 20 de junho de 1956 (70 anos).

Neste trabalho considera-se de incluir algumas referências expressas no livro “Os Generais do Exército Português”, III Volume, II Tomo, pp. 59/60/61, relacionadas com louvores e condecorações. “No decorrer da sua carreira militar foram inúmeros e importantes os cargos, no desempenho dos quais, revelou sempre a maior competência, dedicação e zelo. Foi distinguido com vários louvores, nomeadamente, pela forma como desempenhou o cargo de Chefe dos Serviços Telegráficos a Divisão de Instrução de Tancos (…). No âmbito destas funções, foi, de novo louvado pela sua acção durante o período que serviu no Corpo Expedicionário Português, contribuindo para que o mesmo tivesse sido um dos mais bem sucedidos, e o seu mérito foi reconhecido, inclusivé, pelas autoridades do Exército Britânico.

De relevante importância, o louvor atribuído pelo Comandante da Escola Militar (hoje AM), que, desta forma, reconheceu que a competência do seu ensino durante o largo tempo em que leccionou naquela Instituição contribuiu para o bom nome da mesma e o prestígio das instituições militares. De igual modo foi louvado pelo desempenho destas funções, que exerceu ininterruptamente, desde a fundação da Escola Central de Oficiais (1927), no Instituto de Altos Estudos Militares (hoje IUM), onde se destacou como um professor distinto do Estado-maior e o Curso de Altos Comandos, dando um importante contributo, não só ao Instituto como à instrução do Exército.

Foi agraciado com os graus de Comendador e Cavaleiro da Ordem Militar de S. Bento de Avis, Oficial da Ordem Militar de S. Tiago da Espada, Oficial da Ordem Militar de Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito, com as insígnias de Cavaleiro da Legião de Honra, atribuídas pelo governo da República Francesa e com as insígnias da ‘Military Cross’, atribuídas pelo rei de Inglaterra.

Foi também condecorado com as Medalhas Militar de Ouro, Prata e Cobre, da Classe de Comportamento Exemplar, Medalha de Prata, comemorativa das Campanhas do Exército Português, com a legenda ‘França 1916-1918’, Medalhas Militar de Ouro e Prata, da Classe de Bons Serviços e Medalha da Vitória".

 

3. Aspetos especiais das funções públicas como Vice-governador do Banco de Portugal

[1931/1956 – Tenente-coronel a General (Tenente-general)]

Enquanto Vice-Governador, colaborou na reforma monetária de 1931 e no novo Contrato entre o Estado e o Banco. Ainda neste ano, assumiu posições relacionadas com o Banco de Portugal na crise madeirense, havendo uma referência na p. 155 do livro “O Banco de Portugal e a Sociedade Madeirense – Da Fundação até finais da Segunda Guerra Mundial", de João Abel de Freitas, Edições Colibri, fevereiro de 2019, o seguinte (pp. 155 e 157), incluído no ponto 5. O Banco de Portugal e a crise da banca madeirense – O relatório de ex-Comissário do Governo: “Na reunião do Conselho Geral de 19 de Agosto de 1931, presidida pelo Sr. Soares Branco, Vice-Governador foi analisado um pedido do Ministro das Finanças para a concessão de um abono à casa Henrique Figueira da Silva, assunto já tratado em reunião do Conselho de Administração. (…) Seguidamente, o Conselho autorizou também o aumento do crédito concedido, nesta época, à Hinton & Sons, de 2 000 para 3 000 contos para compensar a perda da casa Henrique Figueira da Silva na compra da cana-de-açúcar. E determinou como data limite para a liquidação do referido crédito o dia 31 de Outubro de 1931.” Depois estabeleceu contactos com Bancos Centrais estrangeiros e colaborou na gestão da ajuda, 140 milhões de dólares, oferecida a Portugal pelo Plano Marshall, durante os anos 1948, 1949, 1950 e 1951.

Em 1946, presidiu às comemorações do I Centenário do Banco, tendo na altura proferido uma alocução. Esta intervenção está publicada, existindo um exemplar na Biblioteca do Exército e outro na Biblioteca do Banco de Portugal, e tem a seguinte capa:

BANCO DE PORTUGAL

1846 – 1946

ALOCUÇÃO DO VICE-GOVERNADOR

CARLOS DE BARROS SOARES BRANCO

NO CENTENÁRIO DO BANCO

Em 19 de Novembro de 1946

Esta alocução vai ser destacada no ponto seguinte, Intervenções Escritas Publicadas, mas aqui ficam algumas passagens e um comentário que se considera oportuno. “(…). Cem anos bem pouco significam no processo milenário da história quando inteiramente contidos dentro da vigência normal de uma económica. Então, ainda que continue a verificar-se latentemente a luta entre os imperativos do passado, ciosos de consagrar como definitiva a situação já atingida, e os do futuro, opondo-lhes novas fórmulas de equilíbrio, as sociais prosseguem, confiantes, n sua eterna cruzada em prol da felicidade. pp. 5/6. (…). Na nossa frente, destacam-se grossos volumes em que foram compilados os documentos essenciais para que a história do Banco de Portugal um dia venha a ser feita.

Neste momento, é nosso único propósito juntar-lhes, à guiza de simples comentário, o que da sua análise mais impressionante nos pareceu. p. 7. (…) E, nesta veloz cavalgada, os nossos objectivos ir-se-ão sucedendo, e ver-se-á como a história de um Banco Emissor outra coisa não é senão uma parte da própria história da Nação. p. 8.

1846

(…) O industrialismo dava entre nós os seus primeiros passos sob a égide do liberalismo individualista. Iam-se extremando de cada vez mais a classe dos que conseguiam enriquecer e a dos que continuavam pobres. As condições do trabalho sofriam profundas modificações.

A agricultura continuava, porém, a ser a actividade dominante, mas do seu atraso escrevera, alguns anos antes, um dos constituintes de 1820: [seguem-se 21 pontos] pp. 13/14. (…) Os trabalhos de Mac Adam e de Morse outro tanto operavam nas comunicações. As estradas e os caminhos de ferro começavam a encurtar as distâncias; o telégrafo a zombar do tempo. p. 15. (…)

1946

É da mais cruciante dúvida a quadra que atravessamos, mas algumas esperanças e uma certeza o nosso espírito alimenta, confiado

A organização social é largamente tributária da técnica e esta recebe poderoso estímulo durante os períodos das grandes guerras travadas. Diz-se que aos nossos netos será talvez dada a possibilidade de viver sob o domínio da era atómica. Atribui-se à energia nuclear da matéria características que em muito excedem as da electricidade, em potência, divisibilidade e adaptação. p. 57.

(…) Assim na vida de cada povo, assim na vida internacional de todos os povos.

(…) Podem os homens pôr-se de largada para uma racionalização levada até ao extremo, uma integral planificação, uma concentração política e económica que conduza às colossais metrópoles, onde o nómada urbano vagueie ao sabor da intensa e imediata satisfação das suas necessidades e desejos materiais. Podem perder-se num esbater de fronteiras nacionais, numa solidariedade imposta como a da grilheta, que ao indivíduo atribua apenas um número na longa cadeia que o arrasta ao turbilhão das órbitas que circundam o Estado, onde o político e o económico completamente se monopolizem.

Mas muito bem pode acontecer, e oxalá aconteça, que, imitando as necessidades da táctica perante a eficiência e o poder de destruição das grandes armas, o homem procure na descentralização dissimilada por toda a terra, já susceptível de vida e de conforto, o refúgio para todos os males, a felicidade porque anceia. pp. 58/59.

(…) Em qualquer dos casos o homem tem de manter-se na luta pela vida, e as facilidades das suas trocas assim como o incremento da sua riqueza hão-de continuar a ser servido pelo crédito.

E o crédito imporá sempre a existência de um grande Banco Central.

Tenhamos esperança, tenhamos fé em que a iniciativa individual capaz de elevar e aperfeiçoar o valor da pessoa humana, de estimular o progresso e de lhe garantir a conservação e continuidade, não morra numa desregrada concorrência.

Tenhamos esperança, tenhamos fé em que o direito de propriedade, condição indispensável da manutenção da liberdade e independência do indivíduo, porque assim dele maior proveito advirá para a colectividade, e o trabalho, condição indispensável para que o homem possa subsistir e único pergaminho capaz de o enobrecer, encontrem adequada fórmula para íntima cooperação.

Mas que sempre uma certeza paire nos nossos espíritos: – a certeza de que esta Instituição, desde hoje secular, subsistirá, e, integrada sempre na vida da Nação, continuará a bem merecer do nome que em 1846 lhe outorgaram:

BANCO DE PORTUGAL” (pp. 59/60)

Neste número do artigo incluem-se passagens da ata da sessão do Conselho Geral do Banco de Portugal, realizada em 17 de julho de 1950, para celebrar o 25.º aniversário da entrada do general Carlos de Barros Soares Branco para Secretário-Geral do Banco de Portugal, como “reconhecimento e aplauso dos altos serviços por ele prestados ao Banco de Portugal, e, através do Banco de Portugal, à economia do País.

Serviu o Banco de Portugal, sempre e incondicionalmente, com os seus dotes, superiormente notáveis, de inteligência, dedicação, competência e operosidade, tornou-se por, direito natural, credor do apreço, alta consideração e profunda estima de todos que com ele colaboraram dia a dia no governo e administração deste estabelecimento.

A sua acção destacou-se nas comemorações do centenário da fundação do Banco de Portugal e decisiva colaboração, ewsta ainda atual (1950) execução do Plano Marshall em relação ao nosso país.

Faz hoje precisamente 25 anos que tomou posse como Secretário Geral do Banco de Portugal, nomeado por Portaria de 11 de Julho de 1925. Em 1931 nomeado Vice-Governador. A partir de 1936, pela saída do Governador, assumiu o governo do Banco de Portugal função que desde esse momento ininterruptamente tem exercido. (…)

O ‘menino da Luz’ foi sempre o primeiro do seu curso. O aluno do Colégio Militar ascendeu e conservou-se, durante os sete anos do curso liceal, na primeira linha, pelo sólido cultivo da sua inteligência e pelas superiores qualidades de trabalho que nunca o deviam abandonar. Ficou no Colégio, por sinal fama do seu nome e do seu aproveitamento. (…)

Até ao posto de major, Soares Branco se haja quase exclusivamente entregue às múltiplas obrigações importantes pelo serviço do Exército. (…) E, por sua vez, para que não estranhasse o clima novo, os prémios escolares converteram-se agora em abundantes folhas de louvor. Particularmente quando esteve em França, ao serviço do CEP. Vieram, de resto, também as medalhas e as comendas portuguesas, inglesas e francesas pra testemunhar a conta em que os seus serviços foram tidos pelo estado-maior dos três exércitos. A Torre e Espada, S. Tiago, a Military Cross e a Legião de Honra não faltaram nesse vistoso e honroso dispositivo.

A política (já o demos a entender) dificilmente poderia deixar de tentar o nosso homenageado de hoje: a vasta preparação e a variedade dos seus estudos facilmente explica; exemplos notórios, até em pessoas eminentes da sua família, constituem, para casar com o seu figurino aliciador. Felizmente, porém, para Soares Branco a política não o absorveu, nem em demasia por tempo excessivo (…). Mas quando chegou a hora da sua promoção ao generalato, nada houve que o demovesse – nem cansaços nem interesses – de prestar as suas provas que prestou estrondosamente bem.

Em relação à política, levado pela amizade pessoal de um homem que ele sempre muito prezou, o coronel Vitorino Magalhães, Soares Branco foi primeiro chamado a colaborar no velho Conselho de Tesouro do Ministério das
Finanças. E aí breve se firmaram os seus conhecidos dotes de integridade e desejo de servir. Foi do Conselho de Tesouro, precisamente há vinte cinco anos que transitou para o Banco de Portugal.”

Outras passagens dignas de registo resultam da leitura da ata da Sessão Solene do Conselho Geral do Banco relacionada com a morte do general Soares Branco. A sessão realizou-se entre as 12h00 e as 12h30 de 5 de março de 1963. “O Vice-Governador Sr Dr Jacinto Nunes abriu a sessão e disse: Esta sessão do Conselho Geral do Banco de Portugal é exclusivamente dedicada à memória do antigo Vice-Governador Senhor General Carlos de Barros Soares Branco que faleceu no passado dia quatro.

(…) Falou depois o Vice-Governador Sr Dr Fernando Emygdio da Silva (…) Serviu na I Grande Guerra, em França, era Grã-Cruz da Ordem de Avis, Oficial da Ordem da Torre e Espada e de Sant’Iago de Espada, Cavaleiro da Legião de Honra e mereceu também a “Military Cross”.

Mercê do seu talento e da sua notável folha de serviços, viu-se naturalmente solicitado para a vida pública, foi eleito Deputado por Cabo Verde e nessa qualidade, em 1926, nomeado relator da proposta de lei relativa ao regime dos tabacos.

Em 1922 foi nomeado Inspector de Câmbios e foi também Vogal do Conselho do Tesouro e em 1925 entro no Banco de Portugal onde esteve mais de trina anos.

(…) Com a reforma de 1931 transitou para o lugar de Vice-Governador onde teve de imediato papel de relevo na estabilização do Banco quando se deu a queda da libra.

Em 1936, pela saída do Governador Sr Inocêncio Camacho Rodrigues, atingido pelo limite de idade, assumiu automaticamente nos termos dos Estatutos o exercício do Governo do Banco cuja função e responsabilidade soube corresponder durante vinte anos. Destacando-se a sua acção na celebração do Centenário do Banco em 1946.

Quando em 1956, em virtude de atingir o limite de idade (70 anos) foi extinto o seu mandato prestou o Banco de Portugal as homenagens que no relatório daquele exercício se guardaram, ficando, assim, vivamente expresso a pena que nos deixou vê-lo partir. Dobrado é o nosso desgosto de hoje – e, perante a sua memória ilustre, respeitosa e saudosamente nos inclinamos.

O Sr Pereira Braga pediu a palavra para manifestar o profundo pesar do Conselho Fiscal pelo falecimento do Sr General Carlos de Barros Soares Branco, que foi distinto Vice-Governador do Banco de Portugal.

Ao prestar a sua mais respeitosa homenagem ao prestígio conquistado pelo Sr General Soares Branco, na sua carreira militar, como no desempenho das suas altas funções neste Banco o Conselho Fiscal associa-se, emocionado, às sentidas e justas palavras do Conselho de Administração curvando-se respeitosamente perante a memória do ilustre extinto.

A sessão foi encerrada às 12 horas e 30 minutos, depois de se ter guardado um minuto de respeitoso recolhimento à memória do Sr General Carlos de Barros Soares Branco. Eu, Augusto Lucas, Director dos Serviços de Expediente Geral, subescrevi esta acta.

A sessão iniciou-se às 12 horas e a ata foi assinada pelo Vice-Governador, Dr. Jacinto Nunes.

Nas publicações do Banco de Portugal observadas na internet verifica-se, nos quadros relacionados com Antigos Governadores, que entre o Professor Doutor Inocêncio Camacho Rodrigues, 1911 a 1936, e o Dr. Rafael da Silva Neves Duques, 1957 (seguiu-se ao general Soares Branco que terminou em 1956) a 1963, que existiu demasiado tempo em que o governo do Banco de Portugal foi assumido por Governador Interino. A metodologia seguida na Direção da Arma de Transmissões relacionada com os antigos Diretores é diferente, indicando-se, quando assumida por Brigadeiro, Diretor Interino, o que nos parece mais adequado pelo menos em termos históricos.

Cumprimentado pelo Presidente da República, Marechal Óscar Carmona.
Comemoração do I Centenário do Banco de Portugal – 1946.

 

4. Intervenções escritas publicadas

Contributos para justificar acumulações de Oficial do Ativo com Funções Públicas

Este artigo proposto para publicação na Revista Militar é semelhante, quase igual, ao preparado e que foi publicado nas atas, para basear a intervenção oral que fiz em 2019, no 28.º Colóquio de História Militar, do Armistício à Ditadura Militar – Biografias e Memórias, para demonstrar como foi possível cumprir duas tarefas distintas, com sucesso, em funções e ambientes profissionais e sociais. Para conseguir este objetivo, considerou-se conveniente salientar algumas passagens já referidas.

a. Revista de Engenharia Militar5, a partir de 1910.

No número de abr1912, p. 177, diz-se: “Na noite de 26 de março de 1912 a Assembleia Geral dos Oficiais da Arma elegeram os novos Corpos Gerentes”. O Tenente Carlos de Barros Soares Branco foi eleito para a Comissão Executiva que era composta por 12 oficiais (dois coronéis, um tenente-coronel, um major, quatro capitães, três tenentes e um alferes). No número de out/nov/dez1912 publica-se, da autoria do tenente Soares Branco, o artigo “A Telegrafia sem fios em Hespanha"(pp. 329 a 340).

Em 1913, no número de jan/fev/mar (1914), o tenente Soares Branco continua na Comissão Executiva, mas no número de jul/ago, já não consta, tendo sido apenas esta colaboração nos Corpos Gerentes da Revista.

No número de jan/fev/mar1916, pp. 5 a 23, consta o artigo “Bases para o estudo do Serviço de Pioneiros em Campanha”, autoria: capitão Soares Branco, que termina no número seguinte, abr/mai/junho, pp. 47 a 69.

Em 1947, número comemorativo do III Centenário da Engenharia Militar, da autoria do general Soares Branco, “A Grande Guerra de 1914-1918 e a formação do engenheiro militar”, pp. 189 a 196. A propósito dos oficiais, destaca-se da p. 192: “No Regimento de Engenharia, na Cruz dos Quatro Caminhos e na Escola Prática de Engenharia, em Tancos, uns e outros se reuniam periodicamente para prestarem as suas provas e fazerem os tempos de Comando e de tirocínios. Seria bem possível que a alguns faltassem conhecimentos pormenorizados da táctica de tabuleiro ou serviço de guarnição. Mas como todos eram autênticos condutores de homens e técnicos proficientes! Quando os cabelos brancos pareciam já fazê-los velhos, mostravam-se moços pela viveza da sua inteligência, ginasticada pelo uso que dela haviam feito na vida; capazes de dar lições aos subalternos ainda orgulhosos dos seus recentes êxitos escolares”. Neste número, pp. 207 a 210, da autoria de Heitor de Mascarenhas Inglês, coronel de Engenharia (reserva), está o artigo “As tropas de telegrafistas”, de que se destaca em relação ao capitão Soares Branco (p. 209): “Honrosa como foi a acção dos Telegrafistas na campanha da Flandres, não se pode contudo esquecer que de nada teriam valido as qualidades intrínsecas desta tropa se no alto da pirâmide por ela formada, não estivesse alguém, (nota 1 do artigo – O actual General Carlos de Barros Soares Branco, que foi, sendo Capitão, o Chefe do S.T. do C.E.P.), com larga e profunda visão do panorama que a seus pés se estendia, dotado de superior competência profissional, animado por inquebrantável energia e apurado espírito de organização, forte personalidade que a todos impunha e para quem o êxito não tem segredos”.

No número de out/nov/dez1951, em Boletim de Engenharia, p. 370, publica-se: “General, na reserva, Carlos de Barros Soares Branco, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Aviz”.

Em 1952, número de jul/ago/set, pp. 295 a 304, consta o artigo “Os altos comandos e alguns problemas económicos e sociais”, autoria do coronel João Craveiro Lopes de Oliveira, relacionado com a série de conferências realizadas no IAEM pelo seu professor, general Soares Branco: “Ao passar, em 1947, o centenário da criação do Banco de Portugal, redigiu o Sr General Soares Branco, uma brilhante alocução, digna de ser proferida, ante os delegados dos Bancos emissores das principais nações da Europa, então vindos a Portugal. A esse trabalho, veio juntar-se a obra supra referida; a ser o cargo de Governador do Banco provido por concurso, constituiria uma tese de candidatura, de valor dificilmente excedível.

Nos tempos que decorrem, não só aos portadores de estrelas a matéria importa; o seu conhecimento é útil a oficiais de todos os postos, desde dos portadores de um simples galão de alferes, e a Revista é para todos, sem distinção de categorias”.

No número de jan/fev/mar1954, pp. 3 a 5, é publicado o artigo “Alguns problemas económicos actuais”, do general Soares Branco, que continuou no número abr/mai/jun, pp. 81 a 84, terminando: “Quem tenha boas finanças e organização bancária eficiente não pode ter saldos vincadamente negativos da sua balança de contas, muito embora assim aconteça na sua balança comercial.

Mas quanto mais sã for a estrutura monetário-financeira de um país, maior será a sua possibilidade de resistir aos males que do exterior lhe cheguem.

Quanto maior for a riqueza a manipular por uma nação, maior será a sua intervenção no ritmo da marcha, para a prosperidade ou para a miséria, da comunidade à qual ela pertença, e, consequentemente, maior será o seu grau de responsabilidade”.

Em 1956, número julho a dezembro, em Boletim de Engenharia, p. 250, diz-se: “Mudança de Situação – Reforma – General Carlos de Barros Soares Branco".

b. Publicações referidas no número 1 – aspetos mais significativos.

– Os números 55/56/58/59/60/64/65 e 66 de 1930 da Revista de Artilharia, autor tenente-coronel Eng. Soares Branco, título: A Batalha de “La Lys” e as transmissões, assunto: Reconstrução da Batalha de “La Lys” (Guerra de 1914/18) através dos registos de relatórios e depoimentos obtidos nos registos do Serviço de Transmissões. Lição Inaugural realizada na sessão de abertura do ano letivo 1929/1930 da Escola Militar.

As transcrições seguintes retiram-se da separata sobre o assunto referida na Bibliografia.

– Branco, Carlos de Barros Soares (tenente-coronel Eng.); A BATALHA DE “LA LYS” E AS TRANSMISSÕES; (Separata da “Revista de Artilharia”); Lisboa, Henry Gris & CIE (Augusto Duarte), 19, Calçada do Sacramento, 21; sem data6:

(…) O progresso de ordem material, traduzindo-se em toda a humanidade por um acréscimo do seu bem-estar, tem sido sempre acompanhado duma diminuição do esforço que homem carece de dispender para adaptar, às suas necessidades, os produtos da Natureza,

Reflectindo os felizes resultados da luta que a sciência tem travado com o espaço, cioso de lhe encurtar as distâncias, conduziu ao estreitamento das relações entre os habitantes de um mesmo país, entre as diferentes Nações da Terra.

Assim, nasceram a solidariedade humana, e a concorrência económica, as quais podem nos nossos dias, embora servindo ambas a democracia do trabalho, mudar a sorte de cada geração, derramando-lhe ora os hinos santos da Paz, ora os estridentes e metálicos sons dos clarins de Guerra. (pp. 7 e 8) (…)

Nesta eterna cruzada, cada dia, se forjam novas armas.

À energia animal, ao emprego das forças naturais de potência limitada, e utilização restricta, sucede a energia mecânica, ilimitada, e a produzir aonde melhor convenha. (p. 8) (…)

Embora tendo que atrazar, alegremente, de 12 anos a idade, regressemos durante alguns instantes a essa Flandres onde o C. E. P., representação de Portugal na Guerra de 1914-1918, teve horas de glória de esperança e de humilhação. (p. 15). (…) (

Através da sua intensa barragem, o comandante da sua secção de sinaleiros, um valente e dedicado oficial de cavalaria, ao tempo já substituído por um subalterno do C. A. P., retoma voluntariamente as suas funções, desenvolve com os guarda-fios uma actividade febril e caído varrido pela metralha sem que nenhum êxito dos seus esforços hajam alcançado, a não ser o exemplo duma conduta heróica e meritória.7 (p. 37) (…)

É velho hábito desta Escola, não findar a Lição Inaugural sem dirigir á vossa inteligência e ao vosso carácter, palavras que vos revelem o que se julga de maior valia para atravessar de cabeça erguida e consciência calma, a vida tumultuária que vos espera.

A esta boa tradição, gostosamente me inclinarei. (…)

A todos sem distinção, me dirigirei, agora.

Falando à vossa inteligência apenas repetirei o verso do nosso épico imortal:

Fazei mais o que souberdes

Não vos desorienteis, por no mundo que vos espera encontrardes mudos a falar, cegos a vêr. Depressa a uns se acabará o verbo e a outros o caminho

Só o trabalho conscencioso e sereno póde conduzir ao êxito, rejeitando o que de mal outros tenham feito, continuando o que de bom se tenha herdado.

Ao vosso carácter, repetirei apenas o que há cerca de 20 anos como aluno desta Escola tive o ensejo de afirmar.

Tende convicções, sim, aquelas que melhor se coadunarem com a vossa inteligência e com os vossos sentimentos. Mas que elas sejam sinceramente professadas, vivam a dentro da esfera espiritual que as alimenta, para que tenham jus ao nosso respeito. Pensai amanhã se quizerdes diferentemente do que fazeis hoje. Mas que nessa vossa evolução apenas seja juís a vossa consciência, e que nunca tenha tido voz o interesse material que, como guia único na vida, é aviltante e não é compatível com as fortes esperanças idealistas duma Mocidade. Mas sois militares de carreira, profissionais de um Exército que tem deveres indeclináveis para com a Pátria e para com a República. Assim, pública e voluntariamente o jurásteis.

Então recordai sempre a palavra de Herculano ao afirmar que a quebra de promessas solene e expontâneamente dadas, seja qual fôr a sua formula – é uma vilania enquanto durar o culto pela Honra e pela Lealdade.

Como oficiais, guias dos vossos soldados, embora nunca devendo sobrepôr-vos ao que a vontade da Nação legitimamente vos proclame – tendo sempre como suprema aspiração – justificar, na guerra, a vossa existência do tempo de paz. Se assim todos fizerem sempre maior prestígio e força resultará para as nossas Instituições Militares.

E acreditai que, se um tal ensejo, um dia, vier a proporcionar-se – depois – por mais elevadas que possam vir a ser as funções que, no exército ou na vida pública, a Fortuna vos distribuir – nunca elas poderão, com o seu brilho, apagar da vossa memória o orgulho e a satisfação de haverdes bem servido em campanha,

Novembro 1929.” (pp. 57 e 58).

A Separata tem mais 35 páginas que incluem nove Anexos (A a I), apenas se referindo o último (I), Relação dos oficiais que faziam parte a 6 de abril do Serviço Telegráfico. A totalidade nesse dia era de 80 oficiais, estando dez de licença e um no hospital. A sua distribuição cumpre 28 de Engenharia (Transmissões), 35 de Infantaria, 5 de Artilharia, 5 de Cavalaria e 7 milicianos não incluídos em qualquer Arma.

– Número de 1947 da Revista de Engenharia Militar. Na p. 189, A Grande Guerra 1914-1918 e a formação do engenheiro militar, autor, general Soares Branco, p. 207, As tropas de telegrafistas, autor, coronel de Eng. (reserva) Heitor de Mascarenhas Inglês.

Neste número, comemorativo do III Centenário da Engenharia Militar, publica-se da autoria do general Soares Branco, “A Grande Guerra de 1914-1918 e a formação do engenheiro militar”, pp. 189 a 196. A propósito dos oficiais, destaca-se da p. 192: “No Regimento de Engenharia, na Cruz dos Quatro Caminhos e na Escola Prática de Engenharia, em Tancos, uns e outros se reuniam periodicamente para prestarem as suas provas e fazerem os tempos de Comando e de tirocínios. Seria bem possível que a alguns faltassem conhecimentos pormenorizados da táctica de tabuleiro ou serviço de guarnição. Mas como todos eram autênticos condutores de homens e técnicos proficientes! Quando os cabelos brancos pareciam já fazê-los velhos, mostravam-se moços pela viveza da sua inteligência, ginasticada pelo uso que dela haviam feito na vida; capazes de dar lições aos subalternos ainda orgulhosos dos seus recentes êxitos escolares”.

Também este número, pp. 207 a 210, da autoria do coronel Eng. (reserva) Heitor de Mascarenhas Inglês, publica o artigo “As tropas de telegrafistas”, em relação ao capitão Soares Branco (p. 209) salienta-se: “Honrosa como foi a acção dos Telegrafistas na campanha da Flandres, não se pode contudo esquecer que de nada teriam valido as qualidades intrínsecas desta tropa se no alto da pirâmide por ela formada, não estivesse alguém, (nota 1 do artigo – O actual General Carlos de Barros Soares Branco, que foi, sendo Capitão, o Chefe do S.T. do C.E.P.), com larga e profunda visão do panorama que a seus pés se estendia, dotado de superior competência profissional, animado por inquebrantável energia e apurado espírito de organização, forte personalidade que a todos impunha e para quem o êxito não tem segredos”.

– Livro, As Transmissões Militares da Guerra Peninsular ao 25 de Abril, edição da Comissão Portuguesa de História Militar, autoria, Comissão da História das Transmissões, Lisboa, 2008.

As Transmissões do Exército durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) ocupam no livro 15 páginas (53 a 67), das quais quatro incluem “AS TRANSMISSÕES NO TEATRO EUROPEU”, onde consta “O chefe do Serviço de Transmissões do CEP, capitão Soares Branco, mereceu uma especial consideração entre as autoridades do Exército britânico, devido ao seu valor e inteligência. No louvor que lhe foi conferido afirma-se ‘que o seu serviço foi o que melhor funcionou, graças à sua constante acção, iniciativa e competência e às suas grandes qualidades de trabalho’8.

Mais tarde, este oficial, já com o posto de general viria a proferir a lição inaugural do ano lectivo 1929-1930 da Escola Militar, sobre a actuação das transmissões na Batalha de La Lys, onde descreve, com grande pormenor, a actividade desenvolvida, nesse dia fatídico para as tropas portuguesas da Flandres9.

Neste livro os VULTOS RELEVANTES, pp. 184 a 191, foram: tenente-general, oriundo da Arma de Infantaria, Augusto César Bom de Sousa (1832-1905); tenente-coronel do Serviço de Administração Militar, Manuel Afonso do Paço (1895-1968) e coronel de Engenharia, Mário Pinto da Fonseca Leitão (1912-2003).

– Blogue da Comissão da História das Transmissões Militares, post do Major-general António Luís Pedroso de Lima (22 de janeiro de 2013).

“O dia 17 de Janeiro de 2012 foi um dia especial para a CHT, em que teve lugar a experiência de iniciar elementos interessados da Comissão no estudo da vasta documentação existente no Arquivo Histórico Militar sobre as Transmissões no CEP, durante a Grande Guerra. O coronel Aniceto Afonso, como orientador científico da Comissão, orientou a experiência, que pelo significativo número de presenças que envolveu e pela forma interessada como decorreu, pareceu-me ter sido francamente prometedora. Julgo poder afirmar que nunca, até hoje, tantos elementos se empenharam, simultaneamente em investigar aspetos relativos à História das Transmissões. (…)

Este trabalho é um ‘assentar de ideias’ depois de ter lido a biografia, publicada no livro dos generais do EME e de ter consultado o seu processo individual no AHM. Procurarei salientar os aspectos fundamentais e sobretudo definir o ‘que gostaria de saber mais’ Trata-se de um homem que nasceu no século XIX, em 1886, no tempo em que “reinava” Bon de Sousa nas Transmissões Permanentes do Exército. Mas foi um homem do século XX, durante o qual, a partir de 1901, as Transmissões passaram a estar centralizadas na Engenharia.

A sua actividade desenvolve-se sobretudo na área militar, mas Soares Branco teve projecção na sociedade civil que não tem sido realçada (a biografia do EME omite-a completamente).

Vamos debruçar-nos, a seguir, sobre as três áreas fundamentais da sua actividade: O ensino militar, no qual passou a maior parte da sua carreira militar; As Transmissões, onde não esteve muito tempo (uns quatro anos) mas onde teve uma actuação particularmente brilhante na Grande Guerra; Uma significativa actividade civil, ligada às Finanças, que durou mais de duas décadas, em acumulação com as suas funções militares.

O louvor que recebeu, nesse ano de 1948 em que deixou o IAEM, tem a seguinte fundamentação: “porque tendo sido quase ininterruptamente professor da Escola Central de Oficiais (1927) até ao presente se revelou professor exemplar e completo, patenteando sempre, no uso da função docente, as suas brilhantes qualidades de inteligência, o seu vasto saber, o seu carácter o seu notável método pedagógico, a sua clara exposição e o seu entusiasmo pelo trabalho, qualidades estas acompanhadas da melhor e mais leal camaradagem. Durante o tempo que desempenhou funções docentes foi professor distinto do Curso de Estado-maior e do Curso de Altos Comandos prestando assim serviços relevantes não só ao Instituto como à Instrução do Exército.

Em resumo Soares Branco foi professor de Capitão a General. De 1916 a 1948 esteve a ensinar 31 anos, embora com algumas interrupções. Nisto tudo só me surpreende que não tenha sido louvado pelo Comando do RE1. Alguma coisa lhe teria corrido mal?

Nas Transmissões teve basicamente duas intervenções: A primeira foi a sua participação como capitão, com um ano de posto, na Grande Guerra e a segunda, já oficial-general, como Inspetor das Tropas de Transmissões. A participação na Grande Guerra, a parte da sua vida que, por enquanto, conheço melhor, permite considerá-lo o grande vulto das Transmissões na Guerra, tornando possível, na parte que competia às Transmissões, o ‘Milagre de Tancos’ e assegurando uma participação na Flandres extremamente dignificante. Pela sua ação como Chefe do Serviço Telegráfico do CEP foi o único capitão do Exército Português condecorado tanto pelo Exército Português, como pelo rei de Inglaterra e pelo Governo Francês, pela forma como o seu serviço actuou. Mostrando o apreço que a sua actuação teve por parte dos nossos aliados. Pelo lado português foi agraciado com o grau de oficial da Ordem de Torre e Espada de Valor Lealdade e Mérito, ‘pelo mérito notável como desempenhou o cargo… devendo-se às suas medidas oportunas e de larga iniciativa e à sua muita competência técnica e profissional que os referidos serviços decorressem com a maior regularidade, removendo por vezes as dificuldades naturais para a aquisição do material e adaptação do mesmo às necessidades de serviço, o que lhe mereceu especial consideração entre as autoridades do exército britânico devido ao seu valor e inteligente dedicação pelo serviço da sua responsabilidade.’ O Comandante do CEP, general Tamagnini de Abreu, no louvor que lhe concedeu refere ‘o raro brilho e distinção com que desempenhou o cargo’ e que o seu Serviço ‘foi o que melhor funcionou, graças à sua constante acção, iniciativa e competência técnica.’ Pelo rei de Inglaterra foi agraciado com a ‘Military Cross’ e pelo Governo da República Francesa com o grau de cavaleiro da Legião de Honra.

A respeito da brilhante actuação em Tancos e na Flandres suscita-me uma dúvida. Como se sabe a participação na Guerra dividiu o Exército. Uma grande parte considerava que era um erro ir combater para a Flandres. Devíamos ficar por África. O Partido Democrático de Afonso Costa era o ‘partido da guerra’. No exército essa corrente pró-guerra na Europa era liderada pelo general Norton de Matos e por um conjunto de oficiais, os chamados ‘jovens turcos’ que impulsionaram o ‘milagre de Tancos’. Poderia considerar-se o capitão Soares Branco como um ‘jovem turco’? Estava próximo do general Norton de Matos e do Partido Democrático? Nada ainda consegui saber sobre a sua orientação política.

Outro ponto que me parece interessante investigar é o facto de considerar que o sucesso das Transmissões na Grande Guerra, por muito bom que fosse Soares Branco – e não tenho dúvidas que era – os oficiais que o acompanhavam e as praças (da CTP sobretudo) também tinham que ser bons. O trabalho feito na Flandres, quanto a mim, o sucesso resultou do trabalho da equipa e não apenas de um só homem. Para isso vou ver se no AHM estudo os percursos desses oficiais através dos processos individuais. (quero ver como é que o Soares Branco apreciou o trabalho dos seus subordinados através dos louvores que lhes deu). O entusiasmo e grande dedicação de Soares Branco, neste processo e na Guerra, permitem levantar a questão: era ele também um ‘jovem turco?’. A sua nomeação, fora da escala, parece confirmar essa hipótese.

Na leitura do processo individual fiquei a saber que Soares Branco de 1931 a 1956, isto é, durante vinte e cinco anos foi Vice-Governador do Banco de Portugal. Em 11 de Fevereiro de 1921, era tenente-coronel e Secretário-Geral do Banco de Portugal e foi nomeado para o Conselho de Administração do Banco Nacional Ultramarino. Em 1931 era Coronel, em 1956 era General. Nesse ano passou à Reforma, por ter atingido os 70 anos.

A sua assinatura encontra-se na nota de 500 escudos com a imagem de Damião de Góis, como se mostra na figura.

O Banco de Portugal publicou em 19 de Novembro de 1946 a “Alocução do Vice-Governador Carlos de Barros Soares Branco” na data do centenário do Banco de Portugal.

O meu pedido ao Arquivo Histórico do Banco de Portugal de elementos sobre Soares Branco teve resposta imediata. Poucas horas depois enviaram-me por e-mail a biografia que conta a história resumida de Soares Branco no Banco. Deste documento tirei os seguintes ensinamentos:

Nota de Quinhentos Escudos com a sua assinatura.

 

Soares Branco foi aluno do Colégio Militar. De 1886 a 1903 exerceu o cargo de Inspector de Câmbios, na Inspecção de Câmbios (Ministério das Finanças). É um alto cargo nas Finanças. Soares Branco tem 36 anos quando inicia a sua carreira nesta área. Donde lhe surge esta competência financeira? De 1924 a 1926 foi vogal delegado do Conselho do Tesouro. Em 1926 foi eleito Deputado por Cabo Verde e nomeado relator da lei relativa ao regime dos tabacos (uma faceta de intervenção política que desconhecia completamente) Nomeado Secretário-geral do Banco de Portugal pelo Governo em 1925, ocupou esse cargo até 1931. Isto é muito estranho. Soares Branco foi nomeado em 1925 sendo 1º Ministro António Maria da Silva do Partido Democrático e depois vem a Ditadura Militar e Soares Branco continua no mesmo cargo. Tendo sido extinto o lugar de Secretário-geral em 1931 Soares Branco passou a exercer as funções de Vice-Governador do Banco (foi o último Secretário Geral e o primeiro Vice-Governador do Banco de Portugal). Entre 1936 e 1956 (durante vinte anos) assumiu as funções de Governador Interino do Banco de Portugal. (A Directora do Arquivo disse-me que constava que Salazar não quis nomear um militar Governado do Banco). Mas também não nomeou ninguém para o cargo. Soares Branco esteve assim vinte anos à frente do Banco de Portugal. Saiu em 1956 porque atingiu a idade da reforma. (Em 1948 tinha deixado o IAEM por ter passado à situação de reserva). Fui informado pela minha interlocutora que o caso de Soares Branco é único. Não houve qualquer outro caso de um militar ocupar o cargo de Governador ou Vice-Governador do Banco de Portugal. Soares Branco era tipo Mourinho, um ‘special one’.

Só durante esses últimos 8 anos (1948 a 1956) é que Soares Branco esteve apenas no Banco de Portugal, sem acumular com funções militares. De resto acumulou sempre as suas funções civis com as militares. Tivemos assim um Coronel Comandante do RE1 (que julgo ter tido sede na actual Universidade Lusófona) que era Vice-Governador do Banco de Portugal e um Inspector das Tropas de Transmissões, que simultaneamente era o Governador Interino do Banco de Portugal.

Procurei saber, por indicação do AHBP, se me podiam dar alguns elementos sobre a passagem de Soares Branco no cargo de Inspector de Câmbios. Dessa resposta fiquei a saber que o quadro de pessoal da Inspecção de Câmbios deveria ser composto por um magistrado judicial e por três membros de reconhecida competência técnica. Portanto, em 1922, aos 36 anos, Soares Branco era de reconhecida competência técnica na área financeira”.

– Livro, As Transmissões na Grande Guerra (referido na Introdução). Autoria do Coronel de Artilharia, Aniceto Afonso, licenciado em História (1980) e Mestre em História Contemporânea de Portugal (1990), ambos cursos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, membro da Comissão da História das Transmissões Militares (CHT), da Comissão Portuguesa de História Militar, do Comité dos Arquivos da Comissão Internacional de História Militar, Investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa e Diretor de O Referencial, revista da Associação 25 de Abril.

O Coronel Aniceto Afonso, quando Diretor do Arquivo Histórico Militar (AHM), foi convidado pelo general Amadeu Garcia dos Santos para integrar o Grupo de Oficiais de Transmissões que se propunha realizar a História da Arma, ingressando no Grupo que viria a designar-se Comissão da História das Transmissões Militares.

O livro resultou do trabalho da CHT sobre a Grande Guerra (1914/1918) realizado no AHM, inspirado nos números 55/56/58/59/60/64/65 e 66 de 1930 da Revista de Artilharia, autor: tenente-coronel Eng. Soares Branco, título: A Batalha de “La Lys” e as transmissões, assunto: Reconstrução da Batalha de “La Lys” (Guerra de 1914/18) através dos registos de relatórios e depoimentos obtidos nos registos do Serviço de Transmissões. Lição Inaugural realizada na sessão de abertura do ano letivo 1929/1930 da Escola Militar, como já se salientou antes. Algumas passagens:

“Antecedentes do 9 de Abril.

O Serviço Telegráfico do CEP adaptou-se com alguma facilidade às responsabilidades de apoiar uma grande unidade durante o período inicial da presença do Corpo de Exército Português10 na frente, entre novembro de 1917 e o início de abril de 1918. Soares Branco estudou a situação, descentralizou responsabilidades, conseguiu os apoios necessários, inspecionou os trabalhos, procurou resolver as dificuldades que foram surgindo. Mas o essencial da situação não dependia de si. Tudo acabou por se complicar à medida que se foi compreendendo que a continuação da ofensiva alemã da primavera se encaminhava para a zona do Lys e que todos constatavam a previsível debilidade operacional e em especial psicológica dos soldados e das unidades portuguesas. (…)

Responsável pelo Serviço Telegráfico desde a sua organização com a entrada em linha das primeiras unidades portuguesas até ao completo desempenho do cargo entre 5 de novembro de 1917 e 6 de abril de 1918, tempo em que o Corpo de Exército Português ocupou a linha da frente como grande unidade, Soares Branco redigiu entre junho e julho de 1918 um excelente relatório sobre o Serviço Telegráfico, notável documento que muito esclarece sobre as comunicações no CEP, mas também sobre outras diversas circunstâncias da participação do CEP na frente.

Do livro de Aniceto Afonso salientam-se algumas passagens respeitantes a diversas circunstâncias da participação do CEP na frente:

“O essencial dos ensinamentos que Soares Branco deixa aos seus sucessores fica expresso no seu relatório. Ele teria oportunidade de o apresentar numa sessão solene na Academia Militar e de o publicar na Revista de Artilharia, dando-lhe assim a divulgação que na época lhe pareceu necessária. (…)

Quando visitamos, passados cem anos, esta abundante documentação que herdámos da presença das tropas portuguesas em França, constituindo um Corpo Expedicionário Português, a coberto de vários acordos entre os Governos Português e Britânico, somos confrontados com as dúvidas que assaltam tanto os curiosos destes estudos, como os historiadores que se debruçam com mais diligência sobre os tempos passados. De forma mais ou menos explícita, as dúvidas que hoje temos sobre a participação de uma força portuguesa na frente europeia da Grande Guerra, são as mesmas que muitos dos participantes deixaram transparecer. O longo relatório do capitão Soares Branco, chefe do Serviço Telegráfico do Corpo, é disso um exemplo marcante. Apesar de através dele, o autor querer transmitir, em especial, os aspetos operacionais e técnicos do seu Serviço, a verdade é que, de forma mais ou menos subtil, ele não deixa de mencionar, várias vezes, dúvidas sobre a necessidade da presença portuguesa em França, sobre a forma de que essa presença se revestiu e especialmente sobre as relações estabelecidas, na frente, com os comandos britânicos. São críticas e apreciações subtis, mas que nos alertam, tal como tantos outros documentos, para a prudência com que devemos analisar a presença das tropas portuguesas nessa destruidora guerra europeia. (…)

Como já vimos, Soares Branco foi nomeado responsável pelo Serviço Telegráfico da Divisão de Instrução que se reuniu em Tancos em 1916, por indicação do major Roberto da Cunha Baptista, seu chefe do Estado-Maior. O apreço geral pelo trabalho que levou a cabo nessas funções foi a razão da sua nomeação para chefe do Serviço Telegráfico do CEP, cargo que manteve até ao fim do Corpo. As suas qualidades humanas, a sua competência técnica e o conhecimento que demonstrou como chefe militar e como responsável por um Serviço tecnicamente exigente, foram as razões do reconhecimento geral que lhe foi demonstrado no final da sua missão. Para além dos louvores que lhe foram concedidos, distinguindo-o pessoalmente e enaltecendo o próprio Serviço Telegráfico que chefiou, ficamos a saber o apreço em que era tido pelos seus chefes e por todo o pessoal do seu Serviço. Desde os primeiros passos no teatro de operações onde o CEP iria atuar, incluindo os contactos com os responsáveis britânicos com os quais iria colaborar, até à elaboração do seu Relatório e ao regresso a Portugal, Soares Branco foi sempre um homem sereno, competente e respeitado. Parece ter sido o homem certo no lugar certo, uma vez que o Serviço Telegráfico e os seus homens foram sempre apreciados e considerados pelos restantes militares do CEP, como fomos vendo ao longo da análise do seu Relatório. Já em Portugal, foi agraciado com o grau de oficial da Ordem de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito, pela forma “notável como desempenhou o cargo” o que lhe valeu a “especial consideração entre as autoridades do exército britânico devido ao seu valor e inteligente dedicação pelo serviço da sua responsabilidade”. Pela parte da Inglaterra foi agraciado com a “Military Cross” e pela República Francesa com o grau de cavaleiro da Legião de Honra. É assim um dos oficiais portugueses mais condecorados e distinguidos de entre os que integraram o Corpo Expedicionário Português que participou na Grande Guerra em França. Por tudo o que dele fomos conhecendo, sabemos que é um homem merecedor da admiração de todos os militares que por dever de ofício ou mesmo por curiosidade ou acaso, com ele contactam e nele reconhecem a competência e o bom desempenho. Razões que nos levam a afirmar que ele deveria deixar de ser um desconhecido, e mesmo esquecido, pela Arma que herdou as competências que estiveram nas suas mãos num tempo difícil – a Arma de Transmissões. Julgamos mesmo que lhe é devida e merece uma justa homenagem desses seus herdeiros. Para nós, que remexemos em documentos e reconstruímos memórias do passado para conhecimento dos nossos contemporâneos, foi um privilégio trazermos para o presente a história de um empenhamento e de um sacrifício que muito nos ensina e comove".

– Volume II, Edição Gráfica, Centro Audiovisuais do Exército, Edição 4 de maio de 2023, Vultos Relevantes da Arma de Transmissões (referido na Introdução). Neste livro, “50 anos ‘POR ENGENHO E CIÊNCIA’ (1970-2020), os Vultos Relevantes da Arma, para além dos mencionados no livro de 2008, “As Transmissões Militares. Da Guerra Peninsular ao 25 de Abril”, tenente-general Bon de Sousa, tenente-coronel Afonso do Paço e coronel Mário Leitão, constam mais: Francisco António Ciera (1763-1814), tenente-general Carlos de Barros Soares Branco (1886-1963), tenente-general António Avelino Pereira Pinto (1929-2010) e tenente-coronel Rodrigo Manuel Rosas Leitão (1943-2020).

c. Outras referências

– Em 9 de junho de 1949, o Diário de Notícias (DN), na rubrica LIVROS NOVOS, salienta a notícia “Os Altos Comandos e Alguns Problemas Económicos Actuais”, pelo general Soares Branco. “O sr general Soares Branco, ilustre vice-governador do Banco de Portugal, reuniu recentemente num pequeno volume as três conferências que em Maio e Junho de 1948 realizou no Curso dos Altos Comandos. Trabalho notável pela profundidade do pensamento, pela claridade da cultura, pelo brilho, raro em obras desta natureza, da forma literária. (…) O espírito do sr Soares Branco é o espírito de um homem de letras. E não é este o menor mérito desta obra, que não honra apenas a cultura económica e militar portuguesa, mas honra também o pensamento português, a sua vasta compreensão dos problemas universais”.

O opúsculo referido no DN, 77 pp., termina dizendo: “Permiti-me até mesmo, Ilustríssimo Senhor, que vos sugira ainda o título do trabalho que a prémio deveria ser posto entre as Academias e Institutos de Alta Cultura para que a difusão deste conceito a todos possa oportunamente chegar.

Seria esse título assim:

De como o indivíduo e a Nação, uma vez asseguradas as suas condições de existência, se lançam, sempre, no caminho da liberdade e da diferenciação, na ânsia eterna de uma maior felicidade, e à procura de um constante aperfeiçoamento técnico”11.

O livro, que se encontrou na Biblioteca da Academia Militar e no acervo da Revista Militar, este com dedicatória do autor, mereceu no número de jul1949 da Revista Militar (p. 452), Bibliografia, I – Livros a) Obras oferecidas. Os Altos Comandos e Alguns Problemas Económicos – general Carlos de Barros Soares Branco – Edição do autor – Lisboa 1949 – 76 pp.; crónica bibliográfica do general Ferreira de Passos, vogal efetivo da Direção, destaca-se: “As 76 páginas que constituem o opúsculo foram apresentadas pelo autor em 3 lições que proferiu no Curso de Altos Comandos, no Instituto de Altos Estudos Militares no ano lectivo 1948/1949.

É o autor um dos raros representantes actuais, outrora mais vulgares, dos militares que, sem nunca descurarem o exercício das funções de soldado em todas as oportunidades oferecidas, nem o aperfeiçoamento técnico correspondente, puderam exercer a sua proveitosa actividade em outras atuações de interesse nacional, adquirindo assim condições mais perfeitas para o exercício das funções do Alto Comando, com o conhecimento directo de problemas e de saber que sempre foram inseparáveis das concepções da conduta estratégica da guerra. A sua privilegiada inteligência, sempre nova e alertada por um vivo espírito de observação, permitiu-lhe fazer, em elegante prosa, em apresentação sugestiva e feliz, um estudo de síntese difícil e erudito de fenómenos económicos/financeiros vividos e definir possíveis problemas futuros ocorríveis em um Estado, em condições internacionais semelhantes às do nosso, e apresentar uma correspondente solução exemplo.

(…)

A assimilação do opúsculo não pode ser feita em leitura passageira; exige análise e meditação correspondentes ao esforço de síntese exigido para a sua confeção”.

– Numa feliz oportunidade, obteve-se na Biblioteca da Liga dos Combatentes o livro: Pina, Luiz da Câmara (tenente Eng.); UM PROBLEMA DA GUERRA MODERNA – A TSF e as Transmissões – Memória de Concurso para o Serviço de Estado-Maior; Livraria Clássica Editora; Lisboa; 1938.

Esta Memória foi defendida pelo Autor perante o júri do curso do Estado-Maior, no qual o tenente-coronel de Eng. Carlos de Barros Soares Branco foi o arguente. Acontece que o livro começa com um Prefácio do tenente-coronel Soares Branco, do qual se considera oportuno destacar os seus início e final: “Quando caminhamos para o fim de uma carreira que verdadeiramente encetámos em campanha, e continuámos no exercício do magistério em escolas militares, alguns prazeres espirituais temos experimentado, como compensação de referências que muitos formulam contra aqueles que ensinando procuram, à custa do próprio esforço, preparar os seus futuros camaradas para o consciente desempenho das suas funções no Exército. (…)

O estender o domínio da TSF ao interior dos Regimentos de Infantaria e dos Agrupamentos de Artilharia em redes privativas destas armas, e o adoptar êste processo técnico em comunicação directa, na ligação entre as unidades daquela arma apoiada e a que fornece o apoio – são certamente a prova de que o domínio da TSF se vai dilatando de cada vez mais, se vão seguindo rumos certos, mas cautelosos.

Confiemos que assim venha a acontecer, e lembremo-nos de que, se na antiga Grécia, dada a multiplicidade de Deuses e dos limitados poderes que a cada um deles eram fixados, se tornava necessário erguer um altar ao «Deus Desconhecido» para a êle poderem ser feitas as orações que a qualquer dos outros não pudessem ser oferecidas – entre nós, abolida a pluralidade dos Deuses, e criado o sistema de «Trabalhar na dúvida e realizar na Fé» – abertas estão ainda, de par em par, as portas do Templo aos que, como o Autor, dentro dêle desejam erguer a sua voz e fazer que ela possa ser ouvida de quem de direito.

Outubro de 1937

No Capítulo I – A Ligação e as Transmissões – Princípios Gerais (p. 41), o tenente Câmara Pina escreve: “O tenente-coronel Soares Branco vê lùcidamente o problema ao afirmar: as armas do comando são as ordens e os planos, se é porventura necessário dizer que o comando tem uma arma própria; mas acrescento eu, se as transmissões fôssem essa arma ser-se-ia obrigado a reconhecer que os comandos não a conhecem intimamente, não a sabem manejar – a especialização técnica exigida sai fora do âmbito do Estado-Maior.

Esta maneira de considerar a questão parece-me (se me é permitido exprimir assim) a maneira inteligente e justa: sigo-a inteiramente.

Quem estiver atento às realidades e fugir à especulação filosófica, que dificilmente melhora o funcionamento da máquina guerreira, vê o serviço de transmissões à verdadeira luz, assinala a sua importância, mas coloca-o no seu devido lugar: desenvolveu-se durante a guerra, tornou-se indispensável ao comando – e portanto a técnica apoderou-se dêle para o transformar num auxiliar pronto, útil, e digno de confiança.

É agora tanto do comando como o são a Aviação ou a Administração Militar.”

Agora, em novembro de 2024, interligo mais algumas passagens deste livro. Assim, logo a seguir, em Evolução, o jovem tenente Câmara Pina, (nasceu em 1904/tinha 33 anos), General Chefe do Estado-Maior do Exército, entre agosto de 1958 e 19 de junho de 1969 (data da passagem à situação de Reserva) e que morreu em 16 de março de 1980, diz-nos na p. 48; “Quando acabou a guerra havia uma doutrina já estabelecida e o Serviço de Transmissões tinha ganho uma individualidade própria: em alguns países mesmo deixava de pertencer à Arma de Engenharia e ia constituir por si só uma nova Arma”. No Capítulo II – Generalidades sobre a Organização das Transmissões – Em campanha (p. 73), como princípio da compreensão/resposta para ter sido difícil criar a Arma de Transmissões em 1970, transcreve-se do tenente Câmara Pina (pp. 73/74); “Os Regulamentos, pelo próprio facto de serem Regulamentos, devem ser indiscutíveis, mas como neste caso particular o nosso Regulamento de Campanha a si mesmo se contradiz, [dizia que a Divisão se compunha de um Quartel-General, com vários serviços, entre eles o de Transmissões e das seguintes Armas, que mencionava: Infantaria, Artilharia, Cavalaria, Engenharia, Transmissões e Aeronáutica] permitimo-nos avançar uma opinião pessoal: as transmissões nas grandes unidades devem pertencer à Arma de Engenharia, e não é defensável a existência, em Portugal, de uma Arma de Transmissões; nas grandes unidades, acima da Divisão, é preciso enumerar, diferenciadamente, as informações necessárias; na Divisão o serviço deve ser entregue a uma unidade de transmissões que englobe, sob o mesmo comando, as diferentes especialidades. Ainda que importantes, os efectivos do serviço de transmissões não justificam a criação de uma Arma aparte, nem o uso dos seus aparelhos é tão primitivo que torne necessário um corpo novo: a criar-se uma Arma nova, essa seria, indubitavelmente, a Arma da TSF”. O assunto relacionado com a criação da Arma de Transmissões volta a colocar-se no Capítulo III – O emprego da TSF em Campanha – Redes de TSF, referindo-se na p. 126, “Em Inglaterra onde, aliás, existe a Arma de Transmissões, segue-se (…)”. Atendendo à ligação do livro com o general Soares Branco poder motivar os jovens militares da Arma de Transmissões para confirmar como foi difícil criar a Arma, em 1970, salientam-se as últimas linhas do livro (pp. 187/188):

Sinceramente, do fundo e do íntimo do nosso pensamento não desejamos para a TSF, como última aplicação, a possibilidade de matar.

Tudo na técnica da telegrafia sem fios nos deslumbra; tudo são motivos de exaltação, de alegria, de orgulho; tudo revela a vida. Porque crueza do Destino se condenará ela própria a trazer em si mesmo a razão da sua Morte?

– Por fim, terminamos o artigo proposto para publicação na Revista Militar, que se construiu com gostosas surpresas, referindo um documento observado na Biblioteca da Liga dos Combatentes, datado de 24 de junho de 1962 (general Soares Branco) do qual se destaca:

Senhores Generais

Companheiros, antigos Telegrafistas Expedicionários à África e à França em 1914-1918.

Hesitámos um pouco em vos dirigir, como habitualmente, algumas palavras de saudação. E não sei se esse hesitar reflectia o pressentimento e vir, pela última vez, experimentar esse prazer; ou se ele provinha do receio de, mesmo sem querer, me ver submergir neste mar de conceitos dogmáticos que, por todo o mundo, se espraia, confunde e cega. Mas, por fim, o dever impôs-se, acima de tudo.

(…)

Pertencemos a uma geração que tem vivido, e vive ainda, dentro de um destes períodos de transição.

Há pelo menos 45 anos, perto de meio século que partimos da Metrópole ou para a África ou para a França, nos coube a missão de defender a soberania nacional. (…)

Para nós militares, e é nesta qualidade que estou falando, valem mais os sentimentos que, espontaneamente, brotam do coração dos homens, lhe fortalecem o espírito e decuplicam as forças, do que quaisquer conceitos da razão fria por melhores e mais bem burilados que eles sejam.

É porque esses sentimentos são o reflexo do instinto salvador da grei que, nos momentos decisivos da nossa História, sempre apontou a todos, dirigidos e dirigentes, o caminho da Vitória.

E esse caminho existe.

Ainda ontem, ouvindo o discurso proferido por Sua Excelência o Senhor Secretário da Aeronáutica na cidade da Beira, me chegaram estas palavras:

‘Dizem que Portugal é um país pobre e pequeno.

Hoje, com as suas Províncias na Metrópole,

Angola e Moçambique, Portugal é um país rico e grande.’

Quem conhece, como eu, a envergadura da sua inteligência, e capacidade de realização porque ainda o vi no banco das Escolas, só tem uma palavra a acrescentar:

Ámen Assim seja.

É tempo de terminar, fazendo votos no sentido de exprimir:

a). O nosso aplauso, solidariedade e agradecimento às Forças Armadas que nas Províncias de Além-Mar garantem a nossa soberania e defendem, em 1ª linha, a sobrevivência de Portugal;

b). A mais veemente repulsa pela inclassificável agressão da União Indiana ao Estado Português da Índia;

c). A convicção de que, do esforço combinado da política económica social ultramarina em curso e da acção das Forças Armadas de combatente e missionário, surja para todo o Mundo Português, no futuro, uma era de paz e progresso sólidos e eternos alicerces da Felicidade das Nações.

Lisboa, 24-VI-1962.

General SOARES BRANCO"

 

Diário de Notícias de 9 de junho de 1949. Peça relacionada com o livro que nessa altura publicou.

 

Conclusões

Na Introdução considerou-se que se estava em presença de uma personagem militar que importava estudar em termos de avaliar o seu percurso de Alferes a General, interligando biografia, memória e história assumindo que a História Não Dorme.

Nos quatro conjuntos apresentados nota-se sempre no general Soares Branco disponibilidade para servir Portugal, desde jovem tenente até general, procurando salientar essa agradável apetência nas mais diversas ocasiões militares e de serviço público. Aos militares salientava que eram “autênticos condutores de homens e técnicos proficientes” até às idades mais avançadas, “Quando os cabelos brancos pareciam já fazê-los velhos, mostravam-se moços pela viveza da sua inteligência, ginasticada pelo uso que dela havia feito na vida;”. Aos políticos, e também aos militares, demonstrava “Quem tenha boas finanças e organização bancária eficiente não pode ter saldos vincadamente negativos na sua balança de contas, muito embora assim aconteça na sua balança comercial”.

Outro aspeto que se acha conveniente salientar tem a ver com a prova da importância de se ir completando a História. Esta comunicação mostra ao fazer saber que no livro Os Generais do Exército Português (2008) não consta que foi Deputado na Primeira República, nem que foi Secretário-Geral, Vice-Governador e Governador Interino no Banco de Portugal, entrada em 1925 e saída em 1956 quando completou 70 anos.

A terminar, saliento do documento “General Soares Branco”, datado de 24 de junho de 1962, lido na Biblioteca da Liga dos Combatentes, início e parte final:

Senhores Generais

Companheiros, antigos Telegrafistas Expedicionários à África e à França em 1914-1918.

(…)

c). A convicção de que, do esforço combinado da política económica social ultramarina em curso e da acção das Forças Armadas de combatente e missionário, surja para todo o Mundo Português, no futuro, uma era de paz e progresso sólidos e eternos alicerces da Felicidade das Nações.

Lisboa, 24-VI-1962.

General SOARES BRANCO12

 

Fontes e Bibliografia

Afonso, Aniceto; As Transmissões na Grande Guerra – Relatório do Capitão Soares Branco; Âncora Editora; março de 2020.

BANCO DE PORTUGAL, 1846-1946; Alocução do Vice-Governador Carlos de Barros Soares Branco; No Centenário do Banco; Em 19 de novembro de 1946.

Blogue da Comissão da História das Transmissões Militares, https://historiadastransmissoes.com

Branco, Carlos de Barros Soares (Tenente-coronel de Engenharia); A BATALHA DE “LA LYS” AS TRANSMISSÕES; (Separata da “Revista de Artilharia”); Lisboa, Henry Gris & CIE (Augusto Duarte), 19, Calçada do Sacramento, 21; sem data13.

Branco, General Carlos de Barros Soares; Os Altos Comandos e Alguns Problemas Económicos Actuais; Livraria Figueirinhas; Porto; 1949.

Cortesão, Jaime; Memórias da Grande Guerra (1916-1919); Edição da Renascença Portuguesa – Porto. Edição fac-simile, 2019, Co-edição jornal Público.

Costa, Coronel António José Pereira da; Os Generais do Exército Português – III Volume – II Tomo; Biblioteca do Exército; Lisboa; 2008.

Freitas, João Abel de; O Banco de Portugal e a Sociedade Madeirense – Da Fundação até finais da Segunda Guerra Mundial; Edições Colibri; 2019.

Livro, As Transmissões Militares da Guerra Peninsular ao 25 de Abril, edição da Comissão Portuguesa de História Militar, autoria, Comissão da História das Transmissões, Lisboa, 2008.

Livro HONRA E VALOR – 42 ANOS – ESCOLA PRÁTICA DE TRANSMISSÕES 1971 I 2013; Fronteira do Caos Editores, Lda; 1.ª Edição; 2016 – Porto.

Pina, Luiz da Câmara (Tenente de Engenharia); UM PROBLEMA DA GUERRA MODERNA – A TSF e as Transmissões – Memória de Concurso para o Serviço de Estado-Maior; Livraria Clássica Editora; Lisboa; 1938.

Revista de Artilharia, números 55/56/58/59/60/64/65 de 1930.

Artigo do Tenente-coronel de Engenharia, Soares Branco, com o título, A Batalha de “La Lys” e as transmissões. Lição Inaugural realizada na sessão de abertura do ano letivo 1929/1930 da Escola Militar (hoje Academia Militar).

Revista de Engenharia Militar, número de 1947.

Revista Militar, número de julho de 1949.


___________________________________

1 Número comemorativo do III Centenário da Engenharia Militar. O Coronel Mascarenhas Inglês foi Capitão no Serviço Telegráfico do CEP.

2 O livro analisa o Relatório sobre o Serviço Telegráfico, preparado pelo Capitão Soares Branco, entre junho e julho de 1918. Documento esclarecedor não só sobre as comunicações no CEP, mas também sobre outras circunstâncias da participação do CEP na Grande Guerra.

3 O PRD “procurava a defesa e o prestígio da República”, venceu as eleições no conjunto de oito forças políticas, continuando a dominar o ambiente político português. Em 1925, a população total masculina (maiores de 21 anos) era de 2 855 818 indivíduos, mas apenas estava recenseada 574 260 (20,1 %) tendo votado, em 8 de novembro, 407 960.

4 Dados obtidos através do Google, em 21-07-2019 (23h18).

5 A Revista de Engenharia Militar, pela observação na internet (junho e julho de 2019), publicou-se de 1896 a 1916, depois, em 1947, número comemorativo do III Centenário da Engenharia Militar, e por fim, 2.ª Época, de 1951 a 1957.

6 Consta nos números 55/56/58/59/60/64/65/66 de 1930 da Revista de Artilharia.

7 No livro: Cortesão, Jaime; Memórias da Grande Guerra (1916-1919); Edição da Renascença Portuguesa – Porto. Edição fac-símile, 2019, Co-edição jornal Público (imprimido em junho de 1919), da autoria do Capitão Médico Jaime Cortesão, que prestou serviço no CEP como voluntário, na p. 211, salienta-se a ação do Alferes de Cavalaria do 5.º Grupo de Baterias de Artilharia (5.º GBA). “Custa-me a reconhecê-lo, tão deformado e branco tem o seu rosto. É o alferes Jaime Leote do Rego. (…) Noite ainda marcha para a frente, a restabelecer as ligações telefónicas. Já alguns ingleses abandonam as baterias esfaceladas. E êle continua na sua faina, em meio da tempestade, (…) Duas horas tem que andar a pé, esvaindo-se em sangue.

8 Esta passagem foi transcrita do livro do Coronel de Engenharia Bastos Moreira, Notas sobre Transmissões, Volume III, de 1985 (p. 61).

9 A Lição Inaugural foi proferida no posto de Tenente-Coronel. As promoções a Oficial-General ocorreram em 24 de maio de 1943 (Brigadeiro, hoje Major-General) e 21 de junho de 1946 (General, hoje Tenente-General).

10O Corpo de Exército Português foi a grande unidade operacional constituída com tropas pertencentes ao Corpo Expedicionário Português (CEP). O Capitão Soares Branco nunca pertenceu ao Corpo de Exército, porque continuou a chefiar uma unidade do Comando do CEP (Serviço Telegráfico), que forneceu as unidades, órgãos e efetivos necessários à constituição do Corpo de Exército. O responsável do Serviço Telegráfico do Corpo de Exército foi o Capitão Eng. Mascarenhas Inglês. O Corpo de Exército só esteve constituído entre novembro de 1917 e 6 de abril de 1918.

11Branco, General Carlos de Barros Soares; Os Altos Comandos e Alguns Problemas Económicos Actuais; Livraria Figueirinhas, Porto; 1949.

12O General Carlos de Barros Soares Branco morreu no ano seguinte, em 4 de março de 1963.

13Consta nos números 55/56/58/59/60/64/65/66 de 1930 da Revista de Artilharia.

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by COM Armando Dias Correia