Nº 2499 - Abril de 2010
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
Oficiais Britânicos ao Serviço do Exército Português no Regimento de Infantaria 14 (1809-1814)
Dr.
João Torres Centeno
Major-general
Rui Moura
«O Regimento 14 de Infantaria de Linha foi incorporado em Tavira, no Algarve, e é, creio eu, em termos gerais, o melhor Regimento do Exército. Quando eu observei este regimento na Chamusca, em Fevereiro de 1811, reunia cerca de dois mil e quinhentos homens em parada. O 14 era comandado, e excelentemente disciplinado, pelo tenente-coronel Le Mesurier, ex-oficial do Regimento 21 de Sua Majestade Britânica, que é actualmente governador da vila de Almeida (…) constitui com o Regimento 2 a Brigada do Algarve (…) O Regimento 14 encontra-se actualmente sob o comando do coronel Alexandre Magno d'Oliveira.» (The present state of Portugal and of the Portuguese Army, Andrew HALLIDAY, 1812, p. 189)
 
«Os granadeiros da Brigada do Algarve atraíram particularmente a minha atenção: eram todos robustos e corpulentos e a sua tez escura, com bigodes pretos e grandes olhos escuros, dava-lhes um aspecto verdadeiramente marcial.» (Moyle Sherer, Recollections of the Peninsula, 1824, ed. Longman, Hurst, Rees, Orme, and Brown, p.104)
 
O Exército Português, no período da 1ª invasão francesa (1807-1808), ficou privado de muitos dos seus oficiais mais graduados e mais competentes. Primeiro com a partida da Corte para o Brasil, em Novembro de 1807, a rainha e o Príncipe Regente, D. Maria I e o futuro D. João VI, foram acompanhados por algumas unidades do Exército completas, para além de oficiais, de elevada patente ou de linhagem, mais próximos da família Real. Depois com o licenciamento de grande parte do Exército Português pelo General Junot e a constituição da Legião Portuguesa enviada para França, obedecendo a ordens expressas de Napoleão, durante a primeira metade de 1808.
 
O Coronel Ribeiro Arthur no seu livro “Legião Portugueza ao serviço de Napoleão” [1] escreve:
«O Imperador previa o perigo dessa insurreição e, em 12 de Novembro, mandando a Junot instruções sobre a marcha e operações em Portugal, recomendava-lhe essencialmente que desarmasse e licenciasse o exército português:
“Podeis mesmo reunir um corpo de cinco a seis mil homens do exército português, oficiais e soldados, fazendo-os marchar por colunas de 1.000 homens para França, declarando-lhe, que os tomo ao meu serviço; fazei-os ajuramentar.” [2]
 
A 20 de Novembro recomendava-lhe:
“Não vos demoreis um instante em desfazer-vos do exército português; o que será fácil no primeiro mês tornar-se-á difícil depois. Que parta imediatamente logo que tenha prestado juramento. Fazei-o dirigir em batalhões para Baiona...” [3]
Foi em virtude destas ordens terminantes de Napoleão que Junot, desarmando e licenciando os restantes, apurou a flor dos nossos oficiais e soldados, reunindo-os numa pequena divisão, ao comando do marquês de Alorna, e que, sob o nome de Legião Portuguesa, passou a fazer parte dos exércitos imperiais.»
 
Partiram assim com destino a França, em Abril de 1808, “6 Regimentos de Infantaria Ligeira, dois Regimentos de Caçadores a cavalo e um Batalhão de Artilharia”. Cerca de 9.000 militares, comandados por D. Pedro de Almeida Portugal, 3º Marquês de Alorna, tendo como braço-direito o General Gomes Freire de Andrade. A Legião Portuguesa para além de recrutar mais soldados para os exércitos franceses serviu, também, para afastar de Portugal os militares mais aptos e perigosos, cuja permanência poderia ser fatal aos invasores. Muitos soldados, e alguns oficiais, ainda conseguiram desertar durante a marcha através de Espanha e retornar a Portugal, mas os restantes combateram durante 6 anos sob a bandeira do Império, cobrindo-se de glória em Wagram, Borodino e Moscovo.
 
Os oficiais do Exército remanescentes, aqueles que não tinham ido para o Brasil ou para França, foram licenciados, demitidos ou resignaram voluntariamente das suas comissões, por se recusarem a combater sob a bandeira de Napoleão. Com eles também é licenciada grande parte da soldadesca.
 
São alguns destes oficiais do Exército de Linha (licenciados, demitidos ou desertores da Legião), adicionados a oficiais cooptados nos Regimentos, de Ordenanças e Milícias, e a jovens oficiais britânicos voluntários, que vão guarnecer a estrutura de comando e controlo do Exército Português. Este Exército, fardado, equipado, armado e pago, em parte, pela Coroa Inglesa, renasce das cinzas, a partir de Setembro de 1808, com o regresso a França de Junot e do exército invasor, na sequência da sua derrota na Batalha do Vimeiro (21 de Agosto) e da vergonhosa Convenção de Sintra (assinada a 30 de Agosto).
 
A nomeação de William Carr Beresford, por decreto real, para Comandante em Chefe do Exército Português, é o ponto de partida desta grandiosa tarefa de reorganização. A promoção do Major-General Beresford e a sua transferência para o Exército Português surgem na Gazeta de Londres, de 21 de Janeiro de 1809, acompanhada da transferência de um conjunto de jovens oficiais. É a partir de Março de 1809 que começam a ser registadas as suas “Ordens do Dia”, nas quais “Sua Excellencia o Senhor Marechal Commandante em Chefe do Exercito Portuguez” exprime as suas orientações para organizar e disciplinar o Exército. Os oficiais ingleses são fundamentais na fase de preparação e aprontamento do Exército, introduzindo novas armas, novas tácticas, novos procedimentos e muita disciplina.
 
Entre 1809 e 1814, mais de 300 oficiais britânicos (ingleses, escoceses e irlandeses) prestaram serviço no Exército Português. Alguns, apenas uns poucos meses, outros, todo o período da guerra (1809-1814), e destes houve quem permanecesse ao serviço de Portugal até 1820, ou mesmo até mais tarde.
 
Em todos os Regimentos e Batalhões foram colocados oficiais britânicos mas, ao contrário do que se pensa, em número muito reduzido. Beresford foi colocando oficiais ingleses intercalados com oficiais portugueses, evitando a preponderância de uma das nacionalidades nos oficiais superiores de um Regimento. Se o Coronel era Inglês o Tenente-coronel era Português e vice-versa.
 
Muitos dos oficiais britânicos assumiram funções importantes, nomeadamente no comando de brigadas, regimentos e batalhões, e normalmente com responsabilidades em combate, como se verifica pela sua elevadíssima taxa de mortos e feridos em combate. Mas a realidade é que os ingleses sempre foram uma minoria na oficialidade do Exército Português, incorrectamente designado por alguns escritores por Exército Anglo-luso.
 
 
 
 
A título de exemplo, na lista de oficiais ao serviço no Regimento de Infantaria 14, em 1811, podemos notar a presença de apenas quatro ingleses, num total de 53 oficiais presentes: o TCor Havilland Le Mesurier, os Capitães P. Mc. Arthur e V. R. Lovett e o Tenente Bartholomeu Cassey (figura 1).
 
Ao longo das seis campanhas da Guerra Peninsular, de 1809 a 1814, que levaram o Exército Português da Batalha do Buçaco (27 de Setembro de 1810) à Batalha de Toulouse (10 de Abril de 1814), o número de oficiais ingleses no RI 14, em simultâneo, nunca foi superior a seis.
 
A possibilidade de prestar serviço em Portugal era muito aliciante para oficiais, jovens e ambiciosos, que tinham as suas promoções bloqueadas nos seus Regimentos de origem. No Exército Britânico a antiguidade era praticamente a única regra de promoção e só havia promoções para vagas existentes dentro de cada Regimento, o que normalmente só ocorria por reforma, morte em combate ou doença, acontecimentos não muito frequentes, apesar das múltiplas campanhas. Por outro lado, era tradição “comprar” a promoção e alguns dos mais jovens não tinham proventos de família que permitissem o avanço na carreira.
 
Qual era então o aliciante de prestar serviço no Exército Português?
 
Em primeiro lugar, os oficiais eram promovidos acima do seu posto. Inicialmente, para incentivar o voluntariado para o serviço no Exército Português, os oficiais ingleses foram promovidos dois postos no Exército Português e um no Britânico. Um capitão inglês passava a major do Exército Britânico e a tenente-coronel do Exército Português, um major a tenente-coronel do Exército Britânico e a coronel do Exército Português, etc. Apenas 24 oficiais ingleses gozaram desta dupla promoção. Os restantes, que ingressaram mais tarde ao serviço no Exército Português, foram promovidos apenas ao posto imediato português e mantiveram o seu posto no Exército Britânico, mas acumulando os vencimentos correspondentes aos postos de ambos os países.
 
Veja-se um caso de dupla promoção[4]. O Capitão James Oliver, do 4th Foot Regiment, foi promovido a major, ainda em Inglaterra, no estado-maior de Infantaria (por inexistência de vaga no seu Regimento) e, chegado a Portugal, foi promovido a tenente-coronel. Diga-se que, para um jovem de 32 anos, era um avanço notável na sua carreira. Claro que estes oficiais nunca deixaram de ser vistos com certo despeito por alguns dos oficiais portugueses, mas a inveja era muito mais notória por parte de oficiais ingleses da sua geração, que se mantendo ao serviço de Inglaterra, permaneciam sem promoção e sem vencimento dobrado.
 
Este tipo de promoções também serviu um interesse pessoal de Wellington, permitindo-lhe “perverter” as rígidas regras de antiguidade do Exército Britânico. Escolheu, de entre os oficiais ingleses, os mais aptos e distintos, com capacidade para assumirem o comando de tropas, colocando-os no Exército Português. Assim estes passariam a poder comandar os seus camaradas mais antigos, mas que não mereciam a confiança de Wellington, quando as unidades dos dois Exércitos combatiam integradas. Por exemplo Dickson, um excepcional capitão de artilharia do Exército Inglês, viu-se como comandante de toda a artilharia dos exércitos aliados, com o posto de tenente-coronel do Exército Português, razão pela qual, sempre usou a farda e patente portuguesa. Isto permitiu-lhe ser superior hierárquico de majores e capitães mais antigos, do Exército Britânico.
 
Fazer a biografia dos oficiais ingleses ao serviço do Exército Português não é tarefa simples. Os dados sobre estes oficiais podem ser obtidos de múltiplas fontes, nem sempre coincidentes. O Arquivo Histórico Militar possui os “Livros Mestre”, dos Regimentos, e os “Processos Individuais”, de quase todos estes oficiais. Estamos a referir-nos a dezenas de milhares de documentos originais, a maior parte deles manuscritos, de valor incalculável. A sua leitura nem sempre é fácil devido à caligrafia da época e aqueles que são impressos apresentam inúmeras gralhas.
 
 
 
 
 
Entre os documentos dos processos individuais destacam-se as “cartas patentes”, de promoção, assinadas pelo Príncipe Regente (figura 2), as fichas de avaliação semestrais (figura 3) e alguma correspondência oficial.
 
Mas infelizmente a normalização não era uma preocupação da época e os registos nem sempre eram precisos. Eis alguns dos problemas encontrados nestes documentos: a letra manuscrita não é de fácil leitura; muitos oficiais aportuguesaram os nomes próprios, usando indistintamente o nome inglês ou português (João por John, Gil ou Guilherme por William, etc); não houve o cuidado de registar de forma igual, em diferentes documentos, os seus apelidos (McDonald, MacDonald, M’Donald, Macdonnell ou McDonnel, podem referir-se ao mesmo oficial); há vários membros da mesma família, logo com o mesmo apelido, ou oficiais com apelidos iguais, que aparecem referidos em documentos apenas pelo último nome (só com o apelido MacDonald houve pelo menos 5 oficiais); existe a troca de nome próprio com o apelido (Henry Graham e Graham Henry); etc.. Tudo isto dificulta um processo, já de si moroso, de consulta de documentos manuscritos, ou impressos de forma rudimentar, sensíveis e frágeis.
 
 
 
 
Documentos ingleses são outra fonte primária valiosa: as “Army Lists” mensais do Exército Britânico (figura 4), são listas de antiguidades de todos os oficiais; os “Royal Military Calendars”, apresentam sínteses biográficas dos oficiais Generais e Superiores; as listas de condecorações; os despachos, a correspondência e as ordens.
 
Entre 1809 e 1814, prestaram serviço no Exército Português um total de pouco mais de 300 oficiais britânicos, alguns deles durante apenas escassos meses. No entanto cifram-se em mais de 9.000 o número de oficiais que prestaram serviço no Exército Britânico durante a Guerra na Península e, por isto, encontrar dados dos cerca de 3% que foram transferidos para o Exército Português é uma tarefa que requer paciência e método. Adicionalmente, alguns dos oficiais estrangeiros ao serviço de Portugal nunca pertenceram ao Exército Inglês, pelo que não se encontram referenciados nas publicações britânicas. Nestes casos, estamos limitados aos documentos nacionais.
 
 
 
Os ingleses publicaram, para além das referidas listas de ant iguidades, biografias resumidas, dos oficiais generais e superiores, o “Royal Military Calendar” ou “Army Service and Comission Book” (figura 5). Os cinco volumes da 3ª edição, de 1820, incluem mais de 2.872 biografias e registos de promoção de oficiais britânicos. Mas encontrar, nas mais de 2.500 páginas impressas, as poucas dezenas de oficiais que serviram no Exército Português e que tinham, pelo menos, o posto de Major no Exército Britânico é como encontrar “uma agulha no palheiro”. Por exemplo, não se encontra registada a biografia do extraordinário Tenente-Coronel Le Mesurier, comandante do RI14 na Batalha do Buçaco, por ser apenas Capitão no Exército Britânico.
 
 
 
 
Outra fonte de informação importante são os textos dos Despachos e das Ordens de Oficiais Generais, como por exemplo as de Wellington e Beresford. Neles são mencionados os oficiais que mais se distinguiram em combate e que mereceram a distinção “Mentioned in Dispatches”, uma referência elogiosa, aqueles que foram promovidos e transferidos de unidade e ainda alguns a quem foram atribuídas funções especiais (figura 6).
  
 
Não podemos também esquecer as listagens de medalhas atribuídas publicadas na Gazeta de Londres e as listas de Ordens Militares atribuídas, registadas no Calendar of Knights, incluindo as listagens dos galardoados com a Ordem Portuguesa da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.
 
Uma fonte secundária importante é fornecida pelos trabalhos do Capitão Lionel S. Challis, que após a Primeira Guerra Mundial iniciou um projecto que consumiria muito do seu tempo livre ao longo de três décadas. O seu objectivo era o de desenvolver uma lista de todos os oficiais do Exército Britânico que tinham servido durante a Guerra Peninsular, entre 1808 e 1814. O Capitão Challis vasculhou listas, boletins, despachos, registos oficiais e histórias regimentais para obter informações. Registou toda a informação recolhida em cerca de 9.600 cartões, um por cada oficial (figura 7), mas, apercebendo-se que seria demasiado dispendioso publicar toda a informação recolhida, doou, em 1949, a sua pesquisa ao Royal United Services Institute (RUSI). A informação da maior parte dos oficiais que desempenharam funções no Exército Português está catalogada, com graus de precisão variável.
 
Challis escreveu ainda um interessante artigo, British Officers Serving in the Portuguese Service, 1809-1814, na Revista da “Society for Army Historical Research”, em 1949, mas no qual se detectam algumas lacunas e incorrecções.
 
 
 
 
Uma pesquisa profunda e séria necessita pois de reunir inúmeros dados, dispersos por milhares de documentos e cruzar informações de múltiplas fontes, por vezes contraditórias entre si.
 
Seguem-se breves sínteses biográficas dos Oficiais britânicos que prestaram serviço no Regimento de Infantaria 14, durante o período de 1809 a 1814:
(1) APPLETON, William. Capitão do 57th Foot Regiment. Capitão do Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Abril a Novembro 1810.
Ingressou no Exército Português com o posto de tenente, graduado em Capitão do Regimento de Infantaria 14, a 21 Abril 1810. “Abatido ao efectivo do E.P. em 3 Novembro 1810”. Combateu na Batalha do Buçaco.
Foi condecorado com a Military General Service Medal [Bussaco].
(2) CASEY, Bartholomew. Tenente do 43th Foot Regiment. Capitão do Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Abril 1809 a Abril 1814.
Ingressou no Exército Português com o posto de alferes. Promovido a tenente do Regimento de Infantaria 14, em 3 Novembro 1810, e a capitão, em 26 Fevereiro 1814. Combateu na Batalha do Buçaco, 2º Sítio de Badajoz, Retirada de Burgos, Batalhas de Vitória, Pirenéus, Nive e Nivelle.
(3) DONAVAN, Daniel. Tenente do 27th Foot Regiment. Tenente do Regimento de Infantaria 12. Tenente do Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Maio 1812 a Abril 1814.
Ingressou no Exército Português com o posto de tenente, no Regimento de Infantaria 12. Transferido para o Regimento de Infantaria 14, a 17 Abril 1813. Combateu nas Batalhas de Salamanca, Burgos, Vitória, Pirenéus, Nivelle, Nive, Orthez, Aire e Toulouse. Ferido em combate, ligeiramente, na Batalha de Salamanca, em 22 Julho 1812, e com gravidade, na Batalha do Nive [St Pierre], em 13 Dezembro 1813, tendo sido atingido por um projéctil de mosquete na perna direita que raspou no osso do fémur.
Foi condecorado com a Cruz da Guerra Peninsular com o número 3, pelo serviço em três campanhas na Península (1812-1813-1814).
(4) GARDINER, Edward. Tenente do 38th Foot Regiment. Tenente do Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Agosto 1812 a Abril 1814.
Ingressou no Exército Português com o posto de tenente, no Regimento de Infantaria 5, em Agosto 1812. Transferido para o Regimento de Infantaria 14, a 15 Novembro 1813. Combateu nas Batalhas do Nive, Orthez, Aire e Toulouse. Abatido ao efectivo em 13 Outubro 1814.
(5) GRAHAM, Henry. Capitão do Regimento de Infantaria 14. Capitão do Regimento de Infantaria 2.
Ao serviço no Exército Português a partir de 1812.
Não existem registos deste oficial no Exército Britânico. Ingressou no Exército Português com o posto de tenente, foi promovido a Capitão do Regimento de Infantaria 14, em 23 Maio 1812. Transferido para o Regimento de Infantaria 2, em 1 Dezembro 1814. Abatido ao efectivo na Ordem do Dia de 6 Outubro 1821. Foi-lhe atribuída pensão de 1/3 do vencimento por decreto de 26 Janeiro 1826.
Foi condecorado com a Cruz da Guerra Peninsular com o número 2, pelo serviço em duas campanhas na Península.
(6) LE MESURIER, Havilland. Capitão do 21th Foot Regiment, Tenente-coronel graduado E.O.P.S. Coronel do Regimento de Infantaria 12.
Ao serviço no Exército Português de Abril 1809 a Agosto 1813.
Mencionado em Despacho do Marechal Beresford na Batalha dos Pirenéus, a 28 Julho 1813, por bravura e ferimento em combate, do qual viria a morrer a 13 de Agosto.
Ingressou no Exército Português com o posto de tenente-coronel no Regimento de Infantaria 14, em 11 Maio 1809. Transferido para o Regimento de Infantaria 12, onde foi promovido a coronel, em 10 Julho 1813. Combateu nas batalhas de Buçaco, Albuera, 2º Sítio de Badajoz, Burgos, Vitória e Pirenéus. Comandou o Regimento de Infantaria 14 na Batalhas do Buçaco e no Combate de Campo Maior. Ferido em combate com gravidade, com um tiro na cabeça, ao serviço no Regimento de Infantaria 12, na Batalha dos Pirenéus, a 28 Julho 1813. Morreu dos ferimentos a 13 Agosto 1813.
Foi condecorado com a Medalha de Distinção em Comando [Pirenéus], a Peninsular War Gold Medal [Pyrenees] e a Cruz da Guerra Peninsular com o número 4, pelo serviço em quatro campanhas na Península (1810-1811-1812-1813).
(7) LOVETT, Verney Robert. Capitão 50th Foot Regiment. Capitão do Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Dezembro 1810 a Janeiro 1812.
Ingressou no Exército Português com o posto de tenente, foi promovido a Capitão do Regimento de Infantaria 14, em 16 Dezembro 1810. Combateu na batalha de Albuera, 2º Sítio de Badajoz, batalha de Orthez e combate do Aire. Gravemente ferido no Combate do Aire. Abatido ao efectivo em 2 Janeiro 1812. Tinha igualmente combatido na Campanha de Walcheren, Países Baixos, em 1809.
(8) MacARTHUR, Peter. Tenente do 3th Foot Regiment. Capitão do Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Março 1810 a Setembro 1812.
Ingressou no Exército Português com o posto de tenente. Promovido a Capitão do Regimento de Infantaria 14, em 12 Março 1810. Combateu nas Batalhas do Buçaco e Albuera, e 2º Sítio de Badajoz. Abatido ao efectivo em 5 Maio 1812. Tinha igualmente combatido na Campanha da Corunha (de Setembro 1808 a Janeiro 1809).
(9) MacDONALD, John, CB. Major Graduado do 88th Foot Regiment. Coronel Graduado do Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Abril 1809 a Abril 1814.
Ingressou no Exército Português com o posto de tenente. Promovido a Capitão em 31 Março 1809 e a Major do Regimento de Infantaria 2, em 15 Novembro 1809. Promovido a tenente-coronel, em 14 Abril 1812, e transferido para o Regimento de Infantaria 14. Distinguiu-se nas Batalhas de Vitória e Pirenéus. Combateu no Buçaco, Redinha, Pombal, Campo Maior, 1º Sítio de Badajoz, Albuera, 3º Sítio e Conquista de Badajoz, Alba de Tormes, Vitória, Pirenéus e Toulouse. Como Major, comandou um Batalhão na Batalha do Buçaco (27 Setembro 1810) e comandou um Regimento nas Linhas de Torres Vedras (1811), na perseguição às forças de Massena em Redinha, Pombal e Campo Maior, e no 1º Sítio de Badajoz e Batalha de Albuera. Como tenente-coronel comandou um Regimento no 3º Sítio e Assalto à praça de Badajoz, em Alva del Tormes (13 Novembro 1813), e nas Batalhas de Vitoria (21 Junho) e Pirenéus (25 Julho), e comandou uma Brigada a 30 e 31 de Julho 1814. Comandou uma Brigada na Batalha de Toulouse a 10 Abril 1814. Comandou o Regimento de Infantaria 14 nas Batalhas do 3º Sítio da Praça de Badajoz, Defesa da passagem do Tormes, Vitória e Pirenéus. Foi ferido em combate: na cabeça e perna direita (5 Julho 1807) no Assalto a Buenos Aires; na perna esquerda e virilha direita na Batalha dos Pirenéus (Sorauren, 30 Julho 1813); e no ombro esquerdo e pulmões no Combate de Banca (1 Outubro 1813). Abatido ao serviço por sentença do Conselho de Guerra de 13 Setembro 1815. Também tinha servido nas campanhas da América do Sul (1806), Assalto a Buenos Aires (1807) e expedição secreta sob o comando do Major-General Sherbrook (em Dezembro 1808). Nasceu em Dalchosnie House, Perthshire, a 10 Setembro 1788, e morreu em 1864.
Mencionado em Despachos (Pyrenees). Foi condecorado com a Peninsular War Gold Medal [Vittoria, Pyrenees], a Military General Service Medal [Busaco, Albuhera, Badajoz, Toulouse], a Medalha de Distinção de Comando [Vitoria e Pirenéus], a Cruz da Guerra Peninsular com o número 6, pelo serviço em seis campanhas na Península (1809-1810-1811-1812-1813-1814) e a Cruz Espanhola de Albuera. Foi ainda nomeado Knight Companion of the Order of the Bath (C.B.), por S.M. o Rei Jorge IV de Inglaterra, por proposta do Duque de Wellington por “services during the war”.
(10) OLIVER, James Ward. Capitão do 4th Foot Regiment, graduado em major, no Estado-Maior de Infantaria. Tenente-coronel do Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Abril 1809 a Junho 1811.
Ingressou no Exército Português com o posto de major. Tenente-coronel agregado do Regimento de Infantaria 10, em 24 Abril 1809. Transferido para o Regimento de Infantaria 16, em 11 Abril 1810. Transferido para o Regimento de Infantaria 14, a 2 Maio 1811. Combateu na libertação do Porto (1809), nas batalhas do Buçaco e Albuera, e no 2º Sítio de Badajoz. Comandou o Regimento de Infantaria 14 na Batalha de Albuera e 2º Sítio de Badajoz. Ferido em combate no 2º Sítio de Badajoz, a 30 Maio. Morreu dos ferimentos, em Elvas, a 17 Junho 1811. Abatido ao efectivo do E.P. a 6 Junho 1811. Participou igualmente nas campanhas britânicas do Quebec, Canadá (1795-77), dos Países Baixos, nas batalhas de Egmont-op-Zee e de Alkmar (1799), e da Dinamarca, participando na conquista de Copenhaga (1807). Desembarcou com forças do seu Regimento, em Portugal, ao Sul de Peniche, 4 dias depois da Batalha do Buçaco, passando posteriormente a integrar as forças, que sob comando do General John Moore, seguem para Ciudad Rodrigo e Salamanca e, mais tarde retiram pela Corunha (Setembro de 1808 a Janeiro 1809). Em todas estas campanhas esteve ao serviço no 4th Foot, King’s Own Regiment. Foi prisioneiro de guerra dos franceses (de Outubro 1797 a Novembro 1798), tendo-se evadido da prisão, em Orleães, e regressado ao seu Regimento, em Inglaterra. Está sepultado nas muralhas de Elvas, no Cemitério dos Ingleses.
Nota: Este oficial teria direito pelo menos a uma Medalha de Distinção de Comando por duas acções (Badajoz e Albuera), a equivalente inglesa Peninsular War Gold Medal, e a Cruz da Guerra Peninsular. Tendo falecido, estas distinções não foram reclamadas pela família, sendo esquecido nas listas.
(11) POTTER, Thomas. Tenente do 28th Foot, Capitão Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Janeiro 1812 a Abril 1814.
Ingressou no Exército Português com o posto de capitão no Regimento de Infantaria 14, em 2 Janeiro 1810. Combateu nas Batalhas da Corunha, Tarifa, Barrosa, Arroyo dos Molinos, Badajoz, Vitória, Pirenéus, Nivelle, Nive, Garriz, Orthez e Aire. Ferido em combate na acção do Aire (2 Mar 1814) e na batalha dos Pirenéus (Sorauren, 30 Julho 13), com ferimentos ligeiros. Combateu igualmente na Campanha da Coruña (Setembro de 1808 a Janeiro 1809). Passagem à reforma a pedido ”not desirous to serve from the motive of ill health and severity of wounds.
Foi condecorado com a Military General Service Medal (Corunna, Barrosa, Badajoz, Vittoria, Pyrenees, Nivelle, Nive, Orthes) e a Cruz da Guerra Peninsular com o número 3, pelo serviço em três campanhas na Península (1812-1813-1814).
(12) WESTERN, Charles Maximilian Thomas. Tenente 29th Foot Regiment. Major Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Dezembro 1808 a Dezembro 1809 e de Setembro 1810 a Abril 1814.
Mencionado em Despachos do Marechal Beresford e promovido a Major por serviços distintos a 22 Outubro 1812. Ingressou no Exército Português com o posto de capitão na Leal Legião Lusitana a 27 Dezembro 1808. Regressou ao serviço do E.P, como Capitão do Regimento de Caçadores 8. Transferido para o Regimento de Infantaria 14, em 25 Janeiro 1814. Combateu nas Batalhas de Buçaco, Fuentes de Oñoro, Badajoz, Castrejon, Salamanca, Burgos, Villa Muriel, Vitória, Nivelle, Nive, Orthez, Toulouse, entre outras. Ferido em combate com gravidade durante a Retirada de Burgos (Villa Muriel, 25 Outubro 1812), enquanto prestava serviço como Capitão no Regimento de Caçadores 8.
Foi condecorado com a Peninsular War Gold Medal [Salamanca] e a Cruz da Guerra Peninsular com o número 5, pelo serviço em cinco campanhas na Península (1810-1811-1812-1813-1814).
(13) WILDE, Ralph. Capitão do 89th Foot Regiment. Major do Regimento de Infantaria 14.
Ao serviço no Exército Português de Agosto 1811 a Novembro 1813.
Ingressou no Exército Português com o posto de capitão. Promovido a Major do Regimento de Infantaria 8, em 30 Agosto 1811. Major agregado do Regimento de Infantaria 14, em 9 Novembro 1813. Ferido em combate na Batalha de Salamanca, em 22 Julho 1812. Abatido ao E.P. em 22 Dezembro 1813. Originalmente do Royal York Rangers Regiment onde prestou serviço até ao posto de Capitão.
  
 
 
 
 
  
 
Bibliografia
 
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BOPPE, P. La Legion Portugaise 1807-1813. C. Térana Editeur, Paris 1994.
CENTENO, João Torres. O Exército Português na Guerra Peninsular. Col História Militar. Ed. Prefacio, Lisboa 2008.
CHABY, Capitão Cláudio de. Excerptos históricos e Collecção de Documentos Relativos à Guerra denominada da Peninsula e às anteriores de 1801, e do Roussilon e Cataluña. Imprensa Nacional. Lisboa 1863.
CHALLIS, Captain Lionel. British Officers Serving in the Portuguese Service, 1809-1814. Journal of the Society for Army Historical Research, volume 27, nº 110, p. 50-60. s.l. 1949.
GAZETA DA CORTE DE LONDRES (London Gazette):
- nº 16231, de 21 de Janeiro de 1809 - Promoção de um posto e destacamento para o serviço no Exército Português do Major-General William Carr Beresford, do Coronel Graham, de 2 Majores e 10 Capitães (Foram posteriormente promovidos no Exército Português a Marechal, Tenente-general, Coronel e Tenente-coronel, respectivamente).
- 15 de Abril de 1809 - Promoção de um posto e destacamento para o serviço no Exército Português sob o comando do Tenente-General William Carr Beresford de seis Capitães (Foram posteriormente promovidos no Exército Português a Tenente-coronel, inclui-se o Capitão Haviland Le Mesurier, do 21st Foot Regiment).
- 13 de Setembro de 1814 - Listagem dos 386 Oficiais Ingleses, Portugueses e Espanhóis de todas as graduações que serviram e se distinguiram no Exército aliado na Península, e em França, debaixo do comando de Lord Wellington, a quem foi concedida a Medalha de Distinção por Sua Alteza Real o Príncipe Regente da Grã-Bretanha, p. 1850 a 1854.
GAZETA DE LISBOA:
- nº 116, de 18 de Maio de 1818 - Listagem dos Oficiais Generais, Oficiais, Oficiais inferiores e soldados condecorados com o Colar ou Medalha pela distinção do seu serviço na Guerra da Península, por proposta de 23 de Abril de 1817.
- nº 246, de 18 de Outubro de 1814 - Listagem dos Oficiais Portugueses e Ingleses no serviço português, a quem foi concedida a Medalha de Distinção por Sua Alteza Real o Príncipe Regente da Grã-Bretanha.
GEORGE, Tancred. Honorary Distinctions Conferred on The British Navy, Army & Auxiliary Forces. Londres, 1891.
GURWOOD, LTCol. The Dispatches of Field Marshal The Duke of Wellington, During His Various Campaigns in India, Denmark, Portugal, Spain, The Low Countries, and France, from 1799 to 1818, Vol VI - Peninsula 1810. Londres, 1838.
GURWOOD, LTCol. Wellington General Orders. Spain and Portugal, January 2nd to December 29th 1810. Vol II. Londres, 1811.
HALLIDAY, Andrew. The Present State of Portugal and the Portuguese Army. Edimburgo, 1812.
JONES, John T. Account of the War in Spain, Portugal and The South of France, from 1808 to 1814 inclusive. In Two Volumes, Second Edition. Volume I. Londres, 1821.
MELLO, João Chrysostomo do Couto e. Lista dos Oficiais do Exército em 1811 de Ordem de Sua Alteza Real o Principe Regente N.S., segunda edição referida ao 1º de Dezembro. Impressão Régia. Lisboa, 1811.
NAPIER, Major-general Sir W.F.P.. History of the War in the Peninsula and in the South of France. Londres, 1851.
ORDEM DO DIA nº 31, de 25 de Dezembro de 1820, Secretaria dos Negócios da Guerra. Relação dos Oficiais Ingleses, a quem compete a Condecoração de Cruz, pela efectividade de Campanhas anuais, servindo no Exercito de Portugal na guerra passada contra o Exercito Francês, p. 56 a 61.
ORDENS DO DIA DO EXÉRCITO PORTUGUÊS, Ordens do Dia, Marechal William Carr Beresford. 1809-1810-1811-1812-1814.
SHERER Moyle, Recollections of the Peninsula, ed. Longman, Hurst, Rees, Orme, and Brown, 1824.
SORIANO, Simão José da Luz. História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal, Guerra da Península, Tomo III, Segunda Epocha. Imprensa Nacional. Lisboa, 1874.
The Army Lists for 1808 - Individual Monthly Editions, corrected to the first of March 1808.
TOWNSEND, Francis. Calendar of Knights from 1760 to The Present Time. Londres, 1828.
WELLINGTON, Duque de. The Dispatches of Field Marshal The Duke of Wellington, During His Various Campaigns in India, Denmark, Portugal, Spain, The Low Countries, and France, from 1799 to 1818, Vol V, Peninsula 1809-1810. Londres, 1838.
 
 
* Prestou serviço na Escola Prática de Infantaria, no Instituto de Altos Estudos Militares, na Brigada Mecanizada Independente, no Estado-Maior do Exército, no Gabinete do Chefe de Estado-Maior do Exército e no Regimento de Infantaria nº 14, onde exerceu as funções de Comandante. Publicou o livro “O 14 de Infantaria”, em 2009 e é autor de diversos artigos sobre temas de história militar. Frequenta actualmente o Curso de Promoção a Oficial General.
**     Licenciado em Direito, Tem conjugado a sua actividade de advogado com a investigação na área de História Militar, em especial na área da organização do Exército Português durante a guerra peninsular. É autor do blog http://lagosmilitar.blogspot.com/. Publicou o livro «O Exército Português na Guerra Peninsular. Vol. 1. Do Rossilhão ao fim da Segunda Invasão Francesa» (Prefácio, 2008).

 

 
 
 
 
 

 [1] Legião Portugueza ao serviço de Napoleão, Lisboa, Livraria Ferin, 1901.
 [2] Cfr Oficio de Napoleão a Junot, P. Boppe, La Legion Portugaise 1807-1813, Paris, C. Térana Editeur, 1994, p. 4.
 [3] Ofício de Napoleão a Junot, P. Boppe, ibidem, p. 4.
 [4] Cfr. João Torres Centeno, in O Exército Português na Guerra Peninsular, Ed. Prefacio, pag 168-171.
[5]  Informação reproduzida de documento manuscrito do AHM
 
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