Nº 2580 - Janeiro de 2017
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
As Relações Sino-Europeias e Sino-Portuguesas
Doutor
Nie Quan

Boa tarde. Tenho muito gosto em participar na conferência de hoje para trocar ideias com os amigos presentes. Em primeiro lugar, gostaria de expressar, em nome da Embaixada da China e do Embaixador Cai Run, os sinceros agradecimentos ao Sr. Gen. Ramalho, e os melhores votos à conferência.

A China e a Europa situam-se nos dois lados do Continente Eurásia. Alguns académicos chineses dizem que a China e a Europa são ”vizinhos de longa distância”. Não sei se vocês concordam. Eu preferia dizer que somos vizinhos de longa distância e de longa data. No dia 6 de maio de 1975, a China e a União Europeia estabeleceram relações diplomáticas, trazendo as relações sino-europeias para um novo período histórico. Com os esforços em conjunto, a China e a UE já se tornam de “vizinhos de longa distância” para “amigos de coração”.

Se olhamos aos 40 anos passados, podemos tirar a conclusão que tanto a China como a UE alcançaram crescimentos mais acelerados na sua história, tornando-se em forças principais neste mundo multipolarizado. A China já é a segunda maior economia do mundo e a Comunidade Europeia de Carvão e Aço tornou-se na União Europeia. Literalmente, a Comunidade Europeia de Carvão e Aço perdeu “carvão e aço”, mas realmente a União Europeia ganha a palavra “união” e ganha mais países, ganha mais força.

Ao mesmo tempo, as relações entre a China e a UE aprofundam-se sem parar. Hoje, temos o orgulho de dizer que as relações de parceria entre as duas partes são uma das relações caracterizadas por “4 mais”: mais importante, mais estável, mais construtiva e mais influente, no mundo. Estes “4 mais”, são baseados, pelo menos, em 3 aspectos.

O primeiro é a sólida confiança mútua estratégica e política. Agora, entre a China e a UE já existe um mecanismo de encontros entre os líderes, que é a orientação estratégica das relações entre a China e a UE. Temos 3 diálogos de alto nível, que são: diálogo de alto nível sobre estratégia; diálogo de alto nível sobre economia e comércio; diálogo de alto nível sobre intercâmbio humano. Os 3 diálogos de alto nível servem como os 3 pilares das relações entra a China e a UE. Aliás, temos mais de 60 mecanismos de consultas e intercâmbios, que quase cobrem todas as áreas de cooperação entre as duas partes.

O segundo aspecto é a cooperação win-win nas áreas de comércio e investimento. 40 anos atrás, o volume total de comércio entre a China e a UE era muito tímido, com 2 mil milhões de dólares. E agora, tão corajoso, 600 mil milhões. O investimento chinês na UE era quase zero, agora, só num ano singular de 2015, o investimento chinês é de 20 mil milhões de euros. E com certeza, os investimentos da UE na China são maciços.

O terceiro aspecto é a aproximação ou afinidade entre os povos. 40 anos atrás, a Europa era tão longe e tão desconhecida para a maioria dos chineses. Agora, temos mais de 300 mil estudantes chineses na UE, e 45 mil estudantes da UE na China. Temos 120 Institutos de Confúcio na UE, e as 24 línguas oficiais da UE já entraram nas aulas de língua estrangeira das universidades da China. Cada dia, tem mais de 70 linhas aéreas entre a China e a UE que carregam cerca 16 mil pessoas, que viajam com tanta emoção e à procura de oportunidades de cooperação.

O ano 2016 é o ano inicial da 5ª década das relações diplomáticas sino-europeias, e o relacionamento e a cooperação entre a China e a UE estão a enfrentar novas oportunidades importantes. Sendo duas grandes forças, dois grandes mercados e duas grandes civilizações, a China e a UE não têm contradição geopolítica, nem conflito de interesse vital. A China e a UE ocupam 1/4 da população mundial e 1/3 da economia global. A civilização chinesa e a europeia são tesouros da civilização humana, caracterizadas por abertura e inclusividade. O Presidente da China, Xi Jinping, propõe a criação de uma parceria sino-europeia de paz, de crescimento, de reforma e de civilização, dando orientação clara ao futuro das relações sino-europeias.

O ano 2016 também marca o ano inicial da segunda década da Parceria Estratégica Global Sino-portuguesa. O Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestam com consenso que as relações entre os dois países estão na sua melhor fase na história. Julgo pessoalmente que esta “melhor fase” é registada com a maior frequência de troca de visitas de alto nível, com característica de pragmatismo, com uma perspectiva de optimismo, e com um espírito de empreendedorismo.

Quanto à maior frequência de troca de visitas de alto nível, em setembro do ano passado, o Primeiro-Ministro do Conselho de Estado da China, Li Keqiang, fez uma escala na Ilha de Terceira e encontrou-se com o Representante Especial do Primeiro-Ministro António Costa, o Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva. Uma semana depois, o Primeiro-Ministro, António Costa, realizou a sua visita oficial à China e participou em Macau na cerimónia da abertura da 5ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Quando ao pragmatismo, a cooperação sino-portuguesa nas diversas áreas está cada vez mais alargada. No primeiro semestre de 2016, o volume de comércio bilateral já ultrapassou 26 mil milhões de dólares americanos, com o crescimento de 22,6% em relação ao mesmo período de 2015. Até agora, o investimento chinês acumulado em Portugal, tanto empresarial como individual, já ultrapassa 8 mil milhões de euros, nomeadamente nos sectores de energia, de finanças e de seguros. Este modelo de cooperação de benefício mútuo ganha avaliações altas e positivas da sociedade portuguesa.

Quando ao optimismo, podemos ver que, actualmente, 4 Institutos de Confúcio foram estabelecidos em Portugal e, na China, há mais de 30 universidades ou institutos que abriram o curso de língua portuguesa. Os dois países já assinaram o Acordo de Estabelecimento Mútuo de Centro Cultural. Além da cooperação bilateral nas áreas financeira, marítima, turística e cultural, a cooperação tri-lateral está a abrir uma nova porta para o aprofundamento ainda mais da cooperação pragmática sino-europeia. Sendo um dos melhores amigos da China na Europa, Portugal está a desempenhar um papel cada vez mais positivo na promoção das relações entre a China e a União Europeia.

Quando ao empreendedorismo, a China está a apoiar empreendedorismo e inovação em massa, e Portugal também aplica política de inovações, startups e incubadores. Isso significa que temos mais oportunidades e espaços de incentivar mais cooperação.

Queria salientar que a UE é um importante parceiro estratégico da China e as relações sino-europeias são umas das prioridades da diplomacia chinesa. A parte chinesa valoriza sempre as relações sino-europeias de uma altura estratégica e de um ângulo de longo prazo. A China apoia firmemente a integração europeia. Uma Europa próspera e estável é favorável aos interesses de todas as partes. A China tem toda a confiança no futuro da Europa.

Gostaria de terminar as minhas palavras com um provérbio chinês. “Quando uma pessoa tiver 40 anos de idade, ela já não vai ter perplexidade sobre a sua vida e carreira”. Este provérbio também serve às relações entre a China e a UE, que já têm 41 anos. Temos a convicção de que as nossas relações sino-europeias serão mais maduras, mais estáveis e mais frutuosas.

 

Obrigado a todos.

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2017-11-02
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Doutor

Nie Quan

Conselheiro da Embaixada da República Popular China na República Portuguesa.

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by COM Armando Dias Correia