Embora, nas obras traduzidas e publicadas em português2, o nome apareça como palavra esdrúxula, com acento circunflexo no “ô”, o autor historiador Prof. René Pélissier defende que a forma correcta do nome da célebre batalha, no sul de Angola, em Agosto de 1915, é Mongua. Do mesmo modo, o General Pereira d’Eça3 que comandou as forças na grande batalha, no sul de Angola, na referida data, escreve Mongua, bem como o Capitão Ferreira do Amaral que participou nela (e mais tarde, no CEP, na Flandres, na I Guerra Mundial)4, destacando, este último, a “bravura colectiva” das tropas portuguesas. Até a tira indicativa da medalha comemorativa das Campanhas do Exército Português de 1916 tem estampado o nome: Mongua 20.8.915.
Figura 1 – Modelo da medalha aprovado pelo Regulamento de 1917.
Porém, outros autores, quando referem a táctica adoptada do “quadrado”, nos seus textos, acentuam o nome5.
“Os Portugueses podem fazer grandes coisas mas raramente sabem dar-se valor. Pelo menos nos séculos XIX-XX. Com efeito, o relatório de Pereira d’Eça, concluído em Fevereiro de 1917, terá de esperar oito anos após a campanha e seis anos após a morte do general (Novembro de 1917) para ser publicado (1923) e parece que a primeira obra consagrada a esta expedição data de 1922 (…)”.
PÉLISSIER, René, As Campanhas Coloniais de Portugal – 1844-1941, Editorial Estampa, Ld.ª, Lisboa, 2006 – 1.ª edição: Outubro de 2006, págs. 363/4
O relatório do General Pereira d’Eça – Campanha do Sul de Angola de 1915 – tem a data de, Lisboa – Imprensa Nacional – 1921. No entanto, R. Pélissier explica o que julga ter-se passado com a divergência de datas:
“l’exemplaire que je possède a 2 couvertures identiques, l’une porte 1921 et une autre qui a été collée postérieurement porte 1923. Mon explication est que le livre a été imprimé et peut-être partiellement vendu en 1921, puis on l’a ensuite vendu complètement en 1923. Donc il y aurait 1 seule impression mais 2 diffusions (peut-être pour des raisons politiques)”.
(Excerto do mail de Pélissier, René, de 31 de Agosto de 2015)
Mas, mesmo nos nossos dias, o historiador português contemporâneo Filipe Ribeiro de Meneses, apenas consagra cinco linhas e meia à batalha de “Môngua”, que, no entanto, considera “uma das maiores batalhas campais entre tropas africanas e europeias”6.
Felizmente, há outros autores historiadores (poucos) que a ela dedicaram os seus trabalhos.
“Je ne sais pas si la chose capitale, la victoire portugaise de Mongua7, sera célébrée au Portugal en 2015; Je n’ai pas été avisé d’une quelconque publication prévue ou en chantier”.
(Excerto do mail de PÉLISSIER, René, de 15 de Agosto de 2015)
“Quem não sabe nada tem sempre a possibilidade de descobrir tudo”.
(AMIS, Martin – A Zona de Interesse – Quetzal Editora,
1.ª ed.; Junho de 2015, pág.117)
A notícia8, vinda a lume recentemente, da previsão do afundamento, no próximo ano, no mar de Porto Santo (Região Autónoma da Madeira), da corveta Pereira d’Eça, da Marinha Portuguesa, veio recordar a batalha de Mongua, o feito vitorioso português, sob o comando do general Pereira d’Eça, no sul de Angola, em 1915 (17 a 20 de Agosto), que se julga ter sido enterrado, inexplicável e injustificadamente, na poeira da história, dado que foi, sem dúvida, uma batalha campal, não de guerrilha, uma glória nacional, “a única vitória franca e decisiva do Exército Português metropolitano em África”9.
O desastre de Naulila que, segundo Norton de Matos afirmou, no Senado, “não foi um desastre completo porque se o fosse o exército inimigo invadiria todo o nosso território”10, teve consequências e ateou o rastilho das sublevações indígenas11, obrigando à actuação militar portuguesa. “Nas sessões secretas de 1917, o deputado João Tamagnini Barbosa, que viria a chefiar o Governo após o assassínio de Sidónio Pais, referiu-se às “barbaridades e selvajarias que, por aí dizem à boca cheia, terem sido praticadas em Angola pelas nossas tropas” e propôs um inquérito que foi rejeitado. Tomás Rosa, deputado da maioria que apoia o governo da altura desses debates, liderado por Afonso Costa, lê testemunhos perturbantes que denunciam enforcamentos, morte de mulheres grávidas e de crianças, muitos enterrados ainda vivos”12.
A nova campanha de “submissão das populações e reactivação dos postos abandonados”, para a restauração da autoridade portuguesa “desencadeia uma terrível revolta dos Ovambos e dos Humbes, o que requer o envio, em 1915, de milhares de metropolitanos13 que reocuparão o Sul abandonado e, finalmente, regularão “para sempre” (em Mongua, 1915) o problema ovambo, mas numa batalha campal, “leal”, metralhadoras contra espingardas”14.
Quem não esqueceu a “importância histórica da batalha de Mongua” foi Angola15, louvando a acção do respectivo governo: “Cunene: Autoridades tradicionais da Mongua satisfeitas com acções do governo”, acrescentando: “Os esforços do governo angolano na melhoria das condições sociais básicas às comunidades rurais foram elogiados, nesta sexta-feira, pelas autoridades tradicionais da comuna da Mongua, município do Cuanhama, província do Cunene”, em nota proveniente de Ondjiva, actual nome da ex-vila Pereira d’Eça.
“Ondjiva, antiga vila Pereira d’Eça, é uma cidade em Angola, sede do município do Cuanhama e capital da província do Cunene, província mais ao sul de Angola. Durante a Guerra Civil de Angola, esta cidade foi bastante destruída pela aviação e o exército da África do Sul. A sua reconstrução foi iniciada depois do advento da paz, em 2002”16.
A mesma agência – ANGOP –, em nota de 21 de Agosto de 1915, dá conta de que a população foi esclarecida sobre a atrás referida importância histórica, numa palestra que teve como orador o director provincial da Cultura do Cunene, Celestino Vicente, recordando o rei Mandume (Mandume-ya-Ndemufayo) e os seus guerreiros combatentes, enaltecendo a sua determinação e coragem, na batalha que diz ter durado “quatro anos de luta”17! Tratar-se-á de equívoco do orador ou da agência noticiosa, dado que a batalha decorreu de 17 a 20 de Agosto, nos quatro dias que diversas fontes referem, constituindo “a maior batalha campal jamais realizada por um colonizador europeu contra um poder ou um Estado negro-africano a sul do Sara (...)”18.
Tendo como fonte bibliográfica duas obras19, o autor de “Mongua 1915 – O Quadrado de Mongua – 20 de Agosto de 1915”20 realça quase exclusivamente o comportamento do batalhão do RI 17, de Beja, e de outras unidades de Cavalaria e Marinha, pela conquista das cacimbas21 (charcos/poças). A água foi de facto uma questão importante e sem ela as tropas teriam perecido. Para além da morte de dois oficiais, o autor cita o Major comandante que conduziu a batalha até ao fim. Espantosa é a falta de qualquer referência ao general Pereira d’Eça! Como diria e disse em relação a outros valorosos militares, “a fraca memória dos portugueses suprimiu-os já da lista de gratidão dos povos”22!
Em “Angola 1914-1915 – Momentos de História”, diz-se que o general Pereira d’Eça parte, em 3 de Fevereiro de 1915, comandando um segundo corpo expedicionário para Angola, “para fazer frente ao ataque das forças alemãs, vindas da África Alemã do Sudoeste”. E, em 21 de Março, quando chega a Luanda, é nomeado Governador de Angola, tal como lhe havia sido transmitido ser conveniente, acumulando com o comando das tropas expedicionárias ao Sul de Angola, por convite de S. Ex.ª o general Pimenta de Castro, Ministro da Guerra e Presidente do Governo23, substituindo Norton de Matos que “queria fazer uma nação chamada Angola, como se fez uma nação chamada Brasil e que faria parte de uma federação de nações de língua portuguesa, que se alargaria a Moçambique, à Guiné, a Cabo Verde, e, possivelmente ao próprio Brasil (...). As guerras de pacificação que sustentámos (...) contribuíram, até, para melhorar as relações entre povos indígenas desavindos. Digladiavam-se as duas tribos de raça ovamba: os Cuanhamas e os Cuamatos, que viviam nas margens do Cunene”24.
Antes da marcha para o Sul, já sob o comando do general Pereira d’Eça, este mandou fazer dois reconhecimentos: um, descendo pelo vale do rio Cunene; outro, a realizar pelo comandante dos bóeres, que era Sarmento Pimentel25, a corta-mato, direito a Ruacaná e a Naulila. Estes dois locais foram supostamente ocupados pelos alemães, apesar da resistência heroica das nossas tropas, desde que, Roçadas26, o Tenente-Coronel que comandou a primeira força expedicionária de Angola que partiu de Lisboa, nos dias 10 e 11 de Setembro de 1914, a bordo, respectivamente, dos vapores “Cabo Verde” e “Moçambique” desembarcou, a 1 de Outubro de 1914, em Moçâmedes, no sul de Angola, dado que era conhecedor da região de destino da expedição, por ter sido governador do distrito de Huíla, e porque, tendo, sete anos antes (1907), conquistado o Cuamato, expulsando o respectivo soba Sihetekela27e, regressado a Angola, em 1914, viu as guarnições portuguesas, brancas e pretas, chacinadas, na pesada derrota contra os alemães da Damaralândia. “A guerra é mesmo guerra. Não é conversa fiada”, diz o então alferes Pimentel.
Em 25 de Setembro de 1904, as tropas portuguesas haviam sofrido uma pesada derrota que ficou conhecida pelo “massacre de Cuamatui”28. Esta batalha é também conhecida como Pembe ou do Vau de Pembe, massacre de Pembe ou recontro de Umpungo. Foi travada por um destacamento de forças expedicionárias do Exército Português, comandadas pelo capitão de artilharia Luís Pinto de Almeida, contra guerreiros cuamatos, sob as ordens do régulo Tchetekelo29.
Mas depois da reocupação, sem resistência do Humbe, no sul de Angola, a 7 de Julho de 1915 (“o destacamento destinado à reocupação do Humbe conseguiu alcançar o seu objectivo no dia 7 de Julho, às catorze horas, sem ter encontrado a menor resistência por parte do gentio, mas lutando com grandes dificuldades em água, pois as cacimbas (…) estavam quási completamente secas”)30, e dois dias depois da rendição dos militares alemães ao comandante das forças da União Sul-Africana, general Botha, o general Pereira d’Eça toma conhecimento do caso, terminando assim de vez o conflito com a Alemanha, em Angola.
Porém, no Humbe, tudo se encontrava queimado e, da população que se foi apresentando, apenas compareceram velhos e crianças, com aspecto esquelético. Os homens válidos tinham passado para o Cunene, procurando refúgio no Cuamato e no Cuanhama31.
Durante a segunda quinzena de Agosto e inícios de Setembro, o general Pereira d’Eça tem como missão única acabar com a revolta das populações da Huila, no sul de Angola. Mas os indígenas rebeldes, comandados pelo soba Mandume, do Cuanhama, concentram-se em dezenas de milhar (50.000 a 60.000) de homens (embora os autores divirjam quanto à exactidão do número), de diversas etnias (15.000 guerreiros cuanhamas, 10.000 cuamatos e ainda 20.000 guerreiros provenientes da Damaralândia)32,33, armados com espingardas “Martini Henry”, “Kropatcheck” e “Mauser” e atacam a coluna de Pereira d’Eça que era apenas constituída por cerca de 3.000 homens ou mais (7.500)34. Recordando, eventualmente, a batalha de Aljubarrota, os efectivos portugueses cavaram trincheiras, formaram um quadrado, vencendo com bravura os inimigos, pelo que o combate ficou conhecido pelo “Quadrado de Mongua”35.
Muitas gerações de portugueses estudaram ou ouviram falar, no ensino elementar, durante os anos do Estado Novo36, das campanhas de Portugal em África, das vitórias gloriosas das forças lusas contra as tribos de rebeldes indígenas, insubmissos, agressivos guerreiros contra à autoridade colonial. E, entre elas, sobressai, sem dúvida alguma, a da prisão de Gungunhana37, chefe tribal poderoso e terceiro imperador dos Vátuas, pertencendo aos nguni (vátuas), um dos ramos dos zulus, tendo a sua aldeia sagrada em Chaimite38.
Nascido em Gaza, em 1850, foi o último imperador do Império de Gaza, em Moçambique. Conhecido como o Leão de Gaza, reinou de 1884 a1895, tendo sido feito prisioneiro, a 28 de Dezembro deste ano, na aldeia de Chaimite. Mítico imperador de Gaza, foi capturado numa incursão de surpresa39 por forças comandadas por Mouzinho de Albuquerque40, operação que culminou um ano de combates – Marracuene, Magul, Coolela – por tropas expe-
dicionárias enviadas para Moçambique, com o objetivo de capturar o chefe tribal dos vátuas. Essenciais nessas vitórias foram as novas armas de repetição – espingardas e carabinas com capacidade para oito tiros de calibre 8mm – e a tática do quadrado, evitando a luta corpo a corpo com os temíveis guerreiros vátuas e concentrando o poder de fogo41.
A administração portuguesa não o mandou fuzilar e a notícia da sua captura só chegou a Lisboa quando o prisioneiro desembarcou na então Lourenço Marques, em “telegrama importante”, de 4 de Janeiro de 1896, enviado ao secretário particular do Rei, com o seguinte teor, segundo o DN: “Peço honra apresentar com minhas homenagens, entusiásticas felicitações a sua majestade pela prisão de Gungunhana e seu filho Godide, levada a efeito pelo valente Mouzinho”42.
À vista de Cascais, Gungunhana chega a Lisboa, numa sexta-feira, dia 1343 e após uma breve permanência na cidade, onde terá sido mostrado e exibido como troféu de caça, foi desterrado para os Açores, onde veio a falecer onze anos mais tarde, a 23 de Dezembro de 1906.
O seu nome ficou, porém, para sempre no imaginário lusitano. Mereceu mesmo a perpetuidade em cinema, no filme “Chaimite”, um filme português de 1953, realizado por Jorge Brum do Canto44.
Quem, quer nesses tempos quer na actualidade, em geral, não é mencionado e permanecerá desconhecido da quase totalidade dos portugueses é Mandume (Mandume-ya-Ndemufayo)45 e a batalha de Mongua, no mundo cuanhama (kwanyama), o reino do tempo do referido Mandume, confinando com os Cuamatos e, mais a norte, com os Humbes.
Alves Roçadas era o governador da Huila nas vésperas do incidente de Naulila e tinha como missão a reconquista do Cuamato e ocupar o Cuanhama, defendendo toda a fronteira sul de Angola. Mas todos estes planos soçobraram, em virtude do ataque das tropas alemãs, comandadas pelo major Franke, com a conivência do Ovambos do Sudoeste Africano e dos cuamatos com o seu soba Sihetekela que havia sido expulso, anos antes, pelo mesmo Roçadas. Dos erros tácticos de Roçadas que agora não importa abordar, resultou a página negra do “desastre de Naulila”.
Em todas as guerras, os exércitos, para além das estratégias estudadas e determinadas pelos respectivos Estados-Maiores e postas em prática pelos seus generais na conduta das operações, necessitam, essencialmente, para o êxito da vitória, de uma excelente logística, quer em termos de reforço de homens, de equipamento, de alimentação e outros aspectos de menor envergadura, mas não de menor primordial importância.
A segunda força expedicionária a Angola, que partiu a 3 de Fevereiro de 1915, para fazer face ao ataque das forças alemãs, comandada pelo general Pereira d’Eça, reocupou o Humbe, sem resistência, a 7 de Julho, como atrás se disse, dez dias depois do combate de Tchipelongo (a 29 de Maio), a cargo da 15.ª companhia de Indígenas de Moçambique e onde o tenente Humberto Oliveira foi gravemente ferido46. Dois dias depois, as forças da África Alemã do Sudoeste rendem-se ao general Botha, comandante em chefe das forças da União Sul-Africana47, facto do qual o general Pereira d’Eça toma conhecimento três dias depois, a 12 de Julho, parecendo, assim, terminado o conflito de Portugal com a Alemanha, sem que, entretanto, esta tivesse sequer declarado guerra a Portugal48.
A partir de meados de Agosto de 1915, Pereira d’Eça tem como única missão acabar com a revolta das populações da Huila.
Convirá aqui, ainda que brevemente, caracterizar os Ovambos, como o povo que, antes da revolta do Norte, dos Bakongos (1961), maiores preocupações deu aos portugueses. Habitando as margens do Cunene, ao grupo pertencem os Cuamatos, os Cuanhamas e os Evales, entre outros, e sempre se mostraram hostis à presença portuguesa no sul de Angola, mesmo depois de estabelecida a fronteira, por convenção de 30 de Junho de 1886, entre Portugal e a Alemanha. O domínio absoluto da região pertencia-lhes e, embora fosse reconhecida a soberania portuguesa, a ocupação efectiva não estava realizada. Havia confrontos constantes entre nativos e portugueses, até que Portugal decidiu por fim à rebeldia. Com a vitória em Mufilo49, nome da chana que, entre as mais de duas dezenas de monumentos e sítios históricos, recentemente descobertos, na província do Cunene, no município de Ombadja, a caminho da embala do Cuamato Pequeno, passou a designar o combate de 1907, aqui referido, consta, em outras fontes, como Mafilo50. Após o combate de Agosto de 190751, passou a reinar uma certa paz, sobretudo pela presença de João de Almeida, excepcional administrador colonial e homem de acção. Mas é depois do seu regresso a Lisboa, em 1910, que a agitação dos Ovambos renasce, agora de modo mais violento, com a chegada ao poder, entre os Cuanhamas, do soba Mandume, grande líder que estabelece a capital do seu reino em Ndgiva, actual Ondjiva. Para Mandume, os portugueses eram invasores e ambicionava desalojá-los, mesmo com o apoio dos alemães.
Mandume Ya Ndemufayo terá nascido, provavelmente, em 1894. Ndemufayo cresceu durante um período de significativa agitação no reino Kwanyama (Cuanhama), devido à presença de comerciantes europeus e missionários. O reino cuanhama era muito prestigiado entre os povos vizinhos, mas era governado de forma absoluta pelo rei que vivia só com o seu séquito. Mandume, “desde muito jovem foi certamente iniciado pelos mais experimentados lengas nos primeiros passos para reconhecer os elementares sinais da cultura guerreira”, foi educado numa missão protestante e falava tão bem o português como o alemão (?) que, em várias ocasiões, lhe serviu a sua habilidade política para procurar sempre preservar a independência do seu reino.
Se nos lembrarmos que ele mesmo informou as tropas portuguesas da progressão das forças alemãs, em 1914, rumo à fronteira sul de Angola, comandadas pelo major alemão Franke, que procurou mais tarde, aquando do ataque a Mongua (1915), o apoio dos próprios alemães e, depois, dos ingleses, após a derrota daqueles às mãos do general Botha, da União Sul Africana, de acordo com os interesses da ocasião, fácil se afigura caracterizá-lo como extremamente cruel, déspota, mas corajoso e exímio guerreiro, porém, muito inteligente e hábil político, um diplomata ou “troca-tintas”, muito à semelhança de governantes hodiernos de vários Estados, para salvaguarda única dos seus interesses.
Assumiu o trono aos 17 ou 20 (?) anos de idade e tinha reputação de perseguidor dos cristãos, tendo problemas não só com os missionários portugueses católicos (missões católicas do Espírito Santo), como com os alemães protestantes, também missionários, embora, em relação a estes, com uma certa tolerância, em virtude de o terem instruído na língua, escrita e religião. Aliás, dizia ele «que todos os brancos que não fossem padres e estivessem dentro do seu território deviam ser mortos»52. Expulsou do território cuanhama comerciantes portugueses, mas passou por tempo difíceis, em virtude da seca que assolava a região. Nessa altura, não hesitou em coligar-se com outros povos vizinhos, em ampla frente contra o avanço militar português, comandado por Pereira d’Eça53.
Foi Rei e guerreiro. O general Pereira D’Eça, ao julgá-lo como militar e homem, no Relatório de Campanha sobre a batalha de Mongua diz: “Atacar três dias consecutivos um destacamento constituído por duas baterias de artilharia de campanha, quatro baterias de metralhadoras, estando estas formadas em Quadrado, e aproximando-se delas com muita insistência, que no último combate que durou dez horas, a uma distância que chegou a ser de cinquenta metros, revela uma moral [um moral] e uma instrução de tiro e aproveitamento de abrigos que faria honra às melhores tropas brancas”54.
De um modo geral, Mandume é conhecido da forma que se apresenta a meio corpo, em tronco nu, musculado, com os braços cruzados, sob um rosto altivo, uma impressionante figura de guerreiro, embora não exista unanimidade entre os autores, em relação à sua estatura física.
Já se tinham travado três combates a caminho do objectivo de Mongua e a coluna do general Pereira d’Eça restabelecera as comunicações com o Humbe.
Cercados pelo inimigo, perpectivava-se a retirada, por falta de mantimentos e munições, e foi então que a coluna do Cuamato acorreu em socorro, perante a previsão de mais um massacre.
“No dia 18 de Agosto de 1915, pelas 9 horas da manhã, na chana da Mongua, a um quilómetro e meio das cacimbas do mesmo nome, recebia uma coluna de tropas portuguesas, formadas em quadrado, um violento ataque”55. Quando estavam a fazer-se os últimos preparativos para levantar o bivaque (para se apoderarem da água das cacimbas), a coluna de Pereira d’Eça viu-se repentinamente atacada, com muita e certeira fuzilaria de armas aperfeiçoadas, à qual se respodeu prontamente com fogo de artilharia, metralhadoras e espingardas. Três horas depois a investida afrouxou, altura em que foi mandado sair o esquadrão de cavalaria56.
As tropas portuguesas tiveram, naturalmente, várias baixas: um alferes desaparecido e outro gravemente ferido, bem como o tenente Ataíde de Oliveira, ferido. Morreram em combate um oficial e quinze praças e ficaram feridos seis oficiais e vinte e quatro praças, para além das perdas em solípedes57.
As tropas portuguesas dirigiam-se para leste, com o objectivo de chegar a N’djiva, a embala do soba dos Cuanhamas, próxima da fronteira sul de Angola. À frente, um batalhão da marinha de guerra, à direita duas companhias do batalhão de infantaria 17 e ainda duas companhias de landins e um grupo de auxiliares damaras. Na retaguarda, a restante companhia do 17 de infantaria. Havia ainda mais duas baterias de artilharia de campanha e quatro de metralhadoras, uma das quais da marinha. Os dois esquadrões de cavalaria permaneciam apeados, no centro do quadrado.
O general Pereira d’Eça (o general d’ Aço)58 avançou com os seus dois mil e tal homens, mas o ovambo Mandume reuniu as suas hostes e não se deu por vencido, obrigando mesmo o general português a pedir socorro à coluna do Cuamato, como se disse.
Os homens e carros do general avançaram ao longo da linha das chanas. E o problema surgiu: estavam secas e a água era essencial para os homens e animais de carga, pelo que foi necessário o abastecimento com camiões, “numa roda-viva entre a coluna e o Cunene”59. E este terá sido um erro primeiro dos Cuanhamas.
A defesa das cacimbas60 estava entregue ao lenga (chefe militar/general) Calola, um defensor intransigente do seu território, com o apoio dos revoltosos humbes que ali, no Cuanhama, se haviam refugiado.
As cacimbas (charcos/poças) que tinham água estavam bem seguras pelos Ovambos. Os portugueses avançaram e o Calola, com mais onze lengas, atacou. Causou alguns mortos e feridos entre as forças portuguesas, mas Pereira d’Eça tinha dezasseis metralhadoras e oito canhões. Em quadrado, os portugueses, no dia 19, cavaram enfim trincheiras e, com “a infantaria, os fuzileiros navais61 e os Moçambicanos”, apoderaram-se das cacimbas.
Em quadrado compacto, primeiro de pé, depois abrigados, naquela cratera infernal, as ordens eram berradas, sob um fogo intenso.
Em face do desenrolar dos acontecimentos, a opção do comando foi o de carregar à baioneta, pelo que os esquadrões de cavalaria montaram e saíram do quadrado pelos lados oeste e leste, de frente para o inimigo, isto é, para o norte, com o apoio da artilharia, e por entre os tiros e rebentamentos, ouviram-se gritos de viva, quer à cavalaria quer à infantaria e cantou-se a “Portuguesa”.
Mandume chegou apenas a 19 de Agosto, ao final da tarde, com todo “o poder do mundo”, comandado por trinta e três lengas. Veio ele mesmo, arriscando a vida e ao arrepio da tradição, com milhares de espingardas modernas (10 a 12 000) e cinco carros de munições, “pelo menos o quádruplo do poder de fogo de que dispunha, em 1895, o rei Gungunhana, em Coolela”62.
A 20 de Agosto de 1915, em Mongua, ao fim de dez horas de combate, aconteceu o que se pode classificar como o “Verdun da liga ovambo”63, embora, depois do meio dia, o ataque tivesse mudado de figura, dado que as árvores que rodeavam o quadrado se tornaram uma caterva de ninhos de atiradores.
Os portugueses, porém, desalojaram Mandume que perdeu a batalha, com a aniquilação da sua guarda pessoal e já não voltou à carga no dia 21, mesmo em face das tropas portuguesas extenuadas, famintas e sedentas. Os portugueses perderam alguns homens, mas, do lado de Mandume, estimam-se 4000 a 5000 mortos.
A norte e a sul da fronteira de Angola grassava a seca e a fome, e foi para o Sudoeste Africano, de onde as tropas alemãs haviam atacado, em 1914, Cuangar e Naulila, em território angolano, que Mandume partiu, a 22 de Agosto, a solicitar socorro ao rei Martin yá Kazikua, dos Ondonga e, a 25, procurou a mediação do major britânico Pritchard64, acabado de chegar a Namucunde, em automóvel65. Mas já a 24, a coluna do Cuamato, escoltando um imponente comboio de reabastecimento, desbloqueia o quadrado e salva a situação e Pereira d’Eça prossegue a marcha, entre 2 e 4 de Setembro, com dois milhares de homens, sobre N’djiva (ficava “ali, logo adiante”) que toma sem qualquer resistência digna de nota, às 14 horas do dia 4 de Setembro, e aceita a rendição dos Cuanhamas.
Esclarecida a situação entre o referido major sul-africano e Pereira d’Eça, diversos lengas se lhe apresentaram, embora o rebelde Calola prosseguisse com diversas escaramuças, sem êxito.
A 4 de Setembro, as forças portuguesas ocuparam N’dgiva, a embala real queimada por ordem de Mandume. No dia seguinte, foi içada a bandeira nacional, terminando, assim, a reconquista do Humbe, Cuamato, Evale e Cuanhama e o sonho dos Ovambos.
O general Pereira d’Eça propôs as seguintes recompensas: a diversos oficiais – medalha de ouro de valor militar, medalha de bons serviços, medalha de valor militar, medalha de prata de valor militar, medalha de ouro e medalha de prata; tendo sargentos, cabos e praças sido recompensados pelos comandantes das seguintes unidades: Regimento de Cavalaria 11, Regimento de Cavalaria 4, Regimento de Cavalaria 3, Regimento de Infantaria 17, Batalhão da Marinha, 15.ª Companhia Indígena de Moçambique, Regimento de Artilharia 8, 3.º Grupo de metralhadoras e “chauffers”66.
As tropas portuguesas foram rendidas em Novembro desse ano e “os esgotados vencedores de 1915 entrariam em Lisboa no meio da geral indiferença de uma metrópole em situação “nem de guerra nem de paz”67. Só em 1920 seria cunhada a “medalha comemorativa daquela última grande campanha no sul de Angola”68, muito embora se possa verificar nela a inscrição “Campanhas do Exército Português 1916”, numa das faces e, na outra, “República Portuguesa”.
Quanto a Mandume que tem um memorial na província do Cunene e “para enaltecer a figura do rei, o executivo angolano construiu, em 2000, na localidade do Oihole, o complexo turístico em memorial ao rei, cujo acto inaugural foi, em 2002, presidido pelo Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, ladeado pelo antigo Presidente da Namíbia, Sam Nujoma”69; as circunstâncias da sua morte, que ocorreu em Fevereiro de 1917, não são unanimemente narradas pelas fontes disponíveis e, enquanto os registos sul-africanos a apontam como resultado de tiros de metralhadora, fontes nacionalistas, segundo a tradição, insistem no suicídio, em versões não concordantes, para não se render aos “colonizadores portugueses”. Actualmente, não se sabe concretamente do paradeiro do esqueleto craneano do rei, sendo certo que os portugueses não levaram a cabeça de Mandume70. Contudo, ainda há quem afirme o seguinte: “Depois de sucessivos combates, Mandume foi abatido durante uma batalha contra tropas portuguesas em 1917. O rei dos Kwanyamas foi decapitado e a sua cabeça foi exibida durante anos pelas autoridades portuguesas”71.
No primeiro caso, a morte ter-se-á dado numa batalha contra os sul-africanos por recusar submeter-se ao controlo destes.
Já a tradição oral e popular angolana descreve a sua morte como suicídio, pelas razões e como atrás se disse.
Uma terceira versão admite que Mandume foi abatido, em 1917, no decurso de uma batalha contra as tropas portuguesas. Apesar de Mandume, após a derrota de Mongua, não ter desistido de recuperar o seu reino cuanhama, nada fundamenta historicamente tal versão.
Uma outra versão, a do padre Keiling, considerada precisa do acontecimento diz: “E virando-se para os sobrinhos (primos) os filhos do falecido Soba Weyulu, lhes perguntou se queriam ser muleques de brancos. Como eles dissessem que antes queriam morrer, o Soba, levando a espingarda à cara, prostrou-os com dois tiros, e virando em seguida a arma contra si mesmo, fez saltar os miolos”72.
“Até à sua morte a 6 de Fevereiro de 1917, Mandume continuou a ser uma fonte séria de problemas para as forças coloniais portuguesas e inglesas. Segundo a tradição oral, preferiu a morte ao cativeiro. Encontrando-se cercado por forças inglesas, e acompanhado apenas por um pequeno punhado de homens ainda leais, depois de ter sofrido uma derrota militar às mãos das forças britânicas, Mandume e o seu séquito cometem suicídio (Southern, 2010: 223)”73.
“O fim trágico que o envolveu corresponde exactamente ao tipo de homem que encarnava. Valente, ousado, arrogante e aventureiro. Abandonando N’Giva, sede do Reino, depois da última batalha da Môngua, em Agosto de 1915, instado pelos Ingleses, foge para o Lhole na fronteira com o Sudoeste. Mandume presta vassalagem a Sua Majestade Britânica. Constrói a nova ‘Embala’ em lhole, ainda pertencente ao domínio inglês, já que só posteriormente Namakunde passava a integrar o território português. Impaciente, de espírito ardente e guerreiro, desenvolve surpreendente actividade nos domínios já abrangidos pelos Portugueses, incitando seus súbditos à revolta contra os Brancos, intimando-os a passarem ao Sudoeste com suas manadas (...) e exerce uma acção de combate em território inglês. E as autoridades portuguesas de Namakunde pedem aos Ingleses que terminem com as actividades de Mandume (...). Recusa-se a ir a Windhoeck conferenciar com os Ingleses (...). Em Ondongua os Ingleses lutaram com pequenas forças de Mandume. E o último Soba Cuanhama, rodeado de aproximadamente seiscentos homens da sua guarda pessoal, enfrenta também o último combate. Afirmam os ingleses que o «Rei» foi identificado com quatro balas de metralhadora. Os Cuanhamas têm outra versão mais digna e real, e dela não se afastam. Acuado, já ferido, Mandume é retirado pelos seus fiéis súbditos, os Lengas, bem assim como pelos filhos do seu primo Weyulu, para debaixo da árvore imensa, o imbondeiro, onde finalmente praticou o suicídio com a sua bela arma Mauser, depois de liquidar três companheiros de luta”74.
“(...) O povo da tribo Ambo, localizado no sul de Angola e norte da Namíbia, celebra segunda-feira (6 de fevereiro de 2012) o 95º aniversário da morte, por suicídio, do rei Mandume-ya-Ndemufayo, destacado líder da resistência contra a ocupação colonial portuguesa na região Sul de Angola, que preferiu a morte para não ser dominado.
Hoje, passados 95 anos, o rei é venerado por preferir suicidar-se a ser capturado e, consequentemente, colonizado pelos portugueses, após o enfraquecimento do seu Estado, em 1917, pelas forças ocupacionistas.
Pertencente ao reino mais poderoso da tribo Ambós, o rei Mandume-ya-Ndemufayo, comandou os destinos do povo Kwanhama num dos períodos mais difíceis da história da região sul, de 1911 a 1917.
Desde então, o seu nome e feito ficaram marcados na tradição dos Ambós, que o apelidaram de «O cavaleiro incomparável»”75.
“Uma maldição pesaria sobre o que representa, todavia, a única vitória franca e decisiva do Exército português metropolitano em África, entre 1914 e 1918?”
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1 O modelo desta medalha foi aprovado pelo Regulamento constante do Decreto n.º 2:940, publicado no Diário do Governo n.º 10, de 18 de Janeiro de 1917, onde o nome aparece igualmente como Mongua.
2 PÉLISSIER, René, “História das Campanhas de Angola “, vol.2, 3.ª ed. e “As Campanhas Coloniais de Portugal 1844-1941”, 1.ª ed., Out. 2006, Editorial Estampa.
3 RELATÓRIO “Campanha do Sul de Angola em 1915”, Lisboa – Imprensa Nacional – 1921.
4 AMARAL, Ferreira do, “A Mentira da Flandres e … o Medo”, Lisboa, Editores – J. Rodrigues & C.ª, 1922 (Uma carga de cavalaria no Sul de Angola), cap. II, pág.62.
5 CAMPINO, Aspirante de Infantaria Ruben Casimiro, no Relatório Final do Trabalho de Investigação Aplicada, “As Campanhas Militares Portuguesas, em Angola, durante a 1.ª Guerra Mundial”, Lisboa, Julho de 2014, na pág. 33.
6 “Impérios em Guerra 1911 1923”, org. de GERWARH, Robert/MANELA, Rez, Publicações D. Quixote, 1.ª edição: Junho de 2014, no capítulo 9 “O Império Português”, pág. 344.
7 Na cidade do Porto, há uma rua com o nome de Naulila, na zona das Antas. Também existe a Rua de Marracuene que entronca na Rua Brito Capelo, na zona da Ramada Alta e ainda a Rua de Coolela e a Rua de Chaimite, ambas em Cedofeita. Com o nome de Mongua, nada consta, como, igualmente, se desconhece qualquer celebração ou outro tipo de evento sobre a vitória portuguesa, de 1915, em África, até ao momento.
8 PÚBLICO, de 22 de Agosto de 2015.
9 PÉLISSIER, René, “As Campanhas Coloniais de Portugal 1844-1941”, Ed. Estampa, 1.ª ed., Out. de 2006, pág. 363.
10ROCHA, João Manuel, “Angola – a frente esquecida”.
11ROCHA, João Manuel, ob. cit..
12Idem, idem.
13ROCHA, João Manuel, ob. cit., Missão atribuída ao contingente português, sob o comando do General Pereira d’Eça.
14Idem, ob. cit., ibidem, págs. 98/99.
15ANGOP – Agência Angola Press, 6 de Fevereiro de 2015.
16WIKIPÉDIA, In http://pt.wikipedia.org./wiki/Ondjiva.
17ANGOP – Idem, de 21 de Agosto de 2015.
18PÉLISSIER, René, “As Campanhas Coloniais de Portugal 1844-1943”, idem, pág. 362.
19SOUSA, João Francisco de (1939), “Cadernos Coloniais, Infantaria 17 em África”, Lisboa, Edições Cosmos. MONTEIRO, Henrique Pires (1941), “A Guarnição Militar de Beja e seus Feitos”, Beja, Minerva Comercial Carlos Marques & Cª. Lda.
20www.momentosdehistoria.com/MH.05_01_Exercito.htm.
21Cacimba: Buraco que se cava até encontrar água; poço de água potável, In http://portugueseindependentnews.com/2015/08/22/centenario-da-batalha-de-mongua/. Actualmente, as 12 cacimbas estão classificadas como património cultural nacional, In http://africa-de-coracao.blogspot.pt/2015/08/100-anos-da-batalha-do-mongua.html.
22AMARAL, Ferreira do, “A Mentira da Flandres e ... o Medo”, Lisboa, Editores – J. Rodrigues & C.ª, 1922.
23D’EÇA, General Pereira, Relatório – I Preparação da Operação, Lisboa – Imprensa Nacional – 1921.
24Uma Política Colonial Errada, entrevista a João (Maria Ferreira) Sarmento Pimentel que, em 1915, participou nas campanhas de pacificação de Angola, comandando o destacamento luso-bóer, In http://www.macua.org/livros/VISP.htm.
25Idem, idem, idem.
26Angola 1914-15, In http://www.momentosdehistoria.com/HM_05_01_Exercito.htm.
27PÉLISSIER, René, “História das Campanhas de Angola”, vol.2, 3.ª ed., Editorial Estampa, Abril de 2013, págs.234/5.
28AMARAL, Ferreira do, ob. cit., pág. 41.
29PÉLISSIER, René, “As Campanhas Coloniais de Portugal 1844-1941”, idem, págs. 186, 279, 281, 287, 289 e 309.
30Relatório cit., II Execução das operações –, pág. 21.
31Ob. Cit., págs.21/22.
32ANDRADE, Eugénio Costa, Investigador da CEI – ISCTE-UL, In http://portugueseindependentnews.com/2014/06/14/os-100-anos-da-1a-guerra-mundial/.
33PÉLISSIER, René diz que “Mandume pode obter 15.000 Cuanhamas, 10.000 Cuamatos e, eventualmente, mais 20.000 Ovambos, a sul da fronteira”, ob. cit., pág. 366.
34Segundo MENESES, Filipe de, em “Impérios em Guerra”, citado por ROCHA, João Manuel, em “Angola – a frente esquecida”.
35www.momentosdehistoria.com/MH.05_01_Exercito.htm.
36Regime político iniciado por SALAZAR, António, e continuado por CAETANO, Marcelo, até 1974.
37WIKIPÉDIA, Ngungunhane, Mdungazwe Ngungunyane Nxumalo, N’gungunhana, Gungunhana ou Reinaldo Frederico Gungunhana.
38SOARES, Fundação Mário, In http://www.fmsoares.pt/aeb/crno/biografias?registos=Gungunhana.
39“Num conflito, as acções-surpresa conduzem à vitória”, como dizia Sun Tzu (citado por COELHO, João Pinto, “Perguntem a Sarah Gross”, public. D. Quixote, 1.ª edição: abril de 2015, pág. 252.
40Freire, CASTRO, Manuel, “1895 – Prisão de Gungunhana”.
41Idem, idem.
42Idem, idem.
43Idem, idem.
44WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre.
45SEGREDO, Domingos, In http://domingossegredo.blogspot.pt/2014/04/mandume-ya-ndemufayo-1894-1917.html.
46HISTÓRIA, Portal da, A Guerra em Angola (1914-1918), “Angola 1914-15 – Força Militar Colonial de Angola”.
47“O governador Seitz e o coronel Franke assinaram (em 9 de Julho) o acto de rendição das tropas alemãs do Sudoeste Africano”, PÉLISSIER, René, ob. cit., pág. 368.
48Declaração de guerra do Império Alemão a Portugal, entregue a 9 de Março de 1916, ao Ministro Português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Soares, declarada oficialmente por Portugal, em 19 de Maio de 1916.
49In http://umacertaangola.blogspot.pt/2010/01/descobertos-22-novos-monumentos-e.html#!/2010/01/descobertos-22-novos-monumentos-e.html.
50OLIVEIRA, Waldir Freitas, “Os Ovambos de Angola”e um autor desconhecido, participante da Companhia de Infantaria 12, e que, sob o título de Partida da expedição (a 12 de Julho, no paquete Lusitânia), narra a partida para o interior, as operações e a organização, até mencionar o “combate da chana de Mutilo” onde participou, acrescentando, de seguida, que o combate mais terrível foi o do dia 27 de Agosto, na “chana do Mafilo”.
51Contudo, outros autores abalizados referem o nome de Mufilo e, para mais desenvolvimentos sobre o combate e todos os outros ocorridos, contra os cuamatos, na primeira década do séc. XX, ver: PÉLISSIER, René, “História das Campanhas de Angola”, vol. 2, Editorial Estampa, 3.ª ed., Abril de 2013, págs.203, 208-209, Idem, “As Campanhas Coloniais de Portugal 1844-1941”, idem, 1.ª ed., Out. De 2006, págs. 289-291; REGALADO, Jaime Ferreira, “CUAMATOS 1907”, “Os Bravos de Mufilo no Sul de Angola”, Batalhas de Portugal, Edição Tribuna, Lisboa 2004, In http://livrosultramarguerracolonial.blogspot.pt/2013/07/ultramar-cuamatos-1907-os-bravos-de.html e DEYLLOTD, Jorge, “A Ocupação do Cuamato”, In http://tudosobreangola.blogspot.pt/2011/02/o-general-jose-augusto-alves-rocadas.html.
52GEOPOLÍTICA, In http://giuridicopolitico.blog.com/.
53Nestes últimos parágrafos, seguimos de perto SEGREDO, Domingos, “Quem foi Mandume Ya Ndemufayo (1911-1917)”, In http://domingossegredo.blogspot.pt/2014/04/mandume-ya-ndemufayo-1894-1917.html.
54In http://rubelluspetrinus.com.sapo.pt/mandume.htm.
55AMARAL, Ferreira do, ob. cit., pág. 62.
56D’EÇA, Pereira, “Campanha do Sul de Angola em 1915. Relatório do General Pereira d’Eça”. Lisboa, Imprensa Nacional, 1921, pág.31.
57Idem, idem, idem.
58AMARAL, Ferreira do, ob. cit., pág. 137.
59Seguimos de perto, em alguns casos textualmente, PÉLISSIER, René, “História das Campanhas de Angola”, 3.ª Edição, Ed. Estampa, Abril de 2013, págs. 245/9 (A Conquista do Cuanhama – Mongua; o Armégedon ovambo).
60Mulolas (poços de água). OLIVEIRA, Professor José Carlos de, “Os Portugueses no Mundo Cuanhama (kwanyama) III – O Reino Cuanhama no tempo de Mandume” (Para informação mais desenvolvida, ver ob. cit.) e SEGREDO, Domingos, In http://domingossegredo.blogspot.pt/2014/04/mandume-ya-ndemufayo-1894-1917.html.
61Por “fuzileiros” deveremos entender aqui a infantaria da marinha, constituída em batalhão.
62HAMMOND, Richard H., “Portugal and Africa 1815-1910. A Study in Uneconomic Imperialism”, Stanford, 1966, pág. 193, cit. por René Pélissier.
63PÉLISSIER, René, ob. cit., idem, idem.
64Pritchard não tinha boa ideia de Mandume. Dizia mesmo que “ele e a sua gente são verdadeiros selvagens (...)”.
65PÉLISSIER, René – ob. cit., vol. 2,º, 3,ª ed., pág. 248.
66D’EÇA, General Pereira, ver Relatório – Campanha do Sul de Angola em 1915, idem.
67PÉLISSIER, René, ob. cit., pág. 249.
68Idem, idem.
69ANGOP.
70In http://angola-luanda-pitigrili.com/who%E2%80%99s-who/m/mandume-ya-ndemufayo.
71In http://mofser.blogs.sapo.pt/.
72SEGREDO, Domingos, In http://domingossegredo.blogspot.pt/2014/04/mandume-ya-ndemufayo-1894-1917.
73TEIXEIRA, Jorge Fernando Silva, “Projecto de Centro Interpretativo da Cultura Kwanyama (Cuanhama)”, 2014, pág. 70.
74GEOPOLÍTICA, In http://giuridicopolitico.blog.com/ – http://rubelluspetrinus.com.sapo.pt/mandume.htm.
75ANGOP – AGÊNCIA ANGOLA PRESS, 5 de Fevereiro de 2012.
Licenciado em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Especializado em Ciências Jurídico-Económicas, pela Universidade Católica do Porto. Advogado.