O presente número da Revista Militar reúne a maior parte das comunicações apresentadas no Colóquio Internacional “Gomes Freire de Andrade: o homem e o seu tempo”, integrado no programa da Evocação do II Centenário da Morte do General Gomes Freire de Andrade (1757-1817), levado a cabo pela Universidade de Lisboa, através do seu Centro de História, e pelo Exército, através da Direção de História e Cultura Militar, que contou com o apoio da Academia Militar e da Banda Sinfónica do Exército, entre 29 de setembro e 12 de outubro de 2017 (ver programas nesta edição, pp. 132-136).
No Colóquio, que contou com o apoio de diversas instituições, organizações e entidades, mencionadas no respetivo cartaz de divulgação, e decorreu nas instalações da Academia Militar, na Amadora, nos dias 11 e 12 de outubro de 2017, cerca de trinta especialistas contribuíram para uma evocação abrangente e integrada das diferentes facetas da vida desta figura controversa da história militar portuguesa, designadamente as relações familiares, sociais e políticas, a carreira militar, como combatente, tanto no mar como em terra, no âmbito interno nacional e no cenário internacional, sem descurar as circunstâncias do processo político, cujo julgamento culminou com a sua condenação à morte.
Em 17 de Outubro de 1917, aquando das comemorações do I Centenário da Morte do General Gomes Freire de Andrade, a Revista Militar publicou um extenso artigo, com o título «Centenário Trágico – Gomes Freire de Andrade», da autoria do [conhecido escritor] major graduado (ref.) José Eduardo Alves de Noronha (pp. 651-669), do qual se transcreve:
«Na história dos assassínios políticos, o suplício do tenente-general Gomes Freire de Andrade e Castro, realizado, faz agora um século, a 18 de outubro de 1817, avoluma como um dos crimes judiciais mais abjetos e infamantes. Todo o processo, que constitui uma atroz monstruosidade do foro, epilogado por uma sentença, mancha indelével na consciência da magistratura coeva, só encontra a relegá-la para um segundo plano a crueza com que os governadores do reino e juízes – todos mais ferozes que os próprios verdugos – a mandaram executar nos patíbulos do Campo de Sant›Ana e na esplanada da Torre de S. Julião. Sendo esta publicação essencialmente militar, será sob o ponto de vista militar que, acima de tudo, encararemos a notável individualidade de Gomes Freire, de alto relevo por muitos motivos. [p. 651]»
Nessa evocação é patente a inquietação de Gomes Freire de Andrade, perante acontecimentos internacionais, relativamente aos quais nunca aceitou ser mero espetador, mas sim ser um interveniente ativo, colocando nisso toda a sua paixão, saber militar, valentia e espírito de liderança, a par de uma natural capacidade para estabelecer empatia com aqueles a que se associava. A sua disponibilidade para participar nas campanhas militares mais diversificadas e geograficamente disseminadas, leva-o à Rússia, a Espanha, a Argel, a França e também à Suíça, onde comanda forças militares, nacionais e estrangeiras e onde a capacidade de liderança é realçada e a sua bravura em combate lhe vale sucessivas promoções.
Cem anos depois, a convite das instituições organizadoras, a Revista Militar colaborou no Colóquio Internacional “Gomes Freire de Andrade: o homem e o seu tempo”, através da participação individual de alguns Sócios efetivos e da publicação das comunicações entretanto disponibilizadas e recolhidas pelo Centro de História da Universidade de Lisboa.
A Revista Militar regista, com apreço, e agradece os prestimosos apoios do Exército Português, da Comissão Portuguesa de História Militar e do Grémio Lusitano/Grande Oriente Lusitano para esta publicação.
A Direção