Com a presente Edição da Revista Militar encerra-se o ano editorial e preparamo-nos para olhar o Novo Ano de 2022, de uma fora prospetiva, seja em termos internacionais seja, especialmente, em termos nacionais, designadamente, no que se refere à Defesa Nacional e às Forças Armadas, mas também para os grandes desafios com que temos vindo a ser confrontados, em particular, a situação pandémica.
Internamente, aguarda-se com muita expectativa a atenção que o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas declarou que iria ter, relativamente à promulgação das Leis Orgânicas do Estado-Maior-General das Forças Armadas e dos três Ramos. Igualmente importante será acompanhar a campanha eleitoral e os programas dos diversos partidos, com vista ao próximo Governo, quanto à sua visão, quer nas áreas da Segurança e Defesa quer na forma como tencionam relacionar-se com as Forças Armadas e com os candentes problemas que têm vindo a ser enunciados, como a falta de recursos humanos, dificuldades de manutenção de equipamentos e apoio social, em particular na saúde, para referir os mais urgentes.
Seria igualmente importante para os portugueses conhecerem o posicionamento dos vários partidos sobre o debate que, na presidência europeia francesa, Emmanuel Macron fará, em março, acerca da “Bússola Estratégica Europeia”, bem como da segurança europeia, a tão referida “autonomia estratégica” e, também, a nível da OTAN, aquando da Cimeira de Madrid, em Junho, for aprovado o novo Conceito Estratégico da Aliança – se esta se deve manter nas tradicionais “fronteiras do Tratado” ou se deve “tornar-se global” – e se a China deixa de ser um competidor para se considerar uma ameaça, questões que os EUA têm vindo a colocar à discussão. Igualmente de seguir o futuro relacionamento do novo Chanceler da Alemanha, Olaf Sholz, com a Rússia e o desfecho do tema Golf Stream II.
Em termos internacionais, tornou-se claro que a prioridade estratégica para os EUA é a região Indo-Pacífico e que a sua principal preocupação de segurança reside na China; cada vez mais transparece o entendimento de que a questão da segurança para com a Rússia tem de ser resolvida/equilibrada pelos Europeus. Paralelamente, o empenhamento americano na Aliança será diretamente proporcional ao interesse que esta representar na afirmação política e militar, nas grandes questões da segurança internacional que interessam aos EUA.
Do lado da Rússia, parece haver mais interesse em discutir as questões da segurança europeia com os EUA do que com a UE, embora seja de seguir com atenção o Conselho NATO/Rússia, a ter lugar em meados de janeiro próximo, onde a situação na região separatista do Donbass (Luhansk e Donetsk) e na Crimeia, a par do eventual alinhamento futuro da Ucrânia, assim como o Acordo de Minsk, certamente preencherão a agenda.
Igualmente terá lugar, durante o ano de 2022, o Congresso do Partido Comunista da China, onde Xi Jinping fará o relatório dos seus dez anos de mandato e do progresso dos grandes objetivos estabelecidos – uma China rica e forte – designadamente, no domínio das novas tecnologias, incluindo o espaço e o ciberespaço, o 5G, a IA e a Robótica, o desenvolvimento do projeto de cooperação global, “Belt and Road Initiative” e a continuada modernização das Forças Armadas e onde, provavelmente, será reconduzido para um novo mandato de cinco anos. A acompanhar também, o relacionamento da República Popular da China, no curto prazo, com Taiwan.
Outros grandes desafios estarão à espera de resposta, por parte dos grandes atores da cena internacional. Como enfrentar a pressão dos contínuos fluxos migratórios, as alterações climáticas e pôr em marcha as decisões do COP 26, em direção a uma economia verde, pondo em causa a utilização dos combustíveis fósseis e a concretização de uma indústria global, mais sustentável e amiga do ambiente, em simultâneo com a transição para um Sociedade global mais Digital. Serão decisões de tremendo impacto no tecido económico, no emprego, na coesão e paz social, que terão de contemplar alternativas que garantam a solidariedade e a dignidade humana dos mais atingidos pelos previsíveis efeitos destas transformações estruturais. Subjacente a tudo isto continuará a situação pandémica, com o conhecido deficit de vacinação fora da Europa e dos EUA, com as implicações no seu controlo, para a economia mundial, mantendo-se a expectativa na ciência, para que a mesma a possa transformar numa doença endémica e se disponha de fármacos de fácil utilização, que a combata e a neutralize, à semelhança do que acontece hoje com a gripe.
Estamos assim perante um Novo Ano desafiante, estimulante para as necessárias respostas da Comunidade Internacional, que se espera se baseiem no diálogo e na cooperação, na necessária solidariedade, no reforço da estabilidade e da paz internacional, e não no seu contrário.
A Direção da Revista Militar deseja a todos os Sócios, Assinantes, Autores e Colaboradores, os melhores Votos de um Bom Ano Novo, pleno de êxitos pessoais e profissionais e, em especial, com Saúde.
Nasceu em Sintra, em 21 de Abril de 1947, e entrou na Academia Militar em 6 de Outubro de 1964.
Em 17 de Dezembro de 2011, terminou o seu mandato de 3+2 anos como Chefe do Estado-Maior do Exército, passando à situação de Reserva.
Em 21 Abril de 2012 passou à situação de reforma.
Atualmente exerce as funções de Presidente da Direção da Revista Militar e de Presidente da Liga da Multissecular de Amizade Portugal-China.