Nº 2649 - Outubro de 2022
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
A Estratégia Genética dos EUA na sua preparação para a II Guerra Mundial
Major
Pedro da Silva Monteiro

1. Introdução

Com a crescente tensão internacional, em virtude do maior poder militar da Rússia, as preocupações com a expansão russa para Ocidente começam a refletir-se em exercícios militares conjuntos e combinados mais frequentes e de maiores dimensões por parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), como é o caso dos empenhamentos recentes da NATO Response Force (NRF), na Lituânia, em 2014 (Comando das Forças Terrestres [CFT], 2014) e 2015, na Polónia, em 2016 (Estado-Maior do Exército [EME], 2015); e no Báltico, em 2022 (CNN, 2022; Euronews, 2022). Contudo, existe a consciência por parte do comando da NATO que o investimento dos Estados Europeus na defesa é reduzido, em média inferior aos 2 % do Produto Interno Bruto (PIB) exigido pelos Estados Unidos da América (EUA) na cimeira da Aliança Atlântica, celebrada em Bruxelas, em julho de 20181. Tendo em consideração que o investimento russo na defesa corresponde a cerca de 4% do PIB, em 2021 (CIA, 2022), com tendência a aumentar, dado o atual envolvimento da Rússia na guerra com a Ucrânia, os sinais de alerta são evidentes: em caso de um conflito bélico da NATO com a Rússia, este será convencional e em larga escala. Neste contexto, deve ser seriamente equacionada a implementação de uma estratégia genética ou regenerativa (Santos, 2011) nos Estados-Membro da Aliança NATO.

Na realidade, a anexação da Crimeia, em 2014, o início da intervenção no Leste da Ucrânia e as atividades intensas no Báltico, que culminaram na invasão russa do território ucraniano, em 2022 (Aparecido & Aguilar, 2022), representam uma ameaça ao status quo Europeu e o início do avanço para Ocidente, conduzido pela Rússia, que ao longo de séculos tem delineado a sua política externa, caracterizada pelo expansionismo (Kissinger, 2015). A postura da Rússia apresenta semelhanças evidentes às ações da Alemanha no final da década de 1930, com as suas anexações sucessivas. Embora haja quem defenda que a História não se repete, verifica-se que na geopolítica, a maioria dos conflitos tem tendência a repetir-se (Kissinger, 2015).

No contexto atual, e uma vez que já existe “a perspectiva do tempo” (Boavida, 1954), importa compreender como é que os EUA, na Segunda Guerra Mundial (II GM), conseguiram preparar-se para a Guerra, através da produção de meios e desenvolvimento da capacidade de sustentação de forças suficientes para a vitória Aliada, procurando tirar lições deste excelente exemplo de implementação de uma estratégia genética. Esta estratégia é morosa e requer a mobilização nacional para o esforço de guerra, como a História demonstrou, pelo que os EUA mantêm o seu investimento na logística de nível estratégico. Na realidade, no decorrer da II GM, os EUA implementaram um sistema logístico de magnitude e complexidade sem precedentes, de central importância para o esforço de guerra, e que mobilizou a nação na produção de material militar distribuído às forças em operações (Ohl, 1994).

Neste sentido, a questão que se coloca ao passado é a seguinte: em que medida os ensinamentos retirados da logística estratégica dos EUA, na sua preparação para a II GM se poderão aplicar à estratégia genética da NATO na condução de operações convencionais em larga escala?

Através duma pesquisa historiográfica2 dos acontecimentos logísticos dos EUA na II GM, procurou-se pesquisar fontes principalmente primárias3, para preencher “os vazios” existentes e verificar a sua influência na estratégia genética de hoje (Vasquez, 2008). Seguiu-se a metodologia de investigação em história: (1) a Heurística, destinada a tratar da pesquisa bibliográfica; (2) a Crítica, na seleção do valor de cada fonte; e (3) a Síntese, na elaboração sistemática dos elementos colhidos (Rego, 1963). Como este tipo de abordagem tende para uma narrativa linear, baseada em análises de curtos períodos temporais e na atribuição de relevância a conjunturas específicas, procurou-se adaptar e revitalizar a História Militar através da inclusão de análises sobre processos de decisão e sobre os campos social e económico, com vista a conseguir interpretar as opções políticas destinadas à revitalização da indústria de defesa norte-americana (Curado, 2001).

Neste contexto, pretende-se, através duma análise documental qualitativa, analisar o passado histórico militar dos EUA, como ator central na derrota do Eixo Alemanha-Itália-Japão, na implementação da sua logística de nível estratégico, desde a mobilização industrial à distribuição dos meios necessários às forças em operações. Neste processo, procura-se adotar a postura do historiador, analisando através da investigação, os acontecimentos do passado, os seus impactos e a relevância para a época atual. Concretamente, analisar as lições que a Europa pode identificar e tornar aprendidas, relativas à implementação da logística de nível estratégico dos EUA, após 1940, que lhes permitiu prepararem-se para a Guerra, constituindo-se num excelente exemplo que poderá ser adotado, com as respetivas adaptações ao contexto atual.

O objeto de estudo deste trabalho enquadra-se no domínio das ciências militares, na área de investigação das operações militares, na subárea de investigação logística militar (Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar [CIDIUM], 2019a), centrado na estratégia genética dos EUA na II GM. Para atenuar anacronismos (CIDIUM, 2019b), os conceitos serão abordadas à luz da doutrina oficial norte-americana, com foco no nível estratégico, tendo em consideração a terminologia que, não sendo contemporânea do período em estudo, é recorrentemente utilizada nos estudos que se dedicam ao assunto e, por conseguinte, já se encontra de algum modo consagrada, como a designação “estratégia genética”. Considera-se estratégia genética aquela que visa “a invenção, construção ou obtenção de novos meios a colocar à disposição da estratégia operacional, no momento adequado, e que sirvam o conceito estratégico adoptado e tendo em atenção a evolução previsível da conjuntura” (Couto, 1988, p. 231). Segundo Beaufre, “é ao nível operacional que se deve colocar a estratégia do tempo de paz, que consiste em produzir armamentos novos que superem os dos eventuais adversários” e só concebendo a estratégia genética “como uma verdadeira estratégia (e não como um mero agregado de programas orçamentais e financeiros) […], se poderá conduzi-la eficazmente e assim manter a dissuasão, com custos baixos” (Beaufre, 1966, p. 46).

 

2. Observação

Pelo seu posicionamento geográfico, os EUA possuíram a vantagem de estar em condições de extrair consequências dos acontecimentos da II GM, contrariamente à França e Reino Unido, durante a primavera de 1940. Um dos fatores derivados do desenvolvimento da Guerra com especial importância para os EUA foi a exigência de “uma quantidade crescente de armamento” que esteve “fora de toda a relação com os cálculos feitos pelos Aliados, antes e no início do comêço da guerra” (Werner, 1943, p. 283). O próprio Presidente Roosevelt, na sua mensagem ao Congresso (16 de maio de 1940), referiu: “Nossas defesas devem ser invulneráveis, nossa segurança absoluta […]” e para tal “[…] a defesa deve crescer e se transformar diariamente […] ser dinâmica e flexível, uma expressão das forças vitais da nação”, o que requeria superioridade ao adversário em armamento (Werner, 1943, pp. 285-287). Implantou-se assim, um programa de rearmamento grandioso na preparação norte-americana para a II GM, perante a consciência de que a mecanização da guerra moderna exigia maior tonelagem de abastecimentos (Abrahamson, 1983).

 

2.1 Organização para a Guerra

O desenvolvimento da estratégia genética dos EUA orientada para a II GM, iniciou-se em junho de 1940, com a aprovação no Congresso de fundos para o programa de Defesa, cujos valores seriam aumentados, logo em setembro do mesmo ano. Assim, em agosto de 1940, foram estabelecidos os objetivos das aquisições destinadas ao cumprimento do Protective Mobilization Plan (PMP) (tabelas 1 e 2) (Thomson & Mayo, 1991).

 

Tabela 1 – Artigos selecionados para produção, em agosto de 1940.

Fonte: Thomson & Mayo (1991, p. 25)

 

Tabela 2 – Armamento selecionado para produção, de julho de 1940 a dezembro de 1941.

Fonte: Thomson & Mayo (1991, p. 43)

 

Ao aumentar a probabilidade de um conflito armado, o Presidente Roosevelt começou a criar agências civis (Gropman, 1996, pp. 147-165), a fim de mobilizarem a economia para a Guerra, embora a responsabilidade pela maioria das atividades de produção e reabastecimento permanecesse no setor militar (Gought, 1991). A tomada de posse do General Somervell4, em 11 de dezembro de 1940, como comandante da Divisão de Construções, que enfrentava dificuldades face ao acentuado crescimento do Exército norte-americano, de 174.000 efetivos para 1.400.000, em 1940 (Ohl, 1994), contribuiria para impulsionar fortemente a logística. Com a sua visão progressista e dinamismo (Fine & Remington, 1972, pp. 256-259), Somervell completou, em 19415, mais de 375 projetos de construção, salientando-se as infraestruturas logísticas e 34 fábricas de munições (Ohl, 1994, p. 42) (tabela 3), estando ainda 320 em progresso, num total de 1,8 biliões de dólares (Fine & Remington, 1972, pp. 411-417). Pelo seu excelente desempenho, Somervell passaria para Chefe da Logística (G4) do Departamento de Guerra, onde ficaria responsável pelos planos de reabastecimento.

 

Tabela 3 – Crescimento de infraestruturas industriais militares nos EUA, de 1939 a 1945.

Fonte: Krug (1945, p. 36)

 

Com o ataque japonês a Pearl Harbor, o discurso do Presidente Roosevelt foi perentório: “A nação espera que nossas industrias da defesa continuem funccionando sem interrupções […]”, mantendo “[…] no lado econômico de nosso programma de defesa […] os maiores esforços para manter a estabilidade […]” e nada deverá “[…] tardar a expansão imediata de todas as industrias essenciaes para a defesa. […] Confio […] que certas Industrias que actualmente produzem artigos de consumo ou de luxo sejam convidadas a dedicar seus aparelhos ou matérias primas para os fins da defesa” (Roosevelt, 1941). Assim, a indústria privada norte-americana, dedicada à produção de bens de consumo, numa economia de paz, teve que se reconverter para a economia de guerra. Para tal, foi criado o WPB, em 1942 (Gropman, 1996, p. 165), com a missão de dirigir e controlar a economia, com responsabilidade pela orientação e supervisão dos programas de produção industrial em função dos imperativos da guerra (Fugate, s.d.). Entretanto, o Departamento de Guerra iniciou um programa de mobilização, conhecido por Victory Program, destinado inicialmente a equipar 8.759.658 militares, em 1944, dos quais, 3,6 milhões teriam de estar prontos no final de 1942 (Ohl, 1994, p. 56). Contudo, estes números aumentariam, por determinação do Presidente Roosevelt no seu programa de produção Must, incluindo para 1943, entre outros equipamentos: 125.000 aviões, 75.000 tanks e 35.000 armas antiaéreas. A capacidade do potencial industrial norte-americano e a organização implementada viabilizaria a superação destes quantitativos, ao ponto de serem produzidas munições também para a Grã-Bretanha (Sherwood, 1950, pp. 137-141), em conformidade com o WPB (Brigante, 1950) (figuras 1 e 2), para além de diverso equipamento militar para os Aliados (Krug, 1945, pp. 36-37). Porém, os navios disponíveis não conseguiam projetar os enormes efetivos e meios pretendidos, tendo este setor assumido prioridade, com os devidos ajustes nos quantitativos e tonelagem (Leighton & Coakley, 1955), para o qual foi criado o War Shipping Administration (WSA), em 7 de fevereiro de 1942 (Gropman, 1996, p. 165; Ohl, 1994, p. 59).

Figura 1 – Montante investido na produção de munições, de 1940 a 1945.

Fonte: Krug (1945, p. 13)

Figura 2 – Taxa média mensal de produção de munições, de 1940 a 1945.

Fonte: Krug (1945, p. 105)

 

Para resolver os vários problemas de reabastecimento, o Departamento de Guerra seria reorganizado6, resultando na criação dos Services of Supply (SOS), que, por fazerem muito mais do que reabastecimentos (Millett, 1954), passariam a designar-se por Army Service Forces (ASF), em março de 1943 (figura 3).

Figura 3 – Organograma do Army Service Forces (março de 1943).

Fonte: Ohl (1994, p. 267)

 

Como comandante do ASF7, Somervell seria a figura chave do esforço de guerra norte-americano, responsável pelo controlo do reabastecimento e administração do Exército. Para tal, reuniu as funções de mobilização e produção com as de distribuição do G4, numa agência operacional, e criou uma Divisão de Estado-Maior para supervisionar os serviços de reabastecimento e administrativos (Ohl, 1994, p. 64). Preencheram-se algumas funções do G4/ASF com oficiais experientes na prática de G4 em grandes unidades do Exército e, outras funções-chave, com engenheiros experientes em gestão (Ohl, 1994, pp. 65, 143). Para aproveitar o potencial das indústrias privadas, considerou-se necessário controlar este setor por militares com formação adequada. Foi assim constituída uma Divisão de Controlo no Quartel-General (QG)/ASF (figura 4) (Robinson, 1944), que passou a usar métodos estatísticos (pouco usados no setor público na época) para detetar atrasos na produção. A precisão dos resultados fez com que esta ferramenta de gestão passasse a ser a base das futuras reuniões mensais de Estado-Maior do ASF (Millett, 1954). Esta Divisão, apesar de ter provocado desconforto a fornecedores, seria essencial na eficiência da produção (Hewes, 1975), ao permitir reduzir operadores e maximizar resultados (Millett, 1954). Foram ainda estabelecidos os requisitos para o Army Supply Program (ASP), que assumiria a prioridade (Clay, 1943) para cumprir o Victory Program e os objetivos Must do Presidente. As dificuldades não estavam na matéria-prima disponível, mas nos equipamentos, para além do necessário equilíbrio entre a produção militar e a economia, pelo que o aproveitamento das indústrias civis reconvertidas foi determinante, tendo durado até ao final de 1945 (Sitterson, 1945).

Figura 4 – Plano organizacional do Army Service Forces (novembro de 1943).

Fonte: Ohl (1994, p. 268)

 

2.2 Mobilização industrial

Com a criação do WPB, houve a necessidade de harmonizar as relações entre esta entidade e o ASF. Após ultrapassadas diversas divergências (Christmas, 1973), o ASF passou a assumir responsabilidades nos processos aquisitivos e produtivos em cooperação com o WPB (Koistinen, 1982), tendo sido criado o Office of War Mobilization (OWM), em maio de 1943 (Gropman, 1996, p. 160), como mediador da presidência entre civis (do WPB) e militares (do ASF) (Cuff, 1984). Estabeleceu-se ainda, um programa que conciliava as considerações estratégicas, económicas e políticas (Brigante, 1950), no sentido do cumprimento dos objetivos Must (Ohl, 1994, p. 84). Com a aprovação do Emergency Price Control Act, de 1942 (Gropman, 1996, p. 158), destinado a estabilizar os preços e evitar práticas especulativas injustificadas, para proteger as pessoas e indústrias na garantia de produção adequada (US Congress, 1942), foi substituída a produção de automóveis por tanks e aeronaves. Com a fiscalização rigorosa dos preços e salários, estabelecida pelo Stabilization Act, em outubro de 1942 (US Congress, 1942) e pelo Stabilization Extension Act, em 1944, (US Congress, 1944), garantiu-se que o aumento produtivo não agravaria a economia nem as finanças dos EUA.

Entretanto, durante 1942, a principal dificuldade incidia no controlo da distribuição de matéria-prima, pelo que o WPB passou a dar apoio preferencial a cada produtor que pretendesse adquirir materiais destinados à produção de material militar considerado essencial para o esforço de guerra (Krug, 1945, pp. 7-8). Este problema foi definitivamente resolvido através do Controlled Materials Plan (CMP), onde as agências governativas submeteriam os requisitos das matérias-primas (inicialmente o cobre, ferro e alumínio) ao WPB, que após validação (em forma de garantia), permitiria o avanço do processo aquisitivo pelas agências (Ohl, 1994, p. 84).

Nas atividades industriais, salienta-se a importância das mulheres no sucesso da força de trabalho norte-americana (Gropman, 1996), que, em 1940, era composta por 25,20 % (14.160.000) de mulheres, aumentando para
29,43 % (19.170.000), em 1944 (Nelson, 1946; Peppers, 1988; Walton, 1956). Realça-se, também, a importância do lend-lease entre os Aliados, que permitiu a exportação de material norte-americano e a aquisição da matéria-prima necessária para o esforço de guerra (Krug, 1945, pp. 36-38) (figura 5).

Figura 5 – Crescimento do reabastecimento de matéria-prima, de 1939 a 1944.

Fonte: (Krug, 1945, p. 8)

 

2.3 Linhas de reabastecimento estratégico

Em 1942, os EUA não dispunham de navios suficientes para fornecer os vastos abastecimentos, entretanto disponíveis, às suas forças nos Teatros de Operações (TO). Assim, foram construídos novos navios, reparados alguns obsoletos e procurou-se uma gestão eficiente dos disponíveis. Esta gestão seria atribuída à agência civil entretanto criada, o WSA. Após acesas discussões entre a ASF e a WSA (Ohl, 1994, pp. 76-106), decidiu-se misturar navios militares e não-militares, numa lógica de rentabilização das suas capacidades de carga, com recurso às rotas mais curtas que permitissem reabastecer numa única viagem múltiplos portos (figuras 6 e 7), assegurando descargas eficientes, sob supervisão do WSA (Ohl, 1994, p. 105). Após janeiro de 1943, os navios saíam completamente carregados, alinhando-se as necessidades militares com as económicas (Browder & Smith, 1986).

Figura 6 – Linhas de reabastecimento transoceânicas dos EUA (1942-1943).

Fonte: Ohl (1994, p. 262)

 

Figura 7 – Linhas de Reabastecimento transoceânicas dos EUA (1943-1945).

Fonte: Ohl (1994, p. 265)

 

Perante a importância geopolítica da China no combate contra o Japão, foi estabelecida uma linha de reabastecimento entre a Índia e a China, com o alargamento do aeródromo dos Himalaias, a construção de um caminho-de-ferro na Índia8 e uma estrada entre Ledo (Índia) e Wanting (China) para se ligar à estrada de Burma (figura 8). As dificuldades neste empreendimento exigiram o envio dos abastecimentos por meios aéreos até ao aeródromo dos Himalaias e visitas técnicas norte-americanas, em fevereiro de 1943. Desta forma, constatou-se que, no caso de uma invasão Aliada pela China contra o Japão, as infraestruturas criadas conseguiriam reabastecer a projeção de 100.000 militares norte-americanos (Romanus & Sunderland, 1987).

Figura 8 – Linhas de Comunicações China-Burma-Índia (janeiro de 1945).

Fonte: Ohl (1994, p. 264)

 

Após as conferências de Casablanca, do Cairo e de Teerão, em 1943, a prioridade passou a ser o TO Europeu e a invasão do Continente pela Grã-Bretanha (Ohl, 1994). Neste contexto, começaram a ser desviados navios para transportar milhares de militares e tonelagens de abastecimentos, logo em maio de 19439, para a Grã-Bretanha (Ohl, 1994, pp. 208-209). Um conceito inovador foi a produção de lanchas com capacidade para transportar e desembarcar pessoal, viaturas e abastecimentos, particularmente importantes na frente do Pacífico e no desembarque da Normandia (Ohl, 1994)10.

O planeamento logístico da operação Overlord iniciou-se ainda em 1942, após entrega do plano pelo Departamento de Guerra ao Presidente norte-americano, em 2 de abril de 1942, sendo determinante para a sua realização (Harrison, 1993, pp. 15, 65). O plano Overlord estabelecia como objetivo operacional: “conquistar no Continente uma área logística da qual possam ser lançados ulteriormente operações ofensivas” (Boavida, 1954, p. 30). Assim, foram criados na Grã-Bretanha milhares de armazéns, entre outras infraestruturas, com destaque para os 163 novos aeródromos, concentrando-se “um caudal sem precedentes de homens e material […]” (Digest, 1982, pp. 175-177). Uma inovação importante no desembarque de material foram os portos artificiais transportados e construídos na Normandia. Para permitir o avanço Aliado após o desembarque, era necessário fazer chegar à zona de combate, com a celeridade possível, os abastecimentos essenciais (alimentação, munições e gasolina), pelo que se criou o sistema designado por Red Ball Express (figura 9): um reabastecimento ininterrupto, de sentido único, sobrepondo-se ao tráfego de interesse civil (Boavida, 1954).

Figura 9 – Linhas de Reabastecimento do Red Ball Express (1944).

Fonte: Ruppenthal (1995, pp. 362-363)

 

Com a aproximação da rendição alemã, começou-se a planear em detalhe a projeção de forças do TO Europeu para o Pacífico, apelidada como o “biggest moving job in history”, que se iniciou oficialmente em 12 de maio de 1945 (Somervell, 1945, pp. 24-25). Assim, priorizou-se o uso eficiente dos navios e meios de transporte no interior dos EUA, das áreas de reunião e portos, para se conseguir projetar forças e abastecimentos sem precedência em termos de volumes e distância, num período mais curto que qualquer operação anteriormente feita. Seriam projetados cerca de 400.000 militares e 5.000.000 toneladas de abastecimentos, diretamente via Europa-Pacífico, e 800.000 militares, via Europa-EUA-Pacífico, além do regresso aos EUA de 5.000.000 toneladas de abastecimentos (Coakley & Leighton, 1968, pp. 610-619).

 

2.4 Resultados alcançados

“A evolução politico-estratégica da guerra e a sua duração para além das previsões alemãs, deram à indústria dos E.U.A. e do Reino Unido oportunidade para se expandirem num gigantesco plano de produção.” (Boavida, 1954, p. 29) (figura 10 e 11).

Figura 10 – Evolução comparativa da mobilização produtiva para a guerra dos EUA, Reino Unido, URSS e Alemanha (1938-1945).

Fonte: Gropman (1996, p. 132)

Figura 11 – Produção nacional dos EUA, Reino Unido, URSS e Alemanha (1937-1945).

Fonte: Gropman (1996, p. 132)

 

Os EUA conseguiram afirmar-se como uma potência industrial, com capacidade de adaptação a uma nova situação económica, na qual, as proezas realizadas pelas suas fábricas, entre 1941-1945, podem ser consideradas vitórias tão essenciais ao desenlace da Guerra como os maiores êxitos militares (Digest, 1982) (figura 12). Entre 1941 e 1945, os custos totais da Guerra foram 321.000 milhões de dólares (dez vezes superiores à I Guerra Mundial), tendo os impostos pago 41 % das despesas e o restante sido financiado por empréstimos de instituições financeiras, um método dispendioso, mas preferido pelo Congresso, comparativamente ao aumento de impostos (Freidel & William, 2019).

Na realidade, em 1939, a produção bélica dos EUA representava apenas 2 % do PIB, aumentando exponencialmente, a partir de 1940, para 40 % em 1944, contribuindo para o aumento do PIB norte-americano em cerca de 52 %, de 1939 a 1945 (Gropman, 1996, p. 2). É certo que os enormes recursos dos EUA foram determinantes, mas o espírito da “livre concorrência” marcada pelo New Deal, seria desbloqueador do processo (Digest, 1982). Neste contexto, o custo de vida da população não ultrapassou 1 % até ao final da Guerra, tendo sido produzidos, até 31 de julho de 1945, entre outros: 296.400 aviões (Wrynn, 1995, pp. 4-5), 86.333 tanks, 319.000 peças de artilharia e morteiros, 15.300.000 espingardas, 64.500 navios de desembarque, 6.500 navios de guerra11, 5.400 navios de carga (Krug, 1945, p. 12), 150.000 camiões e 634.000 jeeps. Este ritmo de produção fez com que, em 1943, os estaleiros onde se construíam os Liberty Ships12, enviassem um cargueiro diário para os TO (Digest, 1982, pp. 166-167). Desta forma, os EUA conseguiram projetar mais de 7.000.000 militares para os vários TO, para além de 0,5 toneladas de abastecimentos mensais por militar (Boavida, 1954, p. 37)13.

Figura 12 – Evolução da produção industrial norte-americana.

Fonte: Krug (1945, p. 3)

 

Embora tivessem existido problemas relacionados com a indefinição de um objetivo claro de produção, alinhado com as prioridades de material e capacidade de transporte (Krug, 1945, p. 9), no final da Guerra, as fábricas norte-americanas tinham produzido dois terços do equipamento militar Aliado empenhado (Parker, 2013, p. 7), tendo o programa norte-americano servido dois objetivos: equipar as próprias forças armadas e abastecer os Aliados, prioritariamente a Grã-Bretanha, com armamento adequado (Krug, 1945, pp. 37-38; Werner, 1943, p. 288).

Em termos sociais, a entrada na Guerra proporcionou um aumento do emprego norte-americano, de 46.000.000 civis empregados, em 1940, para mais de 53.000.000, em 1945. Esta mobilização social, face às necessidades bélicas, contribuiu para minimizar preconceitos raciais, resultando num progresso socioeconómico dos negros norte-americanos. A Ordem Executiva n.º 8802, de 25 de junho de 1941, ao proibir a discriminação racial nos assuntos da Defesa, tendo estabelecido o Commitee on Fair Employment Practice (Gropman, 1996, p. 149), contribuiu também para esse fim. No final de 1944, quase 2.000.000 negros trabalhavam nas indústrias de defesa (Freidel & William, 2019).

A Guerra acabou por ser decidida pelo superior volume de armamento produzido, conseguido através da organização implementada, dimensão da mão-de-obra disponível, fornecimento de matéria-prima e ausência de interferência ativa das forças do Eixo na economia norte-americana (Milward, 1979, pp. 73-75). Segundo Somervell, o sucesso da gestão do esforço de guerra norte-americano deveu-se à combinação de cinco fatores: (1) uma compreensão dos objetivos a atingir; (2) colocação de pessoal competente nas tarefas-chave; (3) adaptação da organização aos objetivos; (4) implementação de um sistema simples e direto de conduzir as atividades necessárias; e (5) adoção de um método positivo de confirmar os resultados (Somervell, 1944, p. 257).

Este sucesso demonstrou a importância do apoio de serviços no incremento do potencial de combate (Millett, 1954), evidenciando que as decisões estratégicas são essencialmente decisões logísticas, e que só influenciam a logística na fase de planeamento (Dominiak, 2018).

 

3. Conclusões

O posicionamento geográfico dos EUA possibilitou a sua antecipada preparação para a II GM, assente num programa de rearmamento como fator diferenciador e prioritário, face às exigências logísticas da maior mecanização da guerra. Para tal, foi aprovado e financiado pelo Congresso norte-americano, a implementação de uma estratégia genética, em 1940, orientada para o cumprimento do PMP, tirando partido dos vastos recursos e potencial humano e industrial disponíveis. O incentivo e apoio do Presidente Roosevelt impulsionou a economia para a guerra, tendo sido criadas, para o efeito, diversas agências civis para orientar e supervisionar os programas de produção das indústrias reconvertidas.

A conclusão de infraestruturas estruturantes para a logística, ainda em 1941, e as reorganizações do Departamento de Guerra e do ASF, já em plena Guerra, demonstraram ser fundamentais para o controlo das atividades industriais e dos processos aquisitivos de matéria-prima destinados a cumprir o Victory Program e o programa de produção Must do Presidente norte-americano. Destaca-se a ação do General Somervell, como comandante do ASF, pelos mecanismos criados para agilizar e supervisionar as atividades de mobilização e produção e as de distribuição, que apesar do desconforto criado a fornecedores e discórdias com agências civis, seria essencial na eficiência da produção e cumprimento dos objetivos definidos. Realça-se a importância da mobilização social generalizada nas atividades industriais e o papel das mulheres no sucesso da força de trabalho norte-americana, assim como a importância do lend-lease entre os Aliados, que permitiu a obtenção da matéria-prima necessária para o esforço de guerra.

O reconhecimento das vulnerabilidades nos meios de distribuição resultou na renovação da frota de navios e no seu criterioso emprego, numa lógica de rentabilização das suas capacidades e eficiência das rotas de reabastecimento. Importa realçar a visão estratégica dos decisores político-militares norte-americanos relativamente às necessidades logísticas destinadas a viabilizar as operações militares, destacando-se os investimentos feitos no Sudeste Asiático e na operação Overlord. Nesta última, o planeamento logístico, iniciado ainda em 1942, foi determinante, possibilitando o desembarque de unidades completas nas praias da Normandia e o reabastecimento célere da zona de combate, assegurado pelo Red Ball Express.

Os EUA conseguiram afirmar-se como uma potência industrial, ao adaptarem-se à nova situação económica, rentabilizando os recursos disponíveis. Consequentemente, apesar da dificuldade em definir um objetivo claro de produção, produziram e projetaram dois terços do equipamento militar Aliado, até 1945, aumentando simultaneamente o seu PIB, enquanto reduziam as desigualdades sociais face aos imperativos bélicos. A Guerra acabou por ser decidida pelo superior volume de armamento produzido, combinado com uma gestão eficiente.

Dos acontecimentos supracitados, realçam-se algumas considerações com especial relevância para o presente.

Constata-se que é necessária vontade política para o desenvolvimento de uma estratégia genética, que atualmente não é possível ser implementada recorrendo somente aos próprios recursos de um Estado. Como a História demonstrou, a implementação desta estratégia, por ser morosa, deve iniciar-se antes de um conflito armado. Mesmo com recursos abundantes, os EUA iniciaram o seu programa de armamento cerca de um ano antes do ataque japonês a Pearl Harbor e tiveram de recorrer a empréstimos para obter as matérias-primas necessárias ao esforço de guerra.

Para operacionalizar uma estratégia genética é necessário implementar estruturas logísticas adequadas e mobilizar as indústrias civis, criando mecanismos que orientem e supervisionem as atividades produtivas. Contudo, perspetivam-se dificuldades na coordenação e atribuição de responsabilidades entre as estruturas militares e agências civis, que apenas serão superadas face a objetivos estratégicos bem definidos. Apesar das relações internas entre militares e civis norte-americanos não terem sido harmoniosas, acabaram por se caracterizar pela cooperação, em conformidade com as orientações do Presidente Roosevelt.

O planeamento estratégico e a capacidade de adaptação para ajustar a produção às necessidades operacionais deverão estar presentes ao longo de um conflito armado, visando a eficiência do processo logístico. Neste âmbito, realça-se a importância da visão estratégica e dinamismo nas chefias militares, para que, à semelhança de Somervell, consigam cumprir as metas superiormente estabelecidas.

Identifica-se ainda a importância de se analisar a situação nacional antes da implementação da estratégia genética, de modo a se procurar o necessário equilíbrio entre o investimento militar e a economia dos Estados NATO. Desta forma, será possível rentabilizar as potencialidades de cada Estado-Membro da Aliança, num esforço coordenado na edificação de capacidades militares interoperáveis. Assim, torna-se essencial iniciar os processos de desenvolvimento de capacidades militares numa lógica de cooperação estruturada na NATO, que contribua para a rentabilização dos escassos recursos de defesa, evitando competições entre os Estados-Membros. Neste contexto, a produção bélica norte-americana na II GM é um bom exemplo, por ter contribuído para servir tanto os interesses militares dos EUA como dos seus Aliados, mediante a matéria-prima disponível, permitindo simultaneamente um crescimento económico.

Em síntese e respondendo à pergunta a colocar ao passado, identificam-se lições que permitem repensar a logística de nível estratégico da NATO, antevendo-se alguns problemas relacionados com a necessária: vontade política para investir atempadamente na defesa, alinhando os Estados-Membro nos ciclos de planeamento; reorganização estrutural das forças armadas de cada Estado-Membro e criação de infraestruturas e mecanismos adequados ao desenvolvimento económico-industrial; cooperação ao nível das relações civis-militares; eficiência, controlo e supervisão dos processos aquisitivos; e eventual mobilização social.

 

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1 Os EUA investem na defesa 3,16 % do PIB, seguidos da Turquia (2,50 %) e do Reino Unido (2,13 %).

2 Segundo o General Loureiro dos Santos, a História Militar é necessária para o “[…] homem complementar a sua curta experiência à custa da experiência dos outros com o propósito de melhor apreciar os factos em conformidade com os fins que prossegue […]” e entender profundamente os “[…] acontecimentos e como se sucedem tendo em vista […] o momento em que se inserem […]” (Santos, 1971, p. 43).

3 Relatório Oficial do Chairman do War Production Board (WPB), de 9 de outubro de 1945, para o Presidente Truman e legislação norte-americana (e.g. Executive Orders e Administrative Orders).

4 Considerado pelo então Chefe do Estado-Maior do Exército norte-americano, o General Marshall, como “[…] one of the most efficient officers I have ever seen” (Bland, 1991, p. 445).

5 No dia do ataque a Pearl Harbor, os EUA tinham 1,6 milhões de militares.

6 Pela Ordem Executiva n.º 9082, do War Power Act, de 18 de dezembro 1941 (United States [US] Congress, 1941).

7 A partir de março de 1942.

8 Em 1943, já transportava 1.800 toneladas/dia (Ohl, 1994, p. 220).

9 Foram transportados nesse mês 77.000 militares e 2.300.000 toneladas de abastecimentos.

10 Em 1942, existiam apenas 1.000 lanchas de desembarque, tendo passado para 64.500, em 1945.

11 Incluiu 120 porta-aviões e 50 cruzadores.

12 Foram construídos 2.710 Liberty Ships, de dezembro de 1941 a novembro de 1945.

13 Durante a II GM, os EUA enviaram, só para a Europa, seis vezes mais tonelagem de abastecimentos do que na Guerra de 1914-1918 (Boavida, 1954, p. 39).

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