Nº 2652 - Janeiro de 2023
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
A Zona Desmilitarizada entre Vietnames (1966-1972)
Prof. Doutor
Orlando J. B. Almeida Pereira

Antecedentes

Em 1620, o norte e o sul do Vietname iniciaram uma separação de 150 anos. No sul, os Nguyen, apoiados pelos portugueses, construíram duas enormes muralhas perto da parte central do Vietname. Os Trinh, apoiados pelos holandeses, nunca conseguiram atravessar ambas as muralhas[1].

No dia 21 de Julho de 1954, foi assinado em Genebra o acordo que pôs fim à Guerra da Indochina, ficando o Vietname separado em dois pelo rio Ben Hai, cuja foz era próxima do paralelo 17oN, e havendo uma Zona Desmilitarizada (ZDM) ao longo daquele rio. Os Estados Unidos da América (EUA) começaram a apoiar a formação, no Vietname do Sul, de um exército para repelir uma invasão através da ZDM[2][3][4].

No dia 19 de Maio de 1959, 69º aniversário do presidente Ho Chi Minh, o Exército Popular do Vietname (Exército Norte-Vietnamita-ENV) formou o Grupo de Transporte Militar 559, com a missão de abastecer os guerrilheiros Vietcong (VC) na República do Vietname (Vietname do Sul) e de infiltrar reforços recrutados na República Democrática do Vietname (Vietname do Norte), principalmente através do que veio a ser conhecido como pista de Ho Chi Minh (figura 1)[5]. Neste mesmo mês, o ENV começou a apoiar o movimento comunista Pathet Lao[6]. Neste ano, os estado-unidenses começaram a treinar o Exército da República do Vietname (ERVN) para enfrentar uma guerra subversiva[7].

Figura 1 – A pista de Ho Chi Minh[8].

 

No dia 23 de Julho de 1962, foi assinado o acordo de neutralidade do Laos[9]. Neste mês, as Special Forces do Exército dos EUA estabeleceram um campo em Khe Sanh (figura 2)[10]. A 6 de Outubro, todos os conselheiros militares estado-unidenses tinham retirado do Laos e as acções do ERVN cessado, mas o ENV continuou a ocupar o território por onde passava a pista de Ho Chi Minh[11].

No dia 21 de Fevereiro de 1964, o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea dos EUA, general Curtis E. LeMay, propôs que os EUA introduzissem aviões a jacto para uso pela Força Aérea sul-vietnamita. A 2 de Março, os Joint Chiefs of Staff (JCS) dos EUA recomendaram que as restrições a operações sul-vietnamitas na ZDM e para lá da fronteira fossem abandonadas, que os sul-vietnamitas fossem encorajados a atacar instalações inimigas no Laos, em cooperação com as forças laocianas, e que os estado-unidenses fossem autorizados a acompanhar as unidades sul-vietnamitas nessas acções, as quais eram essenciais para a prossecução bem sucedida da guerra[12]. Neste mês, o primeiro-ministro do Laos, Souvanna Phouma, autorizou as forças sul-vietnamitas a realizar operações aéreas e terrestres limitadas naquele país. Em Agosto, o novo comandante do Military Assistance Command Vietnam (MACV), general William Westmoreland, apoiou uma proposta dos JCS para estacionar no Vietname do Sul, ao longo da ZDM, uma força internacional composta por unidades da República da Coreia (Coreia do Sul), Austrália e Nova Zelândia e por uma divisão estado-unidense. Esta força protegeria a retaguarda das forças do ERVN que realizassem operações no Laos, o que Westmoreland considerava melhor do que atacar o Vietname do Norte. Contudo, a 23 de Outubro, Westmoreland informou os JCS de que o ERVN não seria capaz de realizar uma operação terrestre no Laos antes de inícios do ano seguinte. Em Dezembro, tendo Souvanna Phouma autorizado operações aéreas estado-unidenses para interdição da pista de Ho Chi Minh, em contrapartida de operações no norte do Laos, começou, de forma encoberta, a operação Barrel Roll[13][14].

No dia 2 de Março de 1965, teve início a operação Rolling Thunder, uma campanha de bombardeamento aéreo do Vietname do Norte. A 6, o presidente Lyndon B. Johnson (LBJ) estava já pessimista em relação aos resultados da operação. Apesar disso, as regras de empenhamento que impunha não só não maximizavam a pressão sobre os norte-vietnamitas, nem minimizavam as perdas de pilotos e aviões estado-unidenses, como ainda impediam acções que teriam evitado futuras perdas[15]. No dia 15, o Chefe do Estado-Maior do Exército dos EUA, general Harold K. Johnson, sugeriu o estabelecimento de um cordão de pelo menos quatro divisões dos EUA ou da Southeast Asia Treaty Organization (SEATO) a sul da ZDM, prolongando-se pelo Laos, o que complementaria a operação Rolling Thunder. No entanto, Westmoreland estimava que seria necessário o resto do ano e talvez mais para colocar os portos e estradas do norte do Vietname do Sul em condições de abastecer as quatro ou cinco divisões, pelo que, se a Rolling Thunder coagisse rapidamente os norte-vietnamitas a cessar o seu apoio ao VC, o cordão seria supérfluo quando estivesse terminado[16]. A 21, começou a operação Steel Tiger, visando interditar a pista de Ho Chi Minh através de ataques aéreos, tendo precedência sobre a operação Barrel Roll, a qual ficou confinada ao norte do Laos. Começaram também a ser utilizados guerrilheiros laocianos, apoiados secretamente pelos EUA, e operações clandestinas de forças especiais estado-unidenses, para reconhecer, vigiar e atacar a pista[17][18][19].

No dia 1 de Abril, LBJ aprovou a realização de operações terrestres ofensivas no Vietname do Sul[20]. Neste mês, começaram as manifestações contra a guerra, nos EUA.

Em Novembro, o Camboja assinou um tratado secreto autorizando a utilização do porto de Sihanoukville para abastecer o VC e o ENV[21].

Neste ano, quase todas as unidades do ERVN tinham assumido missões de segurança de áreas, no âmbito da contra-subversão. À medida que as unidades de combate terrestre estado-unidenses iam chegando ao Vietname do Sul, assumiam as missões de guerra convencional contra o ENV e as unidades regulares do VC[22].

No dia 22 de Dezembro, aviões da Força Aérea estado-unidense equipados com detectores de radar foram utilizados pela primeira vez na destruição de uma base de mísseis terra-ar norte-vietnamita. Dois dias depois, teve início uma pausa na operação Rolling Thunder, a qual se prolongou até ao final do mês seguinte. A destruição de alvos no Vietname do Norte decorria a um ritmo muito mais lento do que o proposto pelos chefes militares e demasiado lento para coagir os norte-vietnamitas[23].

Em Janeiro de 1966, foram utilizados morteiros de 120mm contra a base de Khe Sanh e contra o aeroporto de Da Nang. Esta arma quase duplicou a distância a partir da qual o inimigo podia efectuar ataques com morteiros[24].

Em Março, o Secretário da Defesa, Robert McNamara, levantou junto dos JCS a questão da construção de uma barreira de minas e arame, vigiada por tropas, desde o Mar do Sul da China até à Tailândia. Os JCS solicitaram o parecer do Comandante em Chefe Pacífico, almirante Ulysses S. Grant Sharp. No mês seguinte, este indicou que os problemas já referidos um ano antes, por Westmoreland, relativamente ao cordão de tropas, seriam aumentados pela construção da barreira em si, a qual, mesmo depois de completada, continuaria a limitar a manobrabilidade de um grande número de tropas Aliadas[25]. Na opinião do Comandante do Exército Pacífico, estabelecer um corpo de exército a duas divisões ao longo da ZDM e no Laos atrairia para perto da ZDM as unidades que o ENV poderia enviar mais para sul[26].

No dia 18 de Abril, um avião da Força Aérea estado-unidense disparou pela primeira vez um míssil anti-radar, o AGM-45 Shrike, contra um radar de uma bateria de mísseis terra-ar norte-vietnamita. Contudo, os estado-unidenses utilizaram os mísseis anti-radar principalmente para suprimir, ou neutralizar, temporariamente as bases de mísseis, raramente tentando destruí-las[27]. Além disso, a oportunidade criada pelo avanço tecnológico não foi aproveitada para aumentar a cadência dos ataques. Assim, os norte-vietnamitas não foram coagidos e adaptaram-se.

 

As primeiras operações

Ainda a 18 de Abril, foi completado o transporte por avião para Khe Sanh de um batalhão de Marines estado-unidenses para a operação Virginia, iniciada na véspera. Após alguns dias de patrulhas, o batalhão e uma companhia do ERVN regressaram pela Estrada 9, efectuando a pé o percurso até Cam Lo (figura 2), onde chegaram no final do mês. Terá sido a primeira vez, em alguns anos, que uma força com esse efectivo percorreu esse troço de estrada. No dia 19 de Maio, unidades do ENV atacaram dois postos do ERVN, Gio Linh e Con Thien (figura 2). A 18 de Junho, o posto do ERVN em Cam Lo foi atacado com morteiros. No dia 22, uma companhia reforçada de Marines estado-unidenses foi enviada para Dong Ha (figura 2). Face à impossibilidade de realizar patrulhas, no final do mês foi estacionado um batalhão de Marines em Dong Ha. No dia 9 de Julho, os generais dos Marines estavam finalmente convencidos de que o ENV estava a atravessar a ZDM e era necessário movimentar mais tropas para norte. Para tal, a 12, activaram uma task force com 5 batalhões, para ser utilizada na operação Hastings. A operação teve início no dia 15, em simultâneo com a operação Lam Son 289, envolvendo 3000 soldados do ERVN. As tropas estavam proibidas de entrar na metade sul da ZDM, excepto quando em contanto com o inimigo, tendo de retirar logo que o contacto fosse rompido. No dia 20, começou a interdição aérea da área até 30 milhas a norte da ZDM, com o nome de Tally Ho. Um pequeno sector no canto sudoeste da área foi reservado para a Força Aérea sul-vietnamita. Só no dia 24 foi levantada a restrição aos ataques aéreos na ZDM. A task force foi desactivada no dia 1 de Agosto e a operação terminou no dia 3. Seguiu-se a operação Prairie, inicialmente com um efectivo mais pequeno, mas incluindo alguns carros de combate M-48[28][29].

No dia 30 de Agosto, um grupo de cientistas propôs que, no Laos, a barreira consistisse em sensores para detectar os movimentos de veículos e de pessoas, os quais seriam interditados através de ataques aéreos. No dia 13 de Setembro, Sharp advertiu que, sem tropas no terreno, não seria possível interditar os movimentos. Os JCS advertiram que a criação e operação da barreira desviariam forças estado-unidenses de missões que consideravam mais importantes. No entanto, a 15, McNamara criou uma equipa para supervisionar o projecto da barreira, chefiada pelo tenente-general Alfred E. Starbird[30][31].

No dia 16, uma companhia de Marines estado-unidenses ficou sob intenso fogo de morteiro a menos de uma milha da ZDM e foi apoiada pelos canhões de oito polegadas de um cruzador pesado. A 26, Westmoreland advertiu Starbird de que os construtores da barreira ficariam vulneráveis a ataques do inimigo, os quais iriam ocorrer. No dia 29, foi estacionado um batalhão de Marines em Khe Sahn. Westmoreland considerava que era uma área de onde poderiam ser lançadas operações para cortar a pista de Ho Chi Minh, pelo que uma base em Khe Sanh atrairia o ENV para uma área sem a proximidade de população civil[32].

Figura 2 – As áreas das operações em Julho de 1968[33].

 

A ofensiva estado-unidense

A passagem formal à ofensiva no Vietname do Sul deu-se em Outubro de 1966. Neste mês, o efectivo total de forças militares dos EUA, da Coreia do Sul e da Austrália no Vietname era aproximadamente 325.000 militares. Quanto aos sul-vietnamitas, o efectivo do ERVN era 275.000, o da Força Aérea cerca de 16.000 e o da Marinha semelhante a este. Além das Forças Armadas regulares, existiam Forças Regionais e Forças Populares, com um efectivo de 320.000, e milícias tribais, com um efectivo de 30.000[34]. A população do Vietname do Sul era de cerca de 16 milhões de habitantes[35].

No dia 9 de Outubro, o MACV propôs que, nas montanhas do oeste do Vietname, a barreira consistisse em pontos fortificados e, nos montes e na planície costeira a leste, fosse uma barreira linear com uma guarnição. O comandante da 3ª Divisão de Marines, major-general Wood B. Kyle, informou que, utilizando numa defesa móvel as unidades necessárias para guarnecer a barreira, que estimava em duas divisões, seria possível cumprir as mesmas missões com menor esforço de construção. O comandante dos Marines estado-unidenses no Vietname, tenente-general Lewis W. Walt, comentou que construir a barreira seria contraproducente[36].

Em Novembro, a operação Prairie tinha-se transformado na área de operações Prairie, com um quartel-general avançado da 3ª Divisão de Marines em Dong Ha e dois batalhões de artilharia do Exército, com canhões de 175mm[37].

A 21 de Dezembro, as Special Forces relocalizaram o seu campo em Lang Vei (figura 2). Neste ano, o Studies and Observation Group (MACV-SOG) estabeleceu em Khe Sahn uma base para operações clandestinas no Laos[38].

No dia 31 de Janeiro de 1967, a operação Prairie terminou, iniciando-se a operação Prairie II. A 6 de Fevereiro, o efectivo em Khe Sanh foi reduzido. No dia 25 de Fevereiro, os Marines pediram e receberam permissão para disparar para a ZDM e para norte desta, contra alvos puramente militares. A 7 de Março, a base Carroll (figura 2) foi atacada com foguetes de 122mm e Khe Sanh recebeu reforços, devido ao aumento na actividade do ENV na área. No dia 8, McNamara ordenou a implementação da barreira. A 17, Westmoreland reuniu-se com o comandante do I Corpo de Exército do ERVN e outros representantes do governo sul-vietnamita, para explicar o conceito básico da barreira. Os representantes do ERVN concordaram com a ideia e consideravam que as expropriações não levantariam qualquer problema. No dia 18, terminou a operação Prairie II, iniciando-se a operação Prairie III. A 19, após um esforço de meses, a Estrada 9 estava aberta até Khe Sanh, pela primeira vez desde 1964[39]. Westmoreland propôs planos para a utilização de batalhões do ERVN em operações aerotransportadas de interdição da pista de Ho Chi Minh[40].

 

A linha McNamara

Em inícios de Abril, os Marines começaram os trabalhos do que viriam a apelidar de “linha McNamara”[41]. A “linha McNamara” mostrava que os EUA tinham desistido de coagir os norte-vietnamitas através da operação Rolling Thunder. Dado que uma interdição no Laos baseada em tecnologia de ponta não seria transferível para os sul-vietnamitas, os EUA tinham apostado tudo na sustentabilidade da sua presença no Vietname do Sul. A sustentabilidade implicava que o esforço não seria ilimitado, o que poderá não ter sido ponderado pelos sul-vietnamitas quando concordaram com o que já tinha sido decidido pelos estado-unidenses.

Desde o início, os trabalhos enfrentaram flagelações constantes. No dia 19, terminou a operação Prairie III, iniciando-se a operação Prairie IV. O posto de comando avançado em Dong Ha foi encerrado, por ter sido introduzido um segundo quartel-general regimental na província de Quang Tri. Neste mês, começaram os cortes na Estrada 9 entre Cam Lo (figura 2) e Khe Sanh. A 8 de Maio, os Marines foram autorizados a realizar operações na metade sul da ZDM. No dia 10, um avião estado-unidense em missão perto do limite sul da ZDM foi abatido por mísseis lançados de norte da fronteira. A 13, o efectivo em Khe Sanh tinha sido novamente reduzido. De 18 a 27, o ERVN realizou a operação Lam Son 54, uma incursão na metade sul da ZDM, em simultâneo com três operações dos Marines estado-unidenses. No dia 30, terminou a operação Prairie IV, a última cuja área se estendia do mar até ao Laos. A 13 de Junho, Khe Sanh começou novamente a receber reforços. No dia 7, Con Thien foi atingida por granadas de obus de 152mm e Dong Ha por granadas de canhão de 130mm com espoleta de retardamento[42].

No dia 21 de Julho, um comboio de 85 veículos e dois canhões de 175mm partiu de Dong Ha para Khe Sahn. Estes canhões poderiam ser utilizados para contrabater a artilharia de longo alcance do ENV e para apoiar a interdição da pista de Ho Chi Minh. No mesmo dia, um pelotão de Marines começou a varrer a Estrada 9 para oeste de Ca Lu (figura 2) e, ao fim de cerca de 5km, entrou em combate com um batalhão do ENV. O comboio ficou parado em Ca Lu e, com a ajuda de reforços, o pelotão regressou. No dia seguinte, a maior parte do batalhão do ENV tinha retirado, mas os Marines necessitaram de dois dias para reconhecer todas as posições que o inimigo tinha preparado para uma emboscada e para limpar a estrada. Os canhões recuaram para a base Carroll e o restante comboio completou a viagem até Khe Sanh a 25. A partir do início de Agosto, este troço de estrada esteve cortado até ao final do chamado “cerco de Khe Sanh”[43][44].

O ENV estava a reforçar a área mais rapidamente do que os estado-unidenses e a construção da “linha McNamara”, além de ter desviado recursos, ainda tinha criado alvos fixos próximos da fronteira.

No dia 2 de Setembro, o efectivo na área de Khe Sanh foi novamente reduzido, para recomeçar a ser reforçado antes de decorridos quatro meses[45]. A 12, Westmoreland aprovou o plano dos Marines para cessar a construção dos obstáculos da “linha McNamara” até que fossem completados os pontos fortificados e as bases e a situação táctica estivesse estabilizada. A 25, mais de 1200 granadas e foguetes caíram sobre Con Thien. As posições dos Marines eram estáticas, pelo que a sua localização era conhecida dos norte-vietnamitas, os quais podiam movimentar as suas armas, sem necessitarem sequer de protecção de outras tropas, desde que se mantivessem a norte da fronteira, pelo que aquelas armas eram difíceis de destruir, desde que cada uma delas não mantivesse o fogo durante muito tempo[46][47].

No dia 24 de Outubro, a base aérea norte-vietnamita de Phuc Yen foi atacada pela primeira vez. Phuc Yen estava, desde 1964, no topo da listas de alvos a atacar propostas pelos militares; uma dessas listas era para uma campanha de apenas 28 dias e a operação Rolling Thunder tinha começado quase 32 meses antes deste ataque[48].

No dia 21 de Novembro, num discurso público, Westmoreland, previu que, no ano seguinte, os EUA começariam a preparar o ERVN para assumir uma parcela cada vez maior da guerra. Em Dezembro, os sensores no Laos começaram a funcionar. A 18, LBJ concordou com uma revisão da condução das operações militares de forma a acelerar a transferência das operações de combate para o ERVN[49]. No entanto, o total de forças militares Aliadas era já demasiado elevado para ser sustentável apenas por recrutamento da população do Vietname do Sul e não podiam obter uma vitória decisiva sobre o Vietname do Norte dentro das fronteiras do Vietname do Sul.

Apesar de poder não ser suficiente para coagir os norte-vietnamitas, teria sido melhor para a sustentabilidade da guerra pelos Aliados, em vez de iniciar a construção da “linha McNamara”, ter, no início de Abril, enviado canhões de 175mm e carros de combate para Khe Sanh, realizado uma escalada nos ataques a alvos puramente militares, como Phuc Yen, autorizado operações na metade sul da ZDM, e intensificado o patrulhamento ao longo da Estrada 9, de modo a mantê-la aberta até Lang Vei.

 

O cerco de Khe Sanh

Em inícios de Janeiro de 1968, no norte do Laos, o ENV envolveu-se directamente nos ataques a posições dos apoiantes do governo daquele país[50]. No dia 20, começou o chamado “cerco de Khe Sanh”; a construção dos obstáculos da “linha McNamara”, que tinha deixado de ser adiada dois meses antes, voltou a ser suspensa e, para todos os efeitos práticos, a construção da “linha McNamara” parou[51]. A 24, o ENV tomou Ban Houei Sane, no sul do Laos, tendo o Bataillon Volontaire 33 laociano, à época financiado pela CIA, retirado para Lang Vei. No dia 27, um batalhão de Rangers sul-vietnamitas foi reforçar Khe Sanh. A 31, o VC e o ENV iniciaram a ofensiva do Tet. No dia 7 de Fevereiro, utilizando pela primeira vez carros de combate ligeiros PT-76 dentro do Vietname do Sul, o ENV tomou o campo de Special Forces de Lang Vei[52]. O ENV dispunha igualmente de carros de combate médios T-34, pelo que o avistamento de três carros de combate norte-vietnamitas a norte de Con Thien no dia 16 levou a que os Marines estado-unidenses se começassem a preparar para ataques mecanizados através da ZDM[53].

O “cerco de Khe Sanh” levou a que o aumento no número de missões aéreas no norte do Laos fosse muito inferior ao adequado[54]. Além disso, tornava demorados e impossíveis de dissimular eventuais preparativos para uma operação terrestre com o objectivo de cortar a pista de Ho Chi Minh, assegurando que os norte-vietnamitas não seriam surpreendidos por uma operação realizada em reacção às suas ofensivas no Laos e no Vietname do Sul.

No início de Março, entraram em combate oito aviões F-105F modificados para usar o míssil anti-radar AGM-78A Mod 0 Standard, o qual tinha um alcance superior ao alcance eficaz dos mísseis terra-ar norte-vietnamitas e mantinha a direcção se o radar inimigo fosse desligado[55].

No final da ofensiva do Tet, o VC tinha sofrido perdas impossíveis de substituir através do recrutamento de sul-vietnamitas. Contudo, os estado-unidenses passaram a considerar que a sua presença no Vietname do Sul era insustentável e que negociar com os norte-vietnamitas era a melhor solução para se retirarem. No dia 31 de Março, LBJ anunciou a sua vontade de negociar e uma pausa parcial nos bombardeamentos[56]. Assim, após a ofensiva do Tet, os norte-vietnamitas estavam em melhores condições para conquistar o Vietname do Sul do que estavam antes da ofensiva.

A 1 de Abril, teve início a operação Pegasus, comandada pela 1ª Divisão de Cavalaria (aeromóvel) estado-unidense e cuja parte sul-vietnamita era a operação Lam Son 207A. O “cerco de Khe Sanh” foi levantado no dia 8, uma unidade aerotransportada do ERVN entrou em Lang Vei a 9 e a Estrada 9 foi aberta no dia 11. Nesse mesmo dia, algumas das unidades da 1ª Divisão de Cavalaria começaram a partir para outra operação mais a sul, terminando a operação Pegasus a 15. Tendo os estado-unidenses decidido a evacuação da base, esta começou no dia 19 de Junho[57].

Além de poder ser apelidada de escalada, uma reocupação de Khe Sanh seria demorada, especialmente se feita apenas pelos sul-vietnamitas, e impossível de dissimular, pelo que os norte-vietnamitas ficaram mais protegidos de uma operação terrestre com o objectivo de cortar a pista de Ho Chi Minh do que estavam antes do “cerco de Khe Sanh”. Em vez de evacuar a base, poderia ter sido preferível tê-la transferido para os sul-vietnamitas, começando por substituir a infantaria e enviar cavalaria blindada.

 

A operação Thor

O ENV tinha construído, a norte da fronteira, cerca de 130 bases de artilharia interligadas, num total de aproximadamente 450 posições de artilharia. As cerca de 100 peças de artilharia eram movimentadas quase todas as noites de uma base para outra. Nove bases de mísseis terra-ar e numerosas peças de artilharia antiaérea dificultavam os ataques aéreos e impediam a observação a baixa altitude por aviões lentos. As baterias costeiras forçavam os navios estado-unidenses que forneciam apoio de artilharia a operar a mais de 16km da costa do Vietname do Norte. Os norte-vietnamitas comunicavam quase exclusivamente através de linhas terrestres, em vez de rádios, que poderiam ser localizados e escutados, e disparavam principalmente de dia, para dificultar a observação dos clarões dos disparos. Os estado-unidenses estimavam o efectivo do ENV no sector em 13 a 18 batalhões de combate, apoiados por 14 batalhões de artilharia, e admitiam que o ENV estivesse a preparar uma ofensiva através da ZDM. Os sul-vietnamitas mostravam relutância em substituir os estado-unidenses nas posições que estes ocupavam na “linha McNamara”, sugerindo que, em vez disso, as suas unidades fossem empregues numa defesa móvel[58][59].

No dia 1 de Julho, começou a operação Thor, a maior operação conjunta do Exército, Marinha, Força Aérea e Marines estado-unidenses da guerra (figura 2). Nos dois primeiros dias, 114 missões de bombardeiros B-52 e 664 missões de aviões tácticos atacaram 19 “caixas” e outros alvos, totalizando uns 270 alvos previamente determinados. Em média, foi largada uma tonelada de bombas por minuto sobre o conjunto dos alvos, os quais incluíam posições suspeitadas e posições construídas mas que poderiam não estar ocupadas no momento. Foram atacadas baterias costeiras, permitindo que, de seguida, os navios estado-unidenses se aproximassem até 10km da costa do Vietname do Norte. Dado que, além das tropas do ENV já infiltradas a sul da ZDM, outras poderiam avançar para sul, para contra-atacar ou para fugir aos bombardeamentos, no dia 2, dois batalhões de Marines, em coordenação com unidades do ERVN e apoiados por carros de combate, avançaram para norte, para proteger a artilharia pesada do Exército e dos Marines estado-unidenses que, na noite desse dia, foi ocupar as posições avançadas que tinham sido preparadas. A 3ª Divisão de Marines comandava ainda seis batalhões de artilharia ligeira, dos quais quatro apoiaram a sua infantaria ao longo de toda a ZDM e dois participaram na operação[60][61][62].

No dia 3, observadores avançados, em terra e em aviões, começaram a identificar alvos e a dirigir ataques da artilharia e da aviação. As peças de artilharia do ENV começaram também a ser localizadas através das diferenças entre os tempos de chegada do som dos seus disparos a três estações acústicas, através de um sistema que combinava dispositivos de observação nocturna, um telémetro laser e um dispositivo acústico e através de onze radares contra-morteiro. A artilharia começou a ser utilizada para neutralizar as bases de mísseis terra-ar e as peças de artilharia antiaérea, enquanto os B-52 e os aviões de ataque se aproximavam para as destruir. A partir do dia 5, os navios estado-unidenses aproximavam-se até 5km da costa do Vietname do Norte, sem serem alvo de disparos, e os aviões de observação avançavam cada vez mais para norte da ZDM, sem serem atingidos. Os observadores relataram que as aldeias da área tinham sido transformadas em bases militares fortificadas, as quais foram destruídas. No dia 7, um terceiro batalhão de Marines, que tinha sido mantido em reserva, entrou na metade sul da ZDM e avançou até à foz do rio Ben Hai. No dia 8, a artilharia pesada começou a retirar das posições avançadas, seguida pela infantaria. Durante os trinta dias subsequentes, os fogos hostis vindos da área da operação foram mínimos e ineficazes, a área podia ser sobrevoada por aviões de observação e nenhuma ofensiva teve aí origem[63][64][65].

No dia 19 de Julho, o Ministro da Defesa sul-vietnamita apresentou um plano de modernização das Forças Armadas sul-vietnamitas, para as tornar auto-suficientes para enfrentar o Vietname do Norte. No entanto, os estado-unidenses preferiram partir do princípio que os sul-vietnamitas nunca teriam de enfrentar sozinhos uma guerra convencional[66]. Os norte-vietnamitas nunca aceitariam um acordo que lhes assegurasse menos do que aquilo que obteriam com a retirada total dos estado-unidenses. Portanto, os planos de retirada deveriam, desde o início, ter partido do princípio que a retirada seria total. A prioridade deveria ter sido tudo aquilo que fosse mais demorado na preparação das Forças Armadas sul-vietnamitas para enfrentarem uma guerra convencional, após a retirada. Os meios disponíveis não deveriam ter sido utilizados para controlar território que os sul-vietnamitas não seriam capazes de controlar, uma vez terminada a retirada.

Após uma semana de recontros com elementos de um batalhão do ENV em redor de Gio Linh, receava-se que aquele estivesse a preparar uma ofensiva de outono a partir da metade sul da ZDM. No dia 15 de Agosto, foi realizada a operação Lam Son 250, em simultâneo com uma simulação de incursão na ZDM a partir de C4 (figura 2), precedida por bombardeamentos de B-52. Elementos de um regimento de infantaria e de um esquadrão de cavalaria blindada do ERVN e dois pelotões de carros de combate M48A3 dos Marines estado-unidenses entraram na metade sul da ZDM, surpreenderam e aniquilaram o batalhão do ENV e, em seguida, bombardearam um acampamento de treino de mergulhadores militares na margem norte do rio Ben Hai e barcos que navegavam no rio. Depois de começar a disparar, a artilharia a norte do rio foi neutralizada pela artilharia a sul da ZDM[67].

A 19 de Agosto, uma hora após ataques de B-52, um batalhão de Marines heliassaltou três zonas de aterragem na metade sul da ZDM, cinco quilómetros a norte de Con Thien, e realizou um raide de um dia. Vários pelotões inimigos foram afugentados e interceptados por outras forças. No dia 13 de Setembro, precedidos por ataques de B-52 e uma barragem de artilharia terrestre e naval, elementos do ERVN e da brigada mecanizada do Exército estado-unidense que tinha assumido as áreas de operações Kentucky e Napoleon (figura 2) realizaram uma incursão na metade sul da ZDM. Na área de operações Lancaster (figura 2), a 16, após ataques de B-52 na ZDM, dois batalhões de Marines foram inseridos em duas zonas de aterragem na metade sul e movimentaram-se lentamente para sul para interceptar os sobreviventes de uma divisão do ENV em retirada. No dia 26, elementos do ERVN e da brigada mecanizada estado-unidense iniciaram uma operação de oito dias na metade sul da ZDM, tendo começado a receber apoio da artilharia do couraçado New Jersey a partir do dia 30. Na área Lancaster, no dia 1 de Outubro, os Marines começaram a destruir uma estrada que os norte-vietnamitas tinham acabado de construir na metade sul da ZDM e as posições que a protegiam, tarefa que se prolongou por três semanas. A 7, um batalhão de Marines foi inserido na metade sul da ZDM, mais a oeste, no que os norte-vietnamitas consideravam uma área de retaguarda, tendo sido retirado ao fim de 17 dias. No dia 23, elementos dos Marines, da brigada mecanizada e do ERVN iniciaram mais um raide coordenado na metade sul da ZDM, o qual se prolongou até ao fim do mês. O ENV não conseguiu iniciar qualquer parcela da sua ofensiva de outono. No dia 1 de Novembro, o presidente Johnson suspendeu todas as operações ofensivas contra o Vietname do Norte e a Zona Desmilitarizada. Pouco depois, as posições fortificadas A3 e C3 (figura 2) foram consideradas sem valor e encerradas[68].

 

A defesa móvel do oeste de Quang Tri

A suspensão dos bombardeamentos aéreos levou à reorientação dos meios para as operações de interdição da pista de Ho Chi Minh, a operação Steel Tiger e as suas campanhas Commando Hunt. Contudo, a destruição das uni-
dades antiaéreas do ENV era a última prioridade destas operações e a interdição através de meios aéreos era impossível de transferir para o Vietname do Sul. Além disso, o apoio aos laocianos que combatiam o ENV teve sempre uma prioridade muito baixa, nomeadamente a operação Barrel Roll[69][70]. Este apoio provavelmente teria sido a forma mais eficaz e duradoura de defender o Vietname do Sul.

Quando iniciaram a evacuação da base de Khe Sanh, os Marines estado-unidenses estavam já a tirar partido da maior disponibilidade de helicópteros para efectuar patrulhas a partir de zonas de aterragem e de bases de fogos temporárias, tendo continuado a fazê-lo na área de operações Scotland (figura 2), após a referida evacuação. Por vezes, era necessário um heliassalto, como sucedeu no caso de Lang Vei. No dia 4 de Novembro, uma companhia de Marines começou a construir, a 1,5km do Laos e 7km da ZDM, a Base de Fogos Argonne. Esta base, a mais elevada no Vietname do Sul, a uma altitude de 1308m, permitia uma excelente observação da pista de Ho Chi Minh. Embora tenham sido avistadas várias posições inimigas no Laos, nunca foram autorizadas missões de fogo. A 4 de Dezembro, duas companhias de Marines iniciaram a construção da base Neville, 14km mais a leste e, dez dias depois, todas as bases a oeste desta foram encerradas. No dia 12, ainda mais a leste, ao fim de quatro dias de avanços precedidos por ataques aéreos, de artilharia e de morteiros, um batalhão de Marines tomou a encosta sul de um monte cuja crista era a fronteira sul da ZDM, destruindo um dos batalhões de um regimento ENV. Não podendo perseguir os restantes batalhões desse regimento na metade sul da ZDM, efectuou algumas simulações de retirada. Não tendo conseguido atrair o inimigo para sul da ZDM, abandonou a área no dia 26[71].

Durante o mês de Janeiro de 1969, os Marines estado-unidenses e o ERVN realizaram operações a oeste de Khe Sanh e a sul da ZDM. As munições e os abastecimentos encontrados davam a aparência de que o ENV estava a pré-posicioná-los para futuras ofensivas. Dado que poderia estar também a fazê-lo na metade sul da ZDM, durante as duas primeiras semanas de Fevereiro, os Marines a enviaram algumas esquadras para realizar patrulhas de reconhecimento na metade sul da ZDM. Havendo combate, era possível enviar um pelotão para reforço, o qual efectuava depois um reconhecimento no regresso. Nas primeiras horas do dia 25, a base de fogos Neville foi atacada por sapadores do ENV. No final desse dia, a base dez quilómetros mais a leste foi atacada por morteiros e sapadores. Ambas as bases foram reforçadas, mas foram necessários vários dias de apoio aéreo e de artilharia para aliviar a pressão inimiga. No dia 26, o comandante do MACV, general Creighton Abrams, solicitou o fim das restrições às operações na metade sul da ZDM, bem como autorização para reagir a operações inimigas na zona. O presidente dos JCS, general Earle G. Wheeler, apoiou o pedido, mas o Secretário da Defesa, Melvin Laird, tendo falado com o Presidente Richard Nixon alguns dias depois, rejeitou o pedido, possivelmente influenciado por o fogo de artilharia vindo de norte da ZDM e da própria zona não ter recomeçado desde Dezembro[72][73]. Neste mês, o ENV renovou a sua ofensiva no norte do Laos[74].

No dia 1 de Março, os Marines estado-unidenses iniciaram a operação Purple Martin, com os objectivos de reocupar posições no noroeste de Quang Tri abandonadas dois meses antes e de recomeçar as patrulhas na metade sul da ZDM. Essas posições tinham entretanto sido ocupadas por um regimento do ENV, o qual se tinha preparado para as defender. No dia 17, a Task Force Remagen, constituída principalmente por elementos da brigada mecanizada estado-unidense, saiu de Ca Lu pela Estrada 9, tendo chegado a Khe Sanh a 19. Era uma força mecanizada e blindada; todos os veículos eram de rasto, toda a artilharia auto-propulsionada; a força incluía bulldozers e veículos lançadores de pontes, as quais eram recolhidas após o atravessamento, pelo que o reabastecimento era efectuado por helicóptero. A partir do dia 20, realizou operações a oeste, sul e norte de Khe Sanh. Nesse mesmo dia, os Marines iniciaram o assalto à base Argonne. Tendo outro regimento do ENV tentado cortar a Estrada 9, outros elementos da brigada mecanizada iniciaram, a 23, a operação Montana Mauler, avançando para oeste para ajudar na resposta a essa ameaça. No dia 25, os Marines começaram a realizar patrulhas de esquadra reforçada na metade sul da ZDM; se necessário, era possível enviar uma força de reacção para extrair a esquadra, mas apenas para essa extracção[75][76].

No dia 28 de Março, Laird criou a palavra “vietnamização”[77]. A “vietnamização” tanto poderia ser uma estratégia para a guerra como poderia ser uma política para retirar os estado-unidenses da guerra[78].

No dia 29, um batalhão do ERVN foi helitransportado para tomar parte na operação Montana Mauler. Tendo o regimento do ENV sofrido perdas severas, a operação terminou no dia 3 de Abril. Alguns dias depois, o ENV enviou outro regimento e, no dia 22, dois batalhões do ERVN foram auxiliar os Marines estado-unidenses. A 25, os Marines envolvidos na operação Purple Martin receberam ordem para se movimentarem para posições mais a sul, para lá do alcance de morteiros de 82mm que o inimigo colocasse na ZDM, mas mantendo os esforços de reconhecimento nesta. No dia 29 de Abril, tendo realizado reconhecimentos em força, um raide de artilharia e uma simulação de incursão no Laos, tendo sido reforçada com uma unidade do ERVN e tendo resistido a ataques do ENV, a TF Remagen chegou de regresso à base de Ca Lu. A operação Purple Martin terminou a 8 de Maio. Na parte central da ZDM, os sobreviventes dos dois regimentos do ENV referidos começaram a atacar com morteiros as companhias que se aproximavam da ZDM para eventual apoio às patrulhas de reconhecimento na metade sul da zona, tendo estas sido descontinuadas. No dia 16, com a concordância de Nixon e de Laird, os JCS autorizaram a realização de ataques de B-52 contra alvos claramente identificados na metade sul da ZDM[79][80][81].

No dia 8 de Junho, Nixon anunciou que a primeira redução do número de tropas dos EUA no Vietname começaria dentro de 30 dias. O rácio entre forças militares Aliadas e população do Vietname do Sul era 69:1000. Este valor não podia ser sustentado indefinidamente através de recrutamento exclusivamente local. A 23, Abrams solicitou autoridade para ordenar o sobrevoo do Vietname do Norte por aviões para atacar as bases de mísseis que disparassem contra os B-52 que estivessem a operar junto à fronteira[82][83][84].

No norte do Laos, a ofensiva do ENV tinha prosseguido através da Planície do Jarros e, após capturar Muong Soui a 28 de Junho, o ENV decidiu manter o território capturado. A estação das chuvas e o aumento do número de ataques da aviação táctica estado-unidense durante o mês de Julho deixaram os norte vietnamitas sem abastecimentos[85].

 

A Zona de Reconhecimento

No mês de Julho, o ENV aumentou os seus esforços para interditar a Estrada 9. No dia 9, terminou a operação Utah Mesa, iniciada no mês anterior e na qual, em coordenação com dois batalhões do ERVN, a TF Guadalcanal, consistindo num batalhão de Marines e na TF Mustang, composta por elementos da brigada mecanizada estado-unidense, tinha avançado para oeste de Khe Sanh ao longo de um eixo centrado na Estrada 9. Um dos regimentos da 3ª Divisão de Marines deixou o Vietname e a área a oeste de Khe Sanh e a norte da Estrada 9 foi designada uma Zona de Reconhecimento[86].

No dia 29 de Julho, Abrams declarou que deveria ser feito o que fosse necessário para impedir uma maior deterioração da situação no norte do Laos e recomendou que se fizessem preparativos para ataques de B-52. Queria ainda ter autoridade para reagir a ameaças inimigas através da ZDM. No dia 2 de Agosto, os JCS propuseram que fosse dada a Abrams autoridade para todo o tipo de fogos e ataques aéreos contra alvos a sul de 17o10’N, caso um ataque inimigo de grandes proporções estivesse iminente. A 3, o embaixador estado-unidense no Laos, G. McMurtrie Godley, retirou as suas objecções ao uso de B-52 no norte daquele país. No dia 13 de Setembro, os JCS propuseram que fosse dada a Abrams autoridade para bombardeamentos contra alvos a sul de 17o15’N[87][88][89].

Durante o mês de Setembro, mais um dos regimentos da 3ª Divisão de Marines deixou o Vietname, algumas das bases mais a oeste foram desmanteladas e a Zona de Reconhecimento aumentada. Em Outubro e Novembro, as unidades de Marines que deixaram o Vietname foram substituídas por unidades do Exército estado-unidense e do ERVN, havendo apenas alterações na localização de algumas bases[90].

No dia 22 de Dezembro, o Comandante em Chefe Pacífico, almirante John S. McCain Jr., solicitou autoridade para ordenar ataques preventivos às bases de mísseis terra-ar que ameaçassem as operações sobre o Laos[91].

No dia 24 de Janeiro de 1970, Godley relatou que o ENV e o Pathet Lao estavam a concentrar tropas para um ataque à Planície dos Jarros e, com o apoio de McCain e de Abrams, solicitou um ataque de B-52 preventivo[92]. A 28, Laird notificou Wheeler de que Nixon tinha aprovado a autoridade para que os aviões estado-unidenses disparassem mísseis anti-radar contra radares no Vietname do Norte, a sul de 19oN, que representassem uma ameaça clara para forças amigas. No dia 29, Wheeler considerou que seria vantajoso que os comandantes estado-unidenses tivessem autoridade para ordenar ataques preventivos às posições de mísseis terra-ar e de artilharia antiaérea que ameaçassem as operações sobre o Laos[93].

No dia 12 de Fevereiro, os norte-vietnamitas iniciaram a ofensiva na Planície dos Jarros. No dia seguinte, Souvanna Phouma apresentou um pedido formal para ataques de B-52. O ataque foi realizado na noite de 17, demasiado tarde para impedir o ENV de capturar novamente Muong Soui e de avançar até próximo de Long Tieng, quartel-general do general Vang Pao, líder dos guerrilheiros Hmong, o que levou a Tailândia a enviar voluntários para os auxiliar. No dia 21, durante as negociações secretas entre os EUA e o Vietname do Norte, Le Duc Tho apresentou como uma das justificações para as exigências norte-vietnamitas a impossibilidade de o ERVN ser bem sucedido sozinho naquilo que os EUA estavam a fazer juntamente com o ERVN[94]. No caso do Laos, era óbvio que a população era demasiado pequena para substituir as perdas, as quais muito provavelmente poderiam ter sido evitadas se tivesse sido dada maior prioridade à operação Barrel Roll.

Em finais de Março, o Camboja proibiu a utilização do porto de Sihanoukville para abastecer o ENV, tendo este ficado totalmente dependente da pista de Ho Chi Minh[95].

No dia 1 de Abril, a 101ª Divisão Aerotransportada (aeromóvel) estado-unidense começou a empregar uma das suas brigadas em operações ofensivas no oeste de Quang Tri[96].

No dia 30 de Junho, em consequência da redução do efectivo das Special Forces estado-unidenses no Vietname, foi desactivado o destacamento de reconhecimento Project Delta, atribuído à Zona de Reconhecimento onze meses antes. Era um destacamento das Special Forces estado-unidenses e das Special Forces sul-vietnamitas e incluía um batalhão de Rangers (aerotransportado) sul-vietnamita como força de reacção[97][98].

No dia 7 de Julho, a 101ª Divisão Aerotransportada iniciou a operação Clinch Valley, empregando elementos de uma das suas brigadas e de um regimento do ERVN. Assaltaram três bases de fogos na Zona de Reconhecimento que tinham sido desmanteladas no ano anterior. A 15, as bases foram novamente abandonadas, terminando a operação. No dia 22, teve início a operação Wolfe Mountain, sob o controlo da brigada mecanizada estado-unidense e consistindo em reconhecimentos em força, emboscadas e reconhecimentos ao longo da ZDM e da fronteira oeste da área de operações. A operação prolongou-se para o ano seguinte[99].

No dia 7 de Outubro, Nixon fez um discurso no qual ofereceu um cessar-fogo sem abandono de posições e admitiu a retirada total das forças estado-unidenses[100]. Dado que teriam de respeitar o cessar-fogo relativamente às forças estado-unidenses, os norte-vietnamitas nunca aceitariam um acordo antes de o número de estado-unidenses no Vietname ser suficientemente pequeno.

No dia 24, os estado-unidenses movimentaram alguns canhões de 175mm para uma posição de onde conseguiam atingir alvos a oeste de Khe Sanh, realizando o segundo dos três raides de artilharia sobre essa área efectuados no segundo semestre deste ano[101]. A partir deste mês, começaram a acumular-se indícios de que os norte-vietnamitas pretendiam contestar as operações aéreas estado-unidenses no Laos na vizinhança da fronteira com o Vietname do Norte. Os B-52 começaram a ser desviados para alvos menos lucrativos, para evitar as defesas inimigas. No início do ano seguinte, os norte-vietnamitas começaram a fazer o mesmo imediatamente a sul da ZDM[102].

 

A leste da Lam Son 719

No início de Janeiro de 1971, estava a ser planeada uma incursão sul-vietnamita no Laos, a partir da província de Quang Tri, a realizar nesse ano, ao longo da Estrada 9, o que levou a dar-lhe o nome de Lam Son 719. Na Fase I, com o nome de Dewey Canyon II, uma TF comandada pela brigada mecanizada estado-unidense ocuparia Khe Sanh e abriria a Estrada 9 até à fronteira do Laos. No dia 12, o comandante do 45º Grupo de Engenharia estado-unidense, que apoiava a Região Militar 1, foi encarregado de determinar se a Estrada 9 podia estar aberta para veículos de rodas até Khe Sanh, no dia D+1, e até à fronteira, no dia D+7, e se a pista de Khe Sanh poderia ser aberta para aviões C-130. Contudo, não poderia haver nem reconhecimento terrestre nem actividade inabitual na área. No dia seguinte, o reconhecimento foi realizado sob o disfarce de um raide de helicópteros, a bordo de um dos AH-1 Cobra, entre disparos de rockets. O dia D da operação foi o dia 30; os trabalhos nas pistas de aviação de Khe Sanh começaram no próprio dia; a Estrada 9 foi reaberta, até Khe Sanh, no dia seguinte. No dia 4 de Fevereiro, a Estrada 9 foi reaberta até à fronteira; a aterragem do primeiro C-130 mostrou que, três dias depois do planeado, nem sequer a nova pista era ainda utilizável por aviões C-130. A variante à Estrada 9, entre a base de fogos Elliott e Khe Sanh, foi aberta para veículos de rasto no final da Fase I[103].

As forças do ERVN entraram no Laos na manhã de 8 de Fevereiro. Até ao dia 15, quando a pista nova foi aberta para operações regulares de C-130, o abastecimento de Khe Sanh esteve dependente da Estrada 9, requerendo um grande esforço de transporte em camiões, sujeitos a emboscadas diárias, de manutenção da estrada e de protecção. No final do mês, o ERVN enfrentou a verdadeira surpresa da operação: os carros de combate médios T-54 do ENV, tão modernos como os carros de combate ligeiros M41A3 do ERVN. No dia 1 de Março, a pista antiga foi aberta para operações regulares de C-130 em Khe Sanh. Todas as bases em Quang Tri receberam ataques de morteiros, foguetões ou sapadores, coincidindo com as ofensivas do ENV no Laos. Os mais severos foram dirigidos a Khe Sanh, a partir de meados do mês, tornando-se diários de 19 até ao pico do dia 22. No dia 24, todas as unidades do ERVN tinham retirado do Laos. Os norte-vietnamitas utilizaram mísseis terra-ar contra alguns dos aviões estado-unidenses que apoiaram a operação. Algumas baterias de mísseis foram avistadas, mas estavam dentro do Vietname do Norte[104][105].

A operação Dewey Canyon II e a demora na abertura das pistas de aviação foram os custos de não ter mantido uma presença em Khe Sanh.

Em Washington, começara-se a recear que as forças estado-unidenses junto à fronteira do Laos pudessem sofrer perdas significativas, tendo sido recomendado que deveriam ser os sul-vietnamitas a guardar a fronteira e que as tropas estado-unidenses deveriam retirar de Khe Sanh assim que fosse prático. No Vietname, os estado-unidenses decidiram começar a desmantelar as pistas de aviação de Khe Sanh[106].

No dia 31, cerca de 200 homens da companhia de reconhecimento reforçada (Pantera Negra) da 1ª Divisão de Infantaria foram helitransportados pelos estado-unidenses para um raide de dois dias no saliente laociano a sul de Khe Sanh. No dia 2 de Abril, a última unidade de artilharia pesada estado-unidense deixou Khe Sanh. No dia 5, as últimas unidades do ERVN junto à fronteira deixaram a área. Na manhã do dia 6, foi realizado um raide noutra área do saliente laociano. Os Panteras Negras foram extraídos na tarde do mesmo dia, poucas horas depois de as últimas unidades sul-vietnamitas e estado-unidenses terem deixado Khe Sanh, terminando assim a operação Lam Son 719[107].

A operação Lam Son 719 tornou mais visível aquilo que os combates na ZDM e no Laos tinham mostrado antes: para uma guerra convencional, o Vietname do Norte tinha melhor armamento do que o Vietname do Sul e tinha adquirido experiência na sua utilização contra os estado-unidenses. Mostrou, igualmente, que o ERVN não tinha uma reserva geral suficientemente numerosa para uma guerra convencional contra um ENV que podia movimentar-se através de qualquer um dos países vizinhos do Vietname do Sul. Como os Aliados não adaptaram a sua estratégia à resistência do ENV, esta não foi aproveitada para lhe infligir as perdas irrecuperáveis que Abrams e o presidente dos JCS, almirante Thomas Moorer, tinham previsto. Não tendo sido eliminada, aquela resistência foi suficiente para impedir a interdição da pista de Ho Chi Minh e a destruição de abastecimentos que Nixon e o Conselheiro Nacional de Segurança dos EUA, Henry Kissinger, pretendiam[108].

 

A vietnamização

No dia 14 de Abril, teve início uma operação no sul de Quang Tri, na qual tomaram parte a 1ª Divisão de Infantaria e duas brigadas de Marines sul-vietnamitas, que tinham participado na operação Lam Son 719, sendo a participação estado-unidense apenas de apoio. Provavelmente para mostrar que esta operação não tinha baixado o moral dos sul-vietnamitas, aquela recebeu o nome de Lam Son 720. A prioridade no apoio aéreo era inferior à da Lam Son 719, mas as restantes condições eram mais favoráveis, nomeadamente a organização para coordenar e controlar a totalidade do apoio de combate, pelo que a proporção entre mortos norte-vietnamitas e sul vietnamitas foi mais impressionante[109][110].

No dia 29 de Abril, Moorer informou Laird sobre a recente actividade de caças MiG norte-vietnamitas contra aviões estado-unidenses no Laos e solicitou autorização para lançar mísseis anti-radar contra os radares de controlo de intercepção a partir do solo a sul de 20oN quando estivessem MiGs a voar na área[111].

No dia 21 de Junho, 1500 soldados do ENV atacaram a base de fogos Fuller, a mais a noroeste no Vietname do Sul, defendida por um batalhão sul-vietnamita. Na noite de 23, os sul-vietnamitas retiraram. Após sucessivos bombardeamentos, três batalhões sul-vietnamitas transportados por helicópteros da 101ª Divisão Aerotransportada contra-atacaram na manhã de 25 e retomaram a base, quase completamente destruída[112].

No dia 1 de Julho, mais de um ano depois de os líderes militares sul-vietnamitas terem começado a exprimir ansiedade sobre a velocidade relativa da retirada estado-unidense e da preparação dos sul-vietnamitas, começou a ser organizado e equipado o 101º Batalhão de Artilharia do ERVN, para operar a sul da ZDM, o qual foi a primeira unidade sul-vietnamita com canhões de 175mm. Em Agosto, começou a ser treinado um esquadrão de carros de combate sul-vietnamita, para operar a norte do rio Cua Viet. A brigada mecanizada estado-unidense cessou as operações no dia 19[113][114].

A operação Lam Son 720, que nos últimos três meses tinha sido reorientada para norte, terminou a 31 de Agosto. No dia 6 de Setembro, após bombardeamentos de saturação por B-52 na metade sul da ZDM, começou a operação Lam Son 810, no oeste de Quang Tri, na qual tomaram parte a 1ª Divisão de Infantaria e duas brigadas de Marines sul-vietnamitas, sendo a participação estado-unidense apenas de apoio e protecção da retaguarda. Foram realizados três assaltos aeromóveis de efectivo de regimento e dois assaltos de combate de efectivo de companhia. Foram destruídas peças de artilharia de 122mm, veículos, bunkers e abastecimentos do ENV. A operação terminou no dia 18[115][116]. A bateria de 175mm estado-unidense que realizou um raide para apoiar a operação, a última a ter avançado tão para noroeste, recuou nesse mesmo dia[117].

No dia anterior, o esquadrão de carros de combate começou a receber os primeiros M48. Foram igualmente os primeiros de todo o ERVN, possivelmente porque a saída de várias unidades de carros de combate estado-unidenses tinha sido adiada. Cerca de 60% dos carros de combate recebidos tinham deficiências sérias, para lá das capacidades de reparação das tripulações; faltavam sobressalentes e manuais técnicos[118][119].

No dia 21, face aos receios dos estado-unidenses de que o Vietname do Norte contestasse ainda mais os aviões aliados que se aproximassem das suas fronteiras, aviões estado-unidenses destruíram depósitos de combustíveis e radares de artilharia antiaérea até 35 milhas a norte da ZDM. Durante esta operação, de nome Prize Bull, o mau tempo obrigou a uma navegação apenas por instrumentos[120].

A 1 de Outubro, foi activada a 3ª Divisão de Infantaria do ERVN, para ser utilizada no norte de Quang Tri. De início, tinha apenas dois regimentos, transferidos da 1ª Divisão. A partir deste mês, a saída das unidades estado-unidenses causou um decréscimo gradual do número de sensores na ZDM e no oeste de Quang Tri. No dia 31, o esquadrão de carros de combate tinha recebido 51 dos 54 M48 do seu efectivo autorizado e, no dia seguinte, começou o treino de tiro. No dia 1 de Novembro, foi activado o terceiro regimento da 3ª Divisão, o 57º Regimento, ainda incompleto. Algum do efectivo desta divisão foi recrutado nas Forças Regionais e nas Forças Populares. A 8, o 101º Batalhão de Artilharia completou com sucesso o seu treino. No final do mês, uma das brigadas da 101ª Divisão Aerotransportada (aeromóvel) começou a deixar o Vietname[121][122].

Em Dezembro, após anos de exclusão da participação de aviões sul-vietnamitas nas operações no Laos, aviões de combate sul-vietnamitas levaram a cabo algumas missões contra alguns dos segmentos menos defendidos da pista de Ho Chi Minh, imediatamente para lá da fronteira com o Laos, o que era o mais além que conseguiam, dado que os sul-vietnamitas não tinham sido equipados nem treinados para poderem efectuar reabastecimento em voo, o que lhes teria permitido atacar alvos no Vietname do Norte[123]. No dia 20, após três dias de combates, a Planície dos Jarros tinha caído novamente nas mãos do ENV, o qual, em seguida, atacou Long Tieng, a qual foi salva, à beira do colapso, por reforços vindos da Tailândia e do sul do Laos[124]. A 27, teve início a operação Proud Deep, na qual aviões estado-unidenses atacaram alvos no Vietname do Norte, a sul de 20oN. O mau tempo obrigou a uma navegação por instrumentos até ao final da operação, no dia 30[125].

Com a saída das unidades estado-unidenses, as autoridades de que Abrams dispunha para reagir a um ataque contra unidades estado-unidenses através da ZDM, ou ao perigo claro e imediato desse ataque, tornavam-se inúteis para reagir a uma invasão norte-vietnamita através da ZDM.

Em Janeiro de 1972, os norte-vietnamitas introduziram baterias de mísseis antiaéreos no Laos e na ZDM. No dia 20, Abrams solicitou diversas autoridades para serem invocadas quando a invasão começasse, na maioria já anteriormente solicitadas. No dia seguinte, os JCS, em conjunto, apoiaram o pedido de Abrams. No entanto, apenas algumas foram concedidas[126].

No dia 12 de Fevereiro, Nixon anunciou que as forças terrestres estado-unidenses no Vietname tinham assumido uma atitude puramente defensiva. A base Fuller era flagelada com foguetões quase diariamente e, tal como outras, começou a relatar contactos terrestres[127]. A 15, a 101ª Divisão Aerotransportada tinha já deixado as províncias do norte da RM1. Neste mês, o 57º Regimento recebeu um terceiro batalhão, transferido da 2ª Divisão do ERVN, e completou o seu treino, entrando em operações. No dia 23, começou a operação Quyet Thang 22B, atacando o sistema logístico do ENV nas montanhas das duas províncias do sul da RM1 com fronteira com o Laos, de modo a prevenir uma ofensiva contra as regiões povoadas do litoral destas províncias. Tendo uma delas como capital Da Nang, a operação contou com o apoio da cavalaria aérea estado-unidense[128].

Uma divisão do ENV entrou na província a sul de Quang Tri, Thua Thien. Apesar do equipamento de segunda linha e da falta de treino, experiência, iniciativa e zelo, os controladores aéreos avançados sul-vietnamitas relatavam mais alvos lucrativos naquelas duas províncias do que as missões de ataque disponíveis na RM1. Notava-se uma diluição da experiência dos sul-vietnamitas, devida à aceleração da expansão das Forças Armadas. Como reacção às frequentes detecções de movimento pelos sensores na ZDM, os sul-vietnamitas contentavam-se com alguns tiros de artilharia. Em Thua Thien, a 1ª Divisão do ERVN avançou preventivamente para oeste e, no início de Março, começou a combater com unidades do ENV. Face ao acumular de forças junto às fronteiras do Laos e do Camboja com a RM2, as últimas unidades da reserva geral disponíveis foram enviadas para esta região militar[129][130].

Nos dias 2 e 9 de Março, Moorer solicitou a aprovação de propostas de Abrams e de McCain para ataques aéreos e navais preventivos na metade norte da ZDM e imediatamente a norte desta. A 11, informou que um ataque parecia iminente. No entanto, os pedidos foram rejeitados[131].

No dia 27, o regimento de carros de combate iniciou o seu exercício final, com o assalto coordenado final no dia 30[132]. A 28, um AC-130 estado-unidense foi abatido, próximo de Khe Sanh, por um míssil SA-2[133].

No final do mês, apenas dois destroyers estado-unidenses estavam a operar ao largo da RM1. A 3ª Divisão nunca tinha combatido de forma coordenada e tinha ainda que controlar, no seu flanco oeste, duas brigadas de Marines da reserva geral sul-vietnamita. Ainda não tinha as suas próprias unidades de apoio logístico, estava a receber artilharia e faltava algum material de comunicações crítico. Os sul-vietnamitas estavam conscientes de que uma ofensiva norte-vietnamita para interromper a “vietnamização” era altamente provável. No entanto, tanto o comandante do I Corpo como o comandante da 3ª Divisão, bigadeiro-general Vu Van Giai, consideravam que era mais provável o ataque principal vir do oeste. Como apenas tinha sido relatada a presença de um regimento do ENV no oeste de Quang Tri, consideravam que esse ataque não estava iminente. Considerando que um ataque através da ZDM não estaria iminente, para que todos os regimentos se familiarizassem com a totalidade da área de operações da divisão e para que não se acomodassem nas bases, Giai ordenou que, no dia 30, os regimentos realizassem uma rotação de área de operações[134].

 

A Ofensiva da Páscoa de 1972

Decorridos mais de três anos desde a operação Thor, seis meses desde a Lam Son 810 e três meses desde a Proud Deep, a “linha McNamara” era o local mais perigoso para os sul-vietnamitas dentro do seu país.

No dia 30 de Março, o ENV disparou mais de 12000 foguetões e granadas de morteiro e de artilharia, atingindo todas as posições comandadas pela 3ª Divisão. Devido à intensidade do fogo, a artilharia sul-vietnamita foi incapaz de fazer fogos de contrabateria ou de apoio suficientes. A cobertura de nuvens impediu o apoio aéreo próximo, havendo apenas o apoio da artilharia naval. As antenas do centro de operações da divisão foram atingidas. O ENV, dispondo de uma superioridade numérica de três para um, começou a atacar a 3ª Divisão, através da ZDM, e a brigada de Marines mais a norte, vindo de oeste. No início da noite de 31, caiu a primeira posição. No dia 1 de Abril, foram ordenados alguns ataques de B-52 na área de Khe Sanh. O quartel-general da 3ª Divisão teve de ser recuado para Quang Tri. Carros de combate do ENV atravessaram a ZDM. Ao anoitecer, todas as posições a norte do rio Cua Viet e de Dong Ha e a oeste da base Carroll tinham caído ou sido evacuadas[135].

No dia 2 de Abril, a base Carroll rendeu-se; Nixon autorizou ataques aéreos e de artilharia até 25 milhas a norte da ZDM[136]. Os norte-vietnamitas atacaram a RM3, a partir do Camboja. Apesar dos ataques de B-52 preventivos, o ENV começou a sondar a RM2. A 4, começaram a lançar ataques em cada vez maior escala. No dia 5, o céu sobre o Vietname no Norte ficou limpo e, com a autorização entretanto alargada até ao paralelo 20oN, começou a operação Freedom Train[137].

Os ataques do ENV através da ZDM no primeiro dia eram razão suficiente para ter concedido imediatamente a Abrams as autoridades que foram concedidas três dias depois. Os ataques a norte da fronteira não podiam impedir o que tinha acontecido antes do seu início, nem podiam destruir as munições e os abastecimentos consumidos desde o início da ofensiva. Muitas das posições identificadas antes da ofensiva, que poderiam ter sido atacadas mesmo com cobertura de nuvens, teriam entretanto sido desocupadas, devido à mudança da linha da frente.

No primeiro dia da operação Freedom Train, um cruzador estado-unidense, cujo armamento era constituído por mísseis guiados, utilizou um míssil superfície-ar como míssil anti-radar, tendo provavelmente destruído um radar no Vietname do Norte; no entanto, as circunstâncias não eram mais as de dois meses antes, quando fora realizado o primeiro ataque deste género. Pelo dia 6, enquanto quatro destroyers davam apoio de artilharia naval a sul da ZDM, outros quatro atacavam alvos no Vietname do Norte. Alguns dias depois, juntou-se-lhes um cruzador ligeiro, com peças de artilharia de 6 polegadas[138].

Nos dias 9, 12, 16, 21 e 23, bombardeiros B-52 participaram em ataques ao Vietname do Norte, o terceiro dos quais a norte do paralelo 20oN. Como os alvos estavam demasiado a norte para os ataques terem efeitos imediatos, teria sido mais útil utilizar os B-52 para atacar as tropas norte-vietnamitas no Vietname do Sul[139].

Os norte-vietnamitas tinham entretanto começado a utilizar o míssil terra-ar individual SA-7 Strella contra helicópteros e aviões de observação; no dia 23, utilizaram, pela primeira vez, mísseis anticarro filoguiados AT-3 Sagger contra os M48 sul-vietnamitas. A 28, o ENV tinha ocupado Dong Ha e atravessado o Cua Viet. No dia seguinte, atravessou o rio Thach Han[140].

No dia 9 de Maio, aviões da Marinha dos EUA minaram o porto de Haiphong, enquanto o presidente Nixon anunciava na televisão essa operação e o início, no dia seguinte, da primeira das operações Linebacker. Estas operações aumentaram sucessivamente os inconvenientes da operação Freedom Train, tanto para a “vietnamização” como para a operação Barrel Roll[141].

 

O acordo de cessar-fogo

No dia 28 de Junho, Nixon anunciou que os estado-unidenses convocados para o serviço militar obrigatório não seriam enviados para o Vietname, excepto se fossem voluntários para tal. No mês de Agosto, foram retiradas do Vietname do Sul as últimas unidades de combate terrestres estado-unidenses. No dia 9 de Novembro, foi publicado o plano para a retirada total dos militares estado-unidenses em dois meses[142].

O acordo de cessar-fogo no Vietname foi assinado a 27 de Janeiro de 1973. A contra-ofensiva sul-vietnamita tinha conseguido levar a linha da frente apenas até ao rio Thach Han., tendo os esforços para a levar até ao Cua Viet falhado, por a artilharia norte-vietnamita não ter sido neutralizada. As Forças Armadas sul-vietnamitas continuavam com falta de pessoal adequadamente treinado para tirar o máximo partido de armamento que continuava inadequado para aquelas enfrentarem as Forças Armadas norte-vietnamitas. Embora o acordo de cessar-fogo estipulasse que a ZDM seria respeitada, o Vietname do Norte nunca a respeitou[143][144].

Quando os estado-unidenses compreenderam que defender o Vietname do Sul não era necessário para vencerem a Guerra Fria, o esforço estado-unidense no Vietname não era sustentável pelos EUA e o total de forças militares Aliadas não era sustentável apenas por recrutamento da população do Vietname do Sul. Nestas circunstâncias, não reduzir o efectivo estado-unidense incentivaria todos os adversários dos EUA a apoiar ainda mais o Vietname do Norte. No entanto, negociar com os líderes norte-vietnamitas não foi a melhor solução para essa redução do efectivo, dado que não a tornou mais rápida do que se tivesse sido negociada exclusivamente com os sul-vietnamitas. A vontade de negociar com os norte-vietnamitas inibiu a reacção dos EUA às acções norte-vietnamitas no norte do Laos e através da ZDM, deixando o Vietname do Sul numa situação estratégica muito desfavorável. A ilusão de que os sul-vietnamitas nunca teriam de enfrentar sozinhos uma guerra convencional atrasou o início das tarefas mais demoradas da “vietnamização”, tendo a aceleração final, para tentar compensar o atraso inicial, causado uma diluição da experiência dos sul-vietnamitas. A já referida inibição e os combates na ZDM, a norte daquela zona e no oeste da província de Quang Tri tinham mostrado, muito antes da operação Lam Son 719, que os sul-vietnamitas teriam de enfrentar sozinhos uma guerra convencional, que os norte-vietnamitas estavam mais bem armados e que tinham experiência na utilização desse armamento.

 

Referências:

[1] Peter Brush, “The story behind the McNamara Line”, Vietnam, vol. 82, no. 5 (1996).

[2] Graham A. Cosmas, MACV: The Joint Command in the Years of Escalation, 1962-1967 (Washington, D.C.: Center of Military History, United States Army, 2006), p. 8.

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[5] Merle L. Pribbenow, “North Vietnam’s Master Plan”, Vietnam, vol. 12, no. 2 (1999).

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[8] Nguyen Duy Hinh, Lam Son 719 (Washington, D.C.: U.S. Army Center of Military History, 1979), p. 11.

[9] Perry L. Lamy, Barrel Roll, 1968-73: An Air Campaign in Support of National Policy (Alabama: Air War College, Air University, Maxwell Air Force Base, 1995), p. 10.

[10] Rottman, Khe Sanh, p. 15.

[11] Conboy, The War in Laos, p. 5.

[12] Graham A. Cosmas, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1960-1968, Part 2 (Washington, D.C.: Office of Joint History – Office of the Chairman of the Joint Chiefs of Staff, 2012), pp. 26 e 30-31.

[13] Cosmas, MACV: The Joint Command in the Years of Escalation., pp. 161, 164, 182 e 188.

[14] Jacob Van Staaveren, Interdiction in Southern Laos, 1960-1968 (Washington, D.C.: Center for Air Force History, 1993), pp. 32-34, 38-40 e 44.

[15] Richard P. Hallion, Rolling Thunder, 1965-68: Johnson’s air war over Vietnam (Oxford: Osprey Publishing, 2018), pp. 39-40, 46, 48, 50, 53-55 e 88.

[16] Cosmas, MACV: The Joint Command in the Years of Escalation, pp. 202-203 e 205.

[17] Staaveren, Interdiction in Southern Laos, p. 56.

[18] Conboy, The War in Laos, pp. 7, 18 e 42.

[19] Peter E. Davies, Ho Chi Minh Trail, 1964-73: Steel Tiger, Barrel Roll and the secret air wars in Vietnam and Laos (Oxford: Osprey Publishing, 2020), pp. 32-33 e 65.

[20] Cosmas, MACV: The Joint Command in the Years of Escalation, p. 208.

[21] R. Broadhurst, T. Bouhours e B. Bouhours, Violence and the civilising process in Cambodia (Cambridge: Cambridge University Press, 2015), p. 160.

[22] Jeffrey J. Clarke, Advice and Support: The Final Years, 1965-1973 (Washington, D.C.: Center of Military History, United States Army, 1988), pp. 33, 101, 103, 105, 123-124 e 171.

[23] Hallion, Rolling Thunder, pp. 7, 42 e 60.

[24] Willard Pearson, The War in the Northern Provinces 1966-68, (Washington, D.C.: Department of the Army, 1975), p. 8.

[25] Gary L. Telfer, Lane Rogers, V. Keith Fleming Jr., U.S. Marines in Vietnam – Fighting the North Vietnamese – 1967 (Washington, D.C.: History and Museums Division, Headquarters, U.S. Marine Corps, 1984), p.86.

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[28] Shulimson, U.S. Marines in Vietnam – An Expanding War, pp. 140-143, 145, 157-158, 160-161, 163, 170, 175-177 e 182.

[29] John Schlight, The war in South Vietnam – The Years of the Offensive, 1965-1968 (Washington, D.C.: Office of Air Force History, United States Air Force, 1988), pp. 201-209.

[30] Telfer et al., U.S. Marines in Vietnam – Fighting the North Vietnamese, pp. 86-87.

[31] Shulimson, U.S. Marines in Vietnam – An Expanding War, pp. 315-317.

[32] idem, pp. 189, 196, 316 e 340.

[33] Adaptado de Hinh, Lam Son 719, p. 26.

[34] Glenn F. Williams, Taking the offensive -October 1966-September 1967 (Washington, D.C.: Center of Military History, United States Army, 2016), pp. 7, 12­-14.

[35] Clarke, Advice and Support: The Final Years, p. 8.

[36] Shulimson, U.S. Marines in Vietnam -An Expanding War., pp. 316-318.

[37] idem, p.198.

[38] Rottman, Khe Sanh., pp. 23 e 46.

[39] Telfer et al., U.S. Marines in Vietnam -Fighting the North Vietnamese, pp. 9-10, 14, 16-17, 33-34, 89 e 239.

[40] Staaveren, Interdiction in Southern Laos., pp. 230-233.

[41] Telfer et al., U.S. Marines in Vietnam – Fighting the North Vietnamese, pp. 89 e 95

[42] idem, pp. 19-21, 23-26, 30, 46-47 e 103.

[43] Rottman, Khe Sanh, p. 54.

[44] Telfer et al., U.S. Marines in Vietnam – Fighting the North Vietnamese, pp. 128-129.

[45] Rottman, Khe Sanh., p. 31.

[46] Telfer et al., U.S. Marines in Vietnam – Fighting the North Vietnamese., pp. 8, 93 e 132.

[47] George L. MacGarrigle, Combat Operations: Taking the Offensive: October 1966 to October 1967 (Washington, D.C.: Center of Military History, United States Army, 1998), pp. 263-264.

[48] Hallion, Rolling Thunder, pp. 35, 38, 42, 71 e 74.

[49] Cosmas, MACV: The Joint Command in the Years of Escalation, pp. 425 e 464-465.

[50] Conboy, The War in Laos, pp. 7 e 12-13.

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[52] Rottman, Khe Sanh., pp. 46, 61, 65 e 69.

[53] Shulimson et al., U.S. Marines in Vietnam – The Defining Year, p. 234.

[54] Bernard C. Nalty, The War against Trucks: Aerial Interdiction in Southern Laos 1968-1972 (Washington, D.C.: Air Force History and Museums Program, United States Air Force, 2005), p. 18.

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[81] Webb, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1969-1970, p. 48.

[82] idem, pp. 49 e 68.

[83] Glenn E. Kozelka, Boots on the Ground: A Historical and Contemporary Analysis of Force Levels for Counterinsurgency Operations (Kansas: School of Advanced Military Studies, United States Army Command and General Staff College, 2009), p. 20.

[84] Clarke, Advice and Support: The Final Years, p. 354.

[85] Conboy, The War in Laos, pp. 7-8.

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[90] Smith, U.S. Marines in Vietnam -High Mobility and Standdown, pp. 151-152, 161-­162, 164 e 170-172.

[91] Webb, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1969-1970., p. 216.

[92] Cosmas, MACV: The Joint Command in the Years of Withdrawal, p. 314.

[93] Webb, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1969-1970, p. 217.

[94] Kissinger, Ending the Vietnam War, pp. 113, 116 e 123-126.

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[98] Francis J. Kelly, U.S. Special Forces – 1961-1971 (Washington, D.C.: Department of the Army, 1973), pp. 137-138, 140, 155-156 e 177.

[99] U.S. MACV Command History, Volume III, 1970, pp. E-7, E-12 e E-13.

[100] Kissinger, Ending the Vietnam War, pp. 179, 181 e 184.

[101] https://www.8th-4th-arty.com/events70.html

[102] Willard J. Webb, Walter S. Poole, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1971-1973 (Washington, D.C.: Office of Joint History -Office of the Chairman of the Joint Chiefs of Staff, 2007), pp. 109 e 110-112.

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[105] Hinh, Lam Son 719, pp. 65, 73, 85, 96, 102, 109, 119-121.

[106] Hammond, Public Affairs: The Military and the Media, 1968-1973, p. 483.

[107] Hinh, Lam Son 719, pp. 122-125.

[108] Orlando J. B. Almeida Pereira, “A Operação LAM SON 719 e a vietnamização”, Revista Militar, no. 2639 (2021), pp. 1009-1037.

[109] Senior Officer Debriefing Report: LTG W. G. Dolvin, Commander, XXIV Corps, Vietnam, 9 June 1971 -20 March 1972 (Washington, D.C.: Office of the Adjutant General, Department of the Army, 1972), pp. 5-7, 39-40 e 42.

[110] Bernard C. Nalty, Air War over South Vietnam, 1968-1975 (Washington, D.C.: Air Force History and Museums Program, United States Air Force, 2000), pp. 286-287.

[111] Webb, Poole, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1971-1973, p. 113.

[112] Iver Peterson, “Saigon retakes key base at DMZ”, The New York Times (25 de Junho de 2021).

[113] Senior Officer Debriefing Report: LTG W. G. Dolvin., pp. 7-8 e 54.

[114] David Ewing Ott, Field Artillery, 1954-1973 (Washington, D.C.: Department of the Army, 1975), pp. 216-217 e 225.

[115] Senior Officer Debriefing Report: LTG W. G. Dolvin, pp. 6-7 e 40-42.

[116] Senior Officer Debriefing Report: Major General Thomas M. Tarpley, CG, 101st Airborne Division (Airmobile) – Period February 1971 to February 1972 (Washington, D.C.: Office of the Adjutant General, Department of the Army, 1972), pp. 2-3, 10-11, 19-20, 25-27, 34 e 40-43.

[117] http://www.2ndbattalion94thartillery.com/Chas/12th Campaign.htm

[118] Senior Officer Debriefing Report: LTG W. G. Dolvin., pp. 8-9 e 20.

[119] Donn A. Starry, Mounted Combat in Vietnam (Washington, D.C.: Department of the Army, 1978), pp. vi, 164-165 e 203.

[120] Webb, Poole, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1971-1973, p. 113.

[121] Senior Officer Debriefing Report: LTG W. G. Dolvin, pp. 7-8, 10, 17-18, 20, 47 e 55.

[122] Starry, Mounted Combat in Vietnam, p. 204.

[123] Nalty, Air War over South Vietnam., pp. 294-295, 297, 307 e 355.

[124] Ken Conboy, The Erawan War -Volume 2: The CIA Paramilitary Campaign in Laos, 1969-1974 (Warwick: Helion & Company, 2022), pp. 37-42.

[125] Theo van Geffen, “U.S. Mini-air War Against North Vietnam: Protective Reaction Strikes, 1968-1972”, Air Power History, vol. 66, no. 2 (2019), pp. 31-44.

[126] Webb, Poole, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1971-1973, pp. 120-123.

[127] Charles D. Melson, Curtis G. Arnold, U.S. Marines in Vietnam -The War That Would Not End -1971-1973 (Washington, D.C.: History and Museums Division, Headquarters, U.S. Marine Corps, 1991), pp. 32 e 284.

[128] Senior Officer Debriefing Report: LTG W. G. Dolvin, pp. 6-7, 12 e 55.

[129] Ngo Quang Truong, The Easter Offensive of 1972 (Washington, D.C.: U.S. Army Center of Military History, 1980), pp. 22, 83 e 85.

[130] Nalty, Air War over South Vietnam, pp. 298-299, 301, 327, 329, 356 e 481.

[131] Webb, Poole, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1971-1973, pp. 125-126.

[132] Starry, Mounted Combat in Vietnam, pp. 204-206.

[133] Davies, Ho Chi Minh Trail, pp. 79 e 82.

[134] Truong, The Easter Offensive of 1972, pp. 10, 18-20, 22-24 e 76.

[135] Melson, Arnold, U.S. Marines in Vietnam -The War That Would Not End, pp. 37-38, 42-43, 45-49, 51 e 199.

[136] Webb, Poole, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1971-1973, p. 155.

[137] Marshall L. Michel III, Operation Linebacker I 1972: The first high-tech air war (Oxford: Osprey Publishing, 2019), pp. 6, 23, 29 e 34.

[138] John Darrell Sherwood, Nixon’s Trident: Naval power in Southeast Asia, 1968­1972 (Washington, D.C.: Naval History & Heritage Command, Department of the Navy, 1980), pp. 31-32, 36, 38 e 61.

[139] Michel, Operation Linebacker I, pp. 6-7 e 34-37.

[140] Melson, Arnold, U.S. Marines in Vietnam – The War That Would Not End, pp. 64-­65, 76, 78-79 e 155.

[141] Pereira, “A Operação LAM SON 719 e a vietnamização”.

[142] Cosmas, MACV: The Joint Command in the Years of Withdrawal., pp. 373 e 390.

[143] William E. Le Gro, Vietnam from Cease-Fire to Capitulation (Washington, D.C.: U.S. Army Center of Military History, 1985), pp. 2-3, 6-8, 18, 21, 39, 48, 78 e 139.

[144] Webb, Poole, The Joint Chiefs of Staff and The War in Vietnam, 1971-1973,
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REVISTA MILITAR @ 2024
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