Livro de Crónicas
Nuno Pereira da Silva
Este “Livro de Crónicas”, da autoria do nosso secretário da Mesa da Assembleia-Geral, o Coronel Nuno Pereira da Silva, editado pela Diário de Bordo, constitui um testemunho do próprio relativamente às grandes questões de política internacional e de segurança e defesa durante o período de novembro de 2021 a janeiro de 2023.
Abrange, assim, as questões relacionadas com a COVID-19 e o primeiro ano de guerra na Ucrânia. Tem por base os vários textos que foi escrevendo e publicando nos jornais e nas redes sociais, incluindo outros temas mais conjunturais, como a situação política nos diferentes Países de Língua Oficial Portuguesa ou mais estruturais, como os conceitos estratégicos de Portugal e de outros países.
A escrita é jornalística, as reflexões incluem uma boa dose de razão e emoção e o resultado é escrutável, ou seja, o leitor pode ir acompanhado a posição e as preocupações do autor relativamente à Guerra na Ucrânia, desde os primeiros dias.
O livro (358 páginas) começa com uma pequena introdução, a que se seguem as dezenas de crónicas, começando pela “Crise Bielorrussa” onde destaca:
“Putin, que já deslocou tropas para a região, está assim, através de Lucashenko, o seu súbdito Bielorrusso, a jogar uma cartada forte contra a UE e o Ocidente, que pode provocar uma escalada numa crise migratória fronteiriça, que pode ser o rastilho de uma guerra, caso a NATO intervenha em força na região” (p. 31).
Depois da “Crise latente”, da “Crise ucraniana”, do “Retorno à Guerra Fria”, da “Invasão da Rússia”, termina com uma crónica intitulada “O Grupo Wagner e a atuação de mercenários em operações militares”, datada de 15 de janeiro de 2023 (muito anterior ao que viria a suceder a 24 de junho, com a “marcha para a justiça”), de que destacamos:
“As democracias liberais têm muitas vantagens na sua utilização, e pelos vistos as autocracias como a de Putin também, pois têm utilizado esta tropa mercenária por toda a África e Médio-Oriente, com vantagens, muito embora na Ucrânia o sucesso do Grupo, comece a ser incómodo para Putin, porque o seu líder começa a ser um opositor, de vulto, interno de Putin ameaçando o seu poder pela direita. Bem como a atuação do Grupo de uma forma independente, à margem da hierarquia militar, comece a causar problemas na condução da guerra…” (p. 358).
A determinação do autor tem ultrapassado a adversidade da doença que o tem condicionado, nomeadamente na escrita e na leitura. Por isso, este livro tem ainda maior significado. Por isso, mistura pensamentos, experiência de vida, análises, perplexidades e angústias. Por isso, e no caso da Guerra na Ucrânia, inclui as várias dimensões da guerra, enquanto fenómeno social. Fica um legado, que tem muito do autor.
Sendo um livro de crónicas, marcado pelo dia a dia, muitas vezes o autor nada para fora da “espuma” e da agenda da comunicação social. Por isso, pode ser lido por assuntos ou cronologicamente, o que favorece a reflexão sobre temas importantes dos nossos dias, caso da Guerra da Rússia na Ucrânia ou da caracterização do Sistema Político Internacional.
A Revista Militar agradece a amável oferta do livro e felicita o autor e a Editora Diário de Bordo.
Major-general João Vieira Borges
Vogal da Direção da Revista Militar
Vogal da Direção da Revista Militar. Presidente da Comissão Portuguesa de História Militar.