Nº 2665 - Fevereiro/Março de 2024
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
Jogos Olímpicos de Paris 1924: O centenário da 1.ª medalha olímpica portuguesa e a questão da bandeira nacional
Mestre
Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes

Introdução

Em 2024, comemora-se o centenário da conquista da 1.ª medalha olímpica portuguesa – no caso a de bronze – nos Jogos Olímpicos de Paris 1924, na disciplina de Hipismo – prova de saltos de obstáculos individual, realizada no autódromo d’Auteuil entre 21 a 27-7-1924. A equipa portuguesa era constituída por cinco elementos, dos quais três militares: Manuel da Costa Latino (1878-1957), chefe de equipa portuguesa; José Paulino Marecos Mouzinho de Albuquerque (1885-1965); Hélder Eduardo de Sousa Martins (1901-1957); e dois civis: Aníbal Borges de Almeida (1898-1959); e Luís José Braamcamp Cardoso de Menezes (Margaride) (1902-1978). O pior aconteceu quando da chamada ao podium das três nações medalhadas (Suécia, Suíça e Portugal), dado que os atletas portugueses recusaram-se a subir ao pódio, dado que os organizadores das olimpíadas não tinham a bandeira nacional portuguesa! A cerimónia de encerramento atrasou-se assim mais de uma hora, até que os responsáveis deste certame improvisaram uma bandeira portuguesa (encarnada e verde), permitindo assim ultrapassar este imbróglio.

Poster e logótipo dos Jogos Olímpicos de Paris de 1924

 

Após os primeiros Jogos Olímpicos da era Moderna organizados em 1896, em Atenas, sob a liderança e presidência de Pierre de Frédy (1863-1937), Barão de Coubertin1, Paris recebeu o segundo, quatro anos depois em 1900, e repetindo com os Jogos Olímpicos de Verão, em 1924, oficialmente Jogos da VIIIª Olimpíada, uma vez que a de 1916, atribuída a Berlim, foi cancelada devido à I Guerra Mundial.

Carta postal da tribuna de honra na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, em 1924.

 

Carta postal panorâmica das delegações no estádio Colombes.

 

Carta postal e vista geral e aérea de avião do estádio Colombes, França.

 

A cerimónia de abertura decorreu a 5-5-1924, no novo estádio olímpico de Colombes (hoje estádio Yves-du-Manoir), nos subúrbios do noroeste de Paris, que acolheu as 44 delegações participantes perante 40.000 espectadores. Ao contrário dos primeiros e fracassados Jogos Olímpicos de Paris de 1900, os organizadores prepararam um sumptuoso complexo olímpico para hospedar os diversos desportos, em particular o confortável e moderno Estádio Olímpico de Colombes, com capacidade para 60.000 pessoas, onde os nomes dos campeões olímpicos destes Jogos foram gravados em mármore nas suas paredes.

Nestas Olimpíadas de 1924, o número de nações participantes aumentou de 28 para 44 e os mais de 3075/3089 atletas instalaram-se numa pequena vila olímpica construída de raiz, formada de várias pequenas casas de madeira2.

Foi pela primeira vez usado nesta edição dos Jogos o lema olímpico – Citius, Altius, Fortius, ou seja mais rápido, mais alto, mais forte, cunhado em latim por um monge francês, Frei Henri Didon, proposto pelo Barão de Coubertain, mas não entronizada nestes jogos.

Carta postal das modalidades de rugby, ténis e esgrima para os Jogos Olímpicos de Paris, em 1924.

 

Os Jogos Olímpicos de Verão de 1924, oficialmente Jogos da VIIIª Olimpíada, realizaram-se em Paris, França, entre 4-5- e 27-7-1924. Para este evento desportivo, foram convidadas a participar pelo Comité Olímpico de França 52 nações, a 19-3-1923, e 44 países aceitaram vir a Paris para competir na 8ª Olimpíada3. Nela participam 3075/3089 atletas, incluindo 135 mulheres, realizando-se 126 provas em 17 modalidades distintas – Atletismo, Boxe, Ciclismo, Esgrima, Futebol, Ginástica, Equitação/Hipismo, Halterofilismo ou Pesos e Halteres (Poids et Haltéres), Luta greco-romana e luta livre, Natação, Pentatlo Moderno, Pólo a Cavalo, Remo, Rugby, Ténis, Tiro de espingarda/carabina e tiro no alvo (Tir de chasse e tir à la cible), Vela (Yachting-classes Monotype, 6 metros e 8 metros).

Quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Paris, 1924

Ordem

País

(ouro)

(prata)

(bronze)

(total)

1

USA Estados Unidos

45

27

27

99

2

FIN Finlândia

14

13

10

37

3

FRA França

13

15

10

38

4

GBR Grã-Bretanha

9

13

12

34

5

ITA Itália

8

3

5

16

 

O vencedor da classificação geral foi os EUA com 99 medalhas (45 de ouro, 27 de prata e 27 de bronze), seguido da Finlândia com 37 medalhas (14 de ouro, 13 de prata e 10 e bronze) e França com 38 medalhas (13 de ouro, 15 de prata e 10 e bronze).

À esquerda: Paavo Nurmi e à direita Panini Ville Ritola e atrás Paavo Nurmi.

 

A prova-rainha foi a modalidade do atletismo, destacando-se como estrelas desse jogos os “finlandeses voadores” Paavo Nurmi, com 5 medalhas de ouro e Ville Ritola, com 6 medalhas (4 de ouro e 2 de prata) e os americanos, duplas medalhistas de ouro, Clarence Houser e Harold Osborn. Outro herói-atleta foi Johnny Weissmuller, futuro intérprete de Tarzan no cinema, que conquistou 3 medalhas de ouro e 1 medalha de bronze (pólo aquático).

Medalha olímpica de ouro e de bronze em 1924.

 

A medalha olímpica, em três materiais diferentes (ouro, prata e bronze), premiava os atletas que subissem ao pódio. Foi criada pelo gravador francês André Rivaud. O anverso da medalha mostrava um homem nu ajudando um competidor a levantar-se. Quando ao reverso da medalha era ilustrado com vários equipamentos desportivos e com a inscrição «VIIIème OLYMPIADE PARIS 1924». Foram concedidas 912 medalhas aos atletas presentes nos pódios.

Diploma dos Jogos Olímpicos de Paris, 1924.

 

A cada medalha olímpica, era concedido um diploma aos atletas que subissem ao pódio, nas modalidades individual e colectiva, desenhada pela Casa Dewanbez em Paris, e através duma gravadora e editora de livros de arte. Foram concedidos 10.700 diplomas nestes jogos Olímpicos, embora com desenhos diferentes das modalidades.

A cerimónia de encerramento deu-se apenas após o final das últimas competições equestres e após a subida ao pódio das três nações vencedoras, com o respectivo hino nacional, a 27-7-1924, no estádio Colombes. Este evento atrasou-se mais de uma hora, dado que os organizadores não tinham a bandeira nacional portuguesa e os atletas Portugueses recusarem-se a subir ao pódio, enquanto a organização não improvisasse a bandeira de Portugal. Depois deste cerimonial, os Jogos deram-se como terminados e os atletas reuniram-se no relvado, sendo então lido e distribuídos os prémios e medalhas dos vencedores, segundo e terceiro, precedidos de suas bandeiras.

 

 

Equitação/Hipismo nos Jogos Olímpicos de Paris, 1924

A prova de equitação ou hipismo, foi representada nos Jogos Olímpicos de Verão de Paris, em 1924, por três disciplinas: primeira, o concurso completo individual e por equipas; segunda, o «dressage» ou adestramento individual; e terceira, os saltos de obstáculos individual e por equipa, ocorrendo estas competições no estádio olímpico de Colombes e no autódromo d’Auteuil, entre 21 a 27-7-1924. Durante esta edição, 17 nações participaram nas provas de hipismo, representadas por 111 atletas: Áustria (2), Bélgica (11), Bulgária (3), Dinamarca (1), Espanha (4), EUA (8), Finlândia (1), França (12), Itália (8), Holanda (5), Polónia (8), Portugal (4), Reino Unido (8), Suécia (12), Suíça (12), Checoslováquia (11) e Jugoslávia (1)4.

Símbolo dos saltos de obstáculos nos Jogos Olímpicos de 1924, in Comité Olympique Français, p. 261.

 

Embora os favoritos à partida fossem os espanhóis, italianos e os ingleses, estes foram relegados para plano secundário pela Suécia, com 4 medalhas (2 de ouro e 2 de prata), pela Holanda, com 2 medalhas (de ouro) e a pela Suíça, com 2 medalhas (1 de ouro e 1 prata).

Pista do concurso de saltos de obstáculos no estádio Colombes, in Comité Olympique Français, p. 249.

 

Foi na terceira disciplina de hipismo, ou seja, na prova de saltos de obstáculos por equipa, que Portugal atinge pela primeira vez a glória olímpica, com a conquista do 3º lugar e respectivamente a medalha de bronze.

O concurso de saltos de obstáculos da prova individual de hipismo, denominada «Prémio das Nações», foi realizado no estádio de Colombes, a 27-7-1924, e abriu com 15 países envolvidos: Áustria, Bélgica, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Holanda, Itália, Noruega, Polónia, Portugal, Suécia, Suíça, Checoslováquia, num total de 54 concorrentes. Deste total, 34 cavaleiros concluíram a prova, 9, abandonaram-na e 11 não concorreram.5.

Vistas dos obstáculos da competição de salto, in Comité Olympique Français, pp. 253-255.

 

Croquis dos obstáculos do concurso de saltos de obstáculos no estádio Colombes, in Comité Olympique Français, pp. 250 e 252

 

Os 16 obstáculos, todos de grandes dimensões, de aparência sólida e criteriosamente espalhados pela pista, não permitiam um único percurso perfeito e sem penalizações. Os obstáculos tinham a altura mínima de 1m25 e máximo de 1m40; os obstáculos de largura não excediam os 4m de água.

O campo tinha um comprimento total de 1,060 m e tinha de ser completado a uma velocidade de 400 metros por minuto, sendo as falhas totalizadas por pontos.

O cronometrista não levaria em consideração as velocidades mais elevadas, mas pelo contrário, as velocidades mais lentas seriam penalizadas em 0,25 ponto por segundo excedido o tempo. Todas as falhas seriam traduzidas em pontos de penalização com diferentes escalas.

Em termos individuais, venceu o suíço Alphonse Gemuseus, com 6 pontos, seguido, em segundo lugar, pelo italiano Tommaso Lequio di Assaba com 8,75 pontos, e em terceiro o polaco Adam Królikiewicz, com 10 pontos.

Prova de Alphonse Gemuseus, montando o cavalo Lucette, vencedor da prova individual de obstáculos e de Aníbal Borges de Almeida, montando o cavalo Reginald e classificado em 5º lugar nos Jogos Olímpicos de Paris, 1924.

 

Concurso de saltos de obstáculos (Prémio das Nações) nos Jogos Olímpicos de Paris, em 1924, estando na parte superior esquerda a prova de Aníbal Borges de Almeida, montando o Reginald e classificado em 5º lugar,

in Comité Olympique Français, p. 251.

 

A competição de saltos de obstáculos por equipa não resultou numa prova adicional e a sua classificação foi estabelecida a partir dos resultados de saltos de obstáculos da prova individual do Prémio das Nações. O número máximo de participantes e cavaleiros foi de 4 por País, e apenas contavam os 3 melhores resultados para a classificação de cada equipa. A lista de inscrições e os resultados da competição individual de obstáculos estabeleceram que, das 15 nações inscritas, apenas 13 puderam participar da competição por equipas: Bélgica, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Holanda, Itália, Noruega, Polónia, Portugal, Suécia, Suíça e Checoslováquia. Dessas 13 nações, 11 participaram, mas apenas 8 países viram os seus três cavaleiros concluírem a competição. A competição por equipas foi estabelecida com base nas pontuações individuais da competição. Na competição por equipas, a Suécia ganha o ouro, com 42,25 pontos, seguida pela medalha de prata da Suíça, com 50 pontos, e medalha de bronze de Portugal, com 53 pontos.6

Equipa portuguesa nos Jogos Olímpicos de Paris, em 1924; da esquerda
para a direita: Luís José Braamcamp Cardoso de Menezes (Margaride) (1902-1978); José Paulino Marecos Mouzinho de Albuquerque (1885-1965); Manuel da Costa Latino (1878-1957), chefe de equipa portuguesa; Aníbal Borges de Almeida
(1898-1959); e Hélder Eduardo de Sousa Martins (1901-1957)

 

A nossa primeira representação equestre que participou na «Taça das Nações» foi constituída na prova por equipa de obstáculos pelos seguintes cavaleiros: Aníbal Borges de Almeida (1898-1959), 26 anos, montando “Reginald” com 12 faltas (5º lugar); Hélder Eduardo de Sousa Martins (1901-1957), 22 anos, montando “Avro” com 19 faltas (12º); José Paulino Marecos Mouzinho de Albuquerque (1885-1965), 38 anos, montando “Hebraico” com 23 faltas (17º) e Luís José Braamcamp Cardoso de Menezes (Margaride) (1902-1978), 22 anos, montando “Profond” com 36 faltas (31º, já não contando a sua classificação para a equipa portuguesa, dado que só contavam os três melhores resultados)7.

Resultados do concurso de saltos de obstáculos nos Jogos Olímpicos de Paris, 1924, in Comité Olympique Français, pp. 258-259.

 

Bandeira nacional improvisada e notícia “Jogos Olímpicos Internacionais: Portugal alcança o 3.º lugar na prova hípica «Prémio das Nações»”, in DN 28-7-1924, p. 5.

 

O pior aconteceu quando da chamada ao «podium» dos medalhados da prova de hipismo de obstáculos por equipas, dado que os organizadores, por incúria, distracção ou por não acreditarem nas possibilidades dos portugueses, tinham todas as bandeiras dos países medalhados, com excepção da portuguesa. Visto que os cavaleiros portugueses se recusaram a subir ao pódio sem a bandeira nacional, o desfile de encerramento e entrega das medalhas tiveram de ser adiados por mais de uma hora, para que a organização improvisasse (com dois pedaços de pano, verde e encarnado) a bandeira portuguesa que não tinha disponível, atrasando-se por esse motivo a Cerimónia de Encerramento para uma hora mais tarde8.

À esquerda: Pierre de Frédy (1863-1937), Barão de Coubertin, 2.º Presidente
do COI (1896-1925), entrega a medalha de bronze ao Tenente-Coronel,
Manuel da Costa Latino (1878-1957), chefe de equipa nacional portuguesa
de hipismo, in Portugal nos Jogos Olímpicos do Século XX, Lisboa:
Comité Olímpico de Portugal, 2004, p. 47. À direita, Pierre de
Frédy (1863-1937), Barão de Coubertin.

 

Manuel da Costa Latino (1878-1957), in Arquivo Histórico Militar (AHM).

 

Manuel da Costa Latino (* em S. Salvador, Santarém, a 29-11-1878 – † em Lisboa, a 21-3-1957), General (em 22-12-1939) e Director da Arma de Cavalaria (em 22-1-1940), Brigadeiro (em 6-5-1938) e Inspector da Arma de Cavalaria (em 16-6-1938), Coronel (em 19-10-1929), Tenente-Coronel (em 31-3-1919), Major do Estado-Maior de Cavalaria (em 29-9-1917), Capitão do 1.º Esquadrão do Regimento de Cavalaria n.º 4 (em 8-6-1911), Tenente (em 1-12-1904), Alferes para o Regimento de Cavalaria n.º 1 (em 5-7-1900), Curso da Arma de Cavalaria na Escola do Exército (em 17-10-1899), Comandante da Escola Prática de Cavalaria (em 30-4-1935), Chefe da 1ª Secção do Estado-Maior de Cavalaria (em 23-2-1929), Presidente da Comissão de Remonta do Exército e das Coudelarias Nacionais (1911), Instrutor de 1.º Grau do Curso Táctico de Cavalaria (1918), Grã-Cruz, Grande Oficial e Comendador da Ordem de Avis, Grã-Cruz, Grande Oficial e Comendador da Ordem de Cristo, Comendador da Ordem Militar de Santiago-e-Espada, Grande Oficial da Ordem de Instrução Pública, Grande Oficial da Legião de Honra de França, Comendador da Ordem de Isabel a Católica de Espanha e distinguido com a Cruz de 1.ª, 2.ª e 3.ª Classes e com distintivo branco da Ordem Militar de Espanha; membro da Sociedade Hípica Portuguesa (em 1910), membro da comissão encarregue da reorganização dos Serviços do Exército (desde a 9-2-1911), Vogal da Comissão encarregada de rever a legislação sobre o plano e uniformes (1919), etc.; passou à situação de reforma em 29-11-1948 9.

José Paulino Marecos Mouzinho de Albuquerque (1885-1965), in AHM.

 

José Paulino Marecos Mouzinho de Albuquerque (* na Cedofeita, Porto, a 27-12-1885 – † na Cedofeita, Porto, a 8-8-1965), Coronel de Cavalaria (em 17-6-1942), Tenente-Coronel (em 20-6-1939), Major (em 14-4-1934), Capitão (decreto de 12-11-1917), Tenente (em 23-12-1915), Alferes (em 15-11-1911), Curso de Cavalaria da Escola Militar, Comandante da Guarda Nacional Republicana, da Legião Portuguesa e do Regimento de Cavalaria n.º 7, Adido Militar à Embaixada de Portugal em Paris, Director da Fábrica de Pólvora e Munições de Barcarena, Grande-Oficial (em 4-12-1943), Comendador (em 5-10-1935) e Oficial da Ordem Militar de Avis (em 15-10-1925), Comendador (em 9-6-1941) e Oficial da Ordem Militar de Cristo (em 11-4-1932), Grã-Cruz da Ordem de Carlos III de Espanha e Cruz de 2.ª Classe da Ordem do Mérito Militar de Espanha (em 20-6-1935), Oficial da Ordem da Legião de Honra de França (5-1-1940 ou 14-2-1940), Comendador da Ordem da Coroa de Itália (20-2-1940 ou 15-3-1940), Medalha de Ouro de Comportamento Exemplar e de Serviços Distintos (em 15-2-1936), Medalha de Prata de Comportamento Exemplar (em 15-12-1920) Medalha de Prata de Bons Serviços (antes de 1946), Medalha de Prata de Filantropia e Caridade do Instituto de Socorro a Náufragos, Medalha de Dedicação da Classe de Prata da Legião Portuguesa (em 25-3-1939), Medalha de Mérito da Cruz Vermelha, cavaleiro olímpico e atleta português, etc.; passou à reforma por despacho da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência de 19-5-1956 e publicado no Diário do Governo n.º 122, IIª Série de 22-5-195610.

Aníbal Borges de Almeida (1898-1959).

 

Aníbal Borges de Almeida (* em Figueiró da Granja, Fornos de Algodres, Guarda, a 18-4-1898, sendo baptizado apenas a 8-2-1899 – † no Rio de Janeiro, Brasil em 20-6-1959 (ou 24-9)), Sócio de Mérito da Federação Equestre Portuguesa (a título póstumo), cavaleiro olímpico português, comerciante, etc. Apenas se sabe que nasceu em Figueiró da Granja, Fornos de Algodres, Guarda a 18-4-1898, filho de Joaquim Bernardo de Almeida, proprietário, natural de Figueiró da Granja, Fornos de Algodres, Guarda, e de Armanda Pereira Borges, proprietária, natural do Rio de Janeiro, Brasil. Casou em Alcântara, Lisboa a 11-11-1924 com Teresa Susana Ferreira Reynalds, natural de Alcântara, Lisboa, filha de Tomás Reynalds, proprietário, natural de Estremoz, Évora, e de Alice Ferreira, proprietária, natural do Rio de Janeiro. Pouco depois de casar, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil, donde sua mãe e sogra eram naturais, pelo que não existem mais elementos biográficos do mesmo11.

Hélder Eduardo de Sousa Martins (1901-1957), in AHM.

 

Hélder Eduardo de Sousa Martins (* em S.ta Justa, Lisboa, a 28-11-1901, † em 28-2-1957), Coronel de Cavalaria (por decreto de 31-12-1953), Tenente-Coronel (decreto de 22-9-1950), Major no Regimento de Cavalaria n.º 7 (em 30-1-1945 e decreto de 31-12-1945), Capitão (em 10-7-1937), Tenente (em 29-12-1923) e Alferes no Regimento de Cavalaria n.º 9 (em 15-11-1920), Curso de Cavalaria da antiga Escola do Exército (em 20-1-1920), Curso de Comandante de Esquadrão (1945), Comandante do 2º Esquadrão do Regimento de Cavalaria da GNR (1939), 2.º Comandante do Regimento de Cavalaria n.º 7 (em 1953), Oficial da O. de Cristo (em 17-5-1928), Medalha de Mérito Militar (em 13-7-1953), Chefe da 4.ª Secção da 4.ª Repartição da 2.ª Direcção-Geral do Ministério do Exército (1950), Ajudante-de-Campo do General Eduardo Augusto Marques (por portaria de 6-1-1937), Ajudante-de-Campo do General-Governador do Governo Militar de Lisboa (em 17-5-1928), Instrutor de Equitação na Escola Militar (desde 1922) e Auxiliar da Escola do Exército (em 17-7-1926), Medalha de Mérito Militar de 2.ª Classe (em 13-7-1953), Medalha de Mérito Militar de 1.ª Classe espanhola (em 19-6-1924), Cavaleiro de 1.ª Classe da Ordem de Carlos III de Espanha (em 28-1-1927), Sócio de Mérito da Federação Equestre Portuguesa (a título póstumo); cavaleiro olímpico português; transita para a situação de reserva com a pensão anual de 66.600$00 por portaria de 10-2-1956; o seu nome perdura na toponímia portuguesa, em nomes de arruamentos12.

Luís José Braamcamp Cardoso de Menezes (1902-1978), em Março de 1928.

 

Luís José Braamcamp Cardoso de Menezes (* em N. S.ra de Marvila, Santarém, a 14-7-1902 – † em Lisboa, a 10-6-1978), Presidente da Câmara Municipal de Almeirim (de -5-1972 a -6-1974) e seu Vice-Presidente e Vereador, Director da Federação Nacional dos Produtores de Trigo (1934-1935), Vice-Presidente da Junta Nacional de Vinhos, Vice-Presidente da Comissão Municipal de Almeirim da União Nacional (1932-1934), Director da Associação Central da Agricultura Portuguesa (1936), Director do Sindicato Agrícola de Santarém (1936), Cavaleiro de Graça e Devoção da Ordem Soberana de Malta (em 4-3-1966), várias vezes Director da Sociedade Hípica Portuguesa, Sócio de Mérito da Federação Equestre Portuguesa, etc.

Delegação Portuguesa que se deslocou aos Jogos Olímpicos de Paris 1924,
in Jogos Olímpicos: A grande história dos Jogos Olímpicos:
Atenas 1896-2004, Matosinhos: QuidNovi, 2007, p. 56.

 

Portugal enviou a Paris, em 1924, uma comitiva de 29 atletas, que competiram em 8 modalidades (Atletismo, Esgrima, Halterofilismo, Hipismo, Natação, Ténis, Tiro, Vela), tendo como porta-bandeira António Martins13.

 

Biblografia

COMITÉ Olympique Français – Les Jeux de la VIII Olympiade: Rapport Officiel, Paris: Librarie de France, 1924, in https://www.olympic-museum.de/o-reports/olympic-games-official-report-1924.php

PORTUGAL nos Jogos Olímpicos do Século XX, Lisboa: Comité Olímpico de Portugal, 2004.

SALVADOR, Rui – Inesperada primeira medalha olímpica inspirou três gerações, in Diário de Notícias de 5-8-2016.

TEIGÃO, Inácio – Galardão de Luís Margaride oficializado três anos depois, in Diário de Notícias de 24-2-1977.

TUDO sobre os Jogos Olímpicos: Atenas 1896, Pequim 2008, 1ª edição, Matosinhos: QuidNovi, 2007.

 

__________________________________________

1 cf. Pierre de Frédy (nasceu em Paris, França a 1-1-1863 – morreu em Genebra, Suíça a 2-9--1937), Barão de Coubertin, pedagogo e historiador francês, que ficou para a história como fundador dos Jogos Olímpicos da era Moderna e 2º Presidente do Comité Olímpico Internacional (1896-1925).

2 cf. Noutras obras refere-se que, em relação aos antigos Jogos Olímpicos de Antuérpia de 1920, passou-se de 2606 atletas para 3075 e que o número de países quase duplicou de 29 para 44 nações, in Tudo sobre os Jogos Olímpicos: Atenas 1896, Pequim 2008, 1ª edição, Matosinhos: QuidNovi, 2007, p. 56.

3 cf. Dos participantes temos, em termos continentais: África: África do Sul e Egipto; América: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Cuba, Estados Unidos, Equador, Haiti, México e Uruguai; Ásia: Índia Britânica, Japão, Filipinas e Turquia; Europa: Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Mónaco, Noruega, Holanda, Polónia, Portugal, Roménia, Suécia, Suíça, Checoslováquia e Jugoslávia; Oceânia: Austrália e Nova Zelândia. Novas nações entraram na competição pela primeira vez, como o Equador, Irlanda, Lituânia, Filipinas e Uruguai. No relatório dos Jogos Olímpicos é ainda referida a China como tendo participado, in Comité Olympique Français – Les Jeux de la VIII Olympiade: Rapport Officiel, Paris: Librarie de France, 1924, in https://www.olympic-museum.de/o-reports/olympic-games-official-report-1924.php, p. 79.

4 cf. Comité Olympique Français – Les Jeux de la VIII Olympiade: Rapport Officiel, 1924, op. cit., p. 225.

5 cf. Comité Olympique Français – Les Jeux de la VIII Olympiade: Rapport Officiel, 1924, op. cit., pp. 258-259.

6 cf. Comité Olympique Français – Les Jeux de la VIII Olympiade: Rapport Officiel, 1924, op. cit., pp. 249, 258-260.

7 cf. Esta classificação é a retirada do relatório oficial do Comité Olympique Français de 1924, contradizendo os lugares de José Mouzinho de Albuquerque, 16º, e de Luís Cardoso de Menezes, 21º, in Comité Olympique Français – Les Jeux de la VIII Olympiade: Rapport Officiel, 1924, op. cit., pp. 258-259.

8 cf. Inácio Teigão – Galardão de Luís Margaride oficializado três anos depois, in Diário de Notícias de 24-2-1977 e Rui Salvador – Inesperada primeira medalha olímpica inspirou três gerações, in DN de 5-8-2016.

9 cf. Arquivo Histórico Militar (AHM), Caixa 716 e Div/3/7/3332 e António José Pereira da Costa, coord. – Generais do Exército Português, Vol. III, I Tomo III, Lisboa: Biblioteca do Exército, [2003- ], pp. 424-426.

10cf. AHM, Fundo 3, Série 7, Caixa 3870.

11cf. Registos Paroquiais, Guarda, Fornos de Algodres, Figueiró da Granja, Baptismos (1898--1907), assento n.º 4, 1899, fl. 10 v.º e 11; e Lisboa, 5ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, Casamentos, 1924, Livro 028-C, fl. 98.

12cf. AHM, Caixa 6645; e Meninos da Luz – Quem é Quem II. Lisboa: Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar.

13cf. Na modalidade do Atletismo (3): António Martins (disco), Gentil dos Santos (100 e 200 metros) e Kavel Pott, 5.ª posição (100 metros); na Esgrima (10): Henrique da Silveira, Mário de Noronha (também em espada), António Mascarenhas Menezes, Rui Mayer, Paulo D'Eça Leal, Frederico Paredes, António Pinto Leite e José Paiva, que atingiram o 4.º lugar por equipas; Manuel Queiroz e Gil Andrade (florete); no Halterofilismo (1): António Pereira; no Hipismo (4), os citados 4 cavaleiros; na Natação (1): Mário Silva Marques, 6.ª posição nos 200 metros bruços; no Ténis (1): Rodrigo Castro Pereira; no Tiro (8): António Silva e Francisco Paulo Mendonça, 9.ª posição, António Montez, António Andrea Ferreira (pistola a 25 metros); em carabina a 50 metros: além dos citados António da Silva Martins, Francisco Paulo Mendonça, Francisco António Real, Manuel da Silva Guerra; armas livres a 400, 600 e 800 metros: Dário Gomes, Félix Bermudes, além dos citados Manuel da Silva Guerra, António Andrea Ferreira e Francisco António Real; e na Vela (1): Frederico Guilherme Burnay (monótipos), num total de 29 atletas, in Portugal nos Jogos Olímpicos do Século XX, Lisboa: Comité Olímpico de Portugal, 2004, pp. 47-49.

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Mestre

Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes

Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Documentalista e bibliotecário do sector audiovisual.

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by COM Armando Dias Correia