Nº 2668 - Maio de 2024
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
In Memoriam

IN MEMORIAM

Coronel Alfeu Raúl Maia da Silva Forte

25 de novembro de 1932-15 de abril de 2024

 

O Coronel do Serviço de Administração Militar do Exército, na situação de reforma (91 anos), Alfeu Forte deixou o nosso convívio, em quinze de abril do ano corrente. Nasceu na freguesia de Santa Isabel, concelho de Lisboa/4.º Bairro, filho de Francisco da Silva Forte e de D. Helena da Conceição Maia Forte. Em 31 de janeiro de 1959, casou com D. Maria Aurora Rocha Marques Gomes.

Ingressou na Escola do Exército (Academia Militar), em 25 de novembro de 1953, tendo sido promovido, sucessivamente: Alferes (1956); Tenente (1958); Capitão (1961); Major (1972); Tenente-coronel (1976); e Coronel (31 de maio de 1982). A passagem à situação de reserva ocorreu em 25 de novembro de 1988 e à reforma em 25 de novembro de 1997.

No Ultramar, prestou serviço na Guiné-Bissau (1957/1959 – Alferes e Tenente); Angola (1963/1965 – Capitão); Timor-Leste (1968/1970 – Capitão) e Angola (4 de janeiro de 1975 a 26 de novembro de 1975 – Major).

Sócio Efetivo, número 231, da Empresa da Revista Militar, eleito em 17 de dezembro de 1987, Coronel (55 anos), tendo sido vogal efetivo do Conselho Fiscal em 1991-1992, desempenhando o cargo de Diretor-administrador, desde 1993.

Na Revista Militar, o trabalho do Coronel Alfeu Forte, como Diretor-administrador, mereceu, em 2002, aos nove anos das suas funções, louvor do General Chefe do Estado-Maior do Exército, pela forma muito experiente, ponderada, eficiente e esclarecida, como as estava a desempenhar. Nesse louvor, salienta-se o aproveitamento da sua esclarecida inteligência e capacidade de relacionamento no apoio ao sector literário e cultural da Empresa e na sua ajuda no planeamento e execução do programa das comemorações do 150.º Aniversário da Empresa e da Revista Militar em que teve intervenções sempre prontas, eficientes e bem sucedidas, participando amplamente no êxito obtido, quer entre a Imprensa Militar de Portugal quer em órgãos de Imprensa Militar de outros países. No merecido louvor também se salienta o dinamismo e sentido de organização assumidos na transferência da sede da Empresa do Largo da Anunciada, n.º 9 para o Campo de Santa Clara, n.º 62 (antigas instalações da Direção da Arma de Artilharia).

No âmbito da Revista Militar, para além das atribuições relacionadas com as tarefas de Diretor-administrador que desempenhou ao longo de mais de trinta anos, indicam-se seis colaborações nos seguintes números:

– Novembro de 2001. Mudança de Instalações (N.º 2 do Editorial). Nesse ano, cumpriu-se uma nova metodologia em relação ao Editorial; a partir do objetivo da Direção, “tornar a Revista Militar mais conhecida na sociedade, especialmente no meio académico e mais atractiva aos jovens Oficiais dos ramos das Forças Armadas para expressarem as suas ideias sobre assuntos militares e da Defesa Nacional”. Ao Presidente da Direção competia sempre preparar o N.º 1 e ao Diretor-gerente ou ao Diretor-administrador, ou outro membro dos Corpos Gerentes, o N.º 2.

O artigo Mudança de Instalações, publicado como Editorial n.º 2, na Revista Militar de novembro de 2001, mostra o alto nível da competência do seu autor na explicação de pormenores vitais à compreensão dos assuntos abordados. Salientam-se o seu início e fim: “A Revista Militar fundou-se sem quaisquer subsídios do Governo ou dos Organismos Militares, mesmo dos gestores de instrução da época, sendo o seu custeamento realizado pelos ‘collaboradores efectivos’ (Sócios Efectivos – 26 Oficiais Fundadores) e pelos assinantes, 976 no início da publicação, em Janeiro de 1849. Esta condição inicial, mantida ao longo do século XIX até à 2.ª Época – 1905, explica o andamento das moradas da Revista Militar ao longo da sua história de 152 anos”. Depois deste início, aqui fica a parte final: “Nesta data, comemorando a quinta residência de trabalho, recorda-se da parte final da ‘Introdução – Janeiro de 1849’. ‘Oxalá que esta publicação mereça o acolhimento da maioria das Forças Armadas, e das pessoas instruídas do país, e que este atrevimento dos poucos anos, que só confia em Deus, e na sua bondade, desperte em penas mais hábeis o desejo de se ilustrarem, e de serem úteis a uma classe, que tanto merece da Pátria’. (Fontes Pereira de Melo, tinha 29 anos, era tenente e o Fundador mais novo, alferes, com 23 anos)”.

– Agosto/setembro de 2003. Necrologia – IN MEMORIAM do Major-general António Areias Peixoto (oriundo do Serviço de Administração Militar do Exército). Para confirmar as qualidades relacionadas com bons sentimentos humanos e sociais do Coronel Alfeu Forte, constantes em muitos dos seus 27 louvores, transcreve-se a parte final: “Deixa-nos por tudo isto uma enorme saudade só mitigada pela certeza que Deus lhe dará a paz que merece e deste modo a Revista Militar associa-se na mágoa sentida, aos seus amigos e familiares”.

– Dezembro de 2013. Crónica Bibliográfica – OCASO EM TEMPO QUE NASCE – Os últimos meses de um Império.

– Agosto/setembro de 2016. Crónica Bibliográfica – A GRANDE GUERRA EM MOÇAMBIQUE.

– Outubro de 2016. Crónica Bibliográfica – FORTIFICAR O NILO.

– Junho/julho de 2017. Crónica Bibliográfica, em conjunto com o Tenente-general João Carlos de Azevedo de Araújo Geraldes – OLHO DO FURACÃO.

Como militar inteligente, disponível, desembaraçado e de elevada capacidade de organização, qualidades demonstradas de alferes a coronel, na sua Folha de Matrícula constam vinte sete louvores e dez condecorações e mostra-se elevada diversidade de colocações, comissões, tarefas e ocorrências extraordinárias.

No respeitante a condecorações, para além das medalhas relacionadas com a Guerra do Ultramar (duas de Angola) e da Expedição a Timor-Leste (uma) e com Comportamento Exemplar (Prata e Ouro), salientam-se a de Serviços Distintos (Grau Prata), a de D. Afonso Henriques – Patrono do Exército (2.ª Classe) e, sobretudo, as três de Mérito Militar (3.ª, 2.ª e 1.ª Classe).

Quanto a louvores, colocações e tarefas, para além do louvor relacionado com a Revista Militar mencionado antes, salienta-se:

– No respeitante a serviços prestados como subalterno em acumulação, foi agraciado com três louvores pelo seu excelente desempenho em tarefas de Administração Militar (Manobras em Santa Margarida, Contabilidade no QG/CTIG e Comandante de Pelotão da Companhia de Administração Militar, Guiné-Bissau) e com quatro louvores no âmbito da Mocidade Portuguesa, onde foi considerado “instrutor de muito valor nos Quadros da Organização” [Estremadura, Guiné-Bissau, Estremadura (2)].

– Em situações relacionadas com tarefas do Serviço de Administração Militar (Capitão a Coronel), sendo considerado Oficial de “extrema dedicação, muita eficiência, alto mérito e excecionais qualidades profissionais e humanas”, foi agraciado com dezassete louvores, sendo dois do General Chefe do Estado-Maior do Exército, um do General (Tenente-general) Comandante da Região Militar de Angola, um do General (Tenente-general) Quartel-Mestre-General, dois do Brigadeiro (Major-general), Diretor do Departamento de Finanças do Estado-Maior do Exército.

– Ainda em colocações relacionadas com o Serviço de Administração Militar, foi louvado pelo Comandante do Regimento de Artilharia Pesada N.º2 (1971/Capitão) e pelo Diretor da Escola Central de Sargentos (Águeda), onde foi professor da 5.ª Disciplina (1974/Major).

O Coronel Alfeu Forte prestigiou o Serviço de Administração Militar do Exército como mostra o seu excelente conjunto de louvores.

Ao assumir inteligência e capacidade de relacionamento durante os 37 anos de Sócio Efetivo da Revista Militar, dos quais 31 como Diretor-administrador, nestes, importa destacar que no âmbito da Direção trabalhou com três Presidentes e quatro Diretores-gerentes, camaradas que, descansando sobre as complicadas situações de condicionalismos financeiros, pensando o ‘Alfeu Forte resolve’, conseguiram, até agora, manter os valores salientados na INTRODUCÇÃO do primeiro número da Revista, janeiro de 1849: “Com as armas do raciocínio, no campo da imprensa livre, combatem-se antigos prejuízos, diffunde-se a instrucção, deffinem-se os interesses legítimos, e trabalha-se com affan em todos os melhoramentos que importam verdadeiramente ao bem-estar da espécie humana” (António Maria de Fontes Pereira de Mello, Tenente do Real Corpo de Engenheiros).

As exéquias do Coronel Alfeu Forte mostraram duas marcas, era um homem de fé, na capela mortuária as missas foram celebradas por dois padres amigos e tinha uma família grande, dois filhos, oito netos e dois bisnetos. Os filhos nora e genro fizeram as leituras, algumas escolhidas especialmente e os netos fizeram as orações dos fiéis, especiais para a ocasião. O filho, no final da missa no dia do funeral deu, em nome de todos, o testemunho da saudade consolada na certeza da vida eterna e na companhia que o pai lhes continuará a fazer.

O Coronel Alfeu Forte deixa saudades e muito reconhecimento na Revista Militar, que apresenta à Família enlutada sentido pesar pela sua morte.

 

Coronel António de Oliveira Pena.

Sócio Efetivo da Revista Militar, desde 1993 (Diretor-gerente de 2001 a 2008).

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by CMG Armando Dias Correia