A Revista Militar tomou a decisão de realizar este ”Workshop” com vista a possibilitar uma oportunidade de reflexão sobre um conjunto de temas, que poderão ter uma influência decisiva naquilo que hoje é o desempenho das nossas Forças Armadas.
Na atualidade, coloca-se o desafio de ser necessário atuar, com maior relevância em “espaços”, para além dos tradicionais – terra, mar e ar –, mas agora para o espaço e ciberespaço, novos ambientes de carácter estratégico para aplicação do Poder, constituindo-se como efetivos desafios para a Estratégia Militar e para o emprego das Forças Armadas.
Com esse objetivo, esta sessão procura clarificar uma visão dos desafios tecnológicos com que estamos confrontados e aquilo que as novas tecnologias, resultado da inovação e das suas potencialidades, resultam em implicações diretas nos Sistemas de Forças e nos Sistemas de Armas, estes últimos a serem objeto de desenvolvimento e articulação, num futuro próximo, na elaboração e aprovação da Lei de Programação Militar.
Outra área de preocupação prende-se com os ensinamentos que podemos retirar das operações militares no Teatro de Operações, onde decorre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, designadamente quanto ao emprego das armas de precisão, a nova e massiva utilização dos “drones”, as “nuvens de drones”, a vigilância digital, a inteligência artificial, a capacidade de atuação nas retaguardas logísticas, o poder aéreo, as armas de energia dirigida e as exigências da sustentação logística em recursos humanos e materiais, designadamente de mísseis AAA e de superfície e de munições de artilharia.
Na artilharia houve um avanço qualitativo tremendo, sendo possível hoje identificar o alvo, fazer o seu “targeting”, a elaboração de elementos para a direção e execução do tiro e a avaliação dos danos em tempo real, através da utilização dos “drones”, dispensando a tradicional figura do “Observador Avançado de Artilharia”.
As potencialidades da revolução digital e a vulgarização do telemóvel, tornou este instrumento extremamente valioso, na transferência de imagens, possibilitando o “targeting”, constituindo esses dados a criação de objetivos suscetíveis de tratamento militar, mas também um perigo para o utilizador pela sua localização digital. A assinatura digital é um novo desafio que se coloca à segurança das tropas e dos sistemas de armas e aos sistemas WI-FI.
A Estratégia Militar está assim confrontada com novos desafios, que necessariamente interessam também às Forças Armadas e é sobre estes temas que, com este workshop, pretendemos refletir, ouvindo as intervenções dos especialistas e do debate que faremos a seguir. Em edição próxima da Revista Militar, faremos eco destas preocupações e, sobretudo, das vossas apresentações.
Permitam-me um último alerta. É para nós, Revista Militar, muito útil que eventuais textos possam ser tornados acessíveis para serem publicados. Quanto ao Debate, seguiremos as “Regras da Chatham House”, ou seja, sem atribuição do que aqui for dito, permitindo assim a liberdade total de pensamento e de expressão, relativamente às opiniões de cada um.
Dito isto, agradeço, desde já, a Vossa disponibilidade para participar e passo a palavra aos nossos Conferencistas.
Muito Obrigado pela Vossa presença.
Nasceu em Sintra, em 21 de Abril de 1947, e entrou na Academia Militar em 6 de Outubro de 1964.
Em 17 de Dezembro de 2011, terminou o seu mandato de 3+2 anos como Chefe do Estado-Maior do Exército, passando à situação de Reserva.
Em 21 Abril de 2012 passou à situação de reforma.
Atualmente exerce as funções de Presidente da Direção da Revista Militar e de Presidente da Liga da Multissecular de Amizade Portugal-China.