Viriato
Teófilo Braga escreveu este romance histórico, com o fôlego e paixão com que produziu inúmeras obras, da literatura à história e da poesia ao romance.
Nascido em Ponta Delgada em 1843, estuda Direito em Coimbra, mas ingressa como professor no Curso Superior de Letras, onde se dedica à história da literatura portuguesa e à investigação histórica.
Conjuga a actividade literária com a actividade política, onde se destaca pelas suas posições anticlericais e republicanas, acabando por assumir a presidência do Governo Provisório e a Presidência da República em 1915.
Em “Viriato”, Teófilo Braga ressalta os sentimentos de autonomia e a rebeldia dos Lusitanos, face ao invasor Romano. Obra épica e patriótica exalta o orgulho de pertença a este nobre, indómito e corajoso povo. Relata a geografia e a organização política dos povos peninsulares, as suas lutas internas, mas sobretudo o confronto com as hostes romanas. Viriato é relatado como um líder carismático, conhecedor das tácticas e das astúcias militares. Mais do que um simples pastor, é um profundo conhecedor da geografia física e étnica de toda a península, deslocando-se constantemente para negociar alianças e para “bater” os sucessivos generais romanos.
Esta obra é também recolha de tradições populares, de cantigas e de poesia, mergulhando nas origens dos Lusitanos e contando fantasiosos episódios. Viriato é o herói mítico, com uma roupagem homérica, destemido, astuto e conhecedor de todos os …“montes e vales, covões, algares, cavernas e passagens de vaus de ribeiras e de caudalosos rios”.
Narrava o general e procônsul Caio Lellio, no ano de DCIX da fundação da cidade, para o Senado de Roma que …“cumpre ter presente que a Lusitânia é habitada pela mais poderosa das nações hispânicas e que achando-se já subjugadas todas as outras, é esta que se atreve ainda a deter as armas romanas”.
Para os militares é importante a descrição que Teófilo Braga faz dos combates, das tácticas empregues, da astúcia e artimanhas usadas, da importância da tolerância em relação aos vencidos, da arte de fazer alianças.
Viriato acaba morto à traição, por homens da sua confiança, a soldo do cônsul Cepio. Aquele que tinha derrotado os exércitos consulares, durante 10 anos, não morreu em combate, tal como vaticinara o oráculo, pois que …“nada podendo pelas armas, fizeram-no pela astúcia”.
Viriato é sobretudo um ensaio sobre a alma portuguesa, assentando em duas linhas de força:
• Iberos e Lusitanos sempre foram rivais inconciliáveis
• A Lusitânia é a mais poderosa nação da Hispânia
Parabéns aos Editores “Fronteira do Caos”, por terem publicado esta obra, escrita por alguém que acreditava nas nossas virtudes e potencialidades, nesta época de tanta descrença. Por tudo isto se recomenda a sua leitura.
A Revista Militar agradece a oferta do exemplar da obra e felicita os editores pela iniciativa.
Major-General Manuel de Campos Almeida
Vogal da Direcção da Revista Militar
PORTUGAL EM CRISE
Da Agonia da Monarquia à Implantação da República
Esta antologia de textos, verdadeira história das ideias e dos valores, da autoria de nomes sonantes da política portuguesa, cobre o período que vai de meados do século XIX, até princípios do século XX, ou como diz o subtítulo, “da agonia da monarquia à implantação da república”.
Os textos abordam, transversalmente, todas as grandes questões estruturais de Portugal em fim de regime.
A “viabilidade do regime monárquico”, enfraquecido pelas crises sucessivas dos fins do século XIX e princípios do século XX, a premonição da sua queda, com um partido republicano a fazer apelo a novos valores igualitários que seduzem as camadas urbanas, sonhando com a viabilidade e o ressurgimento de um Portugal heróico, mítico e poderoso.
A “questão do Império”, depois da Índia e do Brasil, tem a ver com a viabilidade de o recriar em África, continente de terras férteis e imensas, com mão-de-obra e matérias-primas abundantes e o choque com os intuitos imperialistas das grandes potências Europeias, numa verdadeira corrida à ocupação do continente negro.
O desânimo, a desesperança, o exaurir da força anímica, consubstanciada no azedume manifestado pelos “vencidos da vida”, aliada ao desenvolvimento larvar de uma ideia de Ibéria renascida, capaz de ombrear com as potências industriais do centro da Europa, à custa do apagar da nacionalidade portuguesa e à adesão às ideias de “iberismo e federalismo”.
As reflexões de pensadores de vários quadrantes, que marcaram a sua geração, entre os quais republicanos fervorosos, que abordam a questão do “ultimatum” e a partilha do continente africano, apostando na decadência da monarquia e na transformação da sociedade portuguesa, percorrem toda a obra. São eles:
- Antero de Quental
- Vieira de Castro
- Alberto Osório de Vasconcelos
- António José de Almeida
- Manuel de Arriaga
- Hintze Ribeiro
- D. Luís da Câmara Leme
- Bernardino Machado
A fragilidade das “finanças nacionais” e a consequente dívida pública e dívida externa (…“fruto da voracidade do regime monárquico e da manutenção da máquina do Estado”…) é transversal a todos os textos. Então, como hoje, os orçamentos militares, considerados magros por aqueles que tinham a responsabilidade da ocupação e pacificação dos imensos territórios africanos, eram por outros tidos por excessivos.
Para além dos textos fogosos e patrióticos dos políticos, referem-se as linhas de pensamento dos dois militares que constam desta obra.
O tenente e deputado por Trancoso, Alberto Osório de Vasconcelos, discursa sobre o orçamento do Ministério da Guerra de 1872, afirmando que o contribuinte vê com maus olhos que se despendam “quantiosas somas com o Exército”, havendo pois de “tratá-lo com o cutelo da economia, atendendo às angustiosas e penosas circunstâncias, limar a fraqueza organizativa etc…” Aborda ainda a questão da construção de estradas e caminhos-de-ferro, sem se atender aos interesses estratégicos e militares da pátria portuguesa. Adianta várias propostas para a reorganização do Exército, passando pela racionalização, pelo fim dos batalhões “fantasma” (sem reservas suficientes), a necessidade da boa organização e disciplina (…“factores que explicam que burgueses e camponeses prussianos, tenham entrado em França, em 1870, e aí hasteassem o seu pendão”…). Entre outras medidas de economia propõe a extinção do Colégio Militar.
Do general D. Luís da Câmara Leme, consta o interessante contributo sobre o orçamento do Ministério da Guerra de 1894, referindo a falta de meios modernos, a necessidade de reorganização e reequipamento, a redução de efectivos no topo da hierarquia, a reforma do código de justiça militar e do código disciplinar, a melhoria da instrução e a aprovação das leis orgânicas. No que se refere ao recrutamento é contra a política da “remissão a dinheiro”, a que chama “a compra de um documento de cobardia”. Debruça-se sobre a questão dos direitos políticos dos militares, sobre o exercício de cargos públicos, sobre as incompatibilidades, etc. Avança com interessantes análises comparativas entre o exército português e os demais exércitos europeus e não poupa críticas aos traçados dos caminhos-de-ferro, em particular à linha de Cascais, que analisa em pormenor.
Por tudo isto, e não só, se recomenda a leitura de “Portugal em Crise”, da Editora Fronteira do Caos, em particular aos militares e a todos a quem interessa conhecer a história das ideias do período que antecedeu a queda da monarquia e levou à implantação da república.
A Revista Militar agradece a oferta do exemplar da obra e felicita os editores pela iniciativa.
Major-General Manuel de Campos Almeida
Vogal da Direcção da Revista Militar
Escola de Tropas Pára-quedistas
50 Anos - 1956/2006
A Escola de Tropas Pára-quedistas editou no final de 2006 um livro alusivo à passagem do seu primeiro meio século de existência.
Trata-se de uma obra com características singulares uma vez que sensivelmente metade das suas 240 páginas são uma autêntica fotobiografia do período em apreço e a outra metade a listagem nominal oficial de todos os 44 229 pára-quedistas militares portugueses.
Além do prefácio do actual comandante da ETP, Coronel Pára-quedista Carlos Cardoso Perestrelo, a obra divide-se em: Historial; Enfermeiras Pára-quedistas; Memórias Fotográficas; Missão; Instrução; Actividade Operacional; Outras Actividades Tradicionais das Tropas Pára-quedistas; Museu das Tropas Pára-quedistas; Estandartes Nacionais e Heráldicos; Símbolos; Aeronaves Utilizadas Pelas Tropas Pára-quedistas; Comandantes; Cerimónia do 50º Aniversário; Listagem Geral de Brevet’s Militares Atribuídos.
Este livro, destinado sem dúvida e em primeiro lugar a quem foi pára-quedista militar, pode contudo interessar a todos os apaixonados pela história militar de Portugal. As diferentes unidades que antecederam a actual ETP e seus os principais marcos são apresentados no “historial” e pequenos textos introduzem os diversos capítulos, dando explicações sintéticas mas claras sobre os assuntos abordados, descodificando-os para quem com eles não esteja familiarizado. Textos e sobretudo fotos dão uma imagem muito interessante do que em Tancos tem sido, desde 1956, a realidade das Tropas Pára-quedistas Portuguesas. Sobretudo para quem foi pára-quedista, este livro de capa dura e 300 fotografias a preto e branco e a cores, é uma viagem de saudade a locais, uniformes, armas, aviões, pistas de obstáculos, pára-quedas e muito mais daquilo que foi o dia a dia de cada um no Batalhão, Regimento, Base Escola e Escola…na “Casa-Mãe” dos Boinas Verdes de Portugal.
Esta obra foi coordenada pelo TCor Jorge Prazeres e teve a colaboração especial do TCor Miguel Machado e do SMor Serrano Rosa.
Sendo uma edição da ETP o livro não está a venda no circuito comercial mas pode ser adquirido, pelo preço de 30,00 e (sem portes de correio) através dos seguintes contactos:
ESCOLA DE TROPAS PÁRA-QUEDISTAS
Revista “Boina Verde”
2260-263 PRAIA DO RIBATEJO
PORTUGAL
Telef: (+351) 249 733 551 /2/3/4
Via militar (SICOM) 475 487.
Fax: (+351) 249 733 039 - 249 733 333
Via militar (SICOM) 475 419 - 475 438
Tenente-Coronel Miguel Silva Machado
Secretário da Assembleia-Geral da Revista Militar