Major-general Luís Augusto Sequeira
(26 de Fevereiro de 1947 – 8 de Novembro de 2024)
O Major-general Luís Augusto Sequeira faleceu no passado dia 8 de novembro, vítima de doença prolongada, perante a surpresa e enorme tristeza, dos camaradas e amigos que, durante décadas conviveram, privaram e trabalharam com ele.
“…manifesto o meu pesar pelo falecimento do major-general Luís Augusto Sequeira. Militar, licenciado em Finanças, foi professor na Academia Militar e no Instituto de Altos Estudos Militares, membro da Ordem dos Economistas, membro honorário da Academia Portuguesa de História e dirigente da Associação 25 de Abril…”.
Mensagem de S. Ex.ª o Presidente da República,
Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa – 9 de novembro de 2024
O Major-general Luís Augusto Sequeira nasceu em 26 de fevereiro de 1947, na freguesia de Vouga – Luanda, em Angola. Foi incorporado na Academia Militar em 6 de outubro de 1964, terminando o curso com distinção e sendo promovido ao posto de Alferes do Serviço de Administração Militar (SAM), em 1 de agosto de 1969. Com uma carreira militar notável de 42 anos de serviço, destacou-se na fase inicial da sua carreira militar a colocação no Regimento de Lanceiros 2 (1970-72), onde foi Chefe da Contabilidade, na Direção da Arma de Transmissões (1972-74) e em vários departamentos da Manutenção Militar (1979-88), onde deu mostras de uma grande capacidade de gestão, planeamento e coordenação na vertente económico-financeira e logística.
Num contexto político-militar complexo, já como Capitão, prestou serviço no teatro de operações de Moçambique, em Nacala, entre 28 de março de 1974 e 10 de abril de 1975, destacando-se também pela sua capacidade de planeamento e gestão no apoio às atividades operacionais do teatro de operações norte. Regressado a Portugal, licenciou-se, com distinção, em Engenharia Informática, em 31 de julho de 1979, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, conferindo-lhe competências e conhecimentos que seriam muito úteis para o Exército e adequadas para as relevantes funções que lhe seriam atribuídas em várias Unidades/Estabelecimentos e Órgãos das Forças Armadas e do Ministério da Defesa Nacional, na vertente da gestão informática dos processos financeiros.
Promovido ao posto de Major, em 31 de março de 1983, durante a sua permanência na Manutenção Militar, viria a ser colocado no Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM) para a frequência do Curso de Estado-Maior 1987/88 que terminou com distinção, tendo ficado colocado como docente no Instituto durante cinco anos, até 13 de setembro de 1993, quando viria, já como Tenente-coronel, a ser-lhe atribuída a chefia do Centro de Finanças da Região Militar Sul (CGF/RMS) granjeando o respeito e admiração de todos quantos trabalharam diretamente na sua dependência. Promovido ao posto de Coronel, em 10 de setembro de 1996, viria a ser designado para chefiar o Centro de Finanças Geral do Exército. Regressando ao IAEM, em 3 de novembro de 1997, e após frequência, com aproveitamento, do Curso Superior de Comando e Direção (CSCD), foi graduado em Coronel Tirocinado, permanecendo em funções de docência nesse Instituto, até 11 de setembro de 2000.
Após a promoção ao posto de Major-general, em 10 de julho de 2000, viria a ser colocado na chefia da Direção-Geral de Finanças do Exército, sendo responsável, na qualidade de Diretor do Serviço de Finanças do Exército, pela gestão financeira e planeamento económico-financeiro do Exército. Destaca-se ainda neste período a nomeação para Presidente do Conselho de Administração Militar, em 1 de agosto de 2000, e, mais tarde, as funções de Vogal do Conselho de Direção do Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA), em 15 de outubro de 2004, onde se destacou pela sua capacidade de gestão e administração dos recursos financeiros. Viria no final da sua brilhante carreira militar a desempenhar as relevantes funções de Secretário-geral do Ministério da Defesa Nacional, para onde foi nomeado em 21 de novembro de 2005.
Passou à Situação de Reserva em 23 de fevereiro de 2006, por limite de idade, com 42 anos de serviço efetivo, numa carreira plena de êxito ao serviço do Exército, das Forças Armadas e do Ministério da Defesa Nacional.
Da sua distinta folha de serviço destacam-se 17 louvores de várias entidades, e as seguintes condecorações militares: Medalha Comemorativa das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas “Moçambique 1974-75” (13 de fevereiro de 1975); Medalha de Prata de Comportamento Exemplar (2 de setembro de 1982); Medalha de Mérito Militar 3.ª Classe (28 de outubro de 1982); Grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Aviz (16 de julho de 1986); Medalha de Mérito Militar 2.ª Classe (15 de julho de 1992); Medalha D. Afonso Henriques, 2.ª Classe – Patrono do Exército (17 de março de 1994); Medalha de Ouro de Comportamento Exemplar (2 de junho de 1995); Medalha de Bronze de Serviços Distintos (6 de agosto de 1997); Medalha de Mérito Militar 1.ª Classe (17 de dezembro de 2002); Medalha de Prata de Serviços Distintos (30 de setembro de 2004); e Medalha de Ouro de Serviços Distintos (5 de novembro de 2007). Mais recentemente, foi agraciado pelo Presidente da República como Grande Oficial da Ordem da Liberdade, pelo seu envolvimento com as movimentações militares da Revolução de 25 de abril de 1974.
Era atualmente membro da Ordem dos Economistas, membro honorário da Academia Portuguesa de História e dirigente da Associação 25 de Abril.
Na Revista Militar, destacou-se como Sócio Efetivo desde 2004, onde desempenhou as relevantes funções de Presidente do Conselho Fiscal durante cerca de 18 anos de uma forma ininterrupta, colaborando com várias Direções entre 2006 e 2024. Quanto aos artigos publicados na Revista Militar, destaca-se o artigo “Questões da Defesa Nacional: Decisões necessárias” (abril 2003) e um artigo integrado nos X Encontros da Revista Militar, intitulado “Segurança, Defesa Nacional e Sistemas de Informação” (janeiro 2020).
Contraiu matrimónio com D. Maria Rute Marques da Costa Caloral, em 22 de maio de 1971, de que resultaram dois filhos: Ana Sequeira (1972) e Vasco Sequeira (1977).
Estas últimas palavras para relembrar a sua bonomia, o seu espírito crítico, sempre construtivo e, sobretudo, a sua grande amizade. No âmbito da Revista Militar, como referimos, foi sempre um Sócio muito ativo, sempre presente, durante mais de vinte anos e sempre disponível para desempenhar funções nos Corpos Gerentes, designadamente como Presidente do Conselho Fiscal, função que à data exercia. A sua dedicação, competência, colaboração amiga e sempre disponível, são qualidades por todos reconhecidas e que não podem deixar, nesta altura, de ser realçadas.
O seu desaparecimento físico, sempre prematuro e inesperado, apesar das circunstâncias conhecidas, mas não o apagamento da sua memória junto de nós, apesar de tudo, entristece-nos e causa-nos uma imensa saudade pela sua perda.
Por tal facto, em nome da Direção, dos Corpos Gerentes e de todos os Sócios da Revista Militar expressamos à Excelentíssima Família as nossas sentidas Condolências.
O Presidente da Direção da Revista Militar
José Luiz Pinto Ramalho
General
Nasceu em Sintra, em 21 de Abril de 1947, e entrou na Academia Militar em 6 de Outubro de 1964.
Em 17 de Dezembro de 2011, terminou o seu mandato de 3+2 anos como Chefe do Estado-Maior do Exército, passando à situação de Reserva.
Em 21 Abril de 2012 passou à situação de reforma.
Atualmente exerce as funções de Presidente da Direção da Revista Militar e de Presidente da Liga da Multissecular de Amizade Portugal-China.