
Cerca de 105 anos após a sua morte, o General de Brigada Guilherme José Ennes (GJE), é uma figura quase desconhecida pela generalidade do público, mesmo o especializado. É certo que Carlos Vieira Reis mencionou-o na sua notável História da Medicina Militar Portuguesa1; e ainda num passado recente, por exemplo, Luísa Villarinho Pereira relembrou-o, a propósito de memória militar e da acção dos militares na Ciência e nas Artes2, e dele fez uma extensa nota bio-bibliográfica ao escrever sobre a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa3; finalmente, poucos meses após a declaração da pandemia de COVID 19, Jaime Nogueira Pinto referiu-o em Contágios4, a propósito da crise sanitária de 1899 no Porto. Não obstante, apesar da sua acção pública e vasta obra escrita, GJE parece não ter escapado à lei da morte, situação para a qual pode contribuir o facto de estar ainda por fazer um estudo de fundo sobre a sua vida e obra; a de uma figura marcante da medicina militar e da saúde pública em Portugal, um dos poucos que, em finais do século XIX, se dedicou a estas matérias, como refere Ferreira de Mira reportando-se àquele período: “Sobre a especialidade de medicina militar escreveram quase sòmente […] Cunha Belem e Guilherme Enes [sic]. Um e outro, frequentemente de colaboração, intervieram em assuntos de higiene e defesa do país contra a importação de doenças infeciosas […]”5.

Figura 1 – Guilherme José Ennes (1839-1920).
O presente trabalho não tem a pretensão de ser o estudo de fundo que falta; é, sim, o resultado de uma compilação de elementos bio-bibliográficos, que se reputa serem importantes para aquele efeito, reunidos ao longo de anos de investigação em arquivos e bibliotecas; e se, quanto a estes, não se pode dizer que corresponda exactamente à realidade o que escreveu Carlos Alberto Ferreira a propósito do seu trabalho de pesquisa sobre a correspondência enviada ao Rei D. Pedro V pelo General Fortunato José Barreiros, aquando de missão científica-militar de que fora incumbido por Aquele: “[…] é dificílima a entrada no labirinto em que se encontram quási todos os arquivos e bibliotecas, cujos catálogos e inventários se acham, em geral, de forma a não poderem satisfazer as legítimas exigências dos estudiosos” 6, o facto é que, mesmo hoje, apesar da tecnologia já disponível, houve ainda que lutar contra a falta de meios.

Figura 1A – António Ennes (1848-1901).
Foi possível identificar 34 obras assinadas por GJE (incluindo aquelas em que foi apenas colaborador): a primeira, datada de 1859 (tinha o autor 20 anos), a sua tese de curso, não publicada; seria, então, preciso esperar por 1875 para que fosse publicado o seu primeiro título (tinha 36 anos); a última de 1916 (tinha o autor já 77 anos). Distribuídas, cronologicamente, da seguinte forma: no século XIX, 1 obra na década de 50, 8 obras na década de 70, 12 na década de 80 e 5 na de 90; em 1900 seriam publicados mais 6 títulos, e na década de 10 de 1900 mais dois títulos, sendo de 1916 a obra derradeira. Um sublinhado ainda para que toda a obra escrita de GJE versa sobre medicina, medicina militar e saúde pública ou pessoas notáveis nestas áreas; contrariamente ao que acontece com o seu colaborador próximo (colaborador em oito das obras apresentadas aqui), também General de Brigada, António Manuel da Cunha Belém, outrossim autor de poesia, romances e escritos políticos (Cunha Belém foi um membro activo do Partido Regenerador, como aconteceu com GJE, sublinhando-se aqui que este último era primo co-irmão de António Ennes, que militou no Partido Progressista7).
São dignas de ser assinaladas as deslocações de GJE ao estrangeiro em representação do País, para participar em congressos internacionais. Assim aconteceu, pelo menos, seis vezes: em 1878 (Paris); 1879 (Amesterdão); 1881 (Londres); 1882 (Genebra); 1887 (Viena) e, neste mesmo ano, também na conferência da Cruz Vermelha, em Karlsruhe. É este um aspecto a respeito do qual escreveu ainda Ferreira de Mira: “Antes de Ricardo Jorge, a representação de Portugal nas conferências internacionais de higiene e de saúde pública esteve a cargo de outros médicos que publicaram os respectivos relatórios. Bernardino António Gomes foi o nosso representante na conferência de Constantinopla em 1866; Sousa Martins na de Viena em 1874; na de 1888 estiveram Cunha Belem e Guilherme Enes [sic], ambos já citados pelos seus estudos de medicina militar”8.

Figura 2 – Exemplar do “Formolizador Ennes” existente no Museu da Saúde.

Figura 3 – Detalhe do exemplar do “Formolizador Ennes” existente no Museu da Saúde.
Por último, GJE não foi somente um teórico, tendo pensado soluções que pôs em prática, como aconteceu com o “formolizador Ennes”9; e como aconteceu, também, com um novo carro para transporte de doentes e convalescentes militares da guarnição de Lisboa (para substituir o antigo “char-à-bancs” destinado a este fim10).

Figura 4 – Carro para transporte de doentes e convalescentes militares da guarnição de Lisboa, concebido por Guilherme José Ennes.
O presente trabalho teve como base o que se publicou em “Armas & Troféus”, com o título “Memórias histórico-genealógicas e bibliográficas da Família de António Ennes: nos 121 anos da sua morte”11. Não é, porém, uma repetição daquele. Como se referiu logo ali, e se repete aqui, um trabalho desta natureza dificilmente é exaustivo; menos de dois anos após a publicação daquele estudo, eis, pois, que novos dados justificam a revisão do que tinha sido publicado. O que agora se apresenta é o resultado desse trabalho de revisão.
Algumas palavras ainda a propósito da natureza bibliográfica do presente trabalho, que será redutor ver como uma mera descrição da obra escrita de uma determinada pessoa. Como escreveu Teófilo Braga, “a Bibliographia não é uma simples descripção de frontispicios de livros, com nomes de auctores, datas, logar da impressão e formato do volume; é principalmente o preliminar indispensavel da Historia litteraria”12. Não tem, porém, o presente trabalho, nem pode ter, a pretensão de ser o preliminar de uma História ou da bibliografia militar portuguesa, havendo que contar a este respeito, desde logo, com duas notáveis obras: o Diccionario Bibliographico Militar Portuguez, do Capitão de Infantaria (depois General) Francisco Augusto Martins de Carvalho, publicado em 189113, reeditado (muito aumentado) pela Academia das Ciências de Lisboa, em 1976-9, por proposta do General Luiz Maria da Câmara Pina14, e o Breve Dicionário de Autores Militares Portugueses do Século XIX, de Osório Santos, publicado pelo Exército, em 2022, no qual podem ser encontradas as biografias de mais de mil autores militares portugueses15. O que agora se apresenta pode, contudo, ser um importante complemento ao que foi publicado até hoje, por apresentar dados novos relativamente aos que foram publicados até aqui.
Finalmente, para além da obra do próprio autor, um trabalho como o presente, ao tratar de memória militar, divulga e enaltece a acção dos militares na Ciência (em questões da guerra, mas igualmente da paz, como o mostra a obra de GJE); acção essa de que, aliás, os já mencionados Diccionario Bibliographico Militar e Breve Dicionário dão muitos outros exemplos. E é isso importante, num tempo em que o que se relaciona com os militares raras vezes sensibiliza as massas e os dirigentes políticos, sob a ilusão de que são aqueles contrários à paz – quando, pelo contrário, eles “defendem na paz como os cães defendem as ovelhas”16; é isso também importante porque a acção dos militares na Ciência (e nas Artes) é um elemento vivificador da identidade nacional, que importa conhecer, proteger e valorizar, especialmente num tempo de globalização que cada vez mais parece ser de padronização ou perda da possibilidade de variação em função de circunstâncias específicas: tempo, lugar, vontade de ser diferente. Assim, mantendo a paz como critério, importa precisamente divulgar e enaltecer: porque é isso educar, sobretudo as gerações do futuro; e como sinal de reconhecimento da Pátria para com aqueles que juraram dedicar a sua vida, se necessário com sacrifício da própria vida, à defesa militar da “Res Publica”.
Lisboa, 7 de Abril de 2025.
GUILHERME JOSÉ ENNES (1839-1920) – licenciado pela Escola Médica-Cirúrgica de Lisboa, onde defendeu o respectivo Acto Grande em 30-Jul.-1859, com a dissertação inaugural Abcessos em geral (cfr. 1), infra), que obteve aprovação plena e louvor, a 14-Nov. desse mesmo ano alistou-se no exército como Cirurgião-ajudante do 3.º Regimento de Artilharia. Passou os primeiros anos da sua vida oficial em Viana do Castelo e depois em Setúbal, como Cirurgião-ajudante de Artilharia n.º 3 e de Caçadores n.º 1, sendo transferido para a guarnição de Lisboa, em 1864, como Cirurgião-ajudante de Infantaria n.º 1, distinguindo-se, então, no Hospital Militar da Estrela. Datam desta altura as relações com António Manuel da Cunha Belém, que resultariam numa estreita e profícua colaboração profissional para o resto da vida. Em 1871, pela ordem do Exército n.º 10, foi encarregado, como secretário, de fazer parte da comissão para a elaboração para os hospitais militares de novo formulário de medicamentos, o mesmo tendo acontecido, sendo já Cirurgião-mor, em 1881, por nomeação e portaria de 7-Jun. desse ano. Fez parte, como secretário, da comissão nomeada para reformar o regulamento geral do serviço de saúde do exército17, e de várias outras comissões e providências. Foi promovido a Cirurgião-mor por decreto de 2-Abr.-1872. Em Janeiro de 1875, entrou, como adjunto, na 6.ª Repartição do Ministério da Guerra e compilou e publicou, então, os Estudos de Clínica Militar (cfr. 3), infra). Em 1877, publicou, ainda Homens e livros da medicina militar (cfr. 5), infra), que, juntamente, com o anterior, abriu-lhe as portas da Academia das Ciências. Dá-se ao estudo da remodelação do material sanitário, que estava então na ordem do dia de todos os exércitos, e do modo como se desempenhou d’esta iniciativa, fala a portaria de 25 de Setembro 1874, em que é louvado pela boa disposição, arranjo e melhoramentos do material de ambulância, e mais segunda vez elogiado pelos importantes aperfeiçoamentos introduzidos no referido material, em resultado dos seus perseverantes estudos e aplicação (cfr. 2), infra). Em 1877, iniciou a publicação do jornal quinzenal Gazeta dos Hospitais Militares (cfr. 6), infra), publicada até 1884, quando outros deveres e encargos de novos serviços o impossibilitaram de continuar a assiduidade da redacção. Em 5-Ago.-1878, foi encarregado de tomar parte no Congresso Internacional de Higiene e Medicina Militar de Paris, de cujos trabalhos resultou A vida médica das nações (cfr. 8), infra). Nomeado em 30-Ago.-1879 para assistir ao Congresso Periódico Internacional de Ciências Médicas de Amsterdão, apresentou aí a memória Nouveaux usages médicaux du pétrole (cfr. 9), infra), transcrita nas actas do mesmo congresso, onde teve a presidência de honra de uma das secções, e trouxe os elementos para publicar, em colaboração com Cunha Belém, o volume Clarões e reflexos do progresso médico (cfr. 10), infra). Em 1880, impedido por doença de estar presente no Congresso de Higiene de Turim, enviou a este a memória Nos Casernes (cfr. 11), infra), no qual defendia a adopção em Portugal das construções do sistema Tollet. Em 19-Jul.-1881, foi nomeado representante especial do Ministério da Guerra junto do Congresso Médico de Londres, ao qual apresentou duas memórias, ambas transcritas nas actas: La désinfection du champ de bataille e La chasse aux trichines (cfr. 12), infra). Em 28-Ago.-1882, foi nomeado representante do Ministério da Guerra no Congresso de Higiene de Genebra, e aí apresentou duas notas, transcritas nas actas do mesmo congresso: Écoles d’infirmiers e Mortalité dans les armées (cfr. 13), infra). Finalmente, em 1887, foi nomeado representante especial do Ministério da Guerra ao Congresso de Higiene de Viena, e para ele levou a memória La prophylaxie internationale du choléra en Portugal (cfr. 17), infra), em colaboração, e dele trouxe os apontamentos que resultaram, em colaboração também, no volume Afirmações e dúvidas sobre os últimos progressos da hygiene (cfr. 18), infra), publicado em 1888. Tomou parte, ainda, como delegado do Ministério da Guerra na conferência da Cruz Vermelha em Karlsruhe (1887), de que resultou um relatório publicado nesse mesmo ano (cfr. 16), infra). Em 1881, foi nomeado Subchefe da 6.ª Repartição do Ministério da Guerra, deixando este lugar só quando, a 4-Abr.-1888, foi promovido a Cirurgião de Brigada e colocado na direcção do Hospital de Chaves. Foi nomeado, por Portaria de 2-Jun.-1883 membro da comissão de reforma e transformação do material sanitário, e por Portaria de 16-Dez.-1886 foi nomeado presidente da comissão encarregada de propor as reformas higiénicas de que necessitava o hospital militar permanente de Lisboa e “D’essa commissão nasceram as duas bellas enfermarias abarracadas, da cerca do convento da Estrella, que se podem mostrar ao estrangeiro, como modelo de todas as conquistas hygienicas, em materia de construcção”18. Em 1884, quando o cólera, invadindo a Espanha, ameaçou Portugal, Guilherme José Ennes foi incumbido de organizar o primeiro lazareto de fronteira, em Elvas, e depois o de Vilar Formoso. Por Portaria do Ministério do Reino, de 15-Nov.-1885, foi nomeado Inspector dos Lazaretos, e findo o serviço, que durou até Fevereiro de 1886, publicou, em colaboração com Cunha Belém, Os lazaretos terrestres de fronteira (cfr. 15), infra), que eram o relatório desses serviços. Por Portaria de 1-Jul.-1890, sob nova ameaça de cólera, foi confirmado no lugar de inspector dos lazaretos, e terminada a campanha da defesa sanitária, foi exonerado deste lugar a seu pedido, por Portaria de 11-Dez. do mesmo ano, e louvado pelos serviços que prestou no desempenho do mesmo cargo. Em 1891, assumiu a direcção do Hospital da Estrela. Nomeado vogal da Junta Consultiva de Saúde Pública do Reino, em 1884; membro do Conselho Geral de Saúde e Higiene do Município de Lisboa, e médico do pelouro de higiene do mesmo município, deu larga atenção às questões de higiene pública, e em especial às relacionadas com a varíola e a desinfecção, colaborando num importante relatório sobre a criação de um hospital especial para variolosos, e sendo relator de um outro importante relatório sobre o serviço de desinfecção. Instituiu com Carlos Moniz Tavares o Parque Vacinogénico. Em 1903, abandonou, por ter atingido o limite de idade, o serviço activo, no posto de general de brigada. Ligado à Esquerda Dinástica, em 1889 tinha sido membro da Comissão Eleitoral da Esquerda Dinástica19 e em 1890 membro da Comissão Directora da Esquerda Dinástica20. Sócio correspondente da Academia das Ciências21; sócio correspondente do Instituto de Coimbra; sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa; sócio fundador da Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha; foi o inventor do formolizador «Ennes»22; membro da comissão central organizadora do Jardim Zoológico e de Aclimação de Lisboa; por despacho de 13-Mai.-1896, teve o título do Conselho; Grande Oficial da Ordem de Aviz, Oficial da Ordem Santiago, Cavaleiro da Ordem da Torre e Espada23, Cavaleiro da Ordem de Cristo, condecorado com a cruz de 2.ª classe do Mérito Militar de Espanha, medalha de prata de comportamento exemplar, Cruz da Sociedade Francesa de Socorros aos Militares Feridos24, n. a 5-Jan.-1839, b. em Lisboa (S. Nicolau) a 14-Abr.-1839, m. aí (Alcântara), a 17-Jun.-1920, filho de Domingos José Ennes, cavaleiro da Ordem de Cristo, e mulher D. Maria Rita de Oliveira Abranches, irmão de Domingos José Ennes25 e primo co-irmão de António Ennes26. Casou em Lisboa (Ajuda), a 9-Mai.-1874, com D. MARIA DOMINGAS BARRADAS, n. a 12-Dez.-1840, b. em Lisboa (Alcântara), a 23-Fev.-1841, m. aí a 24-Jun.-1940, filha de André Avelino Barradas, cirurgião, Juiz de Paz das freguesias da Lapa e Alcântara (Bairro de Alcântara) e de Alcântara – Extra-muros (Concelho de Belém), condecorado com a Medalha da Febre Amarela, Cavaleiro da Torre e Espada, e mulher D. Joaquina Victória do Nascimento. S.g.
1) ABCESSOS EM GERAL, dissertação inaugural apresentada e defendida na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa (documento manuscrito), Lisboa, 1859. Dim.: 24 cm (alt.). IV+58+2 pp.
Na p. I indica que foi “Apresentada na Bibliotheca desta Escola, hoje, 22 de Julho de 1859”.
Na p. III dedicatória, “Ao Ill.mo Snr. José Antonio de Arantes Pedroso, Professor da Escola Medico-Cirurgica de Lx.ª, em signal de consideração e amizade”.
O exemplar consultado encontra-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, tendo a cota: SMA 346(7).
2) O MATERIAL DE AMBULÂNCIA, documento manuscrito, Lisboa, 1873. Dim.: 32,5 cm (alt.); 37+II pp., não numeradas.
Relatório assinado por António Manuel da Cunha Bellem e por Guilherme José Ennes, datado de 30-Jun.-1873, em Lisboa, 6.ª Repartição do Ministério dos Negócios da Guerra.
O exemplar consultado está na posse da família.
3) ESTUDOS DE CLINICA MILITAR. Notas e observações colhidas em quatorze annos de pratica nos hospitaes militares, por …, Cirurgião mór do exercito, Adjunto á repartição medica do ministerio da guerra, Typographia das Horas Romanticas, Lisboa, 1875. Dim.: 22 cm (alt.); 191+IV pp.
Dedicatória: Ao Illmo. e Exmo. Sr. António Maria de Fontes Pereira de Mello, Presidente do conselho e ministro da guerra.
DI, n.º 1.080, de 20-Nov.-1875, p. 2: Recebemos e agradecemos o livro intitulado Estudos de Clinica militar, devido á penna do sr. Guilherme José Ennes, cirurgião mór do exercito, adjunto á repartição medica do ministerio da guerra. O sr. Ennes compendiou na sua obra as notas e observações que recolheu em quatorze annos de pratica nos hospitaes militares, e dividiu-a em treze capítulos, nos quaes são tratadas proficientemente as doenças predominantes no exercito. Escripto em portuguez castiço, o livro do sr. Ennes merece ser lido por todas as pessoas que se interessam pelos assumptos militares, e particularmente pelas que exercem a sciencia medica. Representa um importante serviço feito ao exercito, e concorrerá sem a menor duvida para firmar os creditos de que justamente gosa o sr. Ennes, como medico illustrado e distincto, e como funccionario trabalhador e dignissimo. O sr. Guilherme José Ennes offereceu e dedicou os Estudos de Clinia Militar ao sr. Antonio Maria de Fontes Pereira de Mello, presidente do conselho e ministro da guerra.

4) DICCIONARIO POPULAR, HISTORICO, GEOGRAPHICO, MYTHOLOGICO, BIOGRAPHICO, ARTISTICO, BIBLIOGRAPHICO E LITTERARIO, 1.º Vol. [a 16.º Vol.], Lallemant Frères, Typ., Lisboa, 1876 [a 1890]. Dim.: 31 cm (alt.).
Dirigido por Manoel Pinheiro Chagas (Socio effectivo da Academia Real das Sciencias de Lisboa); collaboradores: A. A. Torres de Mascarenhas, A. Candido de Figueiredo, A. M. da Cunha Bellem, Carlos Eugenio Correia da Silva, Delfim de Almeida, Francisco Palha, Gastão da Fonseca, …, Ignacio de Vilhena Barbosa, J. Fernandes Costa, José Ribeiro Guimarães, J. J. Ferreira Lobo, Joaquim Martins de Carvalho, Luiz Augusto Palmeirim, Marquês de Sousa Holstein, M. de Mendonça Balsemão, R. A. de Bulhão Pato, Severo Ernesto dos Anjos, Visconde do Arneiro, Visconde de Benalcanfor, Zacharias Aça.
5) HOMENS E LIVROS DA MEDICINA MILITAR – MEMÓRIA HISTÓRICA, BIO-BIBLIOGRÁFICA E CRITICA, por …, Cirurgião mór do exercito, adjunto á repartição medica do ministerio da guerra, socio correspondente da Academia Real das Sciencias, etc., Typographia das Horas Romanticas, Lisboa, 1877. Dim.: 21 cm (alt.); 205 pp.
Dedicatória: Ao Ill.mo e Ex.mo Sr. Antonio Maria de Fontes Pereira de Mello, Presidente do conselho e ministro da guerra, homenagem do mais profundo respeito do auctor.

6) GAZETA DOS HOSPITAES MILITARES, redactores A. M. da Cunha Bellem, … e J. V. [João Vicente] Barros da Fonseca [e Carlos Moniz Tavares], 1.º Anno – 1877 [até 1884], Typographia das Horas Romanticas, Lisboa. Dim.: 30 cm (alt.), vários volumes.
7) GALERIA MILITAR CONTEMPORANEA, Publicação quinzenal, redacção Alfredo Ferreri e Gomes Pércheiro, Typographia – Largo dos Inglezinhos, Lisboa, 1878. Dim.: 31 cm (alt.); 204 pp.
Colaboração de: A. de Sousa Canavarro, Alfredo Maia, A. Oscar de Azevedo May, A. Eleutério Dantas, A. F. Marx Sory, A. G. Ferreira de Castro, A. J. da Cunha Salgado, A. M. da Cunha Bellem, A. M. Celestino de Sousa, A. de Mello Breyner, A. de Sande e Vasconcellos, A. C. Teixeira de Aragão, A. Xavier Palmeirim, C. da Silva Pessoa, Eduardo Metzner, E. Severim de Azevedo, F. A. Celestino Soares, Geraldo A. Pery, …, Jayme A. S. Couvreur, J. C. Rodrigues da Costa, J. E. P. de Eça Chaby, J. M. Esteves de Freitas, J. Pinto Carneiro, J. B. Ferreira de Almeida, J. E. de Moraes Sarmento, J. Fernandes Costa, J. Honorato de Mendonça, J. Paulino de Sá Carneiro, L. S. Gomes e Silva, M. M. Brito Fernandes, M. Pinheiro Chagas, M. Ferreira de Mendonça, O. T. Guedes, S. S. Dantas Baracho, Thomaz F. S. Bastos, T. J. Costa Sequeira, T. E. Prazeres Machado, Urbano de Castro.
8) A VIDA MEDICA DAS NAÇÕES, por …, Socio da academia real das sciencias de Lisboa, Cirurgião mór do exercito, Delegado do governo portuguez no congresso internacional de medicina militar, em Paris, Imprensa de J. G. de Sousa Neves, Lisboa, 1879. Dim.: 21 cm (alt.); VIII+165+II pp.
De uma commissão de serviço medico-militar que, no anno passado, fomos desempenhar a França [Exposição Universal de Paris], de camaradagem com o nosso erudito collega, Cunha Bellem, nasceu o livro que damos agora a publico […]27.
São as impressões colhidas na Exposição de Paris em 1878, e no congresso internacional de medicina militar na mesma cidade, onde o autor foi como delegado do ministro da guerra daquela época, António Maria de Fontes Pereira de Melo.
Com dedicatória: Ao Conselheiro Antonio Maria Barbosa, Vice-presidente da Academia Real das Sciencias, de Lisboa, tributo do mais profundo respeito e affecto.
A este propósito, ver: Ministère de l’Agriculture et du Commerce, Exposition Universelle Internationale de 1878, à Paris, Congrès International sur le Service Médical des Armées en Campagne, tenu à Paris les 12, 13 et 14 août 1878, comptes rendus sténographiques publiés sous les auspices du Comité Central des Congrès et Conférences, et la direction de M. Ch. Thirion, secrétaire du Comité, avec le concours des Bureaux des Congrès et des Auteurs de Conférences, n.º 15 de la Série, Imprimerie Nationale, Paris, 1878, pp. 3, 5, 10, 12, 19, 23, 43, 62, 76, 80, 101-2.

9) NOUVEAUX USAGES MÉDICAUX DU PÉTROLE, Typ. do Diario Illustrado, Lisboa, 1879. 30 pp.
É uma memória apresentada e defendida no Congresso Internacional de Amsterdão, referida a casos clínicos observados e tratados no Hospital Militar Permanente de Lisboa.
A este propósito, ver: Congrès Périodique International des Sciences Médicales, 6.ème Session, Amsterdam, Septembre 1879. Compte-rendu, publié avec le concours des Secrétaires des Sections, publié par M. Guye, secrétaire général, et MM. de Perrot, Stokvis et Zeeman, membres du Comité de Publication, F. Van Rossen, Amsterdam, 1880, pp. LXXIV-V, CI, 10, 169 e 289.
Ver, ainda: Catalogue de la Bibliothèque de l’Académie Royale de Médicine de Belgique, para ordre alphabétique et par ordre des matières, avec table alphabétique: 1º des noms d’auteurs; 2.º des ouvrages anonymes, deuxième supplément, H. Manceaux – Imprimeur de l’Académie, Bruxelles, 1882, p. 118, que refere tratar-se de um «12.º»; ver, tb., pp. 17-8, 143, 191.
10) CLARÕES E REFLEXOS DO PROGRESSO MEDICO, por A. M. da Cunha Bellem, Socio da Academia real das sciencias de Lisboa, Cirurgião mór do exercito, Delegado de Portugal ao congresso de medicina militar de Paris, e ao de sciencias medicas de Amsterdam, Antigo deputado da nação, Bacharel formado em medicina e cirurgia pela Universidade de Coimbra, Official da ordem de S. Thiago e cavaleiro da de Aviz, Commendador de Carlos III e de Isabel a Catholica, Cavalleiro de 1.ª classe de Nichan-Iftihar, Cavalleiro da Corôa da Prussia, da Rosa do Brasil, e da Corôa de Italia, Redactor da Gazeta dos Hospitaes Militares; e …, Socio da Academia real das sciencias de Lisboa, Cirurgião mór do exercito, Delegado de Portugal ao congresso de medicina militar de Paris, e ao de sciencias medicas de Amsterdam, Cirurgião medico pela Escola medico-cirurgica de Lisboa, Official da ordem de S. Thiago, e cavalleiro das de Christo e de Aviz, Commendador do merito militar, e cavalleiro de Carlos III, de Espanha, Redactor da Gazeta dos Hospitaes Militares, Imp. de J. G. de Sousa Neves, Lisboa, 1880. Dim.: 21 cm (alt.); VIII+174 pp.
É um relatório acerca dos trabalhos de medicina militar, e de outros discutidos no Congresso Internacional de Amsterdão em 1879, livro feito em colaboração com o então Cirurgião-mor António Manuel da Cunha Belém, sendo ambos delegados naquele congresso pelo ministro da guerra, João Crisóstomo de Abreu e Sousa.
11) NOS CASERNES, Typ. das Horas Romanticas, Lisboa, 1880. 16 pp.
É uma memória que foi remetida à secção de medicina militar do Congresso de Turim, em 1880, e que conclui pela adopção unânime da caserna Tollet, como devendo ser a caserna do futuro.
Ver, ainda, o, acima referido (obra n.º 9), Catalogue de la Bibliothèque de l’Académie Royale de Médicine de Belgique, p. 143, que refere tratar-se de um «8.º».
12) LA DÉSINFECTION DU CHAMP DE BATAILLE, in Transactions of the International Medical Congress, Seventh Session, held in London, August 2nd to 9th, 1881, prepared for publication under the direction of the Executive Committee, by Sir William Mac Cormac, assisted by George Henry Makins, and the Secretaries of the Sections, Vol. II, J. W. Kolckmann, London, 1881, pp. 520-3; e LA CHASSE AUX TRICHINES, in ibid., Vol. IV, pp. 546-7.
13) ÉCOLES D’INFIRMIERS, in Quatrième Congrès International d’Hygiène et de Démographie à Genève (du 4 au 9 septembre 1882) – Comptes rendus et mémoires publiés par P.-L. Dunant, tome II, deuxième, troisième, quatrième et cinquième sections, H. Georg – Libraire Éditeur, Genève, 1883, pp. 39-40; e MORTALITÉ DANS LES ARMÉES, in ibid., pp. 186-8.
14) A MEDICINA CONTEMPORANEA, Hebdomadario portuguez de sciencias medicas, Livraria – José António Rodrigues, Lisboa, 1883 [a 1919]. Dim.: 31 cm (alt.).
Publicado sob a direcção de Miguel Bombarda; colaboradores principais: Alfredo da Costa, Alfredo Schultz, Almeida Ribeiro, Alves de Oliveira, Amor de Mello, Annibal Bettencourt, Antonio Bossa, D. Antonio de Lencastre, Arthur Furtado, Arthur Ravara, Augusto Lobo Alves, Augusto de Vasconcellos, Avelino Monteiro, Azevedo Maia, Ayres Kopke, Basilio Freire, Bello de Moraes, Benicio de Abreu (Rio de Janeiro), Benjamim Arrobas, Bettencourt Ferreira, Bettencourt Raposo, Bordallo Pinheiro, Branco Gentil, Caetano Beirão, Camacho Crespo (Rio de Janeiro), Cardoso Pereira, Carlos Santos, Carlos Tavares, Carvalho de Figueiredo, Cunha Bellem, Cupertino Ribeiro, Curry Cabral, Custodio Cabeça, Eduardo Burnay, Eduardo Motta, Ernesto Farinha, Esteves da Fonseca, Eusebio Leão, Fragoso Tavares, Francisco Castro (Rio de Janeiro), Francisco Stromp, Gomes de Resende Junior, Goulart Bettencourt, Gregorio Fernandes, …, Henrique Mouton, J. H. Schindler, João Augusto Martins, João Pinheiro, Joaquim Evaristo, José Evaristo de Moraes Sarmento, José Joaquim d’Almeida, José de Lacerda, José Maria de Padua, José Pocariça, Judice Cabral, Julio de Mattos, Mauperrin Santos, Maximiano Lemos, Mello Breyner, Mello e Faro, Mont’Alverne de Sequeira, Nuno de Sequeira (Rio de Janeiro), Oliveira Feijão, Paula Nogueira, Philomeno da Camara, Ramada Curto, Ricardo Jorge, Sabino Coelho, Salazar de Sousa, Santos Figueiredo, Silva Amado, Silva Carvalho, Silva Rosa, Silva Telles, Silvestre d’Almeida, Sousa Lopes, Sousa Refoios, Teixeira Diniz, Vicente Candido Machado, Visconde de Saboia (Rio de Janeiro), Xavier da Costa, Zeferino Falcão, secretario: Antonio d’Azevedo.
Este periódico foi publicado de 1883 a 1974, Guilherme José Ennes colaborou nele até 1919.
No volume referente a 1920 (pp. 204-6), texto de Sabino Coelho referente a Guilherme José Ennes.
15) OS LAZARETOS TERRESTRES DE FRONTEIRA NOS ANOS 1884 E 1885 [E 1885 E 1886]: (MARVÃO, ELVAS, VILLAR FORMOSO, VALENÇA E VILLA REAL DE SANTO ANTÓNIO): RELATÓRIO APRESENTADO A SUA EXCELLENCIA O MINISTRO DO REINO PELOS INSPECTORES A. M. DA CUNHA BELLEM E …, Primeira Parte, Segunda Parte, e Appendice, Imprensa Nacional, Lisboa, 1886. Dim.: 22,5 cm (alt.); 3 vls. respectivamente de 244 (p. 244 numerada 501), 324, e 154+VI pp., o Apêndice ainda com 12 estampas referentes a cada um dos Lazaretos tratados, aos Hospitais de Doenças Infecciosas, e ao Serviço do Cordão Sanitário.
É um relatório apresentado ao Governo pelos inspectores António Manuel da Cunha Belém e Guilherme José Ennes, contendo a história autêntica e documentada dos serviços sanitários ao longo das fronteiras nacionais naqueles anos.

16) RELATORIO APRESENTADO À SOCIEDADE PORTUGUEZA DA CRUZ VERMELHA: A QUARTA CONFERENCIA INTERNACIONAL DAS SOCIEDADES DA CRUZ VERMELHA (CARLSRUHE – 1887 SETEMBRO), pelos seus delegados na mesma Conferencia A. M. da Cunha Bellem e …, Imprensa Nacional, Lisboa, 1887. Dim.: 22 cm (alt.); 39 pp.
A este propósito, ver: Quatrième Conférence Internationale des Sociétés de la Croix-Rouge, tenue à Carlsruhe du 22 au 27 septembre 1887 – Compte-rendu, Berlim, J.-F. Starcke, 1887.
17) LA PROPHYLAXIE INTERNATIONALE DU CHOLÉRA EN PORTUGAL, par A. M. da Cunha Bellem et …, Délégués de M. le Ministre de la Guerre. Mémoire présenté ao Congrès d’Hygiène de Vienne et suivi de l’Appréciation des Doctrines et des Faits Exposés dans le même Congrès, Imprensa Nacional (Imprimerie Nationale), Lisboa, 1888. Dim.: 22 cm (alt.); 145 pp.
Dedicatória: À Monsieur le Vicomte de S. Januario, du Conseil de Sa Majesté, Membre du Conseil d’État, Ministre et Secrétaire d’État des Affaires de la Guerre, Pair du Royaume, hommage três respectueux de …, Le 31 juillet 1888.

18) AFFIRMAÇÕES E DUVIDAS SOBRE OS ULTIMOS PROGRESSOS DA HYGIENE: ECHOS DO CONGRESSO DE VIENNA, por A. M. da Cunha Bellem e …, Delegados de S. Ex.ª o Ministro da Guerra, Imprensa Nacional, Lisboa, 1888. Dim.: 22,5 cm (alt.); VI+376 pp.
Dedicatória: Ao Ill.mo e Ex.mo Sr. Visconde de S. Januario, do Conselho de Sua Magestade e do d’Estado, Ministro e Secretario d’Estado dos Negocios da Guerra, Par do Reino […] Em 31 de julho de 1888.
De acordo com o Diccionario Bibliographico Militar Portuguez (1.ª edição, p. 90): “Encontram-se n’este excellente trabalho os argumentos e opiniões apresentados no congresso de Vienna pelos homens da sciencia que d’elle fizeram parte, o que levaram os auctores d’este trabalho a condemnar a doutrina inserta na lei do recrutamento de 12 de setembro de 1887, para fixar as normas de julgamento de incapacidade physica por falta de robustez”.

19) «JOÃO HENRIQUE MORLEY», O OCCIDENTE: REVISTA ILLUSTRADA DE PORTUGAL E DO EXTRANGEIRO, 11.º ano – Volume 11 – N.º 337, de 1-Mai-1888, pp. 98-9.
20) DICCIONARIO POPULAR DE MEDICINA E DE HYGIENE PUBLICA E PRIVADA, por Paulo Labarthe, traduzido para portuguez, coordenado e ampliado sob a direcção de A. M. da Cunha Bellem e …, Sócios da Academia Real das Sciencias, Companhia Editora de Publicações Illustradas, Lisboa, 1889. Dim.: 29 cm (alt.); 24 pp. [apenas letra A, até «Absinthio»].
21) BASES PARA A ORGANISAÇÃO DE UM ESTABELECIMENTO DE DESINFECÇÃO EM LISBOA, Typ. e lith. A Vapor da Papelaria Progresso, Lisboa, 1889. Dim.: 22 cm (alt.); II+19+II pp.
Trata-se do relatório da comissão – de que foi relator Guilherme José Ennes – eleita pelo Conselho Geral de Saúde e Higiene no seguimento de ofício da Câmara Municipal de Lisboa de 14-Set.-1889.
22) PROJECTO DE UM POSTO MUNICIPAL DE DESINFECÇÃO EM LISBOA APRESENTADO Á CAMARA MUNICIPAL, por …, Medico do serviço de hygiene, Imprensa Nacional, Lisboa, 1891. Dim.: 23 cm (alt.); 15+I pp.
23) PARQUE VACCINOGENICO DE LISBOA: 1888 A 1891 – RELATORIO, Typographia de Christovão Augusto Rodrigues, Lisboa, 1892. Dim.: 27 cm (alt.); 96 pp., com 4 mapas das receitas para os anos 1888 a 1891 e 4 mapas das despesas para os mesmos anos, ilustrado (1 extra-texto).
Assinado por Carlos Moniz Tavares e Guilherme José Ennes, na qualidade de directores do Parque Vacinogénico.28
24) GUIA DAS AGUAS MINERO-MEDICINAES DOS CUCOS PROXIMO DE TORRES VEDRAS. Sua composição, qualidades e applicações. – Documentos comprovativos da sua efficacia. – Descripção do estabelecimento e das installações balneo-therapicas. – Accesso pelas linhas ferreas e viagens no paiz. – Regulamentação de todos os serviços, Typ. da Companhia Nacional Editora, Lisboa, 1892. Dim.: 17,5 cm (alt.); 168 pp., ilustrado (4 extra-textos).
António Manuel da Cunha Belém e Guilherme José Ennes, ambos, assinam o Relatorio Médico que constitui a I Parte. A II Parte, «Os Cucos Descriptivo: Breve noticia das aguas – O novo estabelecimento balneo-therapico – Indicações para os que frequentaram esta estação balnear» é assinada por António Jorge Freire.
25) INSTRUCÇÕES PARA A DESINFECÇÃO EM DOMICILIO, Imprensa Nacional, Lisboa, 1894. Dim.: 15 cm (alt.); 11+IV pp.
26) A DESINFECÇÃO PUBLICA EM LISBOA, por…, Director do Posto de Desinfecção, Sócio da Academia Real das Sciencias, Imprensa Nacional, Lisboa, 1896. Dim.: 22 cm (alt.); XII+231+II pp., ilustrado (3 extra-textos).
Dedicatória: ao Ill.mo e Ex.mo Sr. João Ferreira Franco Pinto Castello Branco, Ministro e secretario d’estado dos negocios do reino.

27) PROCESSOS E PROGRESSOS DA DESINFECÇÃO PUBLICA EM LISBOA, por …, Inspector de saude, Director do Posto de desinfecção publica de Lisboa, Socio da Academia Real das Sciencias, Vogal do Conselho Superior de Saude e hygiene publica, Livraria Nacional e Estrangeira, Lisboa, 1901. Dim.: 22 cm (alt.); 280 pp. (ilustrado com um «Mappa de Portugal – Defesa sanitaria da fronteira terrestre»).
Dedicatória: Ao Illmo. e Exmo. Sr. Conselheiro Ernesto Rodolpho Hintze Ribeiro, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Reino.
28) REGULAMENTAÇÃO HYGIENICA DOS CAMINHOS DE FERRO: PROPOSTA APRESENTADA AO CONSELHO SUPERIOR DE HYGIENE, NA SESSÃO PLENA, EM 1903, por …, Vogal do Conselho, Imprensa Nacional, Lisboa, 1903. Dim.: 22 cm (alt.); 18 pp.
29) OS INIMIGOS DAS CREANÇAS. REGRAS HYGIENICAS, por …, Bibliotheca do Povo e das Escolas, n.º 219, “A Editora” Sociedade Anonyma de Responsabilidade Limitada, Lisboa, 1903. Dim.: 17 cm (alt.); 62+II pp.
30) OS AMIGOS DAS CREANÇAS. 1.ª Parte – Parentes e Professores. 2.ª Parte – A Escola. 3.ª Parte – Colónias de férias. Por…, Livraria Editora Viúva Tavares Cardoso, Lisboa, 1904. Dim.: 19 cm (alt.); 128+II pp.
31) AS AGUAS E O AR NA HYGIENE E NA SAUDE: 1.ª PARTE – Aguas potaveis; 2.ª PARTE – Aguas minero-medicinaes, naturaes e artificiaes; 3.ª PARTE – A cura pelo ar, por … , Bibliotheca do Povo e das Escolas, n.º 222, “A Editora” Sociedade Anonyma de Responsabilidade Limitada, Lisboa, 1904. Dim.: 17 cm (alt.); 62+II pp.
32) SAUDE PUBLICA – Mecanismo sanitario, in Notas sobre Portugal, Exposição Nacional do Rio de Janeiro em 1908, Secção Portuguesa, Volume I, pp. 647-650, Imprensa Nacional, Lisboa, 1908. Dim.: 26 cm (alt.), VIII+814 pp. (ilustrado); e PROPHYLAXIA EM PORTUGAL DAS DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS – Defesa sanitaria interna, ibid., pp. 651-660.
33) OS GAZES ASFIXIANTES COMO ARMA DE GUERRA (Comunicação realizada em 8 de fevereiro de 1916), in Trabalhos da Academia de Sciências de Portugal, Primeira Série, Tomo III, Academia de Sciências de Portugal, Coimbra, 1915, pp. 429-34. Dim.: 23 cm (alt.).
Este trabalho consiste num estudo sobre o poder tóxico de diversos gazes, como o cloro, o bromo, o ácido prússico, o anidrido sulfuroso, etc., e dos meios tinham sido seguidos para combater a sua acção mortífera.…
A este propósito, ver: Revista de Chimica Pura e Applicada, órgão da Sociedade Chimica Portugueza, III Série, I Anno, n.ºs 5-8, Typ a vapor da «Encyclopedia Portugueza Illustrada», Porto, 1916, pp. 259 e 263.
34) CONSELHOS MÉDICOS AOS SOLDADOS PORTUGUESES QUE TOMEM PARTE NA GRANDE GUERRA ACTUAL. Propostos a S. Ex.ª o Sr. Ministro da Guerra pela Academia de Sciencias de Portugal e elaborados por indicação do mesmo ilustre estadista pelo vogal …, General-Medico, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1916. Dim.: 23 cm (alt.); 10 pp.
Estes Conselhos foram publicados em Trabalhos da Academia de Sciências de Portugal, Primeira Série, Tomo V, Academia de Ciências de Portugal, Coimbra, 1917, pp. 277-86.
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* Trabalho dedicado pelo autor a seu Pai, o Capitão-de-mar-e-guerra João Manuel Balançuella de Saldanha da Bandeira Ennes, sócio da Revista Militar; no dia do respectivo octogésimo aniversário natalício. Laus Deo.
1 Dois volumes, publicados pelo Estado-Maior do Exército, em 2004. Guilherme José Ennes é aí referido, por exemplo, na p. 591 do vol. I, na sua qualidade de presidente da comissão nomeada, em 16-Dez.-1886, para estudar a remodelação do hospital militar da Estrela; na p. 82 do vol. II, a propósito de cordões sanitários e lazaretos, onde o autor diz que foi Guilherme José Ennes, com António Manuel da Cunha Belém, um dos dois “médicos militares [que] levaram a bom termo e a pleno êxito, o estabelecimento do cordão sanitário e dos lazaretos”; e nas pp. 283-4 do vol. II, onde o autor faz uma resenha biográfica de Guilherme José Ennes.
2 «Guilherme Ennes – Carlos Moniz Tavares e a saúde em Portugal», I Jornadas de Memória Militar: Os militares, a Ciência e as Artes, Comissão Portuguesa de História Militar, Amadora, 2008, pp. 55-60.
3 Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa 1836-1911: Contributo para a sua memória, Tipografia Lobão, Lisboa, 2018.
4 Contágios – 2500 Anos de Pestes, Publicações D. Quixote, Alfragide, 2020, pp. 149-50.
5 MIRA, M. Ferreira de, História da Medicina Portuguesa, Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa, 1947, pp. 486-7.
6 FERREIRA, Carlos Alberto, Cartas que a El-Rei D. Pedro V dirigiu de Inglaterra, Bélgica, Prússia, Áustria, Sardenha e França o General de Artelharia Fortunato José Barreiros durante a missão scientífico-militar que, por ordem do mesmo Rei, foi desempenhar àquelas nações nos anos de 1856 e 1857, e tudo que se relaciona com a viagem de estudo sôbre a compra e aperfeiçoamento de armamento para o Exercito Português (1854 a 1861), Imprensa da Universidade, Coimbra, 1927, p. V.
7 Cfr. nota n.º 26.
8 MIRA, p. 507.
9 Cfr. nota n.º 22.
10 O Occidente – Revista Illustrada de Portugal e do Extrangeiro, 11.º Ano – Volume 11 – N.º 333, de 21-Mar.-1888, pp. 69 e 73 (com ilustração do dito carro).
11 Armas e Troféus – Revista de História, Heráldica, Genealogia e Arte, IX Série, Tomo 24, Instituto Português de Heráldica, Lisboa, 2022, pp. 339-403.
12 BRAGA, Teófilo, p. IX de «Poucas Palavras», servindo de prólogo a FONSECA, Martinho Augusto, Subsidios para um Diccionario de Pseudonymos Iniciaes e Obras Anonymas de Escriptores Portuguezes, Contribuição para o Estudo da Litteratura Portugueza, Academia Real das Sciencias, Lisboa, 1896.
13 Diccionario Bibliographico Militar Portuguez, Imprensa Nacional, Lisboa, 1891.
14 Dicionário Bibliográfico Militar Português, Academia das Ciências de Lisboa, Lisboa, vols. I-II, 1976-9.
15 Breve Dicionário de Autores Militares Portugueses do Século XIX, Biblioteca do Exército, Lisboa, 2022.
16 OLIVEIRA, Padre Fernando de, A Arte da Guerra do Mar, Colecção Documentos, N.º 1, Ministério da Marinha, Lisboa, s.d., p. 12.
17 Diario Illustrado (DI): n.º 172, de 19-Dez.-1872, p. 1: A commissão nomeada para reformar o regulamento geral do serviço de saude do exercito, composta do general Sá Carneiro, do cirurgião de divisão dr. Seixas, do cirurgião de brigada dr. Rocha, e dos cirurgiões móres drs. Cunha Belem e Ennes, enviou hoje ao ministerio da guerra uma minuciosa exposição das mais momentosas necessidades que no mesmo serviço se fazem sentir, propondo ao ministro da guerra as alterações que uma boa organização carece de fazer no mesmo serviço, a fim de o elevar á altura que tem attingido nos outros paizes. É um bom trabalho e uma importante iniciativa que muito honra a mesma commissão; e n.º 175, de 22-Dez.-1872, p. 1: Consta-nos que a exposição apresentada ao ministerio da guerra sobre a organização do serviço medico militar, foi redigida pelo distinctissimo facultativo dr. Guilherme José Ennes, como secretario da commissão. Tem este illustrado medico dado provas exuberantes do seu zelo pelo serviço, da sua aptidão, do seu talento e da muita cópia de conhecimentos que possue.
18 BELÉM, A. M. da Cunha, «Guilherme José Ennes», O Occidente: Revista Illustrada de Portugal e do Extrangeiro, 14.º ano – Volume 14 – N.º 436, de 1-Fev.-1891, p. 27.
19 Da qual fazia parte também António Manuel da Cunha Belém.
20 Da qual fazia parte também Cunha Belém.
21 Na sessão de 17-Fev.-1876 foi lido o parecer acerca da sua candidatura a sócio correspondente, redigido por Cunha Viana, sócio da Academia, sendo eleito na sessão de 20-Abr.-1876, para a classe de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais. Serviu de título à sua candidatura a sua obra Estudos de Clínica Militar.
22 Destinava-se à desinfecção de habitações e espaços públicos utilizados por pessoas com doenças contagiosas, por acção do formol sobre pressão. Consistia numa botija de metal, com duas pegas de madeira, no topo da qual existia uma agulheta, para a aplicação do germicida, e uma válvula, para regular a pressão do gás. Era fabricado e comercializado pela Loja Sol, Lisboa.
23 Pelos serviços prestados na organização e inspecção dos lazaretos terrestres.
24 DI, n.º 1.966, de 19-Set.-1878, p. 2: Noticias militares: Foi mandada aos delegados portuguezes no congresso de medicina militar, os srs. drs. Cunha Bellem e Guilherme Ennes, a cruz da Sociedade franceza de soccorros aos militares feridos, distincção de que a illustre Sociedade não tem sido muito prodiga nem para nacionaes nem para estrangeiros.
25 Domingos José Ennes (1835-1885) – Amanuense de 2.ª classe da Contadoria da Junta do Crédito Público; Amanuense da Secretaria da Justiça; estudou Humanidades e assentou praça com ideia de seguir a carreira militar, mas por falta de robustez física abandonou os estudos e empregou-se, em 1855, na Junta do Crédito Público; voltou a cursar Artilharia na Escola do Exército, passando, depois, ao Curso Superior de Letras; empregou-se, finalmente, no Ministério da Justiça, de que era 2.º Oficial quando morreu, solteiro e sem descendência. “Apreciado escritor” (assim o designava o Diario Illustrado, a propósito da sua morte, no n.º 4.409, de 7-Ago.-1885, p. 2), entre outras obras, deixou uma tradução para português de O Inferno, de Dante Alighieri, poema em trinta e quatro Cantos, ilustrado por Gustavo Doré, publicado por David Corazzi – Editor, em 1887.
26 António Ennes (1848-1901), aliás, António José Ennes, diplomado com o Curso Superior de Letras; jornalista e dramaturgo; político; deputado às Cortes nas legislaturas de 1880-1881, 1884-1887, 1887-1889, e 1890-1892; fundador do jornal O Dia; Director-Geral da Instrução Pública; Bibliotecário-mór da Biblioteca Nacional de Lisboa (B.N.L.); Ministro da Marinha e Ultramar, em 1890 e 1891; Comissário Régio em Moçambique; Presidente do Congresso Internacional da Imprensa que reuniu em Lisboa em 1898; Ministro Plenipotenciário no Brasil; sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa; sócio fundador e membro do Conselho Central da Sociedade de Geografia; sócio honorário do Instituto de Coimbra; etc.; filho de outro António José Ennes, irmão do pai de Guilherme José Ennes e de Domingos José Ennes.
27 Da introdução, datada de Julho de 1879 e assinada «G. Ennes».
DI, n.º 2.235, de 1.Ago.1879, p. 2: Os srs. drs. Cunha Bellem e Guilherme Ennes, cirurgiões mores do exercito, vão dar á estampa em dois volumes separados mas que se completam reciprocamente, o resultado do estudo e investigações que fizeram, quando auctorisados pelo governo, visitaram a exposição universal de Pariz e tomaram parte nos importantissimos congressos internacionaes de hygiene e de medicina militar reunidos n’aquella cidade em setembro de 1878. Já como homens de sciencia, já como escriptores apreciados por diversos trabalhos, que lhes mereceram o justo acolhimento do publico e o favor da critica, não lhes faltam as qualidades nem a competencia para se desempenharem brilhantemente da tarefa que se impozeram, compendiando as impressões recebidas no duplo cortame [sic] da arte e da sciencia, no ponto de vista que se refere ao progresso da medicina em geral, bem como ao do serviço medico castrense e ás multíplices questões que preocupam o campo da sciencia que ali foram debatidas. No volume que se intitula A vida medica no campo de batalha dá conta circumstanciada o sr. dr. Cunha Bellem de todo o material de ambulancia, apresentado na exposição universal de Paris, com a apreciação das suas vantagens e inconvenientes, e julgamento da experiencia ou esperanças que n’ella funda o exercicio practico do serviço sanitário dos exercitos, tanto da parte dos medicos militares, como dos da classe civil, chamados a cooperar na grande obra dos soccorros; narram-se os debates do congresso de medicina militar, sob as mais importantes questões que prendem a attenção do mundo, medico castrense, e tiram-se as inferencias e conclusões que se julgam aproveitaveis para o nosso paiz. No volume que tem por titulo A vida medica das nações, desenha com mão firme o sr. Guilherme José Ennes a physionomia e os aspectos medicos e hygienicos da exposição de Paris, dando conta dos inventos, descobertas e melhoramentos, apresentados á curiosidade medica, ou como estimulo a experiencias, ou como affirmação de boa prática, e em especial os que dizem respeito á nova sciencia de hygiene hospitalar; e expõe-se o movimento, utilidade, trabalhos e conclusões a que chegaram os differentes congressos de indole medica, celebrados em Paris por essa occasião, formando como que a synthese de toda a evolução moderna da sciencia. Por esta simples resenha de tão variados assumptos já o publico pode ajuizar da importancia da obra e do aproveitamento que pode resultar da sua leitura. D’este modo se desempenham os dois illustres medicos da confiança que o governo depositou n’elles, submettendo-lhes o encargo de visitarem a exposição de Paris.
28 O Parque Vacinogénico de Lisboa foi fundado em Janeiro de 1888, pelos médicos militares Carlos Moniz Tavares e Guilherme José Ennes. Situado inicialmente na Rua de S. Bernardo, à Estrela, foi transferido depois para a Calçada do Marquês de Abrantes, e em 1908 para a Av. D. Amélia (actual Av. Almirante Reis). Produzia vacina antivariólica fresca, obtida a partir de vitelas e polpa vacínica em pó. Para tal, as edificações incluíam estábulos, laboratórios e salas de vacinação.
Licenciado em Direito (Universidade Clássica); Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais: Segurança e Defesa (Instituto de Estudos Políticos – Universidade Católica Portuguesa).