Nº 2465/2466 - Junho/Julho de 2007
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
CRÓNICAS II - Crónicas Bibliográficas

O PRÍNCIPE, de Nicolau Maquiavel

 
 
(Tradução, Estudo Introdutório e Notas de David Martelo)
 
O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, mantém-se uma obra basilar da ciência política moderna, constituindo, também, um dos clássicos do pensamento estratégico.
 
A imagem de uma Itália acossada, durante mais de vinte anos, pelas invasões e guerras iniciadas no final do século XV e que se prolongaram até 1515, levou Maquiavel a incitar Lourenço de Médicis, senhor de Florença, a arvorar o estandarte da liberdade, criando um arco de união entre todos os italianos, expulsando os exércitos estrangeiros e fundando um novo Estado, alicerçado em “boas leis” e “boas armas, com exército próprio”.
 
A “Estratégia ao Serviço da Política, da Guerra, das Empresas” continua a desenvolver-se nas Edições Sílabo, na colecção Clás­sicos do Pensamento Estratégico, agora com O Príncipe, de Maquiavel, numa publicação cuja preparação, estudo introdutório e notas são da responsabi­lidade do Coronel David Martelo, com tradução a partir de Tutte le opere storiche e letterarie di Niccolo Machiavelli, de 1929 (Florença).
 
No início do estudo introdutório, iniciado com considerações de Espinosa, Francis Bacon, Frederico II (Rei da Prússia), Jean-Jacques Rousseau, Clausewitz e Giovanni Papini, sobre Maquiavel e distribuído por vinte e oito páginas, incluindo uma cronologia das Guerras de Itália (1494-1515) e um mapa com as subdivisões de Itália dos Finais do Século XV, David Martelo afirma que “não é possível separar a obra de Maquiavel do cenário geográfico e histórico em que foi concebida.”
 
Desta forma, as anotações de David Martelo recordam-nos o “espírito da época renovadora” reflectido na escrita de Maquiavel e dividem O Príncipe em três grandes blocos:
- Capítulos I a XIV: tipos de estados e tipos de exércitos;
- Capítulos XV a XIII: os dotes do príncipe;
- Capítulos XXIV a XXVI: análise da época.
 
A Revista Militar agradece às “Edições Sílabo” o exemplar enviado, felicitando a Editora, por mais esta contribuição para dar a conhecer a evolução do pensamento e da acção estratégica, e o Coronel David Martelo, pelo envolvimento na obra, em especial por mais um excelente estudo introdutório na obra de Maquiavel.
 
 
Major-General Adelino de Matos Coelho
Sócio Efectivo da Revista Militar
 
 
 

 

As Vidas dos Doze Césares - Volume 3

 
 
(Nero, Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano)
 
Na Revista Militar Nº 6/7 - Junho/Julho de 2005 (pp. 739-741) e Nº 2/3 - Fevereiro/Março de 2007 (pp. 329-331), apresentámos as crónicas bibliográficas das Vidas dos Doze Césares, respectivamente, do primeiro volume (Júlio César e Octávio César Augusto) e do segundo volume (Tibério, Calígula e Cláudio).
 
Analisámos o terceiro volume desta obra de Gaius Suetonius Tranquillus (Suetónio), numa tradução de Adriaan de Man, que inclui a biografia de Nero, Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano.
 
A par dos dois volumes anteriores, esta edição está bem organizada, com um bom estudo introdutório e notas explicativas, contendo, igualmente, biografias escritas com grande eloquência e pormenor, na senda do inegável valor documental e histórico da obra.
 
Nero, cujo reinado se caracterizou por um clima de luxúria, terror e medo, chegou ao ponto de a opinião pública acreditar que tivesse sido ele o incentivador do incêndio que devastou Roma. Mas o facto do Senado ter tomado a iniciativa de se livrar dele, declarando-o persona non grata, não obstou o início de um período de crise imperial.
 
O suicídio de Nero, após quatro marcantes consulados, extinguindo-se a estirpe herdeira de Augusto, na “linhagem júlio-cláudia”, iniciou um período de combates caóticos, comummente designado “ano dos quatro imperadores” (segundo semestre do ano de 68 e ano 69 d. C.): Galba, governou Roma com muito vigor e energia, durante sete meses, exagerando nos domínios da justiça e dizendo-se “descendente de Júpiter, pelo lado paterno, e de Pasife, esposa de Minos, do lado da mãe”; Otão governou o Império Romano por cerca de três meses, acabando por se suicidar após sofrer grandes derrotas com o avanço do exército de Vitélio; este sucedeu-lhe e esteve no trono romano cerca de oito meses, após o que foi derrotado e mandado executar por Vespasiano, comandante do exército romano na Judeia, aclamado por sírios egípcios.
 
Titus Flavius Vespasianus tornou-se o primeiro dos imperadores flávios e reinou durante cerca de dez anos, dando origem uma dinastia, continuada por seus filhos Tito (durante dois anos) e Domiciano (por mais cinco anos). Os poderes exercidos por Vespasiano e por Tito conseguiram condições económicas rigorosas, harmonizando o bem comum em Roma, com criação de obras públicas, e revalorizaram o papel político do Senado. O mesmo não se pode dizer da política excêntrica, arrogante e tirânica de Domiciano que se considerava “senhor e deus”, acabando por ser assassinado.
 
Mais uma vez, a Revista Militar felicita a edição deste clássico da literatura universal, que recomenda, vivamente, agradecendo a oferta da publicação comentada.
 
 
Major-General Adelino de Matos Coelho
Sócio Efectivo da Revista Militar
 
 
 
 
Revista Relações Internacionais Nº 13
 
 
 
A Revista Militar tem recebido, com muito agrado, a oferta da Revista Relações Internacionais, do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, que está prestes a atingir o seu quarto ano de publicação. No Nº 13 de Relações Internacionais, publicado no passado dia 3 de Abril, diversos especialistas abordam a Situação e Perspectivas na América Latina, O Grupo de Estudo para o Iraque e a Nova Estratégia de Bush e História das Relações Internacionais.
 
No dossier sobre a América Latina analisam-se, com actualidade e perspectivas futuras, as situações políticas do Brasil, México, Argentina, Colômbia, Venezuela, Chile, Bolívia e Cuba, em artigos de Andrés Malamud («América Latina: actualidade emaranhada, perspectivas divergentes»), Miriam Gomes Saraiva e Vicente Palermo («O Brasil no segundo man­dato de Lula»), Manuel Alejandro Guerrero, («As vicissitudes da democracia mexicana»), Miguel De Luca («Argentina: instituições débeis, economia aos tombos»), Juan Pablo Milanese («Epicentros de instabilidade regional: a política externa da Colômbia e da Venezuela no início do século XXI»), Pablo D. Castro («Chile e Bolívia, um contraste que cresce») e Carlos Alzugaray Treto («Reflexões sobre o presente e o futuro político de Cuba nos alvores do século XXI: uma abordagem a partir da ilha»).
 
Maria do Céu Pinto, docente na Universidade do Minho, apresenta o «Relatório do Grupo de Estudo para o Iraque» (Iraq Study Group Report) que, analisando a situação de segurança e o papel das forças americanas, o equilíbrio entre as críticas ao regime iraquiano e a reconciliação nacional, propõe a «Nova Estratégia de Bush», com uma nova ofensiva diplomática da Casa Branca e a criação de um grupo de apoio internacional.
 
No plano da História das Relações Internacionais, os artigos de Tiago Moreira de Sá («A Revolução Portuguesa nos arquivos norte-americanos: o ano de 1974») e de Pedro Aires Oliveira   («Entregue aos lobos: o Reino Unido e a invasão de Timor-Leste») dão contributos significativos para a História Portuguesa Contemporânea.
 
O primeiro, reflecte as relações de Portugal com os Estados Unidos da América, nas vésperas do 25 de Abril de 1974 (incluindo a tentativa de 16 de Março, das Caldas da Rainha), o 25 de Abril e o conflito Spínola-MFA e o pós-spinolismo. O segundo, remete o leitor para “as vicissitudes do acidentado processo de descolonização de Timor-Leste e da crescente interferência das autoridades indonésias na dinâmica política local”, o “deslizar para a guerra civil e “o melindre das Nações Unidas”.
 
A Revista Militar agradece a oferta de Relações Internacionais Nº 13, felicitando a Direcção e os autores dos artigos pela excelente abordagem de temas tão actuais.
 
 
Major-General Adelino de Matos Coelho
Sócio Efectivo da Revista Militar
Major-general
Adelino de Matos Coelho
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2007-09-25
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Major-general

Adelino de Matos Coelho

Habilitado com os Cursos de Infantaria, da Academia Militar, Geral de Comando e Estado-Maior e Superior de Comando e Direção, do Instituto de Altos Estudos Militares; possui outros Cursos de que se destacam o de Oficial de Informação Pública do Comando Aliado da Europa da OTAN (Bélgica), o Curso Militar de Direito Internacional dos Conflitos Armados, do Instituto de Direito Humanitário de Sanremo (Itália) e o Diploma de Pós-Graduação em Estudos Europeus da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Ao longo da sua carreira, prestou serviço em várias Unidades e Órgãos do Exército, nomeadamente, no Regimento de Infantaria de nº 3, em Beja, que comandou, e no Estado-Maior do Exército, onde desempenhou o cargo de Chefe da Divisão de Pessoal. Além disso, também desempenhou carg

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