“Ela descobriu que as pessoas sábias são normalmente identificadas com aquelas que evitam acções imponderadas e destrutivas” New York Times, 22-09-93, (Notícia sobre o Estudo de uma psicóloga que condenou o seu chefe em tribunal por este se aproveitar do resultado de uma investigação, da autoria dela, acerca da “medição” da sabedoria e da acumulação desta com o envelhecimento)
Introdução - desligar a mente da Televisão por cabo
Ter uma opinião sobre o Médio Oriente, aquele lugar onde Koffi Annan, pouco antes de passar o testemunho a Ban Ki-Moon, dizia que se desenrolava o conflito central da Segurança Mundial, é pouco e é perigoso. Pouco, porque uma opinião, a dos Gregos, não passa da glória de um momento, sendo que o seu contrário, a , pode ser, ela sim, o revelador da verdade. Quer isto dizer que a glória do debate pode estar muito longe, ou até no lado contrário, da Verdade. E perigoso, porque uma certa tradição do pragmatismo norte-americano1 continuou, por outros meios, uma “guerra de ideias”. Exprimir ou figurar uma ideia e pode-se perder a vida, supondo-se justo disparar primeiro sobre quem tentará calar ou impedir-nos, pela força, de pensar...isto partindo do princípio que não há nada mais digno do que morrer por “ideais” (como se pudéssemos, por meio de “cascatas” de ideais, administrar a Morte). O debate daqui resultante, onde se produzem as opiniões, pode ser letal, mas mais por mal-entendido que por outra razão, porque a Sabedoria nem sempre pensa, nem idealizar é só pensar...
Tudo isto começa por um objecto indefinido: o Médio Oriente. Tão indefinido, como um mapa-mundi feito de cores e de projectos imaginários (Nikita Krutschev dizia2 que Estaline, em plena invasão alemã, teimava em planear operações militares sobre um Globo, em vez de mapas, aparentemente para “esconder a cabeça na areia”), este conceito passou a denominar-se na Estratégia de Defesa Nacional dos EUA como “Greater Middle East” e, mais recentemente, “Wider Middle East”. Ou seja, um espaço que certamente não abrange a Indonésia mas abrange o Afeganistão, sendo que o malogrado Richard Nixon, já falava num arco de instabilidade, de “Marrocos ao Afeganistão”. Wider Middle East incluía já o Irão quando foi pronunciada por Tony Blair, com um gesto enfático e sem encarar o público, durante o discurso na casa do Lord Mayor, lugar consagrado para o Primeiro-Ministro, no sistema de Westminster, anunciar as linhas da sua política externa. O Irão, sim, que não é árabe, mas tem potencialidades para adquirir, depois do Paquistão, a segunda bomba atómica “islâmica”. Ora para quem acredita na inevitabilidade do Choque de Civilizações, em vez de preferir pensar num complexo de choques e interacções, a bomba atómica só pode ser o passo seguinte - não precisa de provar que está certo, tem apenas de provar que não está errado.
No fluxo contínuo de notícias e num modo de reagir que não aprendeu nada da Teoria da Indecibilidade de Kurt Gödel, quase nos tornamos bips dum computador universal (para quem gosta de Ciências da Informação, podemos dizer que tanto incomodaram os paradoxos de Gödel aos “especuladores, economistas e contabilistas”3, que reprovámos todos no teste da “Turing Machine” quando substituíram, do outro lado, um computador por uma pessoa4). Assim, não desistimos de criar factos, para poder contar e entesourar, mesmo em Pensamento estratégico. Só que a produção de factos tem os seus ciclos que não resultam tanto dessa divina “Mão Invisível” de Adam Smith, nem tendem para o reino dos fins, como Marx desejava. Estes factos ainda devem muito a Mitos e Fés, Arquétipos e teimas, que têm todos o seu calendário (e às vezes não têm), como as enxaquecas. Entretanto, a Imprensa Livre, que tem também o seu quê de mitologia, resolveu, no último Natal, quando se faziam as contas para o Novo Ano, encher-nos de notícias sobre o fracasso da NATO no Afeganistão.
Lord Carrington, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Sra. Thatcher, chamou-lhe então o “Vietname do Ocidente” e predisse o fim da Aliança Atlântica nesse remoto lugar. Alexandre Magno, o (o bom e o belo) do Ocidente morreu numa praia da Gedrosia de Heródoto, o actual Baluchistão, para onde fora evacuado, fugindo da Bactriana, o actual Afeganistão. A autoridade, pelo menos a carismática, dos Talibans pode vir ou não vir do céu, mas aterrou em Quetta, onde a Civilização tem 8 000 anos.
Digamos que o Médio-Oriente, como todos os meios imaginários, depende de onde desenhamos a periferia. E é a periferia que determina o meio, o Centro. Ora o Irão, com a sua tradição histórica (Artaxerxes, segundo na descendência de Ciro, o Grande e o fundador dos Aqueménidas, casou-se com a Ester do Livro do mesmo nome, do Antigo Testamento, seguindo a política de inclusão que levara Ciro a permitir a reconstrução do Segundo Templo de Jerusalém5), a composição demográfica do país (abriga a maior comunidade de religião judaica de todo o Médio-Oriente, a seguir a Israel6) e a sua natural dominância geopolítica (controla o Golfo, onde passa quase metade do tráfego petrolífero do Mundo) parece ser o único país com “periferia” suficiente, capaz de determinar um centro no Médio-Oriente.
Ora, para quem está perto de Centro deste Meio, como é o caso de Israel, o pico é demasiado escorregadio para acertarmos com a agulha do compasso. É espetando a mina no vasto território da “periferia” que podemos, ao invés, fixar o espigão do compasso em terreno firme. Mas isto são histórias de escorpião, um signo do deserto.
Ora o Homem de Cro-magnon extinguiu os mamutes, não medindo-se com a sua força física mas atraindo-os a ciladas e ribanceiras onde os pôde dominar. E o Irão, já antes do Xá Rheza Pahlevi, tinha iniciado a sua paquidérmica marcha para um terreno em declive. Porém, foi o Irão dos Partos que terminou a expansão do Império Romano, foi o Irão o único Império antigo que nunca se submeteu ao Ocidente e foi o Irão, na expressão do marxista norte-americano Immanuel Wallerstein, que constituiu o primeiro “sistema mundial”7. Poder-se-ia acrescentar - nunca é demais lembrar - que o Irão nunca passou por uma “ocidentalização”, como a Turquia de Ataturk e que foi no seu território, logo em 1946, onde a Segunda Guerra Mundial continuou “por outros meios”, desta vez (só para os norte-atlânticos) em formato de “Guerra-Fria”. Poder-se-ia acrescentar que o Irão nunca passou por uma “ocidentalização” porque o Irão é Ocidente, o qual era asiático no tempo da última Glaciação e uma sua parte está, há muito, na periferia da Eurásia.
O Irão não é um objecto de cobiça (aparentemente as suas reservas de petróleo estão em acentuado declínio8), mas um objecto das mil e uma noites. Na Geopolítica mitológica, se o Ocidente conquistar o Irão, tornar-se-á universal. Se não, o Ocidente permanecerá periférico, sempre acotovelando-se na periferia da Eurásia, fugindo aos Gengis Khans da estepe que começa depois dos Urais e termina em Harbin. E como o Mar não dá ainda para plantar batatas, nem se conhecem pastores de leões-marinhos, a tal ficção de Ratzel ou Haushoffer, de uma potência marítima, será apenas nevoeiro. Ora, desta vez, ao contrário dos Gregos antigos que sempre respeitaram a Pérsia, há quem queira ditar a Providência, ignorando as probabilidades da História.
O Programa atómico do Irão - uma tempestade de areia
O Programa atómico militar do Irão é, antes de tudo, uma construção mental. Construção mental, primeiro, porque explorar material físsil vem do culto do fogo zoroástrico (os persas só se tornaram xiitas no século XVI, com a Dinastia azeri dos Safávidas, permitindo-lhes assim ser islâmicos, pois, mas enquanto minoria descontente por razões que no Ocidente se chamariam “legitimistas”). O Irão sobreviveu à emulação dos “jovens turcos” da dinastia Qadjar, em Isfahan e às simpatias sucessivamente nazis e americanas dos pai e filho Rheza Pahlevi. Em suma, a opção nuclear é largamente considerada pela opinião pública iraniana, um direito nacional, que assiste já ao Paquistão sunita e à Índia.
Em segundo lugar, o programa atómico militar do Irão é uma construção mental porque, à falta do nevoeiro indispensável para a fricção dos conflitos baseados na dissuasão, o condomínio do Mundo exige uma ameaça em incremento. Sem a inquietação duma realidade incremental, exterior ao Pensamento, o Ocidente, desprovido de pólo geográfico ou magnético, continua a fazer aquilo que Jaspers chamou “cindir o Ser”, ou seja analisá-lo em bocadinhos durante a noite e colá-los durante o dia, como se fosse ateu à sombra e crente à luz.
O programa nuclear militar do Irão é também uma construção da Intelligence, quer exista ou não. A Intelligence tem muitas vezes o dom da ubiquidade ou, pelo menos, de o fazer crer, o que exige uma duplicação dupla, chamada por alguns “to square” e, por outros, mistificar. Se não, vejamos: parece que os principais intermediários do Programa nuclear iraniano foram dois homens de negócios, um holandês e outro alemão, com nomes intrigantemente parónimos. Henk Slebos, que teve apenas de pagar uma multa de 20 000 florins à Administração penal de Haia e Heinz Mebus, de Erlangen, na Baviera, que já faleceu. Ambos eram amigos pessoais de Abdul Qadeer Khan, o pai da bomba atómica paquistanesa e, servindo-se duma vasta carteira de clientes, fizeram chegar a Khan planos de centrifugadoras, supostamente retirados à empresa holandesa URENCO. Numa entrevista concedida à cadeia de Televisão alemã ZDF e divulgada no dia 22 de Fevereiro último, dia em que o prazo da Resolução do Conselho de Segurança 1737 se vencia, Slebos disse que o fizera de modo que a Índia e o Paquistão ficassem “quites”.
Ora o contacto com o Irão, destes três homens da rede Khan (herói nacional do Paquistão mas colocado em discreto domicílio vigiado) ter-se-ia feito através daquele que ficou conhecido como “O Físico dos Mullahs”, Massoud Naraghi, o qual teria recebido os planos das centrifugadoras, em Doha, no Qatar, em 1987.
Contudo, há mais de dez anos que o “Físico dos Mullahs”, visitante habitual da Suíça, estava em contacto com a Embaixada dos EUA em Berna e obtivera visto para atravessar o Atlântico, frequentemente. De tal modo que vive hoje no Estado de Nova Iorque, onde se graduara antes em técnicas de enriquecimento Laser e tivera outras formações pós-doutorais. Na verdade, veio-se a descobrir que “o Físico dos Mullahs” participara em importantes projectos da NASA, tudo isto voando entre Teerão e Nova Iorque. Nem analistas da CIA sabem explicar esta intimidade, nem o Conselheiro do Congresso, Andrew Albright, encontra justificação para tal.
Programas nucleares-militares há-os em vários países, como se revelou na Coreia do Sul, como se suspeita existirem em Taiwan e no Japão, como permanecem em potência, na Argentina e no Brasil, ou seja, não apenas em países isolados como é o caso da Coreia do Norte. Assim aconteceu na Índia e no Paquistão, há uma década, e já há sinais de ser agora abertamente assumido por Israel. O recente programa energético da União Europeia, confrontada como está a Europa com a potência energética russa, levou-a a procurar o “Nuclear”. A Finlândia, Meca dos ecologistas, retornou ao “nuclear”. Portugal, que, em 1978, fazia as suas primeiras manifestações contra a instalação de uma Central em Ferrel, perto de Peniche, conta agora com duas Centrais nucleares, por acaso situadas a cerca de 50 Km, no lado espanhol da fronteira, a jusante de rios e ventos.
Embora Tony Blair, habituado a uma linguagem semântica própria ao virtualismo mental do “New Labour”, tenha vindo anunciar após as eleições norte-americanas de Novembro que não restava ao Ocidente, senão envolver o Irão e a Síria na paz do Iraque, bastou passar um mês para se deixar de saber como os EUA interpretam este “envolvimento”. No seu discurso de 10 de Janeiro, um politicamente desgastado Presidente Bush disse claramente que “We will interrupt the flow of support from Iran and Syria. And we will seek out and destroy the networks providing advanced weaponry and training to our enemies in Iraq”9. As recentes acusações dos EUA de que o Irão tem fornecido as milícias xiitas iraquianas com material e treino bélicos, letais para as forças norte-americanas, representam apenas uma escalada. Uma doutrina assim, com factos adequados, legitima automaticamente ataques preventivos dentro do território de ambos países, a serem levados a cabo por Washington ou preferivelmente, como dizia Van Kreveld, por outros em vez de Washington. A doutrina da pre-emption está claramente consagrada nos Documentos estratégicos dos EUA e é um lugar-comum quer na Ciência Informática, quer na Psicologia social, do outro lado do Atlântico.
Ordem cronológica - a vitória da tartaruga sobre Aquiles
Comparem-se as Primaveras de 2006 e de 2007. A União Europeia ofereceu vantagens ao Irão se este se conformasse às decisões da AIEA e as Resoluções da ONU, o que queria dizer que o Irão devia suspender o enriquecimento de urânio. Em 21-03-06, o PM britânico Blair defendeu a sua política intervencionista reiterando que “it would be a mistake to do nothing about Iran’s nuclear Program”. A 23-03-06, o Ayatollah Khamenei propôs negociações directas entre Teerão e Washington acerca do Iraque, secundando as palavras de Ali Larijani, antigo Director da TV estatal iraniana e Negociador-chefe do programa atómico. A 28-03-06, El Baradei, Director da AIEA, disse que o Irão retomaria o enriquecimento em poucos dias. No dia seguinte, o Conselho de Segurança da ONU deu trinta dias ao Irão para suspender o programa de enriquecimento. Dois dias depois o MNE Mottakki disse que tanto tempo de negociação fizera o seu país perder a fé nos interlocutores e, três dias mais adiante, as Forças Armadas iranianas começavam os exercícios “Great Prophet” no Golfo Pérsico, postados contra “qualquer ameaça”. Mais cinco dias passados e Condoleezza Rice dizia “Iran is not Iraq” (o seu homólogo, Jack Straw viria a dizer o mesmo, apesar de Blair atalhar que “it was not the time to send a message of weakness” - AP10 19.04.06). Entre as declarações da Secretária de Estado norte-americana e as declarações de Straw, o Irão testou um míssil submarino capaz de evitar radares - o Kowsar - enquanto o Washington Post noticiava, na sua edição de 10 de Abril, que o Pentágono estava a estudar as hipóteses de atacar as instalações nucleares de Natanz e Isphahan. A 12 de Abril - ante o gáudio geral da Imprensa iraniana, conservadora ou reformista - o Irão dizia ter “entrado no Clube nuclear”.
Entre fins de Abril e princípios de Maio, Al Larijani e o Presidente Ahmedinejad ameaçavam quer de sair do Tratado NPT, quer de pôr fim às negociações com a AIEA. A UE ofereceu, a 8 de Maio, um Reactor sofisticado a Teerão mas este recusou. Nesse mesmo dia, o PR Ahmedinejad escrevia uma carta a Condoleezza Rice que esta considerou um dia depois, como não “abordando os pontos em discussão”. Entretanto, a National Defense Agency apropriara-se de um lap-top dum cientista iraniano, contendo os desenhos de um míssil nuclear e outro das instalações para se concluir um teste. Simultaneamente, a CIA insiste em que o Irão não tem a capacidade para pôr a trabalhar todos as centrifugadoras necessárias ao enriquecemento do urânio até ao patamar das armas, permanecendo no discurso de que o “Irão está a um ou dois anos” de aceder à bomba nuclear (Madeleine Albright, antiga Secretary of State do Presidente Clinton, diz, nas suas Memórias que “after more than a decade/after the beginning of the eighties/the israeli leaders haven’t ceased stating that Iran would have a nuclear bomb in three years the latest, and these previsions have so far proved to be innacurate”11).
Entretanto, a Resolução do Conselho de Segurança da ONU Nº 1737, era aprovada unanimemente em 23-12-06, terminando com uma quebra sucessiva dos acordos de Teerão (2003)12 e de Paris (2005)13 em que a cara dos P3+UE (França, Alemanha e Reino Unido, mais a União Europeia) caía com as ofertas de um acordo de Comércio, o apoio à eventual entrada de Teerão na OMC, fornecimento do combustível nuclear ou mesmo um Reactor. Teerão não se coibíu: o Majlis aprovava dois dias depois uma Lei que permitia o fim da colaboração do Irão com a AIEA e o Conselho de Guardiães fazia passá-la com uma rapidez invulgar. A União Europeia tinha suspendido o diálogo com o Irão, em 2002, na sequência da reprovação pelo Conselho de Guardiães de uma série de candidatos reformistas, além de outros atropelos. Efectivamente, Teerão, que se ufanava do seu domínio de 164 centrifugadoras “em cascata”, expulsou os Inspectores da AIEA em 27 de Janeiro deste ano e apontou uma meta de 3 000 centrifugadoras em Março seguinte, o que parece ter cumprido. Os receios de El-Baradei14 de que a situação escalaria começavam a concretizar-se, apesar de não haver sinais, entre Novembro de 2006 e Janeiro de 2007, de actividade subterrânea em Natanz15 para ligar as centrifugadoras.
Num conflito moderno, a escalada é um modo de acautelar o resultado daquele, pelo que não há escalada, se não houver conflito. Ora as declarações dum Presidente mal aceite pelos seus iguais, como era Ahmedinejad, no sentido de que “Israel devia ser varrido do mapa” (e os EUA também)16, tinham mais o efeito de desencadear uma escalada a qualquer preço e jogar a carta do conflito por antecipação, escolhendo o terreno, do que dominar a escalada. Por isso, a bola ficou no campo do Ocidente que não deixou de se atabalhoar a dominá-la antes de a devolver ao campo do adversário.
O facto é que o programa de instalar 50 000 centrifugadoras em 2008, só com as mesmas a trabalharem ininterruptamente durante cerca de um ano, sem falhas de maior, poderá produzir o tipo de urânio enriquecido que - das duas, três - autonomizaria o Irão em energia nuclear ou lhe daria a bomba.
Em cascata também, caíram entretanto as declarações escalatórias, já sem tomar em conta as de Ahmedinejad que se esforçava por prolongar a campanha eleitoral depois de tomar posse de um cargo onde lhe recusaram o direito a nomear o Ministro do Petróleo por três vezes e onde o seu poder é constitucionalmente diminuto. Para começar, no discurso do Estado da União, em 25-01-07, o Presidente Bush constatava que o “Mundo tinha aplicado sanções ao Irão” e que esse mesmo Mundo “não permitiria ao regime em Teerão adquirir armas nucleares”17, antes de se referir, logo a seguir, ao Quarteto18, em busca de solução para o Médio-Oriente, “dois Estados, com uma Palestina democrática e pacífica”.
No seu relatório de 23 de Agosto de 2006, a Comissão Permanente de Intelligence da Câmara de Representantes do Congresso dos EUA anunciava que o Irão estava a proceder ao enriquecimento de urânio com qualidade militar, o que foi desde logo desmentido pela AIEA19. A condenação de “Scooter” Libby, acusado de ter manipulado dados sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque enquanto conselheiro do Vice-Presidente Dick Cheney, bem como a demissão de George Tenet da CIA, deixaram muito abalada a audiência pública da Intelligence norte-americana.
Em Janeiro de 2006, o PM de Israel, Ehud Olmert, declarava que Israel não permitiria em nenhum caso que o Irão acedesse à arma nuclear. Benjamin Netanyahu, nomeado líder do bloco Likud, disse que, se fosse eleito contra Olmert e o Kadima, atacaria preventivamente os alvos nucleares do Irão20.
Conclusões - para imitar bem a loucura é preciso tê-la num certo grau
O que é certo é que, desde as declarações do Presidente Bush, em Janeiro de 2002, de que o Irão pertencia ao “Eixo do Mal”, até Maio de 2005, em que Condoleezza Rice disse que Washington estava disposta a falar directamente com Teerão - se este suspendesse o enriquecimento de urânio - vai longa a estrada. E, sobretudo, o que se passou foi que a política iraniana de se vincular sempre cautelosamente, em pequenos “cotovelos” do caminho, sem nunca entregar os pontos todos e desvinculando-se aparatosamente em passos irreversíveis21, fez passar o Irão, com toda a complexidade do seu regime, sob a protecção dos focos internacionais22.
O Irão passou, de 2006 a 2007, de um estatuto de “Estado-canalha” (ainda mais canalha devido à sua dominância e ao número dos seus fundamentalistas organizados na região) para um actor de pleno direito da comunidade internacional. Com isto, permitiu que elementos isolados da clique conservadora, deslegitimada pela vaga jovem de Ahmedinejad, saltassem à vista da Comunidade internacional e se tornassem incontornáveis.
Apesar, finalmente, da aprovação de mais sanções, com a adopção da Resolução n.1447, o Mundo não pôde deixar de continuar a financiar o regime de Teerão, por exemplo, na luta que este desenvolve contra o abastecimento de heroína traficada via Korrhasan, para a Turquia e o resto da Europa.
O regime de Teerão tornou-se não só incontornável na questão do Iraque pois, embora não apoie os Sunitas, o seu apoio aos Xiitas árabes iraquianos, que constituem 60% da população do país (tendo combatido lealmente por Saddam na Guerra de 1980 a 1988, contra o Irão, até ao assassínio do ayatollah Sadr, pai de Moqtada) é um apoio cheio de onerações23. Por outro lado, tornou-se incontornável no Afeganistão onde as primeiras escaramuças entre xiitas do Hazarajat no Noroeste e os Pashtuns já se fizeram sentir após a crise das caricaturas e para onde Teerão ameaça agora expulsar, cerca de 800 000 refugiados. Finalmente, a sintonia entre o Amal libanês (apoiado pela Síria) de Nabir Berri, e o Hezbollah do Xeique Nasrallah, que aguentou bem a parada da guerra no Líbano em Julho de 2006, parece dizer outro tanto quanto à indispensabilidade do compósito Hamas/Fatah em evitar uma guerra civil nos territórios palestinianos.
Se somarmos a isto a diferença entre um “Estado-canalha” e uma internacional terrorista como é a Al-Qaeda ou o interesse que o Estado persa partilha com a Turquia e um Estado do Iraque talvez “falhado”, em evitarem a independência curda, se vê facilmente que o Irão acedeu ao estatuto de parte incontornável, malgrado os seus dirigentes.
O valor dissuasivo da crise com o Irão - ao contrário daquela com a Coreia do Norte - levou mesmo Israel a subentender o seu programa nuclear militar, o qual fora instalado sem testes, em Junho de 1967, na véspera da Guerra dos seis dias24.
É que não se trata apenas de conter sujeitos políticos coerentes na região, por mais declarações inaceitáveis que estes mantenham nos seus programas. Se, em Relações Internacionais, há uma diferença entre o declarar e o fazer, há outra diferença entre o fazer e o conseguir, aí residindo a sabedoria da política de contenção, de Truman.
Trata-se de evitar uma guerra generalizada, sustentada em populações e clãs, onde uma percentagem demasiada de juventude desempregada se estende de uma ponta a outra do rebordo Sul e Leste do Mediterrâneo, “o lago do Mundo” (segundo Braudel) e elo de ligação entre Oriente e Ocidente. Personagens como o recentemente abatido Mullah Dadaullah podem ser peças-chave num território montanhoso e isolado como é o do Afeganistão onde o sistema semi-feudal dos Khanats, não deixa de funcionar, desta vez baseado mais em linhas de abastecimento de ópio, do que lençóis de água ou pastagens. Mas personagens como Al-Zarkawyi, no Iraque, surgem das circunstâncias e dum sentimento generalizado de exclusão, em que o profetismo marxista, variante terceiro-mundista, se mistura com o profetismo, sempre último, do Islão. O maoísmo funcionou do mesmo modo, em conflitos como o do Cambodja, a Paris do Maio de 68, o Perú do “Sendero Luminoso”, a Malásia, o Sri-Lanka tamil, nunca totalmente extirpados.
Certamente que, nas suas mentes, os pacientes25 terroristas de Mohammed Atta, nas Torres Gémeas, se consideravam executar uma missão apocalíptica. O mesmo se pode passar nas mentes de qualquer célula como aquela que fez os ataques em Madrid, ou no Metro de Londres ou ainda nos émulos de Bin Laden, de quem as biografias referem unanimemente uma “visão” arcaica tida após as dissipações de jovem milionário, na Londres dos anos setenta. A Al-Qaeda é uma base facilmente adaptável a condições locais, sejam na Chechénia, África sub-sahariana, o Pacífico ou Londres, senão mesmo no mundo hispânico que avança pelos EUA acima, como o mostrou o caso “Padilla”.
Ora no meio desta fragmentação, uma potência regional como a do Irão, que dá e tira um pouco a todas as tendências no mundo islâmico - obviamente unido pelo conceito apocalíptico do “Choque de Civilizações” (ardendo no marxismo-depois-de-Marx, também presente em “O Fim da História e o último Homem” de Francis Fukuyama) - não é uma carta a deitar fora. E o próprio Irão, que não ficou resolvido nas contradições da sua República teocrática e de Juízes, muito menos com a eleição de Ahmedinejad, agradece esta “cooperação” inusitada da Comunidade Internacional.
Contudo, uma Política externa que confunde os dados de uma sequência, impedindo a justa apreensão de um processo evolutivo por parte do público, uma política externa que encurta constantemente o tempo que o Irão necessita para desenvolver uma arma atómica, e que não faz caso da falta de sustento diplomático nas opiniões públicas, escolhe “explodir em ignorância”26. Então, a abundância de pormenores e as provas da árvore em frente da floresta ignorada farão todas lembrar, ou Colin Powell agitando o frasco de anthrax no Conselho de Segurança da ONU ou - pior - encenações mediáticas em outros casos: tudo isto num cenário catastrófico27. El Baradei, em entrevista radiofónica à BBC, no dia 1-06-07, advertia contra os “novos loucos” que defendem uma acção militar para suspender o programa nuclear do Irão. Isto, apesar de ter igualmente reconhecido a 24 de Maio que o Irão estava, entre três e oito anos, de aceder a uma bomba nuclear, se se decidisse a tomar esse caminho28.
A diferença entre o jogo de pressuposições sobre as intenções do adversário, durante a Guerra-fria, e o que se passa a respeito do Irão, é que a “outra parte”, embora menos poderosa, é muito mais desconhecida do que o “parceiro” da Guerra-fria, a URSS.
O Irão é membro Observador da Organização de Cooperação de Xangai29 dominada pelos únicos vizinhos dum dos maiores proliferadores horizontais da actualidade, a Coreia do Norte. O Irão possui, desde os tratados de 1926 e 1928, uma inegável “alternativa russa” (sendo que a Rússia não é nem europeia nem asiática30) a qual lhe garante, por exemplo, a construção da central nuclear de Bushehr31, perto do Golfo pérsico. Bombardear constituiria, entre outros, um risco ecológico enorme.
Mas esperar que isso, ou até uma “mudança de regime” do tipo do Iraque, não espalharia uma bola de fogo lento pela região, a qual engoliria os ocidentalizados nas cidades e os desenraizados da periferia32, é insânia garantida. A loucura a que se refere El Baradei deixou de parecer arrojo, não porque o mundo tivesse ficado uma aldeia sobreaquecida, mas porque - em boa lógica de pre-emption - as consequências da “loucura” começam logo a ser contabilizadas, como outra “margem de caos” qualquer, antes de acontecerem. Onde havia a brisa fresca do desconhecido, pesam os remorsos33 e a Comunidade internacional, que não pode ser um clube exclusivo em tempos de Globalização, perde a cara se a sua única acção, enquanto agremiação, for aumentar a jóia de entrada.
* As opiniões expressas pelo autor neste artigo são de carácter pessoal.
** Diplomata e Auditor do Instituto de Defesa Nacional, presentemente exercendo funções diplomáticas na DELNATO, em Bruxelas, foi anteriormente Conselheiro de Investigação do Colégio de Defesa da NATO, em Roma.
1 Refiro-me àquela doutrina associada historicamente com Ralph Waldo Emerson, depois com Charles Sanders Peirce e, depois, com Richard Rorty ou Cornel West, respectivamente à Direita e à Esquerda, que reduz tudo a uma psicologia da mente filosófica numa população que mudou de “inner-directed” para “other-directed” (“those whose character is formed chiefly by the example of their peers and contemporaries” vd. David Riesman, Nathan Glazer, Reuel Denny, no Clássico The Lonely Crowd - a study of the changing American character, Doubleday, N. York, 1950, pp. 37/38).
2 Khrushchev Remembers, dir. Edward Crankshaw (trad. Strobe Talbott), Andrew Deutsch, Londres, 1971, Appendix 4, p. 592/593.
3 Expressão do pensador tory britânico, Edmund Burke, do séc.XVIII, em relação aos simpatizantes da Revolução francesa.
4 Modelo de experiência teórica em que o matemático Alain Turing, figura trágica da Segunda Guerra Mundial (que muito contribuíu para a decifração, por parte dos Serviços Secretos britânicos, dos códigos de comando e controlo alemães) vaticinava o dia em que qualquer um de nós dialogaria com um computador e não saberia dar um critério lógico para o distinguir de uma pessoa humana.
5 Por todos, J. M. Unvala, in The Palace of Darius the Great and the Apadana of Artaxerxes II in Susa Bulletin of the School of Oriental Studies, University College, Londres, V. 5, n. 2 (1929), pp. 229/232.
6 Cerca de 25 000, sendo que há cerca de 200 000 israelitas de origem persa em Israel, inclusive o próprio Presidente Moses Katsav, que recentemente se teve de demitir.
7 Wallerstein tem sido unanimemente considerado um dos mais brilhantes teóricos contemporâneos, das Relações Internacionais, não por ser marxista mas por ser o que os franceses chamam “marxien”, quer dizer, alguém que aplica o método de análise materialista, iniciado por Karl Marx, mas talvez mais marxista que dialéctico, ainda assim, sempre profético ou iconoclasta. No seu decisivo artigo de 1974, The Rise and Future Demise of the World Capitalist System: Concepts for Comparative Analysis, ele familiariza-nos com esta linguagem: “Leaving aside the now defunct mini-systems, the only kind of social system is a world-system, which we define quite simply as a unit with a single division of labor and multiple cultural systems. It follows logically that there can, however, be two varieties of such world-systems, one with a common political system and one without”. We shall designate these respectively as world-empires and world-economies”, in The Essential Wallerstein, The New Press, N.Y., 2000, p. 73.
8 Por causa de uma deficiente política de Investimento com um alcance de apenas 5 ou 6 anos e cujos retornos são dispersos por um Estado ineficiente, do tipo soviético, vd. Roger Stern in Iran is actually short of oil - muddled mullahs, International Herald Tribune, 8-01-07. Contra, Roman Yakemtchouk in l’Iran face aux puissances, l’Harmattan, Paris, 2007, p. 345 que sustenta ter o Irão reservas petrolíferas por mais cinquenta anos e reservas de gaz para duzentos.
9 US Office of the Press Secretary, parág. 20. Declarações recentes do Secretary of Defence Robert Gates ou do P.M britânico Tony Blair atribuem aos “Guardas da Revolução” iranianos, o fornecimento de mísseis e outro armamento, aos Talibans do Afeganistão.
10 Associated Press.
11 Madeleine Albright (e Bill Woodward) in Madam Secretary - a Memoir, Hyperion Books, N.Y., 2003, p. 399.
12 Depois dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da França, Alemanha e Reino Unido, em declaração comum de 29 de Setembro, apelarem a que o Irão se conformasse à Resolução da AIEA, de 12 de Setembro, o Irão aceitou, a partir de 21 de Outubro, o Protocolo adicional ao NPT (assinado, de facto, em Genebra, em 18 de Dezembro seguinte) o qual autorizava os inspectores da AIEA a empreenderem inspecções em todos os sítios suspeitos. Mas, enquanto a Imprensa britânica celebrava o poder europeu (p. ex. “Iran. Allied advance”, The Guardian, 22-10-03), Gholam Reza Aghazadeh, representante de Teerão, anunciava que o enriquecimento de urânio seria retomado em Isphahan. A AIEA voltou a encontrar traços de urânio enriquecido em 1 de Junho de 2004 e, em 18 de Setembro, adoptava uma Resolução apresentada pelo Reino-Unido, a França e Alemanha, exigindo a suspensão imediata de todas as actividades de enriquecimento.
13 Seguidamente à nota anterior, o Irão chegou a acordo em Paris, a 15 de Novembro, em suspender de um modo “não ilimitado” (segundo Hossein Rohvani, predecessor de Ali Larijani) o enriquecimento, contra o apoio da UE à sua entrada na OMC e a um programa de apoio económico e tecnológico. Por isso, no princípio do ano, depois da falta de garantias de que a UE reexportaria motores Airbus, com componentes norte-americanos, para um Irão desesperadamente carente de manter a sua frota aérea, Teerão anunciou que retomava o enriquecimento, desta vez, de um modo “irreversível”. Em 1 de Fevereiro de 2005, Solana, em nome da UE, exigiu garantias objectivas de Teerão sobre o carácter pacífico do seu programa nuclear. O Irão respondeu acusando a politização da AIEA e as delegações separaram-se de mãos vazias, em Maio de 2005, esperando a UE que Rafsanjani, um conservador pragmático, venceria as eleições presidenciais de 27 de Junho. Rohvani foi então substituído pelo conservador Ali Larijani e, recentemente, o seu “número dois” foi acusado de passar segredos ao Estrangeiro.
14 Laureado, juntamente com a Organização a que preside, com o Prémio Nobel da Paz, em 7 de Outubro de 2005.
15 Associated Press, 12-01-07. Além dos Reactores de Investigação em Arak, Bushehr, Isphahan (todas a Oeste) e Natanz (no centro) há que contar com as minas de urânio em Bonab, Ramsar (ao pé do Mar Cáspio) e Saghand e Yazd, no centro do país.
16 Não deixando também de recordar que foram muitos os diplomatas iranianos que salvaram cidadãos europeus de morrerem no Holocausto pela sua origem hebraica, passando-lhes visto para o Irão, onde chegaram a contar cerca de 100 000 nos anos setenta, não só quebrando o isolamento do regime do Xá, quando este foi o primeiro país do Médio-Oriente a reconhecer oficiosamente Israel. Calhou também à comunidade judaica no Irão a intermediação necessária à libertaçãos dos reféns norte-americanos, durante os anos de Ronald Reagan (vd. Stanley Weiss in Israel and Iran: The bonds that tie Persians and Jews International Herald Tribune, 10-07-06)
17 Vd. “President Bush Delivers State of the Union Address”, 23-01-07 in www.whitehouse.gov/news/releases/2007/01/20070123-2.html .
18 EUA, ONU, UE e Federação Russa.
19 Fontes francesas, a começar, desde logo, pelo antigo Embaixador de França em Teerão no seu artigo “Pour sortir para le haut de la crise nucléaire irannienne”, até Bruno Tertrais, do IFRI parisiense, encarregaram-se de insistir nas diferenças existentes entre o que se dizia e a realidade, como aquela existente entre os 7 kg. de urânio que os iranianos conseguiam enriquecer a 1%, nos seus Laboratórios, até aos 25 Kg, a 90%, necessários para fabricar uma bomba tipo “Little boy”, lançada em Hiroshima.
20 Sobre isto, Zbigniew Brzezinsky, National Security Adviser do Presidente Carter durante a crise dos reféns em Teerão, disse em Do not attack Iran (International Herald Tribune, 26-04-06) a propósito dos advogados do ataque, nos EUA: “an act of political folly, setting in motion a progressive upheaval in world affairs. With America, increasingly the object of widespread hostility, the era of American predominance could come to a premature end”.
21 Vd. Iran says «no use» negotiating with US (Associated Press), China Daily, 28-06-06.
22 Vd. Henry Kissinger in It’s time to start talking, International Herald Tribune, 25-02-07.
23 Sobre este ponto, afigura-se indispensável a leitura do livro de Vali Nasr, Democracy in Iran, (Oxford University Press, 2006), ou, em resumo, o seu artigo When the Shiites Rise, Foreign Affairs, Julho/Agosto 2006, em que defende a tese de que o derrube de Saddam Hussein no Iraque, foi o apito de partida para um revivalismo xiita em toda a região do Médio Oriente. Esta região, apesar de conter só cerca de 10% da população islâmica mundial, abriga cerca de 40% de confissão xiita, entre os islâmicos locais. O autor defende também que esse facto configura uma oportunidade para os EUA estabelecerem boas relações com os xiitas iranianos, os quais constituem 90% da população do Irão ou seja 61,8 milhões de pessoas (Paquistão, 20% — 61,8 milhões - Iraque, 65% — 17,4 milhões - Índia, 1% — 11 milhões - Azerbeijão, 75% — 6 milhões - Afeganistão, 19% — 5,9 milhões - Arábia Saudita, 10% — 2,7 milhões - Líbano, 45% — 1,7 milhões - Koweit, 30% — 730 000 - Bahrain, 75% — 520 000 - Síria, 1% — 190 000 - Emirados Árabes Unidos, 6% — 160 000 — Qatar, 16% — 140 000. Fonte: Vali Nasr, baseado em várias fontes públicas).
24 Vd. Avner Cohen in Israel and the Bomb, International Herald Tribune, 31-05-07.
25 Ou sofrendo do “Syndrome of serene disengagement”, como lhe chama o psicólogo israelita, Advig Schiabley.
26 Vd. Julius Lukasiewicz, in The ignorance explosion - understanding Industrial Civilization, Carlton University Press, Otava, 1994, “Indeed, the complexity of industrial society exceeds our ability to manage and control it”, (Intro, p.xxviii).
27 Neste sentido vd. Estudos apresentados Imprensa por 17 Instituições de Investigação britânicas em Fevereiro deste ano, Krieg gegen Iran hätte katastrophale Folgen, Die Presse, 05-02-07.
28 Vd. Reuters, 24-05-07.
29 Por todos, vd. SIPRI Pol.Pap. n.17 The Shangai Ccooperation Organization e www.sectsco.org.
30 Vd. Marshall T.Poe The Russian Moment in World History, Princeton University Press, 2007.
31 Vd. Gyorg Stepanov in President Irana proviel “Satziztkyu” Dipkorpusa, Izvestya, 31-10-2005.
32 Vd. Os livros recentemente publicados por Claire Tréan,“Le paradoxe iranéen», Plon, Paris, 2006 e Ray Takeh “Hidden Iran - Paradox and Power in the Islamic Republic”, Times Books, N. York, 2006.
33 Assim, todos se lembram da tática do “madman” utilizada por Richard Nixon (“bluff” deliberado em que Henry Kissinger contrabalançava, desempenhando o papel de razoável, não respondendo pela imprevisibilidade dum Presidente perfeitamente ao corrente da táctica negocial). A táctica teve os (maus) resultados que teve porque fragilizou Nixon e desacreditou Kissinger (vd. G. Kolko in Anatomy of a War, Phoenix Books, Londres, 1994, p. 343 e Michael Maclear in Vietnam: the ten thousand days war, Thames Books, Londres, 1981, pp. 397/398).