“Vem Comigo à Guerra do Ultramar”
de António Luís Monteiro da Graça (2007)
Em despretensiosa e limitada, mas cuidada, edição, o Coronel de Cavalaria Monteiro da Graça veio transmitir-nos no livro em epígrafe a vivência da sua demorada passagem de quatro comissões de serviço por Moçambique, primeiro, Guiné, depois, Angola, a seguir e, finalmente de novo Moçambique, no período de 1961 a 1973, num relato de estilo aberto, franco, atraente e bem elaborado no qual as suas verídicas “histórias” o fizeram certamente viver, ao recordá-las e redigi-las, tão quatro longos períodos alternados de serviço nos quais se sacrificou com os seus homens a uma dura missão e sacrificou também os que deste lado, familiares e amigos, acompanharam apreensivos e receosos o seu deambular pelas matas africanas.
Bem-haja Coronel Graça. O cuidadosamente composto relato que elaborou, que vem acompanhado de algumas fotografias e de esquemas de cartas elucidativos e no qual é patente a leveza da leitura dos sucessivos acontecimentos que nele recorda e descreve, arrasta-nos de imediato para a recordação de muitos aspectos pessoais que nas mesmas paragens que por esse tempo também tivemos de percorrer e incute-nos a vontade, é mais um privilégio, de um dia, imitando o seu labor e beneficiando o conhecimento da Guerra, também cada um de nós a rememorar e levar esse conhecimento a todos os que dela voluntariamente se afastaram, e muitos foram, ou que tiveram por qualquer outra razão a felicidade de não ter sido empenhados nos seus duros e sacrificantes eventos.
A Revista Militar felicita o Autor pelo seu sentido testemunho, cujo exemplar vai enriquecer a sua Biblioteca, e permite-se lembrar, acompanhando uma realidade que estará, felizmente a ser hoje mais habitual, que o seu livro de “memórias”, que o é, deveria ter tido mais lata difusão.
Tenente-General José Lopes Alves
Sócio Efectivo da Revista Militar
Terrorismo e Guerrilha - Das Origens à Al-Qaeda
pelo Coronel Manuel da Silva
A aprendizagem das sociedades em face da evolução histórica do terrorismo e da guerrilha, o seu enquadramento nos processos subversivos e revolucionários e as suas principais figuras e doutrinas, pode observar-se nesta obra que nos apresenta, com actualidade e de uma forma muito peculiar, o desenvolvimento dos mundos extremistas.
A abordagem das lógicas de actuação e dos mecanismos de utilizados por movimentos que privilegiaram ou assumem o terrorismo e a guerrilha como instrumentos de combate é feita com um sentido pedagógico, no domínio das relações internacionais, com fácil entendimento, fomentando no leitor, mesmo que seja especialista na matéria, uma curiosidade permanente e um enquadramento histórico e estratégico.
Em Terrorismo e Guerrilha - Das Origens à Al-Qaeda, o Coronel Manuel da Silva mostra-nos a “evolução da guerrilha e do terrorismo sem motivações religiosas” na Europa (sem motivações político-religiosas), na Ásia (com a afirmação da doutrina chinesa), no continente americano (numa diversidade e aspectos) e no continente africano (nacionalismos e radicalismos). O livro contém, igualmente, um aprofundado capítulo dedicado à “evolução do islamismo e do radicalismo islamita”, a que se segue um estudo da “evolução dos conflitos em Israel e na Palestina, bem como dos Balcãs e da questão dos curdos”.
Para a facilidade de leitura, o autor antecipa um conjunto de conceitos fundamentais do âmbito do Direito Internacional Humanitário e das Nações Unidas, distinguindo, nos cenários da conflitualidade internacional, guerrilha e terrorismo e acto terrorista de outros actos de violência
A Revista Militar agradece a “Edições Sílabo” o exemplar enviado, felicitando a Editora e, muito em especial, o Coronel Manuel da Silva por esta contribuição que dá a conhecer, de forma tão sistematizada, a evolução dos conceitos de terror e de guerrilha ao longo da História.
Major-General Adelino de Matos Coelho
Sócio Efectivo da Revista Militar
“RESENHA HISTÓRICO-MILITAR
DAS CAMPANHAS DE ÁFRICA (1961-1974)
6.º VOLUME - ASPECTOS DA ACTIVIDADE OPERACIONAL
Tomo I - Angola - Livro 2 (1964/74)”
Esta obra do Tenente-Coronel de Artilharia, licenciado em História, António Lopes Pires Nunes, Sócio Efectivo da Revista Militar, surge na sequência do Livro 1, relativo ao período 1961/64, editado em 1998. O conjunto totaliza 1 300 páginas, fruto da investigação conduzida pelo Autor ao longo de mais de 15 anos.
Publicado pelo EME, é o 19.º livro da CECA e constitui um importante documento sobre a guerra em Angola, o único TO onde as NT conseguiram travar a subversão e inverter a sorte das armas, criando condições para a evolução sócio-económica que, a prazo, iria certamente conduzir a uma solução política da guerra.
E é natural que nos interroguemos sobre o que teria acontecido em Angola se não tem desaparecido tão prematuramente o General Silva Freire. Morto no desastre do Chitado, logo em Nov61 após escassos cinco meses de comando, mas que tinham sido suficientes para conquistar Nambuangongo e reocupar a Pedra Verde e todo o Norte que tinha sido abandonado. E também planear o futuro, começando por desmistificar a sempre difícil época das chuvas e dinamizar a criação das zonas militares Leste, Centro e Sul.
Este Volume inicia-se com algumas considerações sobre a envolvente internacional sobre os territórios portugueses em África, que justifica pelo aparecimento, em Maio de 1963, da OUA (Organização da Unidade Africana), uma espécie de ONU africana. Que nunca conseguiu unir os esforços dos movimentos que se nos opunham, o que foi agravado com o aparecimento da UNITA. Essas divergências foram uma das causas do seu enfraquecimento, do que resultou que Portugal, na prática, se bateu contra três inimigos diferentes e diferentes entre si. Foi uma vantagem para nós.
O Autor destaca algumas operações levadas a efeito e outros pontos importantes da guerra.
- A “Op. Quissonde”, pelo uso de desfolhantes artesanais e o emprego de brigadas de pioneiros, que arrancavam as lavras à mão, tentando vencer o In pela fome: uma utopia sem resultados palpáveis.
- O nascimento da I Região Militar do MPLA, a Sul dos Dembos, ameaçando a estrada do café e projectando a sua ligação às células de Luanda do MPLA.
- A “Op Vind’a Nós”, bastante curiosa porque, estando no terreno forças da FNLA e do MPLA que também se combatiam, as NT cumpriram uma Ordem de Operações dupla, para actuarem conforma se deparassem com quartéis de um ou do outro movimento. Terá sido um caso único na guerra de Angola.
- A situação em Cabinda, com evolução significativa após 1964, quer pelo aparecimento do petróleo, quer pela transferência do MPLA de Cabinda (onde não tinha apoios) para o Leste.
- A abertura da frente Leste, com aumento significativo da área de subversão activa, passando de 6% do território (em 1965) para quase 42% (em 1968); e viria a cair para menos de 1% (em 1974) após a estagnação no Norte e a vitória no Leste.
- O Despacho Conjunto dos ministérios do Ultramar e da Defesa Nacional, dando origem à directiva geral “Angola em Armas” (1970), que permitiu uma viragem completa na filosofia da guerra. A principal prioridade, para todas as autoridades de Angola, passaram a ser as populações.
- A remodelação do dispositivo, que se traduziu no significativo reforço do Leste.
- O empenhamento no Leste, em reiteração de esforços, das tropas “comando”, que conduziram em anos sucessivos operações com a designação genérica “Siroco”, com grande eficiência e significativos resultados.
- O desempenho das tropas Pára-quedistas e da tropa normal, de quadrícula, com unidades metropolitanas e do recrutamento local.
- A utilização da Cavalaria a cavalo, nas “chanas” do Leste.
- A utilização das tropas irregulares (TE, GE, Fiéis, Leais, Flechas e Milícias).
- O ordenamento das populações.
- A “Op Madeira”, que concretizou os contactos entre a UNITA e o Comando da ZML através dos madeireiros de Cangumbe. O Autor desfaz muitas ideias falsas e denuncia as inverdades que se disseram sobre Savimbi, que nunca se deixou manipular ou se entregou às nossas autoridades portuguesas; apenas fez um acordo de não agressão para melhor combater o seu inimigo principal, o MPLA, mas não foi por nós armado para o seu propósito.
- Um vasto conjunto de dados, como sejam quadros de mortos e feridos; desertores; efectivos metropolitanos e do recrutamento de Angola; material de guerra capturado e sua tipologia, agrupado por proveniências.
- A relação de todos os governantes de Angola e dos comandantes-chefes, com uma breve nota biográfica sobre o seu contributo na condução da política e das operações militares; e bem assim dos comandantes da RMA e dos generais CEMGFA no período em análise.
- Termina com uma breve síntese sobre Angola, alguns pontos da situação económica, a condução da luta contra a subversão e os estudos que conduziram à elaboração da obra.
- Em anexo, junta importante documentação, incluindo directivas, um plano de operações e a transcrição do Sitrep circunstanciado de 03Abr74, testemunho vivo do dispositivo das unidades dos três Ramos nas vésperas do “25 de Abril”.
Também de muito interesse o inquérito, alargado e anónimo, feito a oficiais que frequentavam cursos. Sensivelmente a meio da guerra (1967), se bem que tal se não pudesse prever na altura, a todos foi perguntado: o que pensa do problema do Ultramar, situação actual e evolução previsível; factores que julga mais afectam o moral das tropas; alguma ideia sobre qualquer medida a adoptar que julgue útil aplicar; e que ideia tem da Acção Psicológica em geral.
É muito curioso ler as respostas obtidas, mas particularmente interessante analisar a resposta à primeira questão, pois a opinião geral era que: a situação militar é muito grave; a acção militar armada não resolve o problema; e não podemos abandonar o ultramar.
O Autor chama em especial a atenção para o carácter da obra - de “resenha histórica” - que contém os aspectos mais significativos da guerra, nomeadamente as grandes directivas dos comandantes-chefes, que enquadrou e desenvolveu, mas sem pretender fazer história definitiva.
Isto é o que se me oferece dizer sobre esta magnífica obra e sobre o seu Autor, nunca sendo demais enfatizar a sua permanente dedicação ao Exército, ao longo de mais de 20 anos, nas situações de Reserva e Reforma.
Este livro foi por mim apresentado no Museu Militar, no dia 31 de Maio, a convite do Major-General Adelino de Matos Coelho, Director de História e Cultura Militar, o que muito me honrou.
Coronel Alberto Ribeiro Soares
Sócio Efectivo da Revista Militar