Deste documento faz parte um documentário, composto por cerca de 150 fotografias relacionadas com o assunto, criteriosamente seleccionadas. A realização audiovisual foi criada para ser exibida em complemento ao entendimento do espírito do tempo em que os factos se passaram. Sem esse suporte, torna-se mais difícil qualquer abordagem. Porém tanto o documentário como o presente artigo reflectem o ângulo de visão e de opinião do autor que, não por acaso, é antropólogo.
Tal como vem acontecendo há 45 anos, os Ex-Instruendos da classe de 1959 da Ex EAMA (Escola de Aplicação Militar de Angola) de Nova Lisboa, mais uma vez se reuniram, e diga-se em abono da verdade, para que se saiba, todos fomos incorporados em companhias Indígenas.
A meio da última confraternização (2005), numa troca de palavras com um velho e grande companheiro, no caso o Coronel Catolino Dias Pinto, (sem qualquer desrespeito pelos restantes) lamentava-me eu, da actuação menos própria de alguns militares. Em resposta, recebi uma grande lição “Zé, não te esqueças, antes de militares são homens, e algumas características menos dignas, também se encontram inscritas na nossa natureza humana…
E ao começar pela abordagem dos valores morais, que teimam em pautar a atitude dos homens e das mulheres, pertençam eles à Nação que pertencerem (no sentido de chão, de país, de terra dos pais) lembrei-me daqueles que, dum lado e de outro, nos antecederam nas vicissitudes da vida militar.
Nesta Zona de África tudo começou para os portugueses por volta de 1485. Diogo Cão ia dando continuidade às ordens dos seus maiores, percorrendo as etapas necessárias, estabelecendo os respectivos contactos, que facilitariam o posterior encontro com o “Adamastor”. Na sua segunda viagem, colocou o padrão do Cabo Negro1 situado perto da povoação de Pinda e de Porto Alexandre, entre os paralelos 15 e 16 de latitude sul.
A sul da costa de Moçâmedes situa-se a enseada da “Angra do negro” conhecida pelos ingleses por “Little Fish Bay”, mas que para os naturais sempre foi conhecida como Bisungo-Bitolo. As embarcações portuguesas rondariam estas paragens à caça de baleias e na rapina de “peças” (escravos), havendo notícias da presença dos portugueses no século XVII. Terá sido por volta dessa altura que um português deu o nome de Moçâmedes à Baía, embora estas informações sejam muito obscuras. Outras mais concretas dão notícia de uma expedição comandada pelo rico sertanejo Gregório José Mendes na patente de Sargento-mor das ordenanças.
Incumbido de actualizar informações das rotas do comércio do interior, e por outro lado corrigir a infeliz incursão da expedição marítima do Tenente de mar António Valente e do Tenente-coronel Pinheiro Furtado. Ousaram explorar terra depois de arribar em 3 de Agosto de 1785 a Angra do Norte. Foram assassinados quando exploravam a margem do Bero.
Segmento de carta geográfica de 1907 com localização das Terras do Fim do Mundo “Kuamato”
E tudo isto porque tinham sido incumbidos pelo governador da zona para explorarem a possibilidade de criarem ali um possível presídio 2. Sempre que os exploradores europeus, de qualquer potência colonizadora, menosprezaram a inteligência dos nativos, sofreram as respectivas consequências, acabando com frequência por morrer inutilmente.
Todo um passado recente dizia aos potentados quão perigosa se tornaria a permanência militar dos brancos na zona. E note-se que então como hoje, fazer incursões não era difícil, a dificuldade estava em permanecer nos locais avassalados. O adversário sabia memorizar as circunstâncias. Quem invadia, tratando-se de europeus, não estava minimamente adaptado ao clima, à geografia e era desconhecedor quase absoluto dos trilhos de contacto com as populações. Foi assim também nos primeiros dois anos da guerra colonial vivida a partir de meados dos anos cinquenta, já lá vão outros cinquenta anos.
Um astuto, ousado e conhecedor sertanejo, António Guimarães Júnior ofereceu-se, já em 1839 para fundar um estabelecimento em terras de Moçamedes. O objectivo era o de comercializar, carne salgada, fabrico de sola, uma vez que nos nativos eram possuidores de imenso gado bovino.
Todavia não podemos esquecer que estes privilégios concedidos pelo governo tinham por detrás, para além do lucro, a espionagem a favor da implantação do domínio português.
O elemento militar português, ou o que por tal passava, era ainda em 1845-1848, mais do que nunca o escudo do comércio dos grandes negociantes de Luanda e Benguela. E estes, por sua vez, contavam com a resistência e coragem dos seus pumbeiros e aviados, comerciantes ambulantes, negros mestiços libertos ou forros e mesmo até escravos que deambulavam pelos mercados do interior, tanto os já afectos aos portugueses como aqueles em que os europeus ainda pagavam pela permissão de comprar e vender. Estas relações explicam em grande parte a continuidade de um sistema de trocas (álcool armas, pólvora, panos, etc.) a que correspondia um equilíbrio económico que não conhecera substituto em África.
A grande força dos portugueses provinha da quase total ausência de concorrência comercial e política... Só estava seriamente ameaçado, a norte das possessões reais ao longo do que os portugueses chamavam a Costa do Norte. Era grande e muito experiente a habilidade dos armadores “estáticos” de Luanda e Benguela ao utilizarem a resistência e coragem dos seus pombeiros e aviados, negros mestiços libertos ou forros e mesmo até escravos, quando não eram até degredados, foragidos ou não, como aconteceu com João Brandão e José do Telhado.
Deambulavam pelos mercados do interior, tanto os já afectos aos portugueses como aqueles em que os europeus ainda pagavam pela permissão de comprar e vender. Estes agentes itinerantes iam funar (leia-se praticar o comércio ambulante) pelos mercados do interior no sertão já subjugado ou pelos ainda insubmissos potentados. A perpetuação do sistema de trocas (álcool, armas, pólvora, panos etc.) correspondia a um equilíbrio económico que não conhecera substituto em África.
Um dos principais conflitos residia na oposição que os comerciantes faziam aos militares. Tentavam a todo o transe transformar a transferência de poderes fiscais no sertão. Os missionários por sua vez não viam com bons olhos a ocupação militar, pressentiam as razias. Todos, sem excepção, desconfiavam de todos.
São do General Norton de Matos as seguintes palavras: A 1ª Grande Guerra fez desaparecer o enorme império Austríaco do mapa da Europa, formando com ele diversas nações, no meio das quais a Áustria ficou mínima em território e população, sem finanças próprias, servindo a ensaios e experiências políticas, quase como uma curiosidade de museu3.
E diz mais: Que mandou uma carta a 1 de Janeiro de 1913 ao ministro das colónias de então com os seguintes dizeres:
Desejo-lhe um ano novo cheio de venturas. Venho pedir-lhe que leia o livro de F.Von Bernhardi. A Alemanha e a próxima guerra que foi posto à venda nos fins de 1911. Sei que V. Exa., lê correctamente o alemão, mas já há deste livro uma tradução inglesa4.
Nos tempos que antecederam a Grande Guerra estava a Alemanha ocupada na sua fantástica obra a federação Central Europeia. Para tanto teria que empregar os meios julgados convenientes alargando os seus territórios coloniais em África. Ocorreram acontecimentos que mostravam a possibilidade da Alemanha obter grandes territórios em África e na América do Sul em consequência de negociações pacíficas subjacentes com a crise financeira e política Portuguesa…
Apresentava-se assim uma oportunidade excelente para se apoderar das colónias portuguesas mais valiosas, embora se tenha dito que a Inglaterra depois de ter chegado a acordo com a Alemanha sobre a partilha das colónias Lusitanas, garantiu a Portugal, (por meio de uma convenção especial) a posse de todas as suas colónias.
Continuam as transcrições, “as terras de África, que terão de passar para a nossa posse devem de ser encaradas sobre dois aspectos: desejamos que umas sejam próprias para a colonização alemã, para a fixação dos colonos germânicos e outras que sejam fornecedoras de matérias-primas e constituam mercados dos produtos alemães”.
Não devemos, porém perder de vista a absoluta necessidade de não enfraquecer na África o elemento germânico, espalhando os colonos ou os comerciantes pelos territórios africanos. Temos de os reunir em blocos compactos, em centros políticos de gravidade, próprios para a criação de mercados das nossas exportações, para a difusão da cultura alemã.
Foi contra este Golias germânico, entre outros que o pequeno Portugal teve de se haver. De que lado enfileirar então? A coabitação, a dominação e a influência dos Portugueses, por antigas que fossem, podiam a todo o momento ser contestadas pelos seus súbditos, vassalos e vizinhos.
A disenteria, a malária, o escorbuto, a filaria, a tuberculose faziam as suas razias nas tropas expedicionárias, àa quais não faltava a semente da desunião. Não admira portanto que um dos piores revezes tivesse acontecido em Setembro de 1904 com os Kuamato. Um guia ovimbundo que fora deportado para o Humbe5 levou-os a cair numa emboscada em Umpungo.
Guerreiros Kuamato Foto do então Alferes Veloso e Castro 1905
Os guerreiros Kuamato, munidos de excelente armamento, muito dele conseguido com a venda de gado, mais para o sul do que para o norte… eram, e continuam a ser, possuidores de excepcionais qualidades militares. As populações vizinhas, juntavam-se a eles, constituindo a temível Liga Ovampo, sempre que era necessário combater o inimigo comum, o branco.
Como sempre, os Kuamato quando entravam em contacto com os inimigos e em especial contra os portugueses mantinham-se ocultos entre as árvores, tal como aconteceu com a expedição do Comandante Aguiar. Começaram por disparar sobre os oficiais e depois avançaram. A cavalaria, carregou sobre as árvores e perdeu as montadas, tudo aconteceu como em 1891. Os Kuamato estavam a 100 150 metros e tinham concentrado um poder de fogo invulgar nos confrontos bélicos em Angola.
Pior que tudo, o Comandante Aguiar mandou usar a artilharia, as peças mal apontadas dispararam sobre os sobreviventes, que saíam do mato. Naquela ratoeira os Kuamato não fizeram prisioneiros acabando por dar a morte aos últimos soldados que ainda resistiam.
Foto do Alferes Veloso e Castro campanhas do Kuamamto 1905
Por volta de Agosto de 1904 todos os Ovambo pressentiam6 que algo acontecia com o Exército Português estacionado na zona. Preparavam uma grande guerra e pareciam muito confiantes.
Os sacrifícios eram incomensuráveis, a fotografia intercalada que se apresenta dá certamente uma pálida ideia do que era, por exemplo, um carro com dez juntas de bois preparado para transportar três toneladas. Muitas vezes o condutor carreiro, era preto, já civilizado, manejando o chicote a preceito, coadjuvado pelo homem do travão e candeeiro, que normalmente não passava de um rapazito e seguia à frente da primeira junta de bois7. Pode imaginar-se o que seria comandar uma expedição militar, constituída por 2 291 militares, oficiais, sargentos e praças, incluindo indivíduos civis, condenados, e indígenas; 115 auxiliares portugueses, boers e indígenas; 100 cavalos, 181 muares, 620 bois de carro, 40 bois para abater (deveriam contar-se entre os bois a abater os que se fossem perdendo das juntas de bois de tracção). E falamos nós hoje de dificuldades. O autor destas linhas foi militar numa companhia indígena, mais propriamente a 5ª Companhia de Caçadores Indígenas do Batalhão de Caçadores Nº 3 (com muita honra) de 1959 a 1963, sempre no Norte de Angola. Sabe muito bem do que fala, durante 35 anos manteve-se na Zona. Acaba de chegar do Uije, onde foi reconfirmar e adquirir novos conhecimentos para dar continuidade à sua tese de doutoramento.
Libata do kuamato 1905
O terreno em terras do Kuamato e do Ovampo é relativamente plano, apenas ligeiras ondulações aqui, além coincidindo em regra com zonas de cultura… Quem atravesse qualquer dos vaus de Balaonde, Pemba, do Encondo ou Macuma, embrenha-se de seguida em matas marginais, atingindo depois um plató, cujo o aspecto geral seria o de uma vastíssima campina de capim, salpicada por vezes de manchas de mutiati. Essas manchas de mata, ligadas entre si, envolvem as zonas de capim que ficam livres e tomam o nome de chanas. Estas por sua vez, quando extensas e estreitas e correspondendo a depressões sensíveis do terreno, tomam o nome de mulolas. Em regra é à volta das chanas, no meio do mato, que vivem os naturais em libatas, bem defendidas por cercados de pau a pique.
Weyulu, o grande chefe político e militar, já não estava entre os vivos para poder mandar incutir aos seus lenga (guerreiros comandantes) a força mágica vital induzida aos Kuanhama em vitórias anteriores, faltavam-lhes também os grandes conselheiros alemães... como faltaram às gentes do norte a “inteligência” inglesa. O sucessor de Weyulu seu irmão Nande, segundo algumas informações de fonte fidedigna, não era muito afecto aos brancos alemães. Dizia-lhe a experiência vivida e pelos seus antecessores transmitida que, se os seus queriam sobreviver tal custaria a separação do reino. Os brancos dividiriam o país Ovambo entre si. O melhor seria fazer as pazes com eles, embora os chefes guerreiros Lenga, quase todos Ovampo, não Kuanhama, ou mesmo renegados Humbe ou Ganguela, fossem detentores de uma enorme vantagem: muito astutos e profundos conhecedores do seu chão, sabiam ler todas as pegadas e pela forma como se inscreviam no terreno até conheciam as intenções do inimigo. Comandavam de forma magistral cerca de 300 homens. A sua experiência era longa, tinham presenciado primeiro e comandado depois, inúmeras razias e saques, sendo essa experiência a força da sua razão, por isso, resistiam às incertezas do seu rei. Se fosse necessário desobedecer, o recurso seria envenenamento do rei. Não deixariam de retirar a sua parte da presa de guerra. Era o seu ofício.
Segundo o missionário francês Lecomte8 “só os Kuamato e os Vale (Mucubais) eram de temer. Eram corajosos, ao passo que os Kuanhama baseavam a sua estratégia no efeito de surpresa e na sua rapidez de atacar as povoações”. Aquilo a que chamamos razias.
Mas Nande, interiormente não se deixava enganar. A sua intuição dizia-lhe que mais tarde ou mais cedo, as metralhadoras alemãs a sul e as portuguesas a norte, acabariam por crivar de balas a sua independência. O Padre Ernesto Lecomte9 numa das suas “duas cartas dum missionário...” escrevia. Foi ele que em 1901 teria exclamado para o irmão Weyulu: “Visto isso, tu hás-de pertencer aos alemães e eu aos portugueses (Nande administrava o Norte) verás que daqui a meia dúzia de anos já não seremos mais nada e o poder há-de ser dos brancos 10.
Só a indecisão da administração portuguesa iria permitir aos Ovambo, pelo menos aos Kuanhama conservar a sua independência até ao verão de 1915. Facto absolutamente notável, pois só os Dembu a Norte, e a revolta de Buta na zona fronteiriça de S.Salvador, hoje Banza Kongo, tinham similitudes notáveis. Independentemente de tudo isto, o envenenamento espreitava Nande se quisesse tocar no tecido social e económico dos Kuanhama. Extraordinariamente penoso foi admitirem que os brancos eram possuidores das novas magias de matar. Os seus chefes espirituais não as compreendiam, e por isso, não conseguiam transmitir ao seu líder a forma de suportar a derrota.
O autor está ciente (e não necessita de ser um estratega militar) que embora o canhão fosse uma força dissuasora era muito difícil de locomover nestes terrenos. Três novos elementos introduzidos foram fundamentais para conduzir os brancos à vitória:
A metralhadora que passou a devastar filas inteiras de combatentes indígenas.
O telégrafo morse, grande ganhador das comunicações e que destronou o tambor de guerra das forças indígenas.
E, finalmente, a fotografia, órgão que punha à disposição do Estado-Maior do Exército dos brancos o panorama real e factual do que acontecia no terreno.
Acrescente-se que quando os missionários ingleses no norte de Angola utilizaram pela primeira vez esta tecnologia, “a Caixa Mágica” para surpreender as elites políticas que olhavam estarrecidas a figura do seu rei falecido, o seu espanto era enorme e os grandes feiticeiros mais uma vez ficaram, perante os seus notáveis sem poder justificar tal poder detido pelos “feiticeiros” brancos. Ainda hoje, no norte de Angola, a máquina fotográfica, na posse de um estrangeiro europeu é olhada com muita reserva.
O já Major Roçadas com oficias do seu Estado-Maior nas campanhas do kuamato
Com estas vantagens contou o Capitão Roçadas, (durante as três campanhas que dirigiu 1905, 1906, 1907) mas também com um vasto conhecimento adquirido pelas expedições anteriores. Inestimável foi a actuação do fidalgo Kalipalula Kuamato da mais alta linhagem. Votado ao ostracismo pelas suas gentes, teve de abandonar com a família e haveres o seu chão. Encontrado muito ferido pelos portugueses, foi curado, em troca conduziu a expedição de Roçadas com a maior segurança, os menores custos e a maior rapidez em alcançar o objectivo.
Os Kuamatos já esperavam os portugueses. Tinham levado para o mato os mantimentos e as armas que podiam. Nas refregas foram auxiliados por outros povos vizinhos surpreendendo muitas vezes os exaustos expedicionários. Estas palavras do Capitão Roçadas são testemunho da valentia do adversário11, As qualidades guerreiras do inimigo e a sua força de combater”.
Estavam prestes a começar os recontros. Os Kuamato tinham reunido o máximo de vizinhos que podiam, mas por si eram os mais temidos, os mais aguerridos os mais audazes, sendo temidos pelos próprios Kuanhama e Evale. Estavam lá também os Kuambi, muito temidos no assalto à arma branca, enfim também os ganguela, barantus, e hingas. Ao todo cerca de 20 000 homens. Tal como Nande os seus guerreiros Kuamato renderam-se momentaneamente, a guerra na zona iria perdurar até para lá de 1920. Curiosamente a última guerra em Angola iria acabar com a morte de Jonas Malheiro Savimbi já lá vão quatro anos (2001).
Recordemos que no início mencionámos o General Norton de Matos: “Desejo-lhe um ano novo cheio de venturas. Venho pedir-lhe que leia o livro de F.Von Bernhardi. A Alemanha e a próxima guerra que foi posto à venda nos fins de 1911. Sei que V. Exa., lê correctamente o alemão, mas já há deste livro uma tradução inglesa.12”
Do discurso do Comandante de Operações do Kuamato, José Augusto Alves Roçadas, proferido na Sociedade de Geografia de Lisboa em 1908 ressalta um trecho final “…seja organizado por um processo idóneo, parece que seria o meio de iniciar desde já o ressurgimento daquela nossa pérola colonial, que, filha ainda, na infância, a mãe pátria deve cuidar em instruir, desenvolver e preparar para a luta futura, de forma a que no dia em que chegue à sua maioridade, ela possa dar-lhe voluntariamente o emblema da independência, na certeza do que terá quem continue a representar dignamente, como sucede hoje com o Brasil, a velha raça lusitana, e a considerar-nos como nação favorecida nos tratados mútuos.
Estas apreciações dependem sempre do mérito que o leitor possua em saber interpretar o espírito do tempo em que os acontecimentos se desenvolveram…
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* Mestre em Ciências Sociais e Políticas, Antropologia Cultural e Estudos Africanos pelo ISCSP/UTL.
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1 Silva, Raul José Candeias Subsídios para a História da Colonização do Distrito de Moçâmedes Durante o século XIX, Stúdia Nº32 (Junho 1971) p. 371.
2 Idem p. 374.
3 Matos, Norton Memórias e trabalhos da minha vida, volume 4 pp. 9-10.
4 Idem, p.18.
5 Pelissier, Rene, História das campanhas de Angola II, p. 191.
6 Pelissier, Rene História das campanhas de Angola II. p. 189.
7 Roçadas, José Augusto Alves Conferência sobre o Sul de Angola, A propósito das operações Militares do Cuamato, Sociedade de Geografia de Lisboa, 1908 p. 11.
8 René Pelissier, obra citada, II p. 190.
9 Lecomte, Ernest, Duas cartas do missionário Ernesto Lecomte, P. E Af. Nº132 Dezembro de 1904.
10 René Pélissier, obra citada I, p. 35.
11 Roçadas, José Augusto Alves, obra citada, p. 23.
12 Idem, p.18.