Nº 2484 - Janeiro de 2009
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
200 Anos da Batalha do Vimeiro.
Brigadeiro-general
Nuno Correia Barrento de Lemos Pires
Desde 1793 que Portugal lutava contra franceses. Na II Guerra Global Portuguesa1 tivemos portugueses a combater nas cinco partes do Mundo, do Brasil até Macau, da Ilha de Malta até à Rússia, foram 25 anos em Guerra que só terminou em 1817. No ano da Batalha do Vimeiro, em 1808, a Guerra iniciaria a sua fase mais cruel e decisiva: invadidos, humilhados, pilhados, violentados. Mas foi a Nação, forte e coesa, que se levantou em armas para defender o sagrado chão de Portugal.
 
No ano anterior, em 1807, depois de Napoleão ter vencido os mais fortes da Europa - Austríacos, Prussianos, Russos - e de ter controlado quase todo o Continente, que podíamos nós fazer contra mais uma ofensiva franco-espanhola2? Inteligentemente mudámos a sede do governo para o Rio de Janeiro, salvámos a nossa forte Marinha de Guerra e esperámos por um sinal do nosso tradicional aliado britânico para poder recuperar o país. A Grã-Bretanha, por sua vez, esperava para ver a determinação de Portugal. Não foi preciso esperar muito.
 
 
As “Forças Desarmadas”
 
O General Francês Andoche Junot entrou e ocupou Portugal em Novembro de 1807. Em Dezembro a população de Lisboa revoltou-se contra o hastear da bandeira francesa no Castelo de S. Jorge. No princípio de 1808 continuaram os indícios da revolta nas Caldas da Rainha, em Mafra, em Évora, etc., e Napoleão dá ordens a Junot para que este desarme rapidamente o País e mande sair do território nacional o Exército de Portugal. Assim, em Maio de 1808 já não tínhamos Exército: tinha partido para França (re)organizado na denominada Legião Portuguesa e o muito pouco que restava tinha sido desarmado e mandado para casa.
 
Também as Milícias e Ordenanças, verdadeira espinha dorsal da defesa do território nacional, foram desarmadas e desfeitas. Os melhores comandantes militares tinham partido para França ou para o Brasil. Era assim muito difícil resistir contra a poderosa França reforçada em Portugal com 3 divisões espanholas mas, felizmente, a Espanha mudou de posição em Maio e, ao revoltar-se, abandonou o nosso território. Estavam criadas as condições para retomar o nosso País.
 
 
A Revolta Nacional e a Batalha de Teixeira
 
Bragança3, Vila Real, Chaves, Miranda, Torre de Moncorvo, Ruivães, Porto, Braga, Trancoso, Viana do Castelo, todo o norte se levantou contra o invasor. Os poucos (pouquíssimos) líderes capazes4 surgem nos primeiros dias da revolta: Sepúlveda em Bragança, Francisco da Silveira em Vila Real, Luís do Rego em Viana, Manuel de Mariz no Porto, etc.
 
Junot percebe que não conseguirá controlar Portugal inteiro sem reforços e a reacção inicial francesa foi o de garantir as linhas de comunicação com as restantes forças em Espanha. Loison segue para Almeida com 4 000 homens, Avril para Cádis com 2 500 e Kellerman para Elvas com 2 000.
 
Para debelar a rebelião no Porto, Junot envia a 17 de Junho de Almeida o General Loison “o Maneta” com 2 600 homens bem armados e equipados, mas este nunca lá chegará. Na primeira grande batalha contra os portugueses, “armados com o que podiam”, às ordens do Coronel Silveira (futuro conde de Amarante), os franceses são derrotados nas alturas de Teixeira e Régua. Em síntese foi esta a história da primeira vitória na Península Ibérica contra os Franceses - a Batalha de Teixeira (ou dos Padrões de Teixeira e Régua)5:
A Infantaria Ligeira de Loison atacara o centro do dispositivo português e à medida que avançava contra os mal armados “10 000 portugueses” encontrava cada vez mais combatentes incluindo algumas peças de artilharia. Loison, ferido, sofrera baixas severas e fora obrigado a retirar. É também informado que no Porto se estão a formar rapidamente “Regi­mentos de Linha”6 e assim decide voltar a Almeida.
Pela primeira vez, os «gloriosos conquistadores da Europa» fugiam”7
No regresso dos franceses para Almeida são praticadas por estes as maiores barbaridades que iriam aumentar a triste fama do “maneta”: dos 1 000 a 3 000 mortos portugueses registados nesta campanha de Almeida - Teixeira - Almeida a grande maioria são “cidadãos pacíficos e desarmados (…) queimou searas, casas e celeiros, matou homens, mulheres, crianças e velhos8. Loison por seu lado perdera mais de 300 homens, quase toda a sua bagagem e pelo menos duas peças de artilharia.
 
O Exército Operacional Português podia ter sido enviado para França, mas com base na organização secular de milícias, ordenanças e nas poucas forças de 1ª linha que restavam, um novo Exército, uma força popular, uma nação em armas, renascia de forma incrivelmente rápida9. Mas não bastava a vontade pois faltava tudo: armas, uniformes, dinheiro, comandantes, cavalos, doutrina, táctica, treino!
 
Depois do Norte foi o Algarve10 e a revolta espalhou-se por todo o território nacional: Coimbra, Leiria, Nazaré, Mafra, Sines, Setúbal, etc. Junot sabia que não podia lutar contra todo o país e mandou concentrar as suas forças ao redor de Lisboa e na manutenção das linhas de comunicação com Espanha, especialmente no Alentejo. Morreram milhares de portugueses na defesa do impossível11 mas a verdade é que no início de Agosto, os franceses apenas controlavam Lisboa, parte do centro do país e o eixo Lisboa-Alentejo. As principais fortalezas estavam ou nas mãos dos portugueses ou encontravam-se sitiadas pelas nossas forças. Portugal garantia bastantes portos seguros, áreas libertadas, uma população decidida e um Exército em formação12. Os britânicos podiam então desembarcar, tranquilamente e com toda segurança, o seu Exército bem armado, equipado, treinado e devidamente comandado.
Em pouco mais de um mês a revolta estendera-se a quase todo o território português. Restava a capital e os seus arredores ocupados pelo exército francês.” 13
Já antes de Wellington (ainda Wellesley) pôr o pé em terra a revolta libertara nove décimos do país”.14
 
 
Franceses, Ingleses e Portugueses: Estratégia, Força e Organização
 
A França teve três momentos na sua “grande estratégia” para tentar conquistar a hegemonia na Europa: uma estratégia indirecta inicial “Napoleão decide que pode vencer a Inglaterra conquistando o Levante, na sequência da campanha vitoriosa de Itália. A campanha do Egipto de 1798 (…) fracassada esta primeira abordagem, Napoleão regressa a França (…)”15; de seguida pensou no ataque directo à Grã-Bretanha “O imperador instaura a partir de 1804 um gigantesco acampamento ao longo do canal da Mancha (…) cerca de 200.000 mil homens da Grande Armée”16 mas para isso precisava do controlo do canal da Mancha que a derrota naval de Trafalgar em 1805 veio impedir, o que levou a decidir-se pela terceira fase da sua estratégia: o domínio “terrestre” do continente europeu.
 
Com as vitórias de Austerlitz em 1805, Iena e Auerstad em 1806 e Eylau e Friedland em 1807, Napoleão Bonaparte tinha derrotado as maiores potências continentais da Europa: Áustria, Prússia e Rússia. Faltava por isso controlar a potência marítima, a Grã-Bretanha. Para cortar o acesso dos britânicos ao continente europeu, tinha Portugal no caminho17, pelo que a estratégia para a Península Ibérica se baseava em:
 
• Impedir o acesso da GB à linha de costa, negar o controlo dos portos principais da Península Ibérica “Junot para Lisboa18, Soult para a Corunha e Dupont para Cádiz”19; como afirma o Professor Borges de Macedo, o bloqueio continental decretado por Napoleão está intima­mente relacionado com a estratégia marítima e é, em si mesmo, uma parte da guerra atlântica;
 
• Manter os centros populacionais dominados pelos afrancesados e neutralizar os restantes;
 
• Procurar as batalhas decisivas através da concentração de forças20.
 
Em 1808 os Franceses eram considerados invencíveis. A missão de ocupação de Portugal foi dada ao 1º corpo de observação da Gironda, mais tarde renomeado Armée du Portugal, comandado pelo General Andoche Junot e composto por 3 divisões sob o comando dos Generais Loison, Delaborde e Travot e a Cavalaria sob o comando do General Kellerman, num total de 24 918 homens21. A maior parte das unidades eram francesas mas havia também dois batalhões suíços, 1 italiano e 1 Hanoveriano.
 
O sistema francês baseava-se em Exércitos compostos por corpos de exército a quem era atribuído uma área geográfica específica - o Corpo da Gironda, Armée du Portugal, seria mais tarde, em Outubro de 1808, transformado no 8º Corpo do Exército de Espanha. Os corpos de exército eram normalmente “divididos” em 3 a 4 divisões, cada divisão em várias brigadas e cada brigada em 3/4 batalhões.
 
À data da 1ª Invasão Francesa a Portugal, cada regimento de linha francês era composto por 3 batalhões de linha e um de depósito. A partir de 18 de Fevereiro de 1808 passou para 5 batalhões (4 + 1). Cada batalhão de linha estava organizado numa companhia de granadeiros, uma de voltigeurs (infantaria ligeira) e 4 companhias de fuzileiros. As companhias tinham 140 homens. O total “teórico” de cada regimento era de 3 908 homens (78 Oficiais).
 
A cavalaria francesa em Portugal era constituída unicamente pelo 26º Regimento de Cavalaria ligeira e destacamentos de 6 regimentos de dragões (caçadores a cavalo). Junot reorganizou depois os regimentos de dragões para 600 homens cada pela confiscação que fez à desfeita cavalaria portu­guesa.
 
A artilharia de Junot foi constituída a partir de várias unidades e não atingia a proporcionalidade proposta por Gribeauval22 de 4 peças por cada 1 000 homens. Haveria cerca de 45 peças para a artilharia de Junot e presentes na Batalha do Vimeiro registam-se 23 peças contra as 16 do Exército anglo-luso.23
 
A Grã-Bretanha também evoluiu na sua estratégia, primeiro tentou em 1793 a entrada no continente através dos Países Baixos, sofrendo o exército aliado (britânicos e austríacos), comandados pelo Duque de York, uma pesada derrota que o forçou a regressar à Albion - esta linha estratégica nunca obteve grandes resultados, tentarão de novo em 1809 mas apenas terão resultados a partir de 1813.
 
A grande estratégia naval/expedicionária terrestre britânica tem o apogeu com a vitória naval de Trafalgar em 1805. Esta baseava-se na conquista dos territórios dispersos em três continentes, as “colónias” francesas, a negação do acesso das passagens do canal da Mancha e Mediterrâneo e o envio de corpos expedicionários para áreas de importância geopolítica, como o Mediterrâneo, Egipto, Península Itálica, América Espanhola, incluindo também alguns dos territórios portugueses como Madeira, Moçambique, Goa e Macau.
 
Foi também evidente a estratégia de controlar possíveis oponentes navais como assim o demonstram as vitórias britânicas do Almirante Duncan sobre os Holandeses na Batalha de Camperdown em 1797, sobre os Espanhóis na Batalha do Cabo S. Vicente no mesmo ano, a destruição da esquadra dinamarquesa em Copenhaga em 1801 e em 180724 e a italiana em Nápoles em 1801.
 
Em 1808, impedidos de atacar pelo norte da Europa, a confrontação terrestre traduziu-se na tardia definição da estratégia da Grã-Bretanha25 para a Península Ibérica, agora senhora dos mares (potência marítima, uma vez derrotadas as esquadras francesas e espanholas), e que pode ser resumida nos seguintes objectivos:
 
• Garantir o seu território “santuário” (Portugal) como principal base logística para apoiar as campanhas militares em Espanha e depois em França;
 
• Atrair as forças francesas à Península Ibérica para fragilizar os exércitos franceses nos restantes teatros de operações europeus (Áustria, Prússia, Rússia, Itália, etc)26;
 
• Obrigar à dispersão dos exércitos franceses na Península para poder atacar por partes, fazendo para isso uso e apoio/reforço de todos os tipos de forças, incluindo as milícias e ordenanças em Portugal ou as guerrilhas em Espanha.
 
As forças do General Wellesley, que comandaria as forças inglesas no Vimeiro, vinham de regiões muito diferentes - Inglaterra, Irlanda e Malta - e, como tal, tinham diferentes graus de experiência, sendo os mais experientes os oriundos da Ilha de Malta. Para a grande maioria, a expedição a Portugal era a primeira experiência militar. Mas ao contrário das forças francesas, a disciplina era muito melhor tendo como resultado mais visível o muito menor grau de violações e pilhagens e a grande firmeza das linhas britânicas debaixo de fogo e a enorme capacidade de fogo produzida27.
 
As forças britânicas estavam desde Agosto de 1808 organizadas em brigadas, cada brigada em 2 ou 3 batalhões. Os Regimentos britânicos eram de efectivos muito menores que os franceses, organizados a 3, 2 ou mesmo 1 batalhão. Cada Batalhão estava organizado a 10 companhias incluindo 1 de granadeiros e as restantes de infantaria ligeira. Toda a táctica britânica se desenvolvia em torno dos batalhões. Apenas tinha um esquadrão de dragões ligeiros e, nas batalhas da Roliça e Vimeiro, a artilharia era composta apenas por duas baterias num total de 16 peças.
 
Em 1807, Portugal militar não era “o pior da Europa” apenas estava, devido ao turbilhão político, às pressões internacionais, aos efeitos de uma derrota militar da Guerra das Laranjas e ao tradicional desatender das forças armadas, sem condições de se opor sozinho ao maior e melhor exército da Europa - o Exército de Napoleão, reforçado pelo exército do nosso vizinho - a Espanha. Tínhamo-nos iniciado na moderna infantaria ligeira, possuíamos uma organização militar em três escalões, linha, milícias e ordenanças, alguns (poucos) bons quadros e uma nação determinada mas profundamente dividida. Em 1808, com o desarmar do país e o envio da Legião para França ficámos virtualmente a zero em forças organizadas, armas e equipamentos.
 
Portugal tinha por isso, forçosamente, de adaptar a sua estratégia às estratégias dominantes francesa e britânica e, face à invasão francesa, a “reactiva” estratégia portuguesa pode então ser definida como:
 
• Garantir a posse da esquadra naval e manter a iniciativa legitimadora da acção governativa, transferindo a corte e a armada para o Brasil e aceitando a ocupação francesa para evitar a repressão;
 
• Alinhar, depois do claro levantamento popular, com uma das potências, a Grã Bretanha, e unir grande parte das suas forças num Exército aliado sob mando britânico;
 
• Evitar os combates decisivos com as forças francesas preferindo orga­nizar a defesa das populações e conduzir operações militares nas suas retaguardas e linhas logísticas28;
 
• Manter a participação portuguesa no Exército aliado para garantir a libertação da Espanha e combater na própria França para valorizar Portugal e a própria aliança e assim fazer parte dos vencedores nos tratados finais.
 
O segredo da força emergente no Verão de 1808 reside nas tradicionais forças portuguesas das milícias e ordenanças. Só assim se explica que do nada tivessem aparecido tantas forças29 e, embora praticamente desarmadas, razoavelmente enquadradas e coordenadas, porque, desde a fundação de Portugal, as forças armadas sempre foram as de uma nação, um povo e um Rei, ao contrário do que sucedia e sucedera em outras áreas da Europa com os seus pequenos exércitos privados, feudais e regionais.
 
Os portugueses de uma forma geral apresentaram-se nas suas antigas unidades de 1ª linha, milícias e ordenanças. Uma das primeiras unidades a ser reorganizada foi o Batalhão de Caçadores do Porto. Os “improvisados militares” portugueses não tinham nem experiência nem bons quadros para os comandar (estavam na sua esmagadora maioria ou no Brasil ou em França) por isso seria impossível oporem-se sozinhos às forças experientes e treinadas francesas.
 
O comandante das “improvisadas e renascidas” forças armadas portuguesas, General Bernardim Freire de Andrade, apelou a donativos e conseguiu ainda assim juntar algumas armas, equipamentos e peças de artilharia e concentrou o melhor dos equipamentos para apoiar Wellesley30.
 
 
Objectivo Lisboa
 
O preço de sangue pago pelos portugueses para libertar Portugal foi elevadíssimo. A resistência ao invasor adquirira números terríveis: Avril matou 200 em Vila Viçosa, Maurasin 1 200 em Beja, Margaron 200 em Leiria e tantos outros “massacres” em Tomar, Alcobaça, etc. Os franceses, por seu lado, iam também perdendo muitos homens, material e moral, talvez a um rácio de 1 por cada 10 portugueses. Qualquer marcha francesa em território nacional era duramente atacada por uma nação revoltada. Quem ficasse para trás era capturado ou morto, as fontes de água eram envenenadas, não havia alimentos disponíveis e os ataques às colunas logísticas era constante. A determinação portuguesa obrigou Junot a ajustar os planos.
 
Decidiu juntar as suas forças perto de Lisboa para poder concentrar e combater possíveis desembarques ingleses. Desistiu definitivamente do Norte e Algarve, mandou Loison regressar de Almeida, Kellerman do Alentejo e manteve apenas uma pequena guarnição no centro estratégico de Portugal - Abrantes. Fundamental para os franceses, para além da posse da capital - Lisboa, continuava a ser a liberdade de movimentos com a Espanha e para isso concentrou os seus esforços numa única direcção para Espanha - Alentejo.
 
Assistiu-se então à “pior e mais selvática” operação francesa. O ataque dos 10 000 de Loison a Évora a 29 de Julho de 2008.
 
Foi enorme o esforço de defesa em Évora, as 3 000 forças portuguesas31 e espanholas do General Francisco da Paula Leite depois de resistirem a dois ataques gerais fora da muralha foram derrotadas, mas a luta continuou feroz dentro das muralhas: rua a rua, casa a casa, até ao último homem, até à última mulher. Os que não morreram a lutar seriam cobardemente mortos, violentados, pilhados - 8 000 mortos e incontáveis feridos portugueses (e espanhóis que tinham vindo reforçar as forças portuguesas) para apenas 100 mortos e cerca de 200 feridos franceses. As forças portuguesas aprendiam à custa de muito sangue que não era pela defesa de posições fixas que se podia vencer os franceses. Iriam saber aplicar estas lições aprendidas de forma magistral nos anos seguintes32.
 
Entretanto o objectivo era claro para Franceses e Ingleses - Lisboa! Para os primeiros a garantia do controlo político33, para os segundos como plataforma de penetração na Península Ibérica. Desde as notícias das revoltas em Portugal que os líderes políticos ingleses, Lord Castlereagh e o Duque de York, tinham preparado uma força para desembarcar na Península Ibérica, nomeadamente cerca de 10 000 homens que anteriormente estavam desti­nados a uma expedição à América do Sul.
 
Saíram com destino à Península Ibérica, a 12 de Julho de Cork, Irlanda, enquanto o TenCor Brown coordenava já no nosso país, no Porto, a futura manobra britânica com o Bispo do Porto e o comando militar português. As informações disponibilizadas pelos portugueses apontavam para uma força operacional francesa de Junot com cerca de 15 000 efectivos.
 
A 19 de Julho os espanhóis do General Castaños triunfam sobre os franceses do General Dupont na célebre Batalha de Baylen o que deu grande motivação aos aliados. Depois da vitória de Silveira sobre Loison em Teixeira em 22 de Junho esta segunda vitória vinha de novo mostrar que os franceses não eram invencíveis.
 
A 22 de Julho, a expedição de Wellesley juntou-se à esquadra britânica do Almirante Cotton e a 24 de Julho o comandante inglês desembarcou com toda a segurança no Porto para mais detalhadas coordenações. Desde logo ficou decidido um possível reforço português de 5.000 homens e a manobra do exército territorial português para cercar a praça de Almeida e assim proteger a manobra aliada. Entretanto mais forças britânicas deslocavam-se para a Península Ibérica: 4 800 homens dos Brigadeiros Anstruther e Acland saíram de Inglaterra e outros 5 100 do Major General Spencer vinham da Sicília para Gibraltar. Mais atrasadas, as forças do General Moore com cerca de 11 000 homens mas que chegariam apenas depois das Batalhas.
 
Os portugueses tinham criado todas as condições de segurança para o tranquilo desembarque inglês. A 27 de Junho as forças do corpo académico comandadas por Bernardo Zagalo tinham conquistado a Figueira da Foz e capturado aos franceses o forte de Santa Catarina e a meio de Julho este foi reforçado com 400 fuzileiros britânicos34.
 
A 1 de Agosto os ingleses iniciam o desembarque de 8 700 homens na praia de Lavos junto ao forte de S. Catarina. A 5 de Agosto desembarcam mais 5 400 homens do Major General Spencer e a 8 de Agosto o desembarque está concluído, incluindo 24 peças de artilharia, bagagens e provisões. Total na Figueira da Foz: 14 300 homens, 24 peças de artilharia e rações para 18 dias35.
 
Para os portugueses, Portugal não era só Lisboa e o comandante das poucas forças portuguesas disponíveis (entretanto já reunidas 7 500 de “1ª linha”, 10 000 milícias e 15 000 ordenanças), General Bernardim Freire de Andrade, tinha uma visão diferente da manobra aliada. É por isso natural o desentendimento entre os dois comandantes aliados na sua primeira reunião no dia 7 de Agosto em Montemor-o-Velho36. Embora com uma visão diferente, Freire de Andrade compromete-se a apoiar a manobra inglesa37 com forças oriundas dos regimentos já em levantamento em Portugal: 4º de Artilharia, dos 6º, 11º e 12º de Cavalaria, os 12º 21º e 24º de Infantaria e o Batalhão de Caçadores do Porto que ficou sob o comando do britânico Tenente-Coronel Trant.
 
Com todas as limitações conhecidas, Bernardim Freire de Andrade cumpre o que promete: cedeu ao comandante Inglês, metade das suas poucas forças e com as restantes garantiu a separação das forças francesas - cercou as duas principais fortalezas na fronteira com Espanha, Almeida38 e Elvas, e mandou avançar sobre a cidade de Abrantes com as forças de Trás-os-Montes e da Beira sob o comando do Capitão Manuel de Castro Lacerda.
 
A 8 de Agosto o Exército anglo-luso está em Alcobaça, Loison retira então para Tomar e Delaborde sai em reconhecimento com cerca de 6 000 homens.
 
A 15 de Agosto o Exército anglo-luso dirige-se às Caldas da Rainha, e depois segue na direcção Óbidos - S. Mamede - Roliça.
 
A conquista portuguesa de Abrantes a 17 de Agosto39 impede a retirada dos franceses pelo Tejo e atrasa a reunião das forças de Loison com Delaborde.
 
Junot tentava juntar as suas forças e os aliados tentavam impedi-lo; assim, Delaborde decide dar combate aos aliados para permitir ao seu comandante o tempo suficiente para concentrar forças. A 17 de Agosto o Exército anglo-luso vence a sua primeira batalha em Portugal, na Roliça e Columbeira40. Delaborde perde cerca de 600 homens e 3 peças de artilharia mas consegue retardar o avanço aliado. Os aliados empenharam apenas 4 700 homens neste combate e tiveram 70 mortos, 335 feridos e 74 desaparecidos num total de 479 baixas (a grande maioria inglesas, apenas se registaram 7 baixas entre os portugueses).
 
Três grandes lições para Wellesley nesta Batalha: a rapidez da manobra francesa, a grande disciplina e bravura inglesa e a falta de experiência, comando e treino das forças portuguesas. Importante para a grande batalha que se iria seguir.
 
 
A Batalha do Vimeiro
 
A 18 de Agosto estavam perto de Peniche mais 1 300 homens da Brigada de Acland e 2 700 da Brigada de Anstruther prontos a desembarcar. Wellesley marcha em direcção ao Vimeiro para proteger o desembarque das forças na praia de Porto Novo, controlada por portugueses. Foi um desembarque difícil mas a 20 de Agosto Wellesley contava com um reforço de 4 000 homens que Junot desconhecia.
 
Junot queria atacar Wellesley o mais rapidamente possível para evitar que este continuasse a receber reforços e para poder voltar a concentrar os seus esforços contra o Portugal entretanto já libertado. Dispunha de 14 600 homens41, 24 peças de artilharia organizadas nas divisões de Loison, Delaborde e a cavalaria de Kellerman e Margaron. Objectivo: destruir os aliados onde se encontravam, neste caso, no Vimeiro. Devido à importância que dava à posse da capital, deixara em Lisboa um grande efectivo de 6 500 homens distri­buídos por 7 batalhões.
 
As forças aliadas, de efectivo calculado entre 18 291 e 19 27942, eram as seguintes43:
 
• Divisão do Tenente General Sir John Hop, constituída pelas brigadas Acland e Ferguson;
 
• Divisão do Tenente General Lord Paget, constituída pelas brigadas Spencer (Bowes?44) e Nightingale;
 
• Divisão do Tenente General Frazer, constituída pelas brigadas Hill e Fane;
 
• Wellesley comandava ele próprio a 4ª Divisão com as brigadas Craufurd e Murray e directamente comandava a brigada Anstruther.
 
• Os portugueses eram 2 585:
o 210 de Artilharia 1 sob o comando do Capitão Pereira de Faria
o 104 de Cavalaria 6, Capitão Pessanha da Costa; 50 de Cavalaria 11, Alferes Castelo Branco; 104 de Cavalaria 12, Capitão Teixeira Lobo; 41 da Cavalaria Real Polícia de Lisboa, Capitão Belizário;
o 605 de Infantaria 12, Major Cunha Rego; 304 de Infantaria 24, Major Cunha; 562 de Caçadores 6, Tenente-Coronel Velho da Cunha.
 
A 20 de Agosto Wellesley escolhe cuidadosamente as suas posições no Vimeiro. Nos pontos mais altos coloca as brigadas de Fane e Anstruther; os portugueses de Trant ficaram em reserva a norte, por detrás do Vimeiro prontos a reforçar as referidas brigadas. As restantes brigadas, comandadas respectivamente por Hill, Bowes, Craufurd, Nightingall, Acland e Ferguson, foram dispostas de oeste para este nas alturas do Vimeiro. A cavalaria anglo-lusa de 500 cavaleiros foi colocada em reserva junto ao rio Maceira (Alcabrichel). A artilharia foi dividida em 6 peças para a Brigada Anstruther, 8 nas alturas a sudoeste do Vimeiro e 4 em reserva. Mas embora as posições de Wellesley fossem cuidadosamente escolhidas o seu plano era o de marchar rapidamente para Mafra e assim cortar a Junot a sua ligação a Lisboa. Entretanto tinha chegado um novo comandante Inglês, Sir Harry Burrard e este não autorizou o movimento. Para o novo comandante inglês era mais prudente esperar pelos 12 000 homens de Moore que vinham a caminho. Burrard ficou a bordo do navio, Wellesley voltou para o Vimeiro e mandou estar alerta/prontos a marchar a partir das 03.00 da madrugada do dia 21 de Agosto.
 
Mas os franceses marcharam de Vila Facaia toda a noite para chegar rapidamente à posição aliada e foram avistados pelo reconhecimento a cerca de 5 km a sul do Vimeiro. Esta fora a posição escolhida por Junot para os seus homens descansarem algumas horas antes de lançarem o ataque na madrugada seguinte. Às sete horas da manhã foram avistadas as primeiras forças francesas a chegarem perto do Vimeiro.
Marchavam com uma pequena força de cavalaria de reconhecimento na frente, duas grandes colunas a oeste e este da estrada e com os granadeiros, a artilharia e a cavalaria em reserva. Junot decidiu então dividir a força e atacar em duas áreas distintas: no centro do dispositivo aliado no Vimeiro e a nordeste da posição, a alguns quilómetros do Vimeiro no flanco esquerdo da posição aliada “pela Ventosa”.
 
Os aliados perante esta opção francesa, e verificando que o seu flanco direito estaria relativamente seguro fazem movimentar para a sua esquerda as forças de Ferguson, Nightingale e Bowes seguido depois de outro movimento para a mesma direcção pelas forças Craufurd e Trant que ficaram na linha Ribamar-Pragança. Estas forças iriam combater as forças destacadas de Junot comandadas pelo General Brenier (com 1 regimento de dragões e 4 batalhões de infantaria) reforçadas de seguida pelas de Solignac (mais 3 batalhões de infantaria). Na direita do dispositivo Inglês ficou apenas a brigada de Hill no planalto de Portelas com a missão de vigiar a estrada de Torres Vedras e Mafra.
 
Junot ficava assim com 8 batalhões de infantaria e 3 regimentos de cavalaria para atacar o centro do dispositivo aliado, no Vimeiro. Vamos descrever primeiro o ataque no centro do dispositivo:
 
• As forças de Delaborde (2 batalhões do 86º Regimento de Infantaria de Linha e 2 companhias do 4º Regimento Suiço - 2 200 homens da Brigada Thomières) e Loison formaram em colunas e avançaram.
• Receberam o ataque as brigadas de Fane e Anstruther. Quando os franceses estavam ao alcance no planalto defronte do Vimeiro abriram fogo intenso seguido de um limitado contra-ataque: as forças do Reg 97 carregou sobre as forças francesas comandadas por Charlot e pouco tempo depois foram as forças do Reg 50 fazer o mesmo contra as forças de Thomières. O primeiro ataque tinha sido rechaçado e as forças voltaram às suas posições originais. Elevadas baixas entre os franceses incluindo ferimentos em Delaborde e Charlot.
 
 
Mapa da Batalha do Vimeiro elaborado pelo Tenente Coronel Pires Nunes e publicado em: BARATA, Themudo e TEIXEIRA, Nuno Severiano, NOVA HISTÓRIA MILITAR DE PORTUGAL, Lisboa, Círculo de Leitores, 2003.
 
 
• Junot manda então colocar 8 peças de artilharia mais na frente e avançar a reserva constituída pelo 2º Regimento de Granadeiros (2 batalhões sob o comando do coronel Saint-Clair). Os franceses que tinham sobrevivido no primeiro ataque receberam ordem para apoiar e reforçar este ataque na mesma direcção e sobre as mesmas posições aliadas.
• Os aliados abriram fogo com a sua artilharia fazendo uso das novas munições Shrapnel (anti-pessoal) de fragmentação. Junto com o fogo intenso dos Reg. 52 e 97 as baixas foram imensas entre os franceses. Junot insiste e manda avançar a sua última reserva: os 2 batalhões do coronel Maransin do 1º Regimento de Granadeiros. O comando deste ataque final foi entregue ao general Kellerman.
• Kellerman decide por não atacar de forma frontal e tenta um pequeno envolvimento sobre as forças de Fane na esquerda do dispositivo aliado. Quando chegaram defronte da Igreja do Vimeiro os ingleses abriram fogo intenso de ambos os lados do caminho. Anstruther que tinha percebido o movimento de Kellerman manda avançar o Reg. 43 (que ainda não tinha sido empenhado) e este ocupa o pátio (elevado) defronte da Igreja e abrem fogo sobre os franceses. Os franceses nem podiam subir o muro do pátio nem tornear esta posição e simultaneamente sofriam o fogo dos dois lados do caminho. Acland movimentou então 4 compa­nhias para atacar o flanco da força francesa a partir do cemitério da vila. No flanco oposto estavam as forças do General Fane. Foi então lançado o combate corpo a corpo e os franceses, depois de uma luta desesperada tiveram que retirar.
• Wellesley decide então mandar avançar a cavalaria aliada. 240 ingleses ao centro e 260 portugueses nos flancos. Ao sentir o ataque da cavalaria aliada, os franceses responderam ao fogo e muitos dos cavaleiros portugueses fugiram (mas não todos, sabemos que o comandante Belizário morreu durante esta carga e que o tenente Pinto foi muito elogiado pela sua bravura). Devido à instável cavalaria portuguesa o ataque falha e as baixas são grandes entre os aliados: 20 mortos, 24 feridos e 11 feitos prisioneiros. Mas Junot já não tinha mais forças e Wellesley ainda não tinha empenhado todo o seu dispositivo.
 
Junot põe então todas as esperanças no outro lado do campo de batalha, para norte de Ventosa, onde Brenier tentava o ataque envolvente:
 
• Brenier e Solignac tomam caminhos diferentes para chegar à Ventosa. “Cortando caminho”, Solignac que vinha reforçar Brenier, chega primeiro à Ventosa e dispõe as suas forças no sopé do monte avistando uma linha de forças inglesas no topo do mesmo monte. O que não podia ver eram as restantes linhas de 3 brigadas aliadas (Ferguson, Nightingale e Bowes) As forças de Acland e Craufurd estavam também a menos de 2 quilómetros na direcção oeste.
• Quando Solignac iniciou o seu avanço contra as forças aliadas e se deu conta dos 3 300 ingleses dispostos em linha já não podia recuar. A 100 metros de distância os aliados abriram fogo desbaratando a linha avançada de voltigeurs e ferindo o próprio Solignac. Os aliados recarregaram as armas e avançaram. Os franceses dispersaram e iniciou-se a perseguição. Foram capturadas 3 peças de artilharia e feitos muitos prisioneiros.
• Num outro monte na direcção nordeste, as forças de Brenier avistaram a retirada francesa e imediatamente foi dada a ordem para os 4 batalhões e as duas companhias de dragões atacarem os Regimentos Ingleses 71 e 82 que perseguiam as forças de Solignac. Os ingleses pararam a sua perseguição mas a chegada quase simultânea do Reg. 29 permitiu que os 3 regimentos formassem em linha e atacassem em boa ordem. Entretanto as reservas de Craufurd e Trant marchavam rapidamente na mesma direcção para reforçar este ataque mas já não foram necessárias, os franceses debandavam do campo de batalha.
 
Era o meio-dia do dia 21 de Agosto de 1808. A luta durara duas horas e meia. Os franceses batiam em retirada. O “novo” comandante Inglês, Sir Harry Burrard que apenas chega ao Vimeiro no final da batalha, decide não explorar o sucesso e deixa os franceses retirarem tranquilamente.
 
As baixas francesas atingiram as 1 800, 13 peças de artilharia e muitos cofres de munições; as aliadas atingiram as 720 (apenas 9 eram portuguesas).
 
Na manhã do dia 21 de Agosto comandava as forças aliadas o General Wellesley, a partir do meio-dia tinha tomado o comando o General Burrard e na manhã do dia 22 de Agosto, passadas apenas 20 horas, os aliados conhecem o seu terceiro comandante, Sir Hew Dalrymple. Vai ser este terceiro comandante que vai negociar as tréguas com os franceses.
 
Os portugueses não serão sequer ouvidos na denominada “Convenção de Sintra”. Libertados mas humilhados. Os franceses foram autorizados a regressar ao seu país com muito do que haviam saqueado e sem qualquer indemnização a pagar aos portugueses. Pior ainda, para o desespero dos muitos militares que combatiam às ordens de Napoleão na denominada Legião Portuguesa, não foi sequer negociado o regresso do Exército Português à sua pátria! Real-politik! Os “grandes da Europa” tinham-se entendido entre si.
 
 
Portugal renascido
 
A Campanha de 1808 não tinha começado na Roliça e terminado no Vimeiro! Tinha começado na primeira revolta contra os franceses em Lisboa em Dezembro de 1807 e terminara com a vergonhosa convenção de Sintra. Foi uma nação que se levantou em armas e lutou em todo o território nacional, libertando sozinhos “nove décimos” do país antes da chegada dos aliados ingleses. Foi a mesma nação que em outras partes de Portugal, na Madeira, Moçambique, Goa e Macau e fundamentalmente no Brasil, se preparou para a defesa e iniciou importantes ofensivas contra os adversários franceses.
 
Aos milhares de portugueses que tinham morrido pela libertação de Portugal juntavam-se na Roliça e Vimeiro, centenas de ingleses. A mais antiga Aliança do Mundo tinha de novo triunfado. Mas Portugal livre, era um Portugal devastado, pobre, sem forças armadas, em que faltava quase tudo. Não faltava nem a vontade nem o valor nem a humildade de reconhecer que precisávamos da ajuda britânica para nos batermos como iguais nas futuras campanhas. Foi por isso sábia a decisão de entregar a reorganização do exército português aos aliados britânicos.
 
No Vimeiro começava a dura vitória dos aliados que teriam ainda de lutar por mais 7 anos.
 
No Vimeiro a Grã-Bretanha provava o valor do seu Exército, a organização da sua logística, a capacidade de fazer operações conjuntas com a sua Marinha e mostrava ao mundo um grande General, o futuro Duque de Wellington.
 
Portugal criara as condições da vitória ao vencer a primeira grande batalha contra os franceses nos Padrões de Teixeira e Régua, ao segurar dois terços (ou como afirma VPV “nove décimos”) do país, portos para desembarcar as forças expedicionárias e garantira cercos aos pontos de passagem para Espanha: Almeida e Elvas. Participara timidamente nas duas batalhas mas provara que queria combater e estava determinado a tudo para vencer. No Vimeiro, Portugal renascia.
 
 
Bibliografia
 
AAVV, GENEALOGIA DOS CORPOS DO EXÉRCITO, LISBOA, Direcção do Serviço Histórico Militar, 1991
AAVV, GUERRA PENINSULAR - Novas Interpretações, Lisboa, Tribuna, 2005
AAVV, LA GUERRA DE LA INDEPENDENCIA [1808 1814] el pueblo español, su ejército y sus aliados frente a la ocupación napoleónica, Madrid, Editorial Ministerio de Defensa - Centro de Publicaciones, 2007
AAVV, RESPUESTAS ANTE UNA INVASIÓN, Instituto de Historia y Cultura Militar, Madrid, 2006
BARATA, Themudo e TEIXEIRA, Nuno Severiano, NOVA HISTÓRIA MILITAR DE PORTUGAL, Lisboa, Círculo de Leitores, 2003
BARREIROS, Fernando, Notícia Histórica do Corpo Militar Académico de Coimbra (1808 1811), Lisboa, Bertrand e Aillaud, 1918
BARRENTO, Gen António Q. Martins, INVASÕES FRANCESAS: PORTUGAL NA FRONTEIRA DO PODER TERRESTRE E DO PODER MARÍTIMO, LISBOA, Revista de Artilharia, nº8, 1989
BOTELHO, J.J. Teixeira, HISTÓRIA POPULAR DA GUERRA DA PENÍNSULA, PORTO, Livraria Chardron, 1915
BORREGO, Nuno Gonçalo P., AS ORDENANÇAS E AS MILÍCIAS EM POR­TUGAL, VOL I, Lisboa, Guarda Mor, 2006
CHARTRAND, René e YOUNGHUSBAND, Bill, THE PORTUGUESE ARMY OF THE NAPOLEONIC WARS (1, 2 e 3), Osprey Military, MEN AT ARMS, Oxford, Reino Unido, 2000
CHARTRAND, René, VIMEIRO 1808, WELLESLEY FIRST VICTORY IN THE PENINSULAR, Osprey Military, Campaign, Oxford, Reino Unido, 2001
CHARTRAND, René e COELHO, Sérgio Veludo, A INFANTARIA LIGEIRA NA GUERRA PENINSULAR, CM de Almeida, Almeida, 2006
FERREIRA, Arnaldo M. de Medeiros, HISTÓRIA MILITAR - III e IV Volume, LISBOA, Serviços Gráficos da Academia Militar
GIL, Coronel Ferreira, A INFANTARIA PORTUGUESA NA GUERRA PENIN­SULAR, Lisboa, 2 volumes, pág. 444 a 453
HENRIQUES, Cor, APONTAMENTOS DE HISTÓRIA MILITAR, ME 73 00 00 vol I, IAEM LISBOA, 1989
HENRIQUES, Mendo Castro, SALAMANCA 1812, Companheiros de Honra, Lisboa, Prefácio, BATALHAS DE PORTUGAL, 2002
JUNOT, Jean Andoche, DIÁRIO DA I INVASÃO FRANCESA, Livros Horizonte, 2007 Lisboa
LÓPEZ, Cor Juan Priego, GUERRA DE LA INDEPENDENCIA, volumen 6 y 7 MADRID, Libreria Editorial San Martin, 1981
LOUSA, Isabel Neves, BATALHA DO VIMEIRO, LOURINHÃ, C.M. da LOURINHÃ - Livro oficial das comemorações, 1998
LOUSADA, Abílio, GUERRA IRREGULAR - A ACTUAÇÃO DAS MILÍCIAS E O LEVANTAMENTO EM ARMAS DOS CAMPONESES DE PORTUGAL, IESM, Lisboa, 2008
MARTELO, David, OS CAÇADORES - OS GALOS DE COMBATE DO EXÉR­CITO DE WELLINGTON, Lisboa, Tribuna, 2007
MARTINS, Ferreira, HISTÓRIA DO EXÉRCITO PORTUGUÊS, LISBOA, Editorial Inquérito Limitada, 1945
MARTINS, Maria Ermelinda de Avelar Soares Fernandes, COIMBRA E A GUERRA PENINSULAR, Coimbra, Tipografia Atlântida, 1944
MARQUES, Fernando Pereira, EXÉRCITO, MUDANÇA E MODERNIZAÇÃO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX, Lisboa, Edições Cosmos, 1999
OMAN, Sir Charles, A HISTORY OF THE PENINSULAR WAR, 7 volumes, London, Greenhill Books, 1996
QUINTELA, Santos, A GUERRA PENINSULAR E AS VICTORIAS DO EXÉRCITO ANGLO LUSO ESPANHOL, Porto, Escritório de Publicações Ferreira dos SANTOS, 1908
RODRIGUES, TCor J. F. de Barros, HISTÓRIA MILITAR, GUERRA PENIN­SULAR, Escola Militar, 1935 1936
PEREIRA, José Rodrigues, CAMPANHAS NAVAIS, VOL I & II, Lisboa, Tribuna, 2005
BOPPE, P., LA LEGION PORTUGAISE 1807 1813, Paris, 1897, reeditado por C. Térana Editeur em 1994
SELVAGEM, Carlos, PORTUGAL MILITAR, Lisboa, Imprensa Nacional de Lisboa, 1931
SOUSA, Maria Leonor, A GUERRA PENINSULAR EM PORTUGAL - RELATOS BRITÂNICOS, Lisboa, Caleidoscópio, 2007
VALENTE, Vasco Pulido, IR PRÓ MANETA, Altheia Editores, Lisboa, 2007
VICENTE, António Pedro, O TEMPO DE NAPOLEÃO EM PORTUGAL - Estudos Históricos, Lisboa, Comissão Portuguesa de História Militar, 2000
VIEIRA, Gen Belchior, RECRUTAMENTO E MOBILIZAÇÃO MILITARES (textos de apoio), Lisboa, Universidade Lusíada, 1999

_________

 

 

 

 

 

 

 
* Tenente-coronel de Infantaria. Sócio Efectivo da Revista Militar.
 
_________
 
 1 Em vez das habituais designações de Guerra Peninsular ou Invasões Francesas, denominamos assim esta Guerra para poder efectivamente abranger todo o período em que combatemos os franceses e seus aliados - desde 1793 com a Campanha do Roussilhão até 1817 com a retirada das forças de ocupação portuguesas da Guiana Francesa. Denomina se “II” porque entendemos ser a I Guerra Global Portuguesa a que geralmente é denominada como Campanhas da Restauração (1640 1668) onde também combatemos não só na Península Ibérica como também no Brasil, Angola, Ceilão, etc.
 2 A primeira ofensiva foi a conhecida Guerra das Laranjas em 1801. Nessa Guerra as forças francesas do General Leclerc, embora preparadas junto à nossa fronteira, não chegaram a entrar em Portugal mas foi a França a principal instigadora dessa tentativa de invasão a que o Professor António Pedro Vicente denominou de “A Primeira Invasão Francesa”.
 3 Um bom exemplo de como a revolta se fez foi em Bragança: “No dia 11 o general Sepúlveda, Governador das Armas da província (…) aclamou o Príncipe Regente e chamou às armas os transmontanos. Logo organizou alguns regimentos de milicianos, estabeleceu relações com os generais espanhóis das províncias limítrofes, tratou da defesa da província e criou, à imitação do que se fizera em Espanha, uma junta do Governo (…)” in António Pedro Vicente, A resposta política na Península Ibérica, Respuestas ante una invasión, pág. 81.
 4 “quase invariavelmente (…) foi o «povo» que tomou a iniciativa. Mas no meio deles aparece o ocasional alferes, tenente ou capitão de ordenanças ou milícias, o ocasional religioso” (…) “Em Trancoso é um tenente coronel de milícias que assume a responsabilidade da insur­reição” in Vasco Pulido Valente (VPV), Ir Pró Maneta, pág. 14, 16.
 5 Chartrand, Vimeiro, pág. 25.
 6 Chartrand, pág. 27.
 7 VPV, pág. 67.
 8 VPV, pág. 67 e 68.
 9 “o esforço essencial das juntas consistiu em recompor as forças armadas portuguesas” VPV, pág. 40.
10 Com a colaboração de espanhóis: “Olhão deu o sinal do levantamento no dia 16 de Junho (…) armados com espingardas que a Junta de Ayamonte lhes fornecera, fizeram prisioneiros entre os ocupantes (os habitantes de Faro (…) aprisionaram o próprio governador, o general Maurin. No dia 21 nomeou se uma Junta governativa (…) tendo como presidente o conde de Castro Marim (…) adoptou providências para defender o Algarve, organizando tropas, fortificando algumas localidades e mandando emissários a Sevilha, Ayamonte e Gibraltar onde se adquiriram um grande número de espingardas e bastante pólvora” in António Pedro Vicente, A resposta política na Península Ibérica, Respuestas ante una invasión, pág. 85.
11 “as grandes derrotas e aos grandes massacres de 1808 (Em Évora e Beja, Tomar ou Leiria, por exemplo)…” VPV, Ir Pró Maneta, pág. 7.
12 “Como conceber que, uma vez ele destruído e dissolvido o exército, a oposição nascesse das ruínas? E como conceber uma oposição sem o Estado e o exército que não se destinasse a reconstituí los? Mesmo os rebeldes espanhóis, quando a luta se iniciou no Dos de Mayo, tinham 100 000 homens de forças regulares (…)” In VPV, IR PRÓ MANETA, pág. 61.
13 in António Pedro Vicente, pág. 86.
14 VPV, pág. 7.
15 Mendo Castro Henriques, 1812 e a Geopolítica da Guerra peninsular, Guerra Peninsular - Novas Interpretações, pág. 177; também referimos a passagem em PEREIRA, José Rodrigues, CAMPANHAS NAVAIS 1807 1823, VOL II - A Armada e o Brasil, Lisboa, Tribuna, 2005, pág. 7: “preparou uma aproximação indirecta; planeou combater as fontes do comércio inglês no Oriente através da ocupação de Malta, do Egipto e da Índia e criando ameaças nas Caraíbas com o intuito de atrair meios navais ingleses para longe do Canal da Mancha”.
16 Mendo Castro Henriques, 1812 e a Geopolítica da Guerra peninsular, Guerra Peninsular - Novas Interpretações, pág. 177.
17 “Há que neutralizar os seus interesses através de une promenade militaire dirigida a Portugal” Proposta de Quantan de St Domingue em 1796, in António Pedro Vicente, Portugal perante a política Napoleónica…, Guerra Peninsular, Novas Interpretações, pág. 19 - “Considerando a impossibilidade da invasão de Inglaterra, aconselha a sua destruição em Portugal”, proposta do Inspector Geral da Marinha Francesa, Pochole, em 1800, idem, pág. 20.
18 “O porto de Lisboa, pela sua excelente posição, era um bom logradouro e ponto de passagem entre a Europa, a África e a América”, idem, pág. 26.
19 Prof Mendo Castro Henriques, idem, pág. 178.
20 “A estratégia francesa foi clara de início, mas rapidamente degenera numa série de acções descoordenadas, sem objectivos claros e sem chefias aceites e actuantes em termos regionais. A França é incapaz de dar uma resposta à acção conjugada de uma guerra popular e de um reduzido, mas eficaz, exército de primeira linha”, Prof António José Telo, idem, pág. 328.
21 Chartrand, VIMEIRO, pág. 38.
22 O teorizador francês do século XVIII sobre o uso da artilharia.
23 Chartrand, pág. 39.
24 “Os ingleses, após outro bombardeamento de Copenhaga, levaram para Inglaterra 13 navios de linha e 14 fragatas capturados à Dinamarca, sem declaração de guerra” PEREIRA, José Rodrigues, CAMPANHAS NAVAIS 1807 1823, VOL II - A Armada e o Brasil, Lisboa, Tribuna, 2005, pág. 11.
25 “Ela foi tomada em 1808, numa altura em que a França dominava dois terços da Europa, estava no auge do seu poder em termos do continente e contava com um exército que era mais de dez vezes superior ao britânico”, Prof António José Telo, Ob Cit, pág. 311.
26 “o seu verdadeiro objectivo militar era desgastar o inimigo, o que implicava nas condições concretas atrair o máximo de forças francesas para a Península, onde a Inglaterra tinha condições ideais para a guerra e onde elas sofreriam necessariamente grandes baixas”, idem, pág. 313 - “Só depois de 1812 e da esmagadora derrota na campanha da Rússia, quando a Europa em peso se ergue contra uma França muito enfraquecida, é que Wellington coloca como objectivo expulsar os franceses da Península e somar se pelo sul ao ataque conjugado contra o Império em ruína”, pág. 314.
27 Chartrand, Vimeiro, pág. 41.
28 Um excelente exemplo da estratégia portuguesa pode ser observado em Coimbra em 1808: “Assim reparte se alguma pólvora pelos povos que se tinham mandado pôr em armas; abrem se fossos, cortam se as estradas que vêm de Mortágua e da Ponte da Mucela, com pinheiros e grandes árvores; munem se os habitantes da cidade com pedras, cal viva, e preparam lume para, em caso de necessidade, ferverem panelas de água, que lançariam sobre o inimigo; os moradores de cada rua fazem entrincheiramentos com barricas, cadeiras, estacas, tudo o que pudesse impedir a marcha dos franceses e tornar fácil a vitória portuguesa. À noite põem se luminárias para que se veja o que se faz e, em caso de rebate falso, não atirarem os portugueses uns contra os outros; dão se ordens para abrir fogo das janelas e dos telhados se houver ataque, mandam se recolher mulheres e crianças às suas casas. (…) E voluntariamente, eclesiásticos e muitos académicos dispõem se para, à frente do povo e ordenanças, fazer emboscadas nos arrabaldes e nas travessas e becos da cidade, com o objectivo de atacar os flancos das colunas francesas”, in Maria Ermelinda Martins, Coimbra e a Guerra Peninsular, pág. 154.
29 “The spontaneous rebirth of the army from June 1808 was very orderly compared to what was going on in Spain at the same time”, in Chartrand, Vimeiro, pág. 42.
30 “Con excepción de dos escuadrones del Real Cuerpo Irlandés de Tren, que había traído consigo, no contaba con otros medios de transporte a su disposición. El obispo de Oporto le había enviado algunos caballos, con los cuales pudo elevar sus fuerzas montadas de 180 a 240 jinetes, y dotar a su artillería de suficiente ganado de arrastre ….”LÓPEZ, Cor Juan Priego, GUERRA DE LA INDEPENDENCIA, volumen 2, Campaña de 1810, MADRID, Libreria Editorial San Martin, 1981, pág. 342.
31 De acordo com Chartrand, Vimeiro, pág. 91 e 92 esta foi a ordem de Batalha para o ataque a Évora:
PORTUGUESE AND SPANISH FORCES: Officer Commanding: General Francisco de Paula Leite
3rd Portuguese Artillery (58); 3rd Portuguese Infantry (848); Portuguese volunteer cavalry (about 120); A battalion of Spanish Infantry (about 1,000 men); Maria Luisa Spanish Hussars (about 500 men); Spanish artillery with seven field guns (about 100 men)
Total Portuguese and Spanish: 2.626 plus several thousand ill armed and untrained Portuguese civilians.
FRENCH FORCES: Officer Commanding: General Louis Henri Loison
Two battalions of Reserve Grenadiers (1.100); 3/12th Light Infantry (1.253); 3/14th Light Infantry (1.305); 3/58th Line Infantry (1,428); 1 and 2186th Line Infantry (1.667); 1st Hanoverian Legion (804); 4th and 5th Provisional Regiments of Dragoons (1.248); Artillery with eight field guns (about 120 men)
Total French: 8.915. (After Historia Organica.... Vol. XI and Oman. Vol. 1)
32 O Major general Francisco da Paula Leite, que “comandou” a defesa de Évora revela bem a situação que se vivia na liderança das forças portuguesas. Militar distinto tinha feito toda a sua carreira na Marinha pelo que seria normal não conhecer bem as manobras terrestres. Ainda assim não hesitou em defender Évora. Iria aprender com esta lição e no futuro seria um dos generais portugueses mais respeitados por Wellington.
33 Foy defendia que Portugal era Lisboa e Lisboa só por si era Portugal”, in Isabel Sousa, pág. 20.
34 Chartrand, Vimeiro, pág. 32.
35 Idem, pág. 44.
36 Segundo General Ferreira Martins e também de acordo com Isabel Lousa na pág. 18 mas segundo Chartrand, esta reunião ocorreu em Leiria a 10 de Agosto, ver Vimeiro, pág. 45.
37 “O plano de Wellesley era dirigir se para a capital por Alcobaça, Óbidos e Torres Vedras, para entrar em contacto com a esquadra de Cotton e assegurar o desembarque de novas forças, enquanto Bernardim Freire persistia em encaminhar se pelo interior, por Santarém, para se ligar com as tropas do Alentejo. Os portugueses sentiam que os ingleses os abandonariam em caso de desastre e Wellesley sentia que os portugueses queriam acima de tudo libertar o reino da opressão francesa, mas para tal teriam que bloquear Lisboa e Sir Arthur não o desejava. O único resultado foi os portugueses receberem 3.000 armas inglesas, e vendo os generais portugueses que Wellesley não abandonava o seu plano, alegaram que não podiam acompanhá los sem lhes garantirem a subsistência dos seus soldados. Wellesley pediu então a Bernardim Freire apenas 1.600 soldados, a quem garantiu sustento. Foram afinal 2.600 homens que acompanharam as tropas inglesas.” Isabel Neves Lousa, Batalha do Vimeiro - 190º aniversário, pág. 18, 19.
38 Desde 16 de Julho que Almeida estava cercado por uma força constituída por: 104 homens do 11º Cavalaria, 605 do 6º Infantaria, 200 do 12º Infantaria, 605 do 18º de Infantaria, 1 438 do 24º Infantaria (Chartrand, Vimeiro, pág. 47) além de incontáveis homens das milícias e ordenanças. Por falta de material de cerco, nomeadamente artilharia, não foi tentado o assalto mas os 1 200 franceses estavam perfeitamente encurralados na fortaleza.
39 Segundo Chartrand, este ataque deu se a 12 de Agosto, mas todas as restantes fontes consultadas referem 17 de Agosto como a data da tomada de Abrantes.
40 Ver a “a Batalha da Roliça” da autoria do TenCor Fonseca sobre os acontecimentos nesta Batalha.
41 Em Chartrand, Vimeiro, pág. 92, os franceses seriam 13.056: “Infantry 8,305; Reserve Grenadiers 2,100; Cavalry 1,951; Artillery, etc. 700; Total French at Vimeiro: 13,056. (British and French after Oman, Vol. 1, Portuguese after Historia Organica..., Vol. XI)
42 Segundo Chartrand seriam 16.778 britânicos e o total dos aliados de 19.363, pág. 92.
43 De acordo com Isabel Lousa, pág. 20.
44 Segundo Chartrand.
Gerar artigo em pdf
2009-05-21
21-0
6123
53
REVISTA MILITAR @ 2024
by CMG Armando Dias Correia