Nº 2436 - Janeiro de 2005
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
Notícias do Mundo Militar
Coronel
Carlos Gomes Bessa
MUNDO
 
Lições estratégicas para a França e a Europa da vitória desconcertante de Bush
 
A folgada reeleição de George W. Bush foi recebida com cepticismo pelas opiniões públicas europeias, em geral, fortemente favoráveis aos Democratas e ao seu candidato John Kerry, por desejarem uma maior mudança na política americana.
 
Para o Coronel Jerôme Pellistrandi, que efectuou várias missões nos Estados-Unidos e dirige o curso de acesso às carreiras diplomáticas de Clermond-Ferrand, segundo afirma no número de Dezembro do ano findo da Défense Nationale, o conflito iraquiano, em vez de prejudicar George Bush, favoreceu-o, por verem nele um “chefe de guerra” e um líder mais capaz de levar por diante o conflito desencadeado no Iraque na sequência do 11 de Setembro de 2001.
 
A vitória dos Republicanos é assunto que respeita aos Estados-Unidos e possui toda a legitimidade, por ocorrer no que o Autor considera uma grande e bela democracia, mas não deixa de ser também, decisiva para todo o planeta, pelo que a Europa e a França necessitam de prosseguir os seus esforços para se fortalecerem e afirmarem, sem contudo cortarem os laços com os Estados-Unidos, seu aliado histórico. Daí que julgue conveniente analisar esta eleição, algo temida pelo mundo, afim de extrair as lições estratégicas que suscita.
 
Da guerra lançada contra o Iraque resultaram estragos internos e externos. Quanto aos primeiros, ocorreu um divórcio interno grave da sociedade americana, tão profundo como nunca se verificara depois da guerra do Vietname, que, para já, não se antevê como será ultrapassado, apesar de os Americanos, no essencial, estarem de acordo, sobretudo na luta contra o terrorismo. Nas eleições presidenciais isso levou a reconduzirem o Presidente, como reafirmação da sua sede de segurança a qualquer preço.
 
Quanto ao divórcio externo entre os Estados-Unidos e grande parte do mundo, e em especial em relação à União Europeia, não se pode duvidar que a Administração Bush prosseguirá a guerra no Iraque, apesar da sua crescente degradação e de nenhuma solução viável para ela se encontrar à vista. Mas o certo é que, em vez disso vencer Bush, parece ter reforçado a determinação dos eleitores, não obstante o crescente número de baixas. Em consequência a guerra irá manter-se como prioridade, mas orientada para a acção militar sem projecto político muito realista e eficaz.
Daí que Pellistrandi coloque a questão de ter havido um outro vencedor das eleições, Bin Laden, que, não pensando em negociações ou arranjos políticos com os Estados-Unidos, está mesmo empenhado numa luta de morte religiosa e numa cruzada ganha à partida, pois se vier a ser morto ou preso será visto por uma população muçulmana cada vez mais hostil à América como o mártir por excelência.
 
Uma consequência concreta dela resultante, foi a do encarecimento da energia, e em especial do petróleo, obrigando os Estados-Unidos a ter de resolver novos problemas económicos e prevenir as suas necessidades de energia fóssil. A única certeza é que o euro forte permitirá atenuar os problemas da Europa, embora ela venha a ficar sujeita a atritos grandes, nomeadamente em África com os Americanos, devido aos seus interesses diferentes dos dos Europeu, criando riscos, sobretudo com a França, susceptíveis de gerarem conflitos. E, como em muito lado esta tem procurado sobrepor os seus interesses aos dos Portugueses e à lusofonia, não se deverá deixar de estar atento e tomar em conta o que, neste caso, vier a acontecer.
 
Colocados nesta situação, a realidade do imperialismo americano sujeito a tais vulnerabilidades corre o risco de suscitar mais ódio e repulsa no mundo do que admiração e respeito
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Vários outros desafios se perfilam perante eles e os obrigam a intervir, quer no conflito israelo-palestiniano, quer na protecção do ambiente mediante o protocolo de Quioto e ainda em outros que vão alongando uma lista que obriga a escolhas cada vez mais difíceis.
 
A política de defesa obrigará os Estados-Unidos a despesas militares com um crescimento enorme, o que beneficiará sobretudo as indústrias de defesa americanas, mas, não se prevendo para os próximos quatro anos um abaixamento, existem sérios riscos de uma produção de armamento sem objectivos estratégicos realistas e do aumento do défice orçamental já abissal.
 
Não irá cessar o aperfeiçoamento da potência militar americana, já sem concorrência credível, e é de prever, por isso, uma tendência de atacar para qualquer lado, em qualquer tempo e sem aviso prévio.
 
O conceito de guerra preventiva já está bem radicado entre eles, e crescem os riscos de multiplicar erros e falhas por falta de apreciação humana adequada, única capaz de bem apreciar as situações. Daí resultarão prejuízos consideráveis para a indústria francesa e europeia, como por exemplo em relação ao Rafale francês e ao Eurofighter europeu.
 
Adverte também Pellistrandi quanto à eventualidade, que tem como provável, de países como o Irão virem a prosseguir no seu empenhamento numa política de proliferação nuclear, ou de muitos se dotarem de uma dissuasão nuclear convencional para se colarem ao abrigo de um eventual “golpe preemptivo” americano, ou também de alinharem definitivamente com os Estados-Unidos para evitarem a agressão, como a Líbia fez, ou de se envolverem em processos clandestinos de proliferação, ou ainda de a Coreia do Norte vir a fazer uma fuga para a frente com vista a negociar, o que implicará gravíssimas consequências para o conjunto da zona asiática.
 
Enquanto isso, a ameaça islâmica incarnada na Al-Qaeda tem grandes possibilidades de se manter intacta e o seu confronto com os Estados-Unidos prosseguirá sem que desistam.
 
A reeleição de George Bush constitui uma questão política de grande importância para a Europa em virtude das respectivas opiniões públicas se terem pronunciado em grande parte abertamente a favor de John Kerry e para alguns governos, como o da Polónia, e de algum modo o da Itália, recearem que a eleição de Bush os possa fragilizar. Além disso, o desacordo entre dirigentes e cidadãos deverá manter-se. Criado o divórcio entre a Administração Bush e a Europa, que considera aquela unilateral e até autista, não se pode contar com o alinhamento incondicional desta em relação aos Estados-Unidos. A tendência será a necessidade da emergência de uma potência europeia, mais parceira do que concorrente, mas para isso é necessário que se torne credível, como a China já o é, ou a Rússia por dispor de trunfos consideráveis, o que para já não acontece com a Europa, embora essa exigência seja mais do que nunca estrategicamente urgente, em especial no domínio militar, onde precisa de prosseguir os esforços com real capacidade de aquisição e análise dos factos, cuja ausência se fez notar bem na crise iraquiana.
 
Para tal se não repetir necessita a Europa de se apetrechar e ganhar autonomia de informação, susceptível de crescer com o lançamento acabado de fazer pela França do satélite de reconhecimento Hélios 2 e de outros programas a intensificar. Além disso, carece, para dispor de uma capacidade de intervenção fora da Europa com oportunidade, de não parar o esforço em programas como os do avião A400M, ou dos futuros navios franceses de projecção e de comando.
 
Necessário se torna para isso prosseguir a reestruturação das indústrias de defesa para não perder a autonomia nessa área, a fim de evitar que o reforço da influência das indústrias americanas quer devidas à reeleição de George Bush, não hesitarão em absorver directamente as indústrias europeias, como o têm já feito em larga escala. Um exemplo citado é o da implantação na Europa da General Dynamics. Sem isso, a autonomia estratégica europeia não sobreviverá.
 
A consolidação da Europa da Defesa, unicamente credível no quadro da NATO, não exclui a necessidade de rever o laço transatlântico, afastando sentimentos de hostilidade, mas com realismo. Para isso é necessário que as forças armadas, designadamente as francesas, não percam a capacidade de trabalhar com os Estados-Unidos, já demonstrada pelos europeus no Afeganistão e no Haiti. É irrefutável que, se se quiser pensar a prazo na evolução dos acontecimentos, evitando o confronto com nova crise, se torna necessário dialogar a nível estratégico com os Estados-Unidos e adquirir a força necessária para o fazer com equilíbrio.
 
A vitória de George Bush criou desafios acrescidos para a Europa, mas, face a uma América dividida, em que a ideologia neoconservadora dá primazia ao pragmatismo, essa vitória obriga a Europa, de hoje em diante, a dispor de visão estratégica clara e de meios militares suficientes, para tentar não ser marginalizada no futuro pelo predomínio americano, seguro e cioso dos seus direitos e da garantia de os fazer valer. Mas, se nos parece bem fundada esta lógica, em contrapartida parece-nos também longínquo e quase inexistente do lado europeu um sentido comunitário bem orientado, por se teimar em fazer tábua rasa da idiossincrasia dos povos, radicadas em usos e costumes de muitos anos e séculos, e se teima, contra a natureza das coisas, a pretender uma forçada unidade, que a visão histórica, pouco profunda dos burocratas de Bruxelas tenta
Por seu lado impor., os Estados-Unidos, no seu imperialismo pouco atreito a subtilezas de longo prazo, farão com que o designado laço transatlântico não tenda para se apertar, mas para um enfraquecimento de previsíveis consequências desastrosas perante a emergência de novos poderes políticos e religiosos muito diferenciados, e potencialmente adversos, que os explorem em proveito próprio. Bem desejaríamos que o futuro viesse a desmentir a falta de optimismo destas perspectivas.
 
 
Luto planetário pelas catástrofes telúricas do Sudeste Asiático
 
Uma semana depois da tragédia do “tsunami” do Índico, o L’Express de 3 de Janeiro dedica-lhe uma boa parte das suas páginas. No Editorial o Director Denis Jeambar chamou a atenção para o facto de, na longa lista de sismos ocorridos desde o início do século XX, o drama que acaba de devastar a Ásia não foi o mais mortífero. A China, por três vezes, em 1920, 1927 e 1976, sofreu catástrofes com mais de 200 000 mortes, enquanto que, com mais de 100 000, eles ocorreram no Japão em 1923, na Itália em 1908, no Turquemenistão em 1948. Chama, todavia, a atenção para o facto de o luto nunca se ter revestido de uma dimensão planetária como a deste. Tal tragédia, e a dos atentados de 11 de Setembro de 2001, dão-nos a face dolorosa da mundialização, com a agravante, além dos habitantes dos países ribeirinhos do Oceano Índico, envolverem turistas de mais de 30 nações, como a Portuguesa. Este acontecimento faz com que a globalização tenha feito dos transportes e dos meios de comunicação modernos, instrumentos de dor e trituradores de sonhos, fazendo-nos viver a morte nos antípodas como assunto pessoal. Não podemos continuar a acreditar na miragem de uma vida sem riscos, e é sobretudo importante dizê-lo aos Ocidentais ditos super-civilizados, nem imaginarmos que podemos prever tudo. Não é a terra que está hoje mais hostil ao ser humano do que ontem, mas a moderna demografia mundial e os actuais meios de comunicação tornam-nos mais expostos aos seus caprichos.
 
O tempo dos dramas mundializados apenas começou.
 
Num artigo de autoria de Jean-Marc Biais no mencionado número são apresentadas razões científicas de dramas desta natureza, que se nos afiguram de grande interesse para a compreensão dos movimentos tectónicos que motivaram tão grande e intensa tragédia. Quanto ao Autor, a agitação do núcleo terrestre é a origem da catástrofe. Impelidas por uma inacreditável energia as placas telúricas que formam a crosta terrestre afrontam-se em permanência, e a ruptura causada liberta forças fantásticas.
 
Devido a isso, desta feita, os seres humanos não foram responsáveis, por as ondas mortais desencadeadas não poderem ser imputáveis ao consumo descontrolado de petróleo, nem à emissão intempestiva de aerossóis, nem à desmatação selvagem de florestas tropicais.
 
A ocorrência foi pura e simplesmente um fenómeno natural, a lembrar-nos que sob os nossos pés as entranhas da terra fervilham, com manifestações esporádicas à superfície de sismos ou erupções vulcânicas.
 
O funcionamento do planeta só é conhecido desde há uma quarentena de anos e compara-se a um alto forno, devido ao calor provocado pela desintegração dos elementos radioactivos que contém, irradiando o seu coração mais de 5 000 graus. Por cima deste gigantesco reactor nuclear de 6 800 quilómetros de diâmetro, encontra-se o manto terrestre com uma espessura de cerca de 3 000 quilómetros, composto de rochas sólidas mais quentes em profundidade e, portanto, menos densas, com tendência a subirem lentamente para a superfície. Quando estes minerais entram em contacto com a crosta terrestre superior, a litosfera, arrefecem e voltam a descer, em movimentos de convecção em que o calor circula entre o ar mais quente e mais frio.
 
A litosfera assenta sobre este suporte instável, de espessura variável, entra 100 e 200 quilómetros. Ela não é homogénea, mas cortada em várias placas tectónicas, formando como que um puzzle irregular. As placas deslocam-se, independentemente umas das outras, com a velocidade de alguns centímetros por ano. A carta mundial compreende treze placas. As zonas fronteiriças são particularmente sensíveis. É nelas que se produzem os tremores de terra e o essencial das erupções vulcânicas.
 
Três casos se podem dar:
 
- Duas placas convergem e uma mergulha sob a outra, que se vai fundir com o manto superior. Assim se fez a confrontação entre as placas eurasiana e indo-australiana, origem do sismo gerador do recente “tsunami”.
Também podem afastar-se uma da outra. Criam-se então as dorsais no fundo dos oceanos.
 
Finalmente elas podem colidir uma contra a outra, como acontece com a falha que atravessa São Francisco.
 
Estes movimentos impõem fortes pressões sobre as rochas de superfície, deformando-as até atingirem um ponto de ruptura e se fracturarem, e então, a terra começa a tremer. É como se se lançasse um tijolo com uma fisga. O tijolo mantém-se imóvel no solo devido ás asperezas da superfície de contacto. O elástico estica, pouco a pouco, a tracção aumenta regularmente, até que bruscamente o tijolo desliza. Depois bloqueia de novo e o elástico volta a esticar até ao movimento seguinte.
 
A superfície de contacto representa a falha, zona de fraqueza na crosta terrestre, que acaba por quebrar e deslizar e para voltar a recuperar em cada grande sismo o movimento imposto pelas placas. Foi o que aconteceu a 26 de Dezembro ao largo de Samatra.
 
Durante vários séculos a fronteira entre as duas placas manteve-se bloqueada, tendo-se acumulado enorme quantidade de energia que se libertou brutalmente. O choque provocado gerou calor e vibrações. Algumas destas ondas deslocam-se à superfície do globo que outras atravessam. A sua intensidade pode permitir localizar a grande distância o epicentro com precisão.
 
Os vulcões são outra forma de o planeta descarregar a energia que fabrica. No próprio manto terrestre, em certas condições a mais de mil graus - sobretudo de pressão - as rochas liquefazem-se e expulsam os gases, assim se formando os magmas, mais leves e quentes do que o meio que os cerca e têm tendência para subir à superfície aprovei­tando zonas fragilizadas da crosta terrestre. Estão acumulados em gigantescos reservatórios, as câmaras magmáticas. Logo que a pressão dos gases se torna demasiado forte, a crosta terrestre abre fissuras por onde expulsa a mistura. Nos diferentes continentes há mais de 1300 vulcões poten­cialmente activos, que os especialistas não consideram significativos, apesar de espectaculares, porque não expelem senão uma pequena parte dos magmas emitidos para a superfície da terra. A maior percentagem, cerca de 90%, é proveniente das dorsais oceânicas.
 
Como se disse o ser humano não pode dominar estes fenómenos naturais que desencadeiam energias inimagináveis. Um sismo fraco, grau 6, liberta o equivalente a 10 bombas de Hiroshima, e cada unidade suplementar na escala de Richter, que é exponencial, implica a multiplicação por 30 de energia libertada.
 
Um tremor de terra de grau 9, como o de Samatra, equivale a 30 000 bombas atómicas como a mencionada.
 
Impedidos os seres humanos de evitar fenómenos destes, podemos ao menos prevê-los? Quanto aos vulcões é relativamente fácil, porque umas semanas antes a câmara magmática dá alguns sinais perceptíveis, como a deformação do cone, emissão de gases e outras. Assim, os peritos dispõem de meios para os detectarem, sendo um dos mais eficazes a observação por satélite. Contudo, para os tremores de terra a previsão é muito mais delicada. É fundamental uma visão histórica das falhas conhecidas e das fronteiras das placas tectónicas para os sismólogos estudarem em pormenor os fenómenos pretéritos.
 
O exemplo de que se serve Jean-Marc Biais é o da falha norte-anatoliana situada na Turquia. Um investigador do Instituto de Física do Globo de Paris, especializado nesta região, afirma haver elementos escritos da época otomana.
A descrição dos planos permite definir aproximadamente o epicentro, estimar o provável grau e atribuir cada um desses sismos históricos a um ou vários segmentos da falha, determinando as zonas ainda perigosas onde as placas se mantêm bloqueadas. Mas isso não basta, por haver falhas, que se ignoravam na África Ocidental e no interior da Índia, e se quebraram na década de 90 do século XX, ou regiões como as Antilhas, para as quais os graus máximos previstos podem ser revistos em alta.
 
Dispondo de todos estes elementos, podem designar unanimemente as três zonas onde será mais provável haver um sismo importante na próxima década: a Califórnia, Tóquio e a região de Istambul.
 
Quanto a este drama terrificante, Jacques Attali debruça-se sobre a questão humana que tem passado despercebida. Diz ele que quando morre um velho é uma biblioteca que desaparece, e quando morre uma criança é, pelo menos, um leitor que se vai. Quando morrem um e outro é uma civilização que se finda.
 
E isso aconteceu agora, porque nas costas asiáticas, da Índia à Indonésia, viviam com efeito alguns dos mais antigos povos primitivos da humanidade, até agora protegidos pelo seu isolamento dos choques da modernidade, quanto ao seu modo de vida, ritos e línguas únicas, vivendo o nomadismo característico de todos os seres humanos de há dez mil anos. Constituíam a última memória do património primitivo da humanidade. Eram poucos e, ao que parece, morreram todos. Esta morte simultânea de povos primitivos e de turistas vindos do Ocidente, de nómadas forçados e de nómadas lúdicos, remete-nos para a nossa sociedade onde ricos e pobres se acotovelam, involuntariamente solidários, mas onde só sobrevivem os mais fortes e protegidos e os mais bem ligados às redes de comunicação e de previsão do mundo.
 
 Impunha-se reencontrar o que se pudesse destas culturas, e de tentar tudo para as transmitir. Mas quem se ocupará de contos e lendas quando tantas outras urgências se impõem no nosso tempo? Mas, ao menos, que não se esperem novas catástrofes naturais ou provocadas pelo ser humano para proteger os diferentes povos em perigo em regiões como a floresta amazónica, os desertos da Ásia Central, ou as florestas subsaarianas, apelo a que não podem, nem devem, sobretudo no primeiro e no último caso, ficar indiferentes os Portugueses. No entanto, será necessário não se lhes faltar com os meios para resistirem a outros “tsunamis”, ao sobre-aquecimento climático, à indiferença e à falta de cuidados e de educação. Além disso, no Museu das civilizações primitivas, que vai ser aberto em Paris, será mais urgente do que nunca fazer com que não desapareçam os que vivem ainda tais civilizações.
 
 
Ameaça contra a Arábia Saudita
 
Na secção “Les Indiscrets” do mesmo número do L’Express faz-se referência a um comunicado atribuído à Al-Qaeda, apelando aos seus partidários em 18 de Dezembro para efectuarem atentados contra objectivos petrolíferos na Arábia Saudita.
 
Trata-se da primeira mensagem, tida por fidedigna, a referir-se às infra-estruturas petrolíferas do reino, o que intriga os especialistas, por, a prazo, o objectivo da Al-Qaeda consistir em se apoderar do poder e ser do seu interesse preservar, por isso, tal indústria, tanto mais que a maior parte dos seus financiadores pertencem à elite local ligada ao petróleo.
 
Como o comunicado foi feito menos de duas semanas após o atentado contra o Consulado dos Estados-Unidos em Djedda, a 6 de Dezembro, o mesmo parece indicar que o novo líder da rede terrorista no reino, Saud ben Hammoud al-Ofaïbi, pretende passar à acção. Esperemos para ver ou para verificar se ele não contém senão ameaças vãs.
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2006-01-24
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by COM Armando Dias Correia