Exército e Imprensa
O Tenente-Coronel Miguel António Gabriel da Silva Machado e a Dra Sónia Cláudia Cabral dos Santos Carvalho, apresentam na “Prefácio - Edição de Livros e Revistas, Lda”, o livro “EXÉRCITO e IMPRENSA”, com Prefácio do General José Alberto Loureiro dos Santos. Este estudo revela-se da maior actualidade e de elevado sentido pedagógico pela forma como relaciona a Instituição Militar, em especial as Forças em “Operações de Apoio à Paz”, com os Órgãos de Comunicação Social.
A obra está enriquecida com o Prefácio, organizado em seis pontos de vista, nele se apoiando alguma rebeldia face ao campo dos media, na sequência da clarificação da importância da ética militar e do risco na sujeição a consequências disciplinares. O General expõe na sua análise que, em casos de graves incorrecções sobre a verdade, os militares podem ultrapassar a sua “cultura do cumprimento do dever”, terminando o segundo ponto, afirmando, “A virtude militar da coragem não se observa somente em combate, perante o inimigo. Existem outros momentos em que tem igual aplicação.” (Pag 13).
Os autores, ambos conhecedores das práticas castrenses relacionadas com o mundo da comunicação, orientam o trabalho em duas partes, na primeira fazem o enquadramento temático, um pouco superficial, mas bem documentado e na segunda apresentam, em pormenor, e com base em adequados exemplos, as relações das Forças Armadas (Defesa Nacional), com mais pormenor o Exército, com a Comunicação Social.
A liberdade de expressão dos militares apresenta-se em inteligente e eficaz síntese científica, na forma como se documenta e valoriza. “Estas restrições, ligeiramente atenuadas em relação às disposições que vigoraram até 2001, são apesar de tudo suficientemente abrangentes para permitir à hierarquia militar, se assim o entender, ter um controle muito grande sobre o tipo de informações que pretenda, legalmente, autorizar os militares a disponibilizar.” (Pag 57).
Na segunda parte, “O Exército e a Imprensa”, o estudo aponta pistas merecedoras de trabalho académico a nível de pós-graduação - mestrados ou doutoramentos - aqui sugeridos aos autores. A forma inovadora, e corajosa, como se aborda “Relações dos militares com os jornalistas” é do maior interesse. A proposta devia ser trabalhada no sentido de ajudar Portugal a aproveitar as potencialidades da Globalização, para já na Nova União Europeia (25 países), ajudando a implantar Forças conjuntas no âmbito da Segurança e Defesa. Neste número tudo podia ser salientado, mas de acordo com o mais fácil de cumprir, recomenda-se para estudo prioritário, “Qualificações de jornalistas e militares”, onde se apontam exemplos e sugestões para ultrapassar as limitações de ambos os campos.
A obra termina com a resposta a duas questões: “Será que o Exército é hoje uma instituição aberta à imprensa?” (diga-se Comunicação Social) e “Será que a imprensa transmite à opinião pública a verdadeira realidade do seu Exército, ou seja, a informação fornecida pelo Exército?” (talvez melhor das Forças Armadas).
A Direcção da Revista Militar felicita os autores, salientando o Sócio Efectivo, actual Secretário da Assembleia Geral, TCor Miguel Machado, militar com trabalhos deste âmbito publicados na forma de livros e artigos, a quem se recomenda continuação de envolvimento nesta área, por duas formas vividas em simultâneo, estudo académico e continuação do trabalho no mundo comunicacional das Forças Armadas.
Coronel António Pena
Director-Gerente do Executivo da Direcção