General Luís Maria da Câmara Pina
Com este número da Revista Militar (nº 2435) a Empresa recorda o Homem, o Militar e o Académico que desempenhou as funções de Presidente da sua Direcção de 1969 a 1980.
Durante as Sessões evocativas da sua personalidade, realizadas ao longo do ano em que passou o centenário do seu nascimento, no Instituto de Altos Estudos Militares, no Instituto da Defesa Nacional, na Academia Portuguesa da História e na Academia das Ciências de Lisboa, personalidades da vida nacional e seus Amigos deixaram-nos os seus testemunhos sobre o conhecimento e convívio com o General e que agora publicamos. Às intervenções do Professor Doutor Adriano Moreira, Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão e Professor Doutor Pedro Soares Martinez, juntam-se testemunhos de vivência na Instituição Castrense, como os do Tenente-General José Manuel Bethencourt Rodrigues, do Tenente-General José Lopes Alves, do Major-General Renato Marques Pinto, do Coronel do ex-Corpo de Estado-Maior Carlos Gomes Bessa e de um jovem militar, o Tenente-Coronel de Engenharia Fausto M. Vale do Couto, que estudando a sua biografia dela fez apresentação durante a cerimónia do Dia do Instituto de Altos Estudos Militares.
Na Revista Militar evocamos a sua presença como o grande impulsionador de um interesse e de uma inovação permanentes pelos assuntos da Pátria e da Instituição Militar.
Para o General Câmara Pina a Pátria, e todas as raízes que a sustentam, mereciam especial atenção. Nos fundamentos e na modernidade. Deixou-nos textos de reflexão sobre o Fundador, D. Afonso Henriques e o significado da batalha de S. Mamede, mas também sobre novas realidades geoestratégicas de Portugal, como a importância para Portugal do Atlântico Sul, da denominada rota do Cabo, da questão da Energia para um País de escassos recursos ou do imperativo da Aliança Atlântica para a segurança colectiva no mundo pós-Yalta.
Merecendo-lhe permanente e especial atenção a Instituição Militar e a sua importância para a Nação, recorrendo a uma experiência sentida e vivida durante dez anos à frente do Estado-Maior do Exército, o General Luís de Pina era mais sensível a questões estruturais do que de conjuntura. Umas ficam e permanecem. Outras passam com os tempos. E o General estava, no opúsculo da sua vida, mais preocupado com valores do que com organizações passageiras. Mas o valor do militar português como veículo portador de cultura, como esteio de sentimentos da profunda cultura nacional que sempre foi relutante a modas impostas sem ser obstáculo a permanentes sentimentos de Restauração, merecia-lhe um carinho e atenção especiais.
Como diz o General Bethencourt Rodrigues nas suas páginas, é a Saudade que nos domina. E que com este número queremos alimentar. Saudade sem saudosismos, mas com respeito por uma geração que não morre, mas “is fading away”.
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* Sócio Efectivo da Revista Militar. Presidente da Direcção.