Nº 2449/2450 - Fevereiro/Março de 2006
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
Crónicas Bibliográficas
 
 

 Orgulho Imperial, Michael Scheuer

Edições Sílabo
 
 Trata-se de um livro, no mínimo, perturbador. O seu autor, Michael Scheuer, é um antigo analista da CIA de onde se demitiu para poder escrever esta obra.
 
Ao longo das suas cerca de 400 páginas o autor critica causticamente a forma como o poder político e militar americano tem conduzido ás acções anti-al-Qaeda que considera erradas em particular pela dificuldade, que afirma existir nas elites americanas, de interpretar os acontecimentos e as pessoas fora da América devido à sua arrogância e egocentrismo e a que chama “Orgulho Imperial”.
 
Não apoiando a al-Qaeda nem o seu líder Bin-Laden (cuja destruição considera que estava ao alcance do Poder Americano se tivesse sido bem conduzido) analisa, contudo, com profundidade e rigor, as motivações da “jihad defensiva” que aquela organização leva a cabo não só contra a América mas também contra regimes que considera opressores de muçulmanos como a Rússia, China, Índia, Israel e Uzebequistão ou regimes muçulmanos que considera apóstatas como a Arábia Saudita, Jordânia ou Indonésia.
 
Como preocupante curiosidade há que referir que Bin-Laden acusa os EUA de ter ajudado a criar o novo “ Estado Cristão” em Timor-Leste e Sérgio Vieira de Melo de o ter “Talhado” o que justificaria o ataque que o vitimou.
O Autor enumera, ainda, as seis politicais americanas que Bin-Laden refere como anti-muçulmanos e que, resumidamente, seriam “o apoio americano a Israel, a presença de tropas estrangeiras na Península Arábica, a ocupação do Iraque e do Afeganistão, o apoio americano à Rússia, Índia e China contra os respectivos militantes muçulmanos, a pressão dos EUA sobre os produtores de energia árabes para manter o petróleo a preços baixos (?) e o apoio americano a governos muçulmanos apóstatas, corruptos e tirânicos”.
 
Refere também o autor, com insistência e lógica, a dificuldade de instalar estados com democracias tipo ocidental no Médio Oriente enquanto o Islão não contemplar a separação entre a Igreja e o Estado.
 
E tal será difícil enquanto muitos milhares de muçulmanos acreditarem, como Bin-Laden que “Deus faz a lei, o homem não!”
 
Trata-se, sem dúvida, de uma profunda questão religiosa difícil de superar pois combate-se, na expressão mais concreta do termo, por uma causa na qual “morrer a matar inimigos dá entrada no Paraíso”.
 
Abstraindo as referências à política interna dos EUA e à sua História, esta obra apresenta o grande interesse da análise profunda e, certamente, bem fundamentada, do “inimigo”, das suas convicções, métodos e objectivos, o que não é pouco.
 
Leitura de interesse para quem se preocupar com um dos mais prementes problemas do mundo actual.
 
Manuel Carlos Teixeira do Rio Carvalho
Coronel Tir, Sócio Efectivo e Vogal da Direcção da Revista Militar
 

 

 
 

 

Manual de Estratégia Subversiva
 
Vo Nguyen Giap
 
 
A ciência estratégia continua a desenvolver-se nas Edições Sílabo, colecção “Clássicos do Pensamento Estratégico, agora com este Manual, cujo Estudo Introdutório tem a autoria do Sócio Efectivo da Revista Militar, Major de Infantaria, Mestre em Relações Internacionais e Doutor em História, Francisco Proença Garcia.
 
O Estudo Introdutório alonga-se em 28 páginas distribuindo-se por, A acção subversiva, Fases da subversão, A actualidade da subversão e Análise espectral do papel de Giap nas guerras da Indochina. O Major Garcia começa por afirmar que o General Vo Nguyen Giap demonstrou ser possível um país com poucos recursos vencer uma grande potência através de uma guerra prolongada e termina dizendo que o génio do General Giap consistiu na capacidade de organização, paciência, persistência, capacidade de aprender e enorme força de vontade e que os seus trabalhos escritos e o exemplo da sua prática revolu­cionária, foram decisivos ao êxito de alguns movimentos independentistas do terceiro mundo.
 
O Manual de Estratégia Subversiva contém quatro Partes: a primeira de 1945 a 1954, A Guerra de Libertação do Povo Vietnamita contra os Imperialistas Franceses e os Intervencionistas Norte-Americanos; a segunda parte, Guerra do Povo - Exército do Povo; a terceira, A Grande Experiência adquirida pelo Partido na Liderança da Luta Armada e na Construção das Forças Armadas Revolucionárias e a parte quarta, Dien Bien Phu, a maior vitória alcançada pelo Exército Popular do Vietname contra os franco-americanos, “Dien Bien Phu ficou inscrita, para sempre, nos anais da luta pela libertação nacional do nosso povo e de todos os povos oprimidos do mundo. A História registá-lo-á como um dos acontecimentos cruciais do grande movimento de povos da Ásia, da África e da América Latina que se erguem para se libertarem e serem senhores dos seus próprios destinos.”
 
A obra apresenta um Apêndice, bastante elucidativo, organizado em, A situação militar no Verão de 1953; O novo esquema inimigo: O ‘Plano Navarre’ (Em 1953 os EUA e a França concordaram no esforço de guerra a realizar na Indochina tendo sido nomeado o General Navarre para Comandante Supremo do Corpo Expedicionário Francês - O General Navarre e os outros generais franceses e americanos julgavam que a situação crítica se ficava a dever à enorme dispersão das forças francesas por milhares de postos de guarnição em todas as frentes para lutarem com a guerrilha); O nosso Plano do Inverno de 1953 e Primavera de 1954, e a evolução da situação militar nas várias frentes e A histórica campanha de Dien Bien Phu.
 
O livro contém importantes e actualizadas referências bibliográficas, constituindo-se peça de referência diária pela sua actualidade em termos de contribuir para colocar a Estratégia para além do serviço à Política e à Guerra, que sempre cumpriu, também ao serviço mundo económico da actualidade pela exigência constante de vantagens competitivas.
 
A Revista Militar agradece a “Edições Sílabo” o exemplar enviado para a sua Biblioteca, felicita a Editora por mais esta obra e os intervenientes na edição; Miguel Mata que fez a tradução a partir do original de 1961; Pedro Mota, Capa e Major, Doutor, Francisco Proença Garcia, pelo seu oportuno e excelente Estudo Introdutório.
 
António de Oliveira Pena
Coronel, Director-Gerente do Executivo da Direcção da Revista Militar
 

 

 
 

 

O Exército Português nos Caminhos da PAZ - 1989-2005
 
 
O registo do esforço desenvolvido pelo Exército em Operações Humanitárias e de Paz ao nível das Organizações Internacionais de que Portugal faz parte e ainda em Missões Externas de âmbito Nacional realiza-se, por forma de Excelência, nesta obra.
 
A coordenação do livro esteve a cargo do Tenente-Coronel de Artilharia António Joaquim Ramalhôa Cavaleiro, sendo seus autores os Majores de Infantaria Luís Miguel Afonso Calmeiro e José Manuel Tavares Magro, destacando-se a colaboração do Tenente-Coronel do Serviço Geral Pára-quedista Miguel António Gabriel da Silva Machado e ainda, no design, de Inês de Sequeira Galvão. A cuidada edição esteve a cargo da Secção de Cooperação Militar e Alianças do Gabinete do General Chefe do Estado-Maior do Exército.
 
Do estudo da obra resulta a certeza de que as Forças Armadas Portuguesas ontem, hoje e amanhã, conseguiram, conseguem e conseguirão, sempre e de forma meritória, realizar as mais diversificadas missões no âmbito dos compromissos internacionais assumidos no apoio à política externa do Estado Português.
 
No Prefácio, Sua Excelência o Presidente da República, Dr Jorge Sampaio, em 29Set05, salienta que este registo sublinha uma vocação e que “As missões de paz que o Exército tem valorosamente cumprido se inserem numa linha ética de solidariedade que, após a restauração democrática, inspira a postura de Portugal na comunidade internacional.
 
O testemunho do Excelentíssimo General Chefe do Estado-Maior do Exército, General Luís Vasco Valença Pinto, escrito em 24 de Outubro de 2005, salienta que “A força terrestre portuguesa foi decisiva quando D. Afonso Henriques através da vontade política, da inteligência estratégica, da coragem e da mão forte dos seus soldados, edificou a individualidade e a indepen­dência de Portugal.” e termina realçando o enriquecimento dos militares na longa e diversificada caminhada pela Paz o que permite considerar o Exército uma organização inovadora, aberta e experiente, no âmbito da cooperação internacional a todos os níveis.
 
Esta análise fica-se pela admiração da obra, pelo seu registo gráfico e humano, como prenda que se recomenda a todos os portugueses em termos de folhear e estudo atento. “Os militares do Exército (diga-se e também da Armada, da Força Aérea e da Guarda Nacional Republicana), enquanto representantes de Portugal no mundo, dão o melhor de si próprios para elevar Portugal na Europa e no Mundo, para a defesa comum e para a segurança colectiva, sendo que a segurança e defesa do nosso país é indissociável de uma segurança europeia articulada no quadro de defesa colectiva Euro-atlântica.” (Pag 217)
 
A Direcção da Revista Militar agradece ao Gabinete de Sua Excelência o General CEME o exemplar enviado para a sua Biblioteca e tem o maior gosto em contribuir para divulgar o livro informando que pode ser adquirido, ao preço de 20,00 Euros, nos Museus Militares, Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento e no Gabinete do CEME (SIPRP).
 
 
António de Oliveira Pena
Coronel, Director-Gerente do Executivo da Direcção da Revista Militar
 
 
Coronel
António de Oliveira Pena
Coronel
Manuel Carlos Teixeira do Rio Carvalho
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2006-05-02
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Coronel

António de Oliveira Pena

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Coronel

Manuel Carlos Teixeira do Rio Carvalho

Falecido em 22 de setembro de 2014.

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