Nº 2506 - Novembro de 2010
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
Crónicas Bibliográficas

CRISTÓVÃO COLON ERA PORTUGUÊS

 
 
1 - Introdução
 
“CRISTÓVÃO COLON (COLOMBO) ERA PORTUGUÊS” é o título do livro escrito por Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge Silva.
A obra apresenta várias características fora do comum e que importa salientar:
Primeira - Não segue a “verdade histórica habitual”, nos dois lados do Atlântico, que atribui ao Ilustre Navegador diferentes nacionalidades, excepto a Portuguesa. Paralelamente, o livro afirma que a América do Norte - actuais países Estados Unidos da América (EUA) e Canadá - foi descoberta por navegadores portugueses, antes de Cristóvão Colon iniciar a sua primeira viagem.
Segunda - Os seus autores, casados, são Luso-Americanos, possuidores de passaportes das duas nacionalidades. Manuel Luciano da Silva nasceu em Portugal e emigrou para os EUA, há mais de 60 anos. Regressou a Portugal, onde se licenciou em Medicina, pela Universidade de Coimbra, mas exerceu toda a sua actividade profissional, como médico, nos EUA. Sílvia Jorge Silva nasceu em Portugal e reside nos EUA desde 1961. Após emigrar, obteve mestrado na Universidade de Brown e foi professora do ensino universitário.
Terceira - Os estudos e conclusões constantes do livro, apresentados de forma coerente e de difícil refutação, têm por base a pesquisa de documentos e monumentos, efectuada nos locais onde estão preservados, o que nem sempre acontece em estudos relacionados com a história.
A título de exemplo refiro o facto da descoberta pelos autores, na Biblioteca do Vaticano, de uma Bula Papal escrita em latim, onde aparece o nome do Navegador totalmente em Português. De acordo com o livro, não consta que tal descoberta tenha ocorrido, primeiramente, a outros historiadores.
Quarta - Todas as pesquisas e trabalhos constantes da obra, foram realizados sem prejuízo das suas actividades profissionais. Por outro lado, os autores não receberam quaisquer verbas ou apoios de Governos ou Instituições na consecução dos seus estudos históricos. São por isso totalmente independentes e livres de quaisquer constrangimentos nas suas actividades e conclusões de âmbito histórico.
Quinta - É patente a determinação, a coragem e o labor postos na procura da verdade histórica. É também notório a honestidade de processos na pesquisa e respectivas conclusões, comparando as diversas teorias conhecidas respeitantes aos factos históricos estudados.
 
Recomendo vivamente a leitura do livro “Cristóvão Colon (Colombo) Era Português”, afim de que o leitor possa tirar as convenientes conclusões sobre os argumentos apresentados.
 
O livro serviu de tema ao filme “Cristóvão Colombo - O Enigma”, realizado por Manuel de Oliveira. O filme recebeu o prémio “Bisoto D´Oro”, em 8 de Setembro de 2007, no Festival do Filme de Veneza.
 
O realizador Manuel de Oliveira foi também agraciado com o mais alto prémio do American Film Institute “The Silver Legacy Award”, na amostra do filme em Silver Spring, Maryland, EUA.
 
2 - Interesse Actual do Livro
 
O leitor poderá interrogar-se sobre o interesse actual do conteúdo do livro “Cristóvão Colon (Colombo) Era Português”. Em meu entender, é de muito interesse o conhecimento da obra, e as questões que lhe estão subjacentes, em especial para os portugueses.
 
Por duas ordens de razões:
A primeira está ligada às conclusões, por um lado, sobre a nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colon e, por outro, sobre o facto de terem sido os navegadores portugueses os primeiros a descobrir os territórios dos dois grandes países - EUA e Canadá, antes de Colon iniciar as suas viagens. São factos que devem encher de orgulho as actuais e futuras gerações de portugueses e servir de exemplo para o engrandecimento de Portugal.
A segunda razão respeita ao potencial aproveitamento do estudo das componentes económicas, financeiras e estratégicas dos grandes feitos portugueses no período das descobertas. Nos séculos XV e XVI Portugal viveu épocas de grande esplendor e riqueza. Como foi possível?
 
É forçoso considerar que a época dos descobrimentos e expansão teve o suporte, não só de coragem, sacrifício e determinação, mas também de adequadas bases científicas, conhecimento ou saber, organização e estudos estratégicos. Como bem demonstrou o Almirante Gago Coutinho na sua obra “A Náutica dos Descobrimentos”, Portugal, antes de descobrir a TERRA, descobriu o MAR, os seus ventos e correntes, as técnicas de navegação. Tais factos pressupõem a elaboração e escolha, por parte da Nação, de “OBJECTIVOS a LONGO PRAZO” e o estabelecimento de “ESTRATÉGIAS” (modalidades de acção) para os atingir.
 
 
Correntes dominantes do Atlântico
 
 
Mas, quanto a nós, há outro ensinamento a tirar do estudo da História de Portugal dos séculos XV e XVI, com interesse actual. A deduzida metodologia seguida na obtenção do esplendor e riqueza não foi, por certo, acompanhada de organização e estratégia para permitir a Portugal tirar partido, a longo prazo, daquelas mais-valias. As indústrias e a agricultura não se desenvolveram adequadamente; quase tudo passou a ser adquirido no estrangeiro. Em termos reais, o dinheiro entrava por um lado e saía pelo outro. Não foi conseguido desenvolvimento sustentado. A Holanda e Inglaterra, que começaram mais tarde, conseguiram-no. Entendemos por desenvolvimento sustentado, a capacidade de uma nação ou estado produzir bens e serviços, em quantidade e qualidade, capazes de garantir a sua independência plena e proporcionar nível de vida aceitável, para todo e qualquer cidadão com sentido de responsabilidade e vontade de trabalhar. E, bem entendido, sob um regime de liberdade e democracia.
 
Portugal, no presente, vive situação difícil, com previsíveis crises económicas, financeiras, sociais e sobretudo de valores. É indispensável mudar de mentalidades e atitudes, e mudar depressa.
 
Há um princípio bem estudado nas técnicas matemáticas de apoio à gestão, o Princípio da Optimalidade (Richard Bellman 1959). É um processo matemático de alguma complexidade, mas que traduzo por uma ideia simples: independentemente do caminho percorrido para chegar ao estado actual, devo proceder optimamente daqui para a frente. É óbvio ser indispensável, para o País, resolver os problemas imediatos e de médio prazo. Mas também é necessário definir como Portugal pretende estar no futuro, digamos daqui a trinta anos, escolher os objectivos gerais e as grandes linhas de acção (estratégias) para os atingir. A tarefa deverá processar-se com o conhecimento e, ainda melhor, com a colaboração de todos os portugueses.
 
Voltando à obra de Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, as atitudes de patriotismo, trabalho, honestidade e coragem demonstrados nos estudos históricos por eles efectuados, na sua vida profissional e no apoio às comunidades luso-americanas, poderão servir de exemplo às actuais e futuras gerações.
 
3 - Factos Mais Relevantes do Livro
 
O Livro “Cristóvão Colon (Colombo) Era Português” está dividido em 4 partes:
Primeira Parte - Como os autores demonstram a nacionalidade portuguesa do navegador Cristóvão Colon (Colombo).
Segunda Parte - A Pedra de Dighton, a Torre de Newport e o Forte de Ninigret: monumentos relacionados com a presença dos Portugueses na América do Norte.
Terceira Parte - Cartografia Portuguesa Pioneira nas Américas: demonstração da chegada dos Navegadores Portugueses aos actuais territórios EUA e Canadá, antes do início das viagens de Colon.
Quarta Parte - Colofon ou Última Parte: Referência a factos relacionados com a vida e Biografia dos Autores, com as Comunidades Portuguesas na América do Norte, Bibliografia e Índice Remissivo.
 
Segue-se a apresentação, dos aspectos considerados mais relevantes, das partes do livro.
 
3.1 - Primeira Parte: Cristóvão Colon:
Demonstração da Sua Portugalidade
 
3.1.1 - Sigla de Colon
 
O Navegador Cristóvão Colon obteve, das autoridades reais espanholas, a promessa de que receberia 10% de todos os lucros das terras por ele descobertas. Prevendo eventuais problemas de herança, após a sua morte, Colon resolveu compilar num livro os 44 documentos respeitantes às garantias prestadas pelos Reis Espanhóis. O Livro intitulado “Cartas Previlegios Cédulas y otras Escrituras de Don Xpoval Colon Almirante mayor del Mar Oceano Viço-rey y Governador de las Islas y tierra Firme” foi examinado pelo Navegador e revisto por advogados e notários, no dia 5 de Janeiro de 1502, na sua casa em Sevilha, Espanha.
 
Também decidiu deixar, numa forma testamentária, a recomendação como é que queria que os seus herdeiros autenticassem os seus documentos, com a sua Firma ou Sigla. E descreveu com o próprio punho, o conteúdo da Sigla. Nesta descrição, aparecem duas palavras em português “agora “ e “com” (e não “con” como em espanhol).
 
Após análise aprofundada da Sigla, os Autores concluem que, na base da mesma, constam os nomes Colon Cristóvão Colon.
 
 
ENTRA FIGURA
 
 
3.1.2 - Bulas Papais
 
A ideia da pesquisa de documentos papais surgiu ao Dr. Manuel Luciano da Silva, quando estudava uma cópia do Tratado de Tordesilhas, cujo original tinha sido por ele visto, no Arquivo Nacional de Simancas, em Espanha. O Tratado de Tordesilhas de 1494 parece a decisão duma corte suprema, dividindo o mundo entre Portugal e Espanha. Fora o Papa quem pronunciara a sentença. Naquela época, o Juiz Supremo era efectivamente o Papa. Pensaram os autores do livro em apreço: será que documentos respeitantes à descoberta da América foram submetidos ao conhecimento Papal? E, em boa hora, decidiram deslocar-se à Biblioteca do Vaticano, a fim de verificarem a eventual existência de documentos sobre o assunto. Foram bem sucedidos na pesquisa, pois descobriram Bulas Papais referentes a Colon, duas com particular interesse.
 
Na Bula Papal datada de 3 de Maio de 1493, na segunda página, 11ª linha, pode ler-se em latim - dilectum filium Crhistophom Colon - “meu ditoso filho Cristóvão Colon”. Note-se que o nome é Colon e não Colombo.
 
Na outra Bula Papal datada de 4 de Maio de 1494, na primeira página, linha 31ª, pode ler-se o nome completo do Navegador, mas totalmente em Português, na forma antiga: CRISTOFÕM COLON. De notar que aparece o til sobre a letra O, que não existe noutra língua, excepto a Portuguesa. É de realçar ainda que o nome do Navegador não está escrito na forma latina “Christopher Columbus”; nem em italiano “Cristoforo Colombo”.
 
Também não está na forma espanhola “Cristóbal Colon”, apesar do Papa Alexandre VI ter nascido em Espanha e as Bulas destinadas aos Reis Católicos Espanhóis.
 
E acrescenta o livro “A descoberta do nome Cristofõm Colon nas Bulas Papais foi uma descoberta muito simples, mas NENHUM chamado historiador foi capaz de a fazer primeiro que nós. Por isso temo-la registada com copyright na Biblioteca do Congresso Norte Americano, em Washington, D.C.”.
 
 
ENTRA FIGURA
 
 
3.1.3 - Monograma
 
Nos documentos assinados por Colon, isto é, firmados com a sua sigla, aparece no lado esquerdo um Monograma. Qual o seu significado? Após estudos aturados, os Autores concluíram que o Monograma corresponde às iniciais de Salvador Fernandes Zarco, nome de baptismo de Cristóvão Colon.
 
 
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D. Fernando, Duque de Bragança, filho do Rei Português D. Duarte, engravidou uma jovem da Corte, de nome Isabel Gonçalves Zarco, filha de João Gonçalves Zarco, descobridor do Porto Santo e Madeira. Desses amores, digamos proibidos, nasceu em Cuba, Alentejo, Portugal, um varão que recebeu o nome de Salvador Fernandes Zarco. Em suporte destas conclusões: Cristóvão Colon viveu e tinha casa no Porto Santo, e ainda Cuba, o nome dado a uma das ilhas descobertas nas Américas.
 
Os Autores procuram outras respostas à paternidade de Colon, através do método científico ADN (Ácido DesoxirriboNucleico), com base no exame dos machos vivos ou mortos (ossadas) da Dinastias de Avis, da Casa de Bragança e da Casa do Duque de Verágua de Espanha. No estudo está envolvido o Professor Francisco Corte Real, professor de Medicina legal na Universidade de Coimbra, Portugal.
 
Os capítulos do livro respeitantes ao estudo do ADN contêm dados minuciosos e curiosos sobre estes assuntos ligado à medicina legal.
 
3.1.4 - 40 Nomes Portugueses nas Caraíbas
 
É sobejamente conhecido que os Portugueses deixaram as suas marcas nos locais das grandes descobertas dos séculos XV e XVI. Deixaram espalhados pelo mundo a sua língua, baptizaram ilhas, baías, cabos. Um elevado número de línguas asiáticas mantém vocabulário português. No domínio da Geografia, ainda hoje encontramos um apreciável número de nomes portugueses. E mais não são, porque durante os 60 anos do domínio espanhol, muitas terras e lugares foram subtraídos pela Inglaterra, Holanda e França.
 
O livro de Mascarenhas Barreto “O Português Cristóvão Colombo - Agente Secreto do Rei D. João II”, publicado em Lisboa no ano 1989, menciona um total de 40 nomes, escolhidos por Colon, para marcar vários lugares que descobriu nas Antilhas e América Central. Barreto descreve as razões históricas da selecção dos nomes, por parte de Colon. Salvador “seu primeiro nome”, Cuba “lugar onde nasceu”, Isabela “nome de sua mãe”. Dos 40 nomes citados por Mascarenhas, alguns só existem em Português, tais como Brasil, Cuba, Santarém, Curaçao. Mas que coincidências! E não serão notadas?
 
3.2 - Segunda Parte: Pedra de Dighton, Newport Tower e Fort Ninigret
 
3.2.1 - Pedra de Dighton
 
A Pedra de Dighton é uma pedra solta, de 40 toneladas, com as dimensões de 5x9.5x11 em pés, composta por granito arenoso, que emigrou há milhares de anos, de parte incerta da América do Norte. Rolou até parar nas margens do Rio Taunton, em Berkley, na Baía de Narraganset, Estado de Massachusetts, EUA, cerca de 65 quilómetros a sul de Boston.
 
Até 1963 esteve parcialmente submersa, com cobertura pela maré. Apresentava uma face trapezoidal inclinada 70 graus para noroeste e com inscrições. Esta face era visível algumas horas, já que a água da maré cobria a pedra, na totalidade, durante 20 horas, cada dia. Esta circunstância, acrescida das agrestes condições atmosféricas locais, com cobertura de gelo durante parte do ano, protegeram as inscrições de eventuais vandalismos. Desde 1974 a pedra está guardada no Museu da Pedra de Dighton, museu criado pela lei 5475 do Estado de Massachusetts.
 
3.2.2 - As Inscrições na Pedra de Dighton
 
A Pedra de Dighton e as suas inscrições têm sido motivo de curiosidade e controvérsia há cerca de 300 anos.
 
De acordo com o livro em apreço, existem quatro teorias sobre a origem das inscrições da Pedra de Dighton, a saber:
- Índios Americanos.
- Fenícios.
- Nórdicos ou Vikings.
- Portugueses.
 
 
Pedra de Dighton com as inscrições decalcadas a giz para melhor didáctica.
Bandeira nº 1 - Escudo Português em forma de “U”.
Bandeira nº 2 - Cruz da Ordem de Cristo.
Bandeira nº 3 –Escudo Português em forma de “V”.
Ao centro - O nome do Capitão Miguel Corte Real.
Data de 1511, com o algarismo 5 em forma de S maiúsculo.
 
Em relação a estas teorias, os Autores refutam as três primeiras e defendem a teoria das inscrições serem de origem portuguesa. Para o efeito, apresentam várias demonstrações respeitantes a datas, nomes e símbolos. Argumentam, de forma sólida, ser visível o nome do Navegador Miguel Corte Real, a data de 1511, a Cruz da Ordem de Cristo Portuguesa e a Cota de Armas Portuguesa em forma de V.
 
É de destacar o facto de que a Cruz da Ordem de Cristo (que aparece nas velas do Navio Escola Sagres e nos aviões Militares de Portugal), é exclusivamente portuguesa. Não existe noutra nação qualquer, cruz igual à Cruz da Ordem de Cristo.
O Capitão Miguel Corte Real, navegador português, nascido nos Açores, deixou Lisboa a 10 de Maio de 1502, à procura de seu irmão Gaspar, perdido na sua viagem à América do Norte em 1501. Não voltaram a Portugal.
 
A inscrição da Pedra de Dighton, de origem portuguesa, não tem nada de misterioso, dado ser corrente os navegadores portugueses deixarem inscrições ou padrões nos lugares visitados no período das descobertas.
 
3.2.3 - A Torre Portuguesa de Newport e o Forte Ninigret
 
Estes dois monumentos, sitiados no Estado de Rhode Island, EUA, na Baía de Narraganset, constituem prova da presença portuguesa naquelas paragens, cerca do ano 1500. A Baía de Narraganset tem uma área superior, em dez por cento, ao Estuário do Tejo.
 
A Torre de Newport é constituída por oito arcos, à semelhança da “charola” ou altar-mor do Convento de Tomar, sede da Ordem de Cristo, à qual pertenciam os navegadores portugueses.
 
As pedras da Torre foram submetidas ao teste radioactivo C-14. O comité Norse, que obteve autorização para o teste, concluiu que a Torre de Newport foi edificada no Século XVI, com margem de mais ou menos 50 anos, portanto dentro do período que Miguel Corte Real esteve no local.
 
O Forte Ninigret, situado na entrada daquela Baia, apresenta vestígios (base de canhão semelhante aos existentes no Museu Militar em Lisboa e duma espada semelhante a uma existente no Museu de Angra, Açores), que levam os Autores a concluir ser o Forte de origem Portuguesa.
 
Além da Torre e Forte referidos, são também apresentados no livro, vestígios das ligações entre portugueses e índios americanos (Roger Williams, fundador do Estado de Rhode Island, escreveu em inglês o equivalente a “Alguns destes índios são brancos”), e bem assim, nomes de chefes índios e até o nome duma tribo com combinação de palavras portuguesas.
 
3.3 - Terceira Parte: Cartografia Portuguesa Pioneira nas Américas
 
Nesta parte são apresentados factos históricos baseados na Carta Náutica de 1424, cujo original, em pergaminho, está presentemente preservado na Colecção de James Bell Ford, na Universidade de Minnesota, EUA.
 
No livro, a Carta Náutica de 1424 foi dividida, para efeitos de apresentação, em 4 partes: 1ª) à esquerda, a data de 22 de Agosto de 1424 e o nome do cartógrafo Zuane Pizzigano; 2ª) 4 ilhas, por ordem vertical, Saya, Satanazes, Antília e Ymana; 3ª) no meio do mapa os arquipélagos dos Açores, da Madeira, das Canárias e de Cabo Verde; 4ª) no lado direito, bem delineadas e com nomes, a costa Atlântica desde a Irlanda até Cabo Verde.
 
Embora o autor da Carta Náutica de 1424 seja Italiano, é de salientar que os nomes das quatro ilhas constantes da parte 2ª) estão escritos em português.
 
 
ENTRA FIGURA
 
 
Após estudo e comparação com as ilhas actualmente denominadas Terra Nova, Nova Escócia e Ilha do Príncipe Eduardo, o livro conclui que as verdadeiras Antilhas são as atrás mencionadas e não as ilhas da América Central, como tem sido divulgado.
 
Na edição inglesa da obra, os Autores lamentam que a Universidade de Minnesota não tenha vigorosamente alertado os Povos do Canadá e Estados Unidos da América do Norte, para o valor e significado da Carta Náutica de 1424, verdadeiro certificado de nascimento das duas grandes nações.
 
3.4 - Colofon ou Última Parte: Biografia dos Autores
 
Manuel Luciano da Silva. Médico.
 
Da vasta biografia, salientamos:
- Nasceu a 5 de Setembro de 1926, na aldeia de Cavião, Concelho de Vale de Cambra, Portugal. Frequentou a Escola Primária de Cavião e completou o Curso Geral dos Liceus no Colégio de Oliveira de Azeméis.
- Em 1946, emigrou com o irmão para Brooklyn, bairro da Cidade de Nova Iorque, para se juntar aos pais.
- Em 1948 entrou na Universidade de Nova Iorque, obtendo o bacharelato em Ciências Biológicas em 1952. No mesmo ano regressou a Portugal e foi admitido na Universidade de Coimbra, terminando o curso médico, com distinção, em 1957.
- Depois de exercer medicina um ano em Portugal, regressou aos Estados Unidos para fazer o internato no Saint Luke´s Hospital, em New Bedford, Massachusetts. A seguir completou a especialização em Medicina Interna (três anos), na famosa Lahey Clinic de Boston.
- Desde 1963 foi membro sócio do Centro Médico do Condado de Bristol, Rhode Island. Fez parte do corpo clínico activo do Roger Williams Medical Center, um dos hospitais afiliados com a Faculdade de Medicina da Universidade de Brown.
- Casado com a Professora Sílvia Tavares Jorge da Silva, tem dois filhos e quatro netos.
- Além da sua prática clínica, o Dr. Luciano da Silva tem, durante mais de cinco décadas, investigado a história das inscrições da Pedra de Dighton, gravadas por Miguel Corte Real, em 1511. Demonstrou, com pesquisas originais, que a primeira colónia europeia na Nova Inglaterra foi portuguesa. Tem escrito sobre o assunto muitos artigos em português e inglês, e bem assim actuado na rádio e televisão, para esclarecimento sobre a História Luso-Americana.
- Consolidando mais de 20 anos de pesquisa, publicou em 1971 a versão americana do livro “Portuguese Pilgrims and Dighton Rock”(esgotado), e em 1973 publicou, em Portugal, “Os Pioneiros Portugueses e a Pedra de Dighton” (esgotado).
- Em 1970 iniciou o programa dominical televisivo “Portuguese around Us”, que foi transmitido durante 20 anos pelo canal 6, de New Bedford, e mais 10 anos pelo canal 52, do Condado de Bristol.
- De 1978 a 1984 foi coordenador e anfitrião do programa televisivo “Imagens de Portugal”, no canal 12 de Providence, Rhode Island.
- Em Julho de 1997 iniciou no Canal de Televisão por Cabo em Português, na Nova Inglaterra, uma nova série semanal intitulada “Tribuna Médica”, com duração de meia hora, com a finalidade de informar e educar a Comunidade Lusíada sobre os variados aspectos da medicina.
- Em 18 de Maio de 1998 foi constituida, na Cidade de Vale de Cambra, Portugal, uma Associação chamada Dr. Manuel Luciano da Silva, com a finalidade de criar uma Biblioteca-Museu contígua à casa onde nasceu, em Cavião, Portugal. A Biblioteca-Museu foi inaugurada solenemente em 12 de Junho de 2001.
- Juntamente com Sílvia Jorge Silva, sua esposa, é autor do livro “Cristóvão Cólon (Colombo) Era Português”,cuja versão, em Português, foi publicada em 2006 e a versão em Inglês, publicada em 2008.
- No dia 1 de Maio de 2010, o Dr. Manuel Luciano da Silva foi investido, em cerimónia protocolar, como Membro do Rhode Island Heritage Hall of Fame, sendo o primeiro Luso-Americano a receber tal honra.
 
Sílvia Neto Tavares Jorge da Silva. Professora.
- Nasceu em Santana de Cambas, Concelho de Mértola, Alentejo, Portugal.
- Frequentou a escola primária, o liceu e a Escola do Magistério Primário na cidade de Faro.
- Ensinou em Escolas Primárias nos Distritos de Beja e Aveiro.
- Casou em 17 de Setembro de1960, na Sé do Porto, com Manuel Luciano da Silva e, no ano seguinte, emigrou para os Estados Unidos da América. É mãe de dois filhos, e tem quatro netos.
- Frequentou o Colégio Universitário de Rhode Island, obtendo o Bacharelato em Ensino Secundário. Em seguida obteve o Mestrado em Estudos Brasileiros na Universidade de Brown, Providence, Rhode Island. Ensinou Português no Colégio Universitário de Rhode Island.
- Tem acompanhado com entusiasmo o marido em todas as actividades históricas, culturais e sociais.
- Tem sido igualmente editora das publicações do marido em português.
- É co-autora desta obra sobre a epopeia dos Portugueses na América do Norte.
 
 
Os Autores: Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva
 
 
4 - Edições do Livro
 
Em Português:
Cristóvão Colon (Colombo) Era Português
Manuel Luciano da Silva
Sílvia Jorge da Silva
1ª Edição: Maio de 2006
QUIDNOVI
 
Em Inglês:
Christopher Columbus was Portuguese!
Manuel Luciano da Silva
Sílvia Jorge da Silva
Agosto 2008
Editor: Nelson D. Martins, Ph D
Printed by Express Printing
974 North Main Street
Fall River, MA 02720
USA
www.dightonrock.com
drdasilva@dightonrock.com
 
Major-general Lino José Góis Ferreira[1]
 
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ROTA SEM FIM

Rogério Seabra Cardoso
 
 
Da leitura do livro do Dr Rogério Seabra Cardoso sobre a sua Comissão em Moçambique como Alferes de Acção Psicológica, o que imediatamente ressalta, a par da elegância da escrita, é a sua enorme seriedade.
 
Servindo em Tete, no período conturbado de 1972 a 1974, relata com grande objectividade situações por si vividas naquela Zona Operacional.
 
As suas descrições do ambiente militar em Tete, da situação e dificuldades dos aldeamentos, do contacto, por vezes difícil, com as Autoridades Administrativas e do estado de espírito de militares e civis, são de um realismo impressionante, mas sempre contido. A análise que faz da sociedade moçambicana daquela época, não só da Beira (com longa e interessante digressão pelos problemas da indústria do açúcar, de grande importância para a economia do território), mas também em Lourenço Marques, denotam observação perspicaz.
 
Igualmente interessante é a descrição, extremamente real e minuciosa, da parte física do território que percorreu e, particularmente, as difíceis condições climatéricas que se vivam em Tete onde, de facto, a oscilação rápida entre a poeira e a lama era uma realidade muito presente e de muito incómodo.
 
Os diálogos que manteve com outros Oficiais milicianos, captando as suas preocupações e opiniões, não só sobre a guerra, mas também sobre a forma como se vivia no território contribuem, igualmente, para a percepção do ambiente geral que então se vivia.
 
O 25 de Abril encontra-o em Lourenço Marques, o que lhe permite analisar, mais uma vez com grande perspicácia e factualmente, as reacções de civis e militares, partidos políticos e associações várias, perante uma situação político-militar onde começa a ser perceptível um desfecho que não será comum aos interesses de todos os participantes.
 
Por último há que registar o curiosíssimo “diálogo” entre “o simples soldado desmobilizado... um dos viandantes que serviram no Império” e o “Infante D. Henrique”, junto ao Padrão dos Descobrimentos e que sintetiza, de forma admirável, muitos dos mais profundos problemas da última gesta do Império.
 
Fez bem o Alferes Seabra Cardoso em não aceitar a ideia do seu camarada Figueiredo que afirmava que tudo o que se passara em Moçambique na sua Comissão era para esquecer e que, em breve, “passaria uma esponja” sobre esse passado.
 
Se assim tivesse acontecido teríamos perdido um testemunho vivo e de grande humanidade de uma época difícil e crucial da nossa História e que, por isso, merece este registo.
 
Edição cuidada de “Areias do Tempo - Associação Cultural e Editorial” - Coimbra 2010.
 
Coronel Tir Manuel Carlos Teixeira do Rio Carvalho
Vogal da Direcção da Revista Militar

 

 
[1] Major-general oriundo da Arma de Transmissões, na situação de Reforma. Entre outros, exerceu os Cargos de Director do Serviço de Informática do Exército e Director Interino da Arma de Transmissões.

 

Coronel
Manuel Carlos Teixeira do Rio Carvalho
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2011-10-23
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REVISTA MILITAR @ 2024
by COM Armando Dias Correia